The God of High School #03 a #04 | Impressões Semanais

De volta essa semana para falar sobre The God of High School, e temos então dois episódios que foram bem complicados de lidar (Marcelo aqui, o review do Marco é em vídeo no youtube).

Em vista de como a estreia funcionou, acho que ficou bem nítido a queda no desempenho da narrativa, e como isso pode acabar fazendo com que o anime ande em direção a uma forte decepção.

O grande problema nesses dois episódios de GOHS é que tudo acontece rápido demais. Na última review eu vi algumas pessoas comentando que o anime tinha rushado algumas coisas, mas eu, na visão de quem não leu o mangá, não tinha sentido isso, pelo menos não tanto quanto foi nessas duas últimas semanas.

No caso do terceiro episódio, ele é um pouco mais controlado, mas ainda está longe de ser adequado. Algumas lutas já tinham acontecido no segundo episódios, mas terem pulado para duas lutas principais sem muito desenvolvimento faz parecer que o torneio é vazio e sem importância.

Podia ter colocado imagens estáticas, ou apenas a narração de alguns resultados para dar aquela sensação de que tinham mais participantes no torneio, além dos personagens principais, porque a ideia vendida era a de algo grande, cheio de bons lutadores e coisa e tal.

Além dessa questão, personagens com character design mais elaborados dão aquela sensação de que vão ser importantes na história, ou pelo menos ter relevância.

Se a garota da luta-livre e o cara de óculos não voltarem mais para frente, vão ser dois personagens meio desaproveitados, já que davam a entender que podiam ser algo dentro do anime, mas já foram eliminados de inicio.

Em relação as lutas, como nas últimas que tiveram, elas são bem feitas e animadas. Dá para ficar impressionado com os golpes e toda a movimentação feita durante o combate, além de manter um pouco daquela paridade que acho legal para não ser totalmente overpower.

Também usaram isso para mostrar um pouco do passado do Daewi, o que é legal para ir entendendo um pouco do personagem.

Curioso ele estar fazendo aquilo por um amigo, e não por um familiar como tinha imaginado que fosse pelo flashback que tinham mostrado, mas como não deram muitos detalhes, fica difícil se importar totalmente com o que mostraram .

O interessante ali, é que acaba servindo para o que aconteceu no quarto episódio, então no geral foi um aproveitamento aceitável para o personagem até certo ponto.

Por último, também foi mostrado um pouco mais da organização suspeita/religiosa que esta agindo por traz do torneio, ou se aproveitando dele.

A sensação de confusão que isso tem me dado já está incomodando um pouco, porque não dá para entender até que ponto o sobrenatural ali é algo desconhecido ou comum.

Na luta o Deawi e o cara de óculos claramente usaram poderes, mas parece que o sobrenatural não existe em público, então me dá aquela sensação de que as coisas estão ficando muito jogada na história.

Além disso, o Mori fez cosplay de One Piece e comeu a fruta do diabo. De novo, ainda é estranho como esse sobrenatural está sendo apresentando, e o resultado foi bem… Sem graça.

A luta que podia ser a de destaque do anime, como foi com o cara da cueca, acabou tão rápido que não teve nem graça. Os efeitos da fruta que o Mori come parecem inexistente, porque o único medidor de força que tinha para ele era o suposto Comissario loiro que o recrutou.

Colocar alguém dizendo que é mais forte que o cara não convence muito sobre a diferença de poder que o personagem criou depois de comer a fruta. O maior interesse ali é  a criatura que surge, mas aí vem outros problemas…

O quarto episódio é onde tudo desanda completamente. Já começa que toda aquela cena do episódio anterior é esquecida para dar lugar a um casamento aleatório.

Ninguém lembra da criatura gigante que apareceu, ninguém comenta sobre nada, Mori teve uma hemorragia em casa e não está nem aí com o porquê disso, e o fato do torneio já ter chegado nas semi-finais, só me fez ficar me perguntando se não tinha errado o episódio e pulado um.

Antes de começar a falar, vamos deixar claro que o problema não são os clichês. Clichês estão aí por serem justamente bons e caírem no gosto popular. Uma garota sendo forçada a casar tem seu peso dramático, ainda mais por conta de isso ser um imposição feita pelos sonhos dela, mas esse tipo de coisa precisa de desenvolvimento para funcionar.

A gente estava em um torneio de artes marciais e do nada todo o foco cai em cima desse casamento.  Mesmo entendendo as linhas de raciocino da Mira, em três episódios não dá para criar aquela empatia todo por ela, e o que dirá sentir pena da situação.

Não somente isso, a resolução do problema ainda vem toda torta, como uma revelação de conspiração por parte do noivo que só foi mencionada na parte final, sem dar qualquer dica de como o Mori poderia ter percebido aquilo, só fazendo ficar ainda mais evidente todo o rush que fizeram para compactar todo esse arco em um único episódio.

A família da Mira, torneio, o sonho de preservar o estilo de luta dela, o casamento. São tanta coisas tentando serem trabalhadas ao mesmo tempo que nenhuma se destaca e tudo termina muito rápido.

O noivo usar o mesmo poder que um dos comissários foi surreal para mim, porque eu não fazia nem ideia de quem ele era, e jogaram isso no meio, como se não fosse nada.

Entretanto, o que mais me pesou foi o desenvolvimento que a Mira supostamente teve ali.

Essa frase da imagem pontual exatamente como jogaram fora toda a construção que ela teve nesse arco. A garota era fissurada na espada de madeira. Abrir mão dela demonstra uma evolução emocional muito grande por parte da Mira, mas isso simplesmente não ficou evidente durante todo o rolo com casamento.

Pode até parecer lógico quando se coloca tudo alinhado, mas a execução foi péssima, não aproveitando em nada essa trajetória que a Mira teve ali para superar o peso que carregava pelo nome da família, o que é uma pena, porque mesmo sendo um clichê comum, ainda podia render uma boa história.

Por fim, em meio a toda essa correria, o final do episódio fecha com o drama do Deawi, que também acaba sendo bem jogado no meio da história e forçando uma aparente rivalidade.

Não sei até que ponto isso vai virar um “Sasuke x Naruto”, mas me pareceu bem desperdiçado não terem trabalhado toda a frustração que ele estava sentido durante a luta com a Mira, e só empurrar isso como outro drama.

Vamos ver como vai ficar o final desse torneio, mas se continuar no ritmo desses dois últimos episódios, fica difícil imaginar o anime fechando como algo bom.

Extra