Funcionário comenta sobre crise econômica dos estúdios e possíveis melhorias

O jornal online, Tokyo Keizai, publicou um artigo baseado na opinião de um funcionário envolvido com a indústria de animes sobre a constante crise econômica dos estúdios e como isso pode ser melhorado.

Nas palavras do funcionário, o principal problema do estúdios é a falta de um bom gerenciamento de recursos, onde os gerentes não tem controle da entrada e saída do dinheiro, e acabam não se preocupando em ter fundos reservas.

Isso acaba criando uma situação onde boa parte dos estúdios vive apenas de “salário em salário” e quando chegam em uma condição de não conseguir bancar mais isso, acabam indo buscar novos projetos para receber pagamento adiantados, assumindo no processo mais trabalhos do que podem lidar, criando aquela consequente bola de neve na qualidade, não só do produto, como do ambiente de trabalho.

Atualmente, nenhum estúdio declarou falência por conta do Coronavírus, mas em vista de que 40% deles estavam no vermelho antes de tudo começar é apenas uma questão de tempo até  isso acontecer. Boa parte dos estúdios ainda está envolvido em projetos de 2-3 anos atrás, mas quando os comitês de produção começarem a sentir as perdas em bilheterias, eventos de animes cancelados e outras fontes de receitas que tinham, bem menos projetos serão financiados.

Os comitês de produção são uma alternativa para diminuir o risco financeiros, mas isso implica ao estúdio abrir mão de trabalhar em seus próprios projetos e assim ter seguir a demanda de mercado e imposições feitas pelo grupo de empresas por traz do financiamento.

Para o funcionário, ter uma independência financeira é um passo importante na indústria, e ele usa como exemplo o estúdio Khara, fundado pelo criador de Evangelion.

O estúdio conseguiu financiar 100% do seu novo projeto usando o capital do filme Evangelion Rebuild, mas casos do tipo são raros dentro da indústria.

Outro ponto importante levando pelo artigo é a importância de um bom treinamento da equipe de produção. Como exemplo, o funcionário usou a equipe de Makoto Shinkai (Kimi no Na wa, Tenki no Ko). Por mais que o sucesso de seus últimos filmes sejam muito além de qualquer expectativa e planejamento, esse resultado é algo vindo de um treinamento e aprimoramento da equipe ao longo de outros projeto que, naturalmente, renderam um bom resultado.

Para a fonte do artigo, é extremamente importante investir nesse tipo de treinamento de forma mais abrangente, já que uma parcela do mercado trabalhador é formado por pessoas que já estão na indústria a mais de 30 anos (16,5% em 2019) e isso, com o tempo, vai fazer com que a qualidade dos animes decaí no processo.

O grande problema, no entanto, é que o custo de investimento em treinamentos pode ser muito caro para alguns estúdios, e conseguir esse investimento pode ser complicado, já que muitos entram em um ciclo vicioso, onde produzem obras de baixa qualidade e, consequentemente, recebem menos verbas do comitê de produção em futuros projetos.

Por último, o funcionário citado no artigo ressalta que a indústria de animes é uma indústria muito boa. Criou-se uma certa obsessão em apontar os problemas de gestão e má condições de trabalho, mas para ele a produção de animes é um dos exemplos de trabalho que juntam um forte senso comunitário e objetivo coletivo de criar algo, fazendo com que seja bem recompensador para o indivíduo como ser humano.

Fonte: ANN

Marcelo Almeida

Fascinado nessa coisa peculiar conhecida como cultura japonesa, o que por consequência acabou me fazendo criar um vicio em escrever. Adoro anime, mangás e ler/jogar quase tudo.