Impressões semanais: Re: Zero #20

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A história do sucesso de Re é curiosa. Sua plot era genérica, quase banal nesses tempos em que vivemos. Prometia ser um shounen básico, cheio de ação, mulheres sexualizadas e transgressões à física. Com essa premissa, atraiu um público médio. Mas foi apenas no andar da carruagem, com uma inesperada mudança em seu tom, que atingiu o ápice da fama. O laureamento veio quando as batalhas deram lugar a um texto intrincado, misterioso, flertando entre o drama e o suspense psicológico.

Pois em sua vigésima parte, a obra foi, em quase metade de sua duração, aquilo que se previa anteriormente: um emaranhado congestionado de golpes firulentos enquanto o bem aparentava sobrepujar, facilmente, o vilanismo. Há de se admitir o quão bacana é ver o compadre Wilhelm, nos auge de seus 70 e poucos anos, correndo tanto quanto um campeão Olímpico através da corpulenta baleia. Entretanto, a atmosfera criada ao redor do mamífero voador fora de algo estarrecedor, alarmante e digno das mais funestas histórias de Lovecraft.

Uma imagem que pouco condizia com a nula resistência oferecida pela besta, que encarava, estática e aos berros, uma sucessão massacrante de espadadas, tiros e tantos outros gracejos físicos. Não bastasse isso, o umbroso (sombrio) cenário noturno dera lugar a uma paisagem luminosa e refulgente, o campo perfeito para a edificação dos heróis.

Assim,  em um universo que em nada se assemelhava ao que estamos acostumados, Re gastou sua primeira metade. Foi com certo alívio, então, que vislumbrei o olho restante da fera colorir-se de um vermelho sangue que espelha o vertente mal que representa. Moby Dick saíram de seu catatonismo para fazer jus ao temor que a cerca. Uma reviravolta previsível, mas tão tardia que me fez desconfiar sua chegada.

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Concomitantemente ao tingido globo ocular, a transformação do cenário se deu completa quanto a luz artificial, que exalava confiança, foi substituída pela claustrofóbica, sufocante e aterrorizante névoa da baleia, relegando novamente o exército ao abraço infinito de Nix (noite).

E de volta com esta visão de catástrofe, a vilã da vez brilhou. Sejamos sinceros que a céu aberto, a aparência do ser não é intimidante ou assustador. É de uma baleia…gigante (e muito, muito barulhenta). É quando capeada pelas sombras, invisível na névoa, que ela instiga e aflora o pavor em seus alvos. A insanidade do auto-flagelo, a incapacidade de suportar os gritos, ensurdecedores e que a fazem onipresente e inatingível.

Não há Subaru (que alavancou ainda mais sua evolução ao utilizar da maldição como algo benéfico), Rem ou Crusch que a possam derrotar levianamente quando camuflada. E a despeito do protagonismo exercido pelos de físico jovem, é o supracitado ancião quem comove e estimula nossa torcida. Semana passada, Wilhelm já deixara claro algumas desventuras com Moby, e se os flashbacks não expõem a cena da morte de sua esposa em si, eles fazem muito mais: exibem o porquê das razões do velho deixar sua pacata existência para impelir sua musculatura uma última vez. Por mais que tenhamos passado poucos momentos com a provável avó de Reinhard, o poder de sua figura e a força de sua personalidade provocam uma simpatia imediata (em mim, ao menos), e a relação com o virtuoso, porém imaturo aspirante a guerreiro soam naturais e cabíveis, tanto pelo ambiente bucólico e idílico (campestre, romântico) ao redor, quanto pelo brilho emanado pela mulher.

Gostaria de ver mais desta relação, seja em uma OVA, seja em mais viagens ao passado, o que parece improvável devido o destino traçado pelo senhor. Uma cena simples, porém cheia de significado, ao ser enterrado junto ao símbolo máximo de seu amor: uma flor, partindo, assim, honrado e redimido, livre de seus arrependimentos e pesares.

Por mais que fosse lindo e meu lado fã deseje ardosamente saber mais sobre os pombinhos, uma suposta sobrevivência de Wilhelm seria absurda e não condizente com a estrutura do anime. Um fato corroborado quando, nos segundos finais, o mal é multiplicado.

Re já encontrou a fórmula certa, e a trair para agradar àqueles que apenas desejam a paz, seria abdicar de sua própria qualidade.

PS: QUEM POSTAR SPOILER SEM ALERTAR E DAR ESPAÇAMENTO MORRE! 

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E você? Que nota daria para o episódio? Vote!

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Versão em vídeo:

 

#Extras

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Minha mulher!

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Nos tempos de felicidade, havia uma comunidade no orkut chamada “Eu vou ser um véio massa”. Esse cara é um exemplo.

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Carlos Dalla Corte

Curto 6 coisas: animes, cinema, escrever, k-pop, ler e reclamar. Juntei todas e criei um blog.