Given – Impressões Finais

A temporada de outono já teve seu início, mas há um anime do verão que eu (Breno) não poderia deixar passar sem comentar – Given.

Eu comecei a obra para ver a execução da proposta, no início, achei normal – nem liguei para o fator shounen-ai, pois assisto da mesma forma shoujo-ai – o que conta para mim é se a história é boa ou não.

Eis que então o anime começa a contar o passado do Mafuyu, e foi aí que Given, na minha concepção pessoal, se desgarrou dos animes normais da temporada e foi para o bloco dos meus favoritos.

Mafuy sendo Mafuyu ~

A história do Mafuyu fez valer o gênero drama do anime, é algo explicado de uma maneira superficial no início, já no meio da obra tem alguns detalhes a mais e no final, quando descobrimos tudo através da música “Fuyu no Hanashi”, o conjunto é entregue de uma forma excelente.

Inclusive, a música cantada pelo Mafuyu no episódio 9 entrou oficialmente para a minha playlist e, no geral, todo esse episódio foi muito emocionante. Há anos que eu não sentia tanta carga emocional em uma interpretação de seiyuu – Shougo Yano está de parabéns.

Em dado momento da música deu para sentir todo o marasmo, toda a angústia que o personagem (Mafuyu) tinha dentro de si e, sinceramente, foi de arrepiar – pelo menos comigo.

Ainda sobre a música, é curioso notar que em um anime musical de 11 episódios tivemos apenas uma apresentação. Apesar dessa lentidão ser um fator que possa não agradar a todos, conseguiu me satisfazer, principalmente, por retratar bem a realidade.

Bandas, principalmente essas com os amigos, são assim mesmo. É enrolação, é setlist improvisado, é ter que trabalhar ou pegar dinheiro com os pais para pagar estúdio, é corda que estoura nas piores horas, é tempo para desenvolver uma boa música, pois é, todos pontos muito bem colocados pelo anime.

Eu posso falar isso com propriedade, pois tive uma banda por anos (na qual eu era guitarrista/vocalista) e até a nossa primeira apresentação, foram diversas trocas de formação, ensaios furados e tudo mais que conspirava para atrapalhar.

Essa abordagem mais próxima da realidade e um pouco mais “pé no chão” me comprou bastante, pois ninguém cria uma música boa de uma hora para outra, não é dizer “ah, tive uma ideia” e bum, saí uma música, pelo contrário, está longe de ser assim.

Compor é algo que exige tempo e dedicação (claro, se você quiser algo bom).

Junto deste lento (e bom) desenvolvimento da banda, pudemos vislumbrar mais da história do Akihiko (baterista), e confesso que o passado dele também foi algo que me surpreendeu positivamente. O personagem é muito carismático e consegue dar os melhores conselhos frente as piores situações possíveis.

Quanto ao Haruki (baixista), também tivemos algo – só que em menor quantidade, infelizmente. Eu queria saber mais dele, é um personagem com um ótimo timing cômico para quebrar o “clima pesado” de alguns momentos da série.

Pelo jeito, teremos mais no filme, e espero ansioso por isso.

Akihiko em seus momentos de conselho ~

Já o Uenoyama talvez tenha sido que menos me chamou a atenção de início, acho que o desenvolvimento dele poderia ter sido melhor trabalhado também, pois a história do Satou faz o cotidiano monótono dele parecer fichinha.

Um momento destaque foi ele fazendo aquela reunião interna depois de conversar com o Mafuyu sobre seus sentimentos, foi hilária.

Por fim, a parte técnica. A direção ficou por conta do Hikaru Yamaguchi, um nome bem novo no mercado, é apenas o segundo anime dele como diretor, mas acho que Given abriu as portas de vez para ele agora.

Em resumo, ele tirou o máximo que podia da staff que ele tinha em mãos e, por fim, o estúdio Lerche conseguiu entregar dois animes muito bons na temporada – Given e Kanata no Astra.

Vale destacar o bom uso da rotoscopia na movimentação dos ensaios e do show.

Em linhas gerais, Given apresentou um ótimo drama, um romance condizente com tudo que estava acontecendo e uma boa abordagem musical que, sem dúvidas, conspirou para que a obra se destacasse em meio ao senso comum – uma ótima pedida para quem gosta de histórias profusas em sentimentos densos.

Nota final do redator para o anime: 8.5/10

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Breno Santos

Editor, Filmmaker, 22 anos, amante de astronomia, café e cultura otaku no geral; além disso, é fascinado por cinema e pelo trabalho executado por uma staff de animação.