Summer Time Render #25 – Um final bem… | Impressões Finais

Depois de tudo o que foi mostrado em Summer Time Render até aqui, o final prometia trazer uma resolução mais amena e focada em mostrar os efeitos do resete que a Ushio Sombra escolheu fazer.

Por mais que tenha gostado bastante do clima do episódio, ao ponto de nem sequer notar os vinte minutos passando, ele ainda tem uma quantidade considerável de “poréns” que não dá para ignorar.

Novamente, vai parecer contraditório dizer que gostei e logo em seguida apontar problemas, mas é como falei na semana passada, é bom tentar manter o equilíbrio entre diversão e crítica.

Vamos tentar sintetizar as ideias.

O grande ponto do final de Summer Time Render para mim é como ele consegue mascarar muito dos problemas que tem através de uma boa direção e de explicações aceitáveis.

Ao mesmo tempo que existem problemas, o roteiro consegue criar uma linha de coerência que te satisfaz e evita deixar uma sensação de que a coisa desandou por completo.

Um bom exemplo é a situação dos paradoxos e a nova realidade que esse resete criou.

Pelo menos parte da coerência continuou.

Realidades paralelas e linhas do tempo alternativas corrigem boa parte dos problemas com paradoxos, como o caso da Hiruko deixar de existir, já que não tem aquela questão de “se ela nunca existiu, então a Ushio nunca precisou voltar, mas se Ushio nunca precisou voltar, então a Hiruko existiu”.

Fora que também sintetiza muito bem a ideia de observador (nosso querido gatinho de schrödinger), onde a Ushio observou a caixa (mundo) onde o gato estava vivo (realidade feliz) e com isso acertou todos os problemas.

O autor também aproveitou bastante a ideia de eventos-chave para diminuir aquela sensação de que o futuro deveria ter sido diferente por conta da ausência da Hiruko.

A volta do Shinpei para ilha era por conta da morte da Ushio, mas nessa realidade isso aconteceu por outro motivo, mesmo que a Ushio ainda tenha sido o gatilho principal.

A mesma coisa vale para Hizuru, que por mais que não tenha tido as experiências com as Sombras para escrever o Homem do Pântano, ainda se tornou uma escritora famosa por outras obras.

Esse tipo de coisa amarra bem, ou melhor, justifica os acontecimentos repetidos e essa propensão dos personagens serem os mesmos da outra realidade.

Detalhe que faz a diferença.

Por mais que eu não goste dessa ideia e acredite que seja impossível um evento tão grande como a remoção da salvadora, e divindade da ilha, não causar nenhuma alteração na estrutura do futuro (efeito borboleta), eu ainda consigo aceitar a ideia de boa porque faz um certo sentido dentro de outras teorias.

Entretanto, mesmo que o autor consiga passar essa sensação de que a formação dos personagens era inevitável independente da realidade, tem certezas coisas que não dá para deixar passar em branco, como é o caso da Shiori.

Bonitinho, mas…

É muito estranho a Shiori estar viva com o Ryuunosuke sendo o seu pai.

Por mais que dê para supor que ela seja filha de um possível antigo casamento da Asako, o anime não deixa isso claro e dá a sensação de que tanto ela quanto a Haine 2.0 são filhas do Ryuunosuke, mas… A Shiori era originalmente a filha de um outro cara e a biologia não funciona dessa forma onde só a mãe é garantia da mesma criança nascer.

Seria até interessante se a Shiori justamente tivesse deixado de existir e a Haine se tornou a versão oficial daquela realidade, porque daria aquele sentimento de que a Ushio não conseguiu consertar tudo perfeitamente e teve uma perda.

Isso me incomodou mais do que deveria, mas ok…

Falando em perda, o anime também deixa outras coisinhas bem incomodas nesse sentido.

O que aconteceu com os pais do Shinpei? Eles também era um evento-chave que mesmo não sendo mortos pela Haine, ainda acabaram morrendo de alguma outra forma para alinhar todas as realidades?

É muito estranho não terem falado nada disso e agido como se os pais do Shinpei nem existisse ali.

Fora que eu esperava que fossem falar um pouco mais da identidade original da Hiruko, mas pelo jeito a explicação da origem dela é o que mostraram antes e não existe qualquer justificativa para dimensão dos poderes dela, e como foi que “alterar de forma” liberou a skill de viajar no tempo.

Nem uma menção honrosa para os pais do Shinpei =/

Por fim, toda a questão das memórias do Shinpei com a Ushio me deram um sentimento confuso.

O que me deixava um pouco mais disposto a aceitar a reversão dos eventos era imaginar que o Shinpei ainda teria as experiências anteriores, e com isso não estaria jogando fora todo o desenvolvimento que teve durante o anime, mas as coisas não foram tão práticas assim.

O final deixa subentendido que ambos recuperar as memórias, mas isso não me convenceu muito e eu gostaria de ter visto algo mais concreto.

Na verdade, isso em si é um dos problemas do final para mim, já que ele deixa muita coisa no ar, não de um jeito que pareça metafórico ou autoexplicativa, mas sim de uma forma que pareça estar faltando informação.

Faltou aquele detalhezinho a mais para dar uma sensação melhor de complemento.

Para completar e ser justo, eu gostei de como foi o final em si do Shinpei com a Ushio.

A reaproximação dos dois, a forma como o Shinpei teve a oportunidade de pedir desculpas e os momentos que os dois passaram durante no festival foi bem bonito.

Eu não sou do tipo que me importa com beijos, então ao ausência disso em tela não tira o brilho que a direção conseguiu colocar nas cenas.

É bem nítido que eles irão ficar juntos e o companheirismo que os dois criam já faz valer o shipp que criei ao longo de todo o anime.

No fim, um belo casal.

Em resumo, o final de Summer Time Render tem seus momentos positivos, mas a sensação que me deu foi a de que as coisas terminaram felizes demais, e não digo isso no sentido de que precisava obrigatoriamente ter desgraça.

O autor tomou diversas decisões interessantes ao longo da história, mas parece que aqui decidiu seguir pelo lado mais fácil e criar um final positivo demais ao ponto de parecer até exagerado.

Um pouquinho de consequência na nova realidade daria um toque mais condizente com tudo o que o anime mostrou e ajudaria a afastar de vez essa sensação de que o resete tirou o peso da história.

Seu eu dissesse que não gostei de como terminou estaria mentido, mas também falar que o final foi maravilhoso e ideal estaria longe de ser verdade.

Mas confesso que estava esperando algo pior.

No geral, o anime foi bem interessante, com muitas coisas boas acontecendo e me mantendo vidrado na história a cada episódio.

O final poderia ser melhor, claro, mas pelo menos para mim, isso não invalida tudo o que foi mostrado ou diminui a qualidade da obra como um todo.

Na verdade, só faz com que ela não consiga fechar tudo com chave de ouro.

Para quem gosta desse escasso gênero de mistério e suspense, sem sombra de dúvidas o anime vale a pena e certamente vai garantir bons momentos.

Extra

Nezu era a minha única certeza de morte, mas o final me tirou isso

Gado sempre volta para pastar ¯\_(ツ)_/¯

Hizuru sendo linda porque sim.

Tokiko terminou no zero a zero.

Eu ri muito disso kkkk

Queria saber o que o templo se tornou, já que não tem mais Hiruko para adorar.

Foi beijo ou não?

 

Marcelo Almeida

Fascinado nessa coisa peculiar conhecida como cultura japonesa, o que por consequência acabou me fazendo criar um vicio em escrever. Adoro anime, mangás e ler/jogar quase tudo.