Seishun Buta Yarou do autor de Sakurasou – Review

Aviso: O TEXTO CONTÉM SPOILERS LEVES DA OBRA.

Autor: Kamoshida Hajime

Arte: Nanamiya Tsugumi

Status: Em publicação

Gênero: Comédia, romance, slice of life, seinen, vida escolar

Sinopse:  Azusagawa Sakuta presenciou uma cena que contrariava o senso comum, em uma biblioteca encontrou uma garota vestida de coelhinha e ela não era uma coelhinha comum. Ela era Sakurajima Mai, uma estudante da mesma escola de Sakuta e uma atriz aposentada ainda renomada. A garota lhe disse que aqueles ao redor dela não poderiam mais vê-la e ela foi a biblioteca apenas para confirmar isso. Seria esse relato mais um dos estranhos acontecimentos do tópico de sucesso da internet: o fenômeno inimaginável conhecido como “a síndrome da puberdade”? Sakuta queria saber as razões por trás disso e se aproximou de Mai, decidido a resolver o quebra-cabeça. Contudo, a situação se desenvolveu em um caminho inesperado.

Análise:

Seishun Buta Yarou wa Bunny Girl-senpai no Yume wo Minai é a adaptação para mangá da obra mais recente do novelista de Sakurasou (review do anime feita pelo Carlos aqui). E posso dizer com franqueza que são poucos os mangás de romance que eu realmente consigo gostar dos protagonistas logo nos primeiros capítulos, sendo as obras que conseguiram esse feito até agora Horimiya (review da obra feita pelo Marco aqui) e Seishun Buta Yarou.

A obra se foca principalmente nos problemas pessoais do elenco, com ênfase nesse começo na Sakurajima Mai. Contudo, a abordagem utilizada pelo autor é leve e bastante agradável sem uma geração de drama desnecessário no começo da obra. O drama existe, mas por enquanto, é colocado e tratado de forma mais sutil.

Isso não quer dizer que os assuntos sejam explanados apenas superficialmente, pelo contrário, os capítulos vão se desenvolvendo e  sempre tocando nesses problemas dos personagens, mas em doses homeopáticas. Um pedacinho aqui, um pedacinho ali.

A apresentação dos dois personagens para mim é realizada de maneira marcante e criativa em uma circunstância que é realmente chamativa, já que aquela situação é meio nonsense e provocante. É a cena da biblioteca exposta na sinopse.

      Não é todo o dia que uma garota vestida de forma sexy entra em uma livraria.

A problemática inicial é bem solucionada  (acho que em 10 capítulos conseguem fechar o problema). Inclusive este é o elemento do roteiro que une o casal principal. O que eu gostei, já que o enredo não fica enrolando e dando voltas que nem parafuso.

Agora o autor provavelmente vai desenvolver mais o romance entre os dois (só avisando: eles ainda não estão namorando) e talvez tocar um pouco mais nos problemas do protagonista masculino.

Já que obviamente apesar de sua fachada tranquila ele não se sente tão bem assim com os julgamentos alheios feitos a sua pessoa por um acontecimento do passado dele que não vou entrar em detalhes.

Falando nos protagonistas, são um casal bem simpático. A interação entre eles é escrita de maneira que soa bem dinâmica, divertida e os dois possuem bons diálogos.

Os diálogos são um pouco longos em determinados capítulos, mas nada que realmente prejudique muito a leitura da obra. E o conteúdo dos textos são necessários já que explanam informações referentes a vida dos personagens ou teorias sobre certos acontecimentos.

E sobre as teorias, uma bem debatida para o problema da Mai, entre o Sakuta e uma amiga dele, na minha opinião foi meio forçada, mas eu compreendi que tem certas coisas no roteiro que são realmente mais exageradas, sendo claramente puxadas para a ficção científica, o fantástico e sobrenatural (por enquanto), então eu relevei.

A Sakurajima Mai tem uma personalidade forte e às vezes bem agressiva e dominante, contudo não se engane, ela não é tsundere e nem age como uma. A garota é um pouco malvada em determinados momentos, mas não de forma muito exagerada. Na verdade, eu acho que ela gosta de fazer medo no protagonista de vez em quando.

Inclusive uma coisa que eu gostei é que ao perceber que o protagonista estava com outra garota e mentiu em partes para ela, não deu aquela explosão clichê de ciúmes ou ficou extremamente magoada. E enquanto ela discute com ele a sua “punição”, você percebe aquela malícia e perversidade encobridas na verdade de carinho, o que me lembrou um pouco algumas situações entre Hori e o Miyamura de Horimiyia.

   

 A interação entre Sakuta e Mai é um das melhores coisas do mangá

E quase todas as situações que envolvem os protagonistas são bem divertidas e bem humoradas. Alias, a comédia na obra na maioria do tempo é bem leve e gostosa, mas tem algumas situações que ela é um pouco mais escorchante, contudo, sempre são boas gags encaixadas nos momentos certos.

