As Crônicas de Arian – Capítulo 33 – O garoto mágico dos livros

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Capítulo 33 – O garoto mágico dos livros

Jon tinha acabado de acordar com o raiar do sol. Era o segundo dia, ou, na contagem de Joanne, o primeiro dos três que teriam de folga até continuarem a viagem. Marko só apareceu no quarto de madrugada, resmungando a toda altura que o tal cavaleiro da morte o estava perseguindo e era muita coincidência ele aparecer na cidade logo depois dele chegar aqui. Zek bateu na porta de seu quarto logo cedo, perguntando se estava tudo bem. Às vezes se sentia mal por Zek tratá-lo como um bebê. Entediado, foi até a biblioteca da guild pegar algo para ler.

Diferente da torre de luz, que tinha uma coleção muito maior e assuntos abrangentes, a maioria dos livros daquele lugar focava em assuntos de puro interesse dos membros da guild: guias para aventureiros iniciantes, como lidar com cada tipo de missão, guia de estratégias, teoria de combate contra diferentes criaturas, qual era o grupo ideal para cada tipo de missão, como escolher companheiros de grupo, identificar maldições, psicologia para pessoas com medo de matar, sistema de classe, como evoluir rapidamente em sua guild, heróis lendários e suas guilds, etc.

O mais interessante era um chamado “Livro dos Monstros”, descrevendo todas as criaturas catalogadas até agora nesse mundo, suas principais características, e como lutar contra elas. Tinha mais de 10 volumes, e cada um deles era enorme. Jon decidiu começar por algo mais simples, uma coleção de dois volumes pequenos explicando sobre o sistema de classe em guilds. Quando estava saindo da biblioteca, para ler em seu quarto, viu Marko, caminhando em direção a Arian com um sorriso de todo tamanho na cara. Arian estava sentado em uma mesa do bar da guild, próximo a entrada, enquanto folheava uma pilha de papéis.

— Ei, Arian, veja, entrei na sua guild! — disse Marko, mostrando a corrente em seu pescoço.

— Pensei que não gostasse de guilds… — respondeu o guardião, olhando para o amigo.

— Eu ganho desconto de 50% se estiver nela, e não me deram nenhuma tarefa! Pensei que conseguiria pelo menos classe A, mostrando meu rank militar, mas só me deram C.

— Não te dão uma classe maior que C quando entra, mesmo que seja um classe S no exército, ou em outra guild. Tem que fazer algumas missões se quiser subir.

A conversa interessou Jon. Ele se aproximou rapidamente dos dois, enquanto carregava alguns livros debaixo do braço esquerdo e passava os olhos em outro, que segurava aberto, com o braço direito.

— O que precisa fazer para conseguir essa classe SS, que vocês comentaram ontem? Não está descrita nesse livro — perguntou Jon, enquanto folheava o volume 1 do livro sobre o sistema de classes.

— Não existe uma regra, mas, geralmente, derrotar uma criatura mítica sozinho, com testemunhas, ou matar outro rank SS. O último é o mais comum de ocorrer — Arian estava ouvindo e respondendo as perguntas, mas seus olhos permaneciam focados na pilha de papeis à sua frente. 

— Qual dos dois você fez? — perguntou Jon.

— O segundo, mais ou menos…

— Como mais ou menos?

— Eu deveria ser A+ ou S, só me equiparo a um SS… — Arian parou de mexer nos papeis e olhou para Jon. — Lembra da Arena? Quando aquilo acontece. Só que não posso controlar, por isso deveriam ter me mantido como S. Além disso, pessoas vêm atrás de você para tentar te matar, só pela fama, se tiver um SS em sua identificação.

— Entendi… Achei! Estava no volume 2. Olha, tem um rank acima de SS — Os olhos de Jon quase brilhavam, tamanho seu interesse folheando o livro.

— Não levaria essa parte a sério se fosse você — disse Arian, desinteressado, enquanto continuava folheando a pilha de papéis à sua frente, parecendo em dúvida.

— Alira, Wixen, Tiraval, Malacastor, Lunar, Lancaster, quase todos os heróis antigos desse mundo, são classificados como classe Ômega. Ao menos é o que diz nesse livro… Se classes SS são considerados semideuses, os Ômega não seriam equiparados a deuses?

— Isso é tudo bobagem, nunca vi um deles até hoje. Só existem em lendas e contos populares.

Arian parecia incomodado pelo assunto. Jon se perguntava como ele podia ser tão cético.

— Tem alguma forma de identificar a classe de alguém, fora esses medalhões? Não diz nada sobre isso aqui. Seria vantajoso saber a classe do seu adversário, não?