O Sakuta é um protagonista em falta na maioria dos mangás porque ele é bem direto e objetivo. Apesar dos julgamentos precipitado que as pessoas fazem dele, ele não fica com melodrama, mas suporta bem a situação, mesmo que você sinta certo desconforto dele em relação a isso.

O garoto sempre busca não ligar muito para a opinião alheia. Todavia, sinto que isso é uma fachada, ele provavelmente é bem mais sensível a isso do que deixa transparecer.

É bem maduro a maioria do tempo e ao contrário de grande parte dos personagens masculinos ele não é exageradamente tímido, ele é bem expressivo e fala coisas sexualmente provocantes ou que irritam as garotas com facilidade, sem pudor algum. Então eu gostei dessa postura meio descarada dele.

Não fica corando que nem um pimentão por qualquer coisa. Tenta agir com a maior naturalidade possível em situações que em outros mangás seriam bastante constrangedoras, o que já soma muitos pontos comigo.

Uma coisa que achei interessante nele é que quando ele quer uma coisa ele não tem medo de fazer trocas absurdas para conseguir.  Assim como não tem medo de dizer verdades na cara de outra pessoa. Então acho o Sakuta um personagem masculino bem carismático e que despertaria facilmente a empatia do público.

Diferente do Sorata em Sakurasou, que não é um mau personagem. Mas acho ele bem mais contido que o Sakuta. Mais tímido e relutante, tem falta de confiança, etc. Você não desperta sua empatia pelo Sorata de imediato.

A única coisa que acho bem clichê nele é o altruísmo desmedido e ser um rapaz bom, mas mau julgado. Do resto, dificilmente poderia dizer que a personalidade dele é algo extremamente enlatado em algum padrão.

Esse jeito abusado e descarado do Sukata é uma de suas melhores características.

O mangá também trata um pouco de bullying com a irmã do Sakuta. Inclusive, as consequências das agressões que ela sofreu  são presentes na maneira de agir dela no presente e o protagonista deixa claro que o trauma ainda é algo não superado e ela tem recaídas dele.

A relação dele com a irmã é hilária. Ela fica provocando ele sobre o irmão sentir atração por ela, mas acho que não seja uma coisa realmente séria no plot.  Se for, também não vejo nada demais, afinal incesto e paixonite entre irmãos em animes e mangás não é uma coisa recente.

Mas creio que seja mais uma dependência do irmão mais velho por ser a pessoa mais próxima dela e uma maneira de chamar atenção. Eu chuto que vai ter uma interação não de rivalidade, mas de amizade dela com a Mai, já que provavelmente vai ser a primeira pessoa excluindo o irmão a interagir com ela.

Os personagens secundários ainda não tiveram muito destaque. O amigo do protagonista, a namorada dele e a amiga do laboratório só apareceram uma vez ou outra em alguns capítulos. Mas pelo pouco que apareceram, são bem razoáveis, apenas a namorada do amigo do Sakuta que achei muito chata e exagerada.

A garota do laboratório é a típica personagem inteligente meio rabugenta que trata o protagonista de forma rude, mas gosta dele (afinal são amigos). E o amigo o típico personagem de apoio que às vezes zoa ou dá conselhos pro protagonista.

A arte do mangá é razoavelmente boa. O design dos personagens é bastante agradável. A maioria dos quadros infelizmente são de fundo branco, mas quando o cenário é exposto pelo menos é bem desenhado e detalhado.

Conclusão

Seishun Buta Yarou é uma obra com potencial e que se bem desenvolvida poderá ser tão boa quanto Sakurasou. A comédia na maioria do tempo é bem leve e dosada, mesmo que em alguns momentos seja meio escorchante.

A interação entre o casal principal é bem agradável e gostosa. Os protagonistas despertam empatia com facilidade, não possuem personalidades totalmente enlatadas apesar de possuírem algumas características bem clichês.

O drama presente na obra não é exposto de forma exagerada e espero que continue assim. A arte do mangá é boa, mas infelizmente peca em ter muitos quadros brancos e pouco cenário exposto.

Os personagens secundários ainda não aparecem tanto e o destaque fica realmente no Sakuta e na Mai, então acho que o autor pecou um pouco nisto já que queria que eles não ficassem tanto de enfeite, mas futuramente creio que aparecerão mais na trama.

Os problemas explanados na obra provavelmente serão mais aprofundados no decorrer da história. Os diálogos mais longos não chegam a incomodar tanto e no geral, por enquanto é uma obra que eu recomendaria sem medo.

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#Extras

Capas da light novel.

Seishun Buta Yarou Series (light novel) atualmente já possui por volta de uns 7 volumes. O prólogo e o primeiro capítulo foram traduzidos pelo Baka Tsuki, mas a tradução atualmente está parada.

 

Eu só acho que o casal não vai demorar tanto para namorar.

Sirlene Moraes

Apenas uma amante da cultura japonesa e apreciadora de uma boa xícara de café e livros.