— Todos os classe SS de cada país são catalogados, e um folheto com a lista atualizada é distribuído de tempos em tempos para guilds e o exército. São todos famosos e considerados perigosos, então você pode decorar as características físicas de cada um, se quiser. Tem elas descritas em vários locais. — disse Marko, ao notar que Arian não estava mais querendo responder.

— Certo, mas e os outros?

— Não tem como saber, eu acho…

Vendo a dúvida de Marko, Arian voltou a entrar na conversa.

— Se os seres lutando não estiverem causando grande estrago na área a volta deles, são classe A, no máximo. Se estiverem causando algum estrago a seus arredores, como destruir paredes ou pequenas construções, classe S. Se vir muita coisa destruída e talvez até construções inteiras indo abaixo, está vendo um combate de classes SS. Já se o mito dos Ômegas fosse real, e baseado nos contos sobre eles, se eles lutassem… Bem, não sobraria muito dessa cidade de pé. Portanto, ainda bem que eles não existem. 

— Precisa mesmo ver algo para acreditar que existe?

— Hum… Sim!

Os dois começaram a se encarar de forma séria e, prevendo uma nova discussão, Marko tentou mudar de assunto.

— Jon, como consegue ler tão rápido? Nunca vi nada parecido com o que está fazendo.

Jon estava folheando o livro olhando para a página e passando para a outra em um tempo que não daria para uma pessoa normal ler sequer uma frase. Mas como ele passava o olho e comentava os assuntos logo depois, claramente tinha lido a informação contida ali.

— Eu tenho facilidade em gravar e lembrar tudo que vejo, e de ler rapidamente.

Marko ficou olhando desconfiado para ele, até que Dorian apareceu atrás de Jon. Pela cara amassada, tinha acabado de acordar.

— Você já leu esse livro antes e queria só impressionar esses dois, admita… Não se preocupe, Marko vai te levar para o bordel de qualquer forma. Não precisa impressionar ele… — disse Dorian.

— Não, é sério.

— Certo, garoto mágico dos livros, se é assim, um teste então.

Dorian pegou um papel que estava no balcão, perto da recepção. Depois colocou na frente de Jon e tirou rapidamente.

— O que tinha no papel?

— “Atualização de Ranks SS pelo mundo: Moonsong – Azureos, Elune, Lazivel, Castius, Raziel | Norte (Reino humano) – Herz, Morgan, Arthur Frost, Valadar, Armitazen | Sul (Reino humano) – Maverik, Arian, Kalim, Floren, Diane… ”

Jon citou todos os 8 países principais do continente, e seus ranks SS.

— Por Alizen! Que magia é essa? — perguntou Dorian, com os olhos arregalados.

— Não é magia, eu nasci assim…

— Magia irrestrita então, que não gasta energia? Como a da Kadia, de ler mentes.

— É, pode encarar dessa forma se quiser.

— Espera… Só consegue fazer isso com livros? — Perguntou Marko.

— Não, qualquer coisa que eu veja, sempre lembro de tudo em detalhes.

Os olhos de Marko brilharam. Dorian estava com um sorriso na cara também, ambos pareciam estar pensando a mesma coisa.

— Então… Tem mais um lugar que vamos depois do almoço, fora o bordel. Pode me ajudar Dorian? Preciso de 3 homens para isso dar certo.

— Dividimos igualmente?

— Claro.

— E o Arian? — perguntou Jon.

— Ele é péssimo no que quero fazer, e está ocupado procurando uma missão para ir junto com a Lara.

— A Lara quer ir em uma missão? Joanne nunca vai deixar.

— Isso não é problema meu, venha comigo. Você vai me deixar rico, digo… nos deixar ricos. E pare de me olhar com essa cara, vai poder comprar coisas legais para Joanne com o dinheiro. Não quer dar algo a ela?

Jon não tinha como ir contra esse argumento, então concordou com a cabeça.

— Certo, sentem-se, vou explicar o que cada um tem que fazer.

Jon sentou na mesa que Arian estava, junto de Marko e Dorian. Estava dividindo sua atenção entre o que eles diziam e o livro a sua frente. Arian ignorou os três, até que pareceu ter achado o que procurava. Levantou e foi correndo falar com a recepcionista, enquanto segurava uma pilha de papeis em uma mão, e apenas dois na outra. “Por que dois? E o que tinha na missão que ele achou para tê-lo deixado afobado daquela forma?”, pensou Jon. Logo depois de devolver a pilha de papeis à moça da recepção, e pegar algo com ela, Arian olhou para o Sol, e correu para fora do local, como se estivesse atrasado para algum compromisso.

Próximo: Capítulo 34 – A Fugitiva

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