As Crônicas de Arian 2 – Capítulo 13 – A Traição

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Capítulo 13 – A Traição

Jon e o resto do grupo desistiram de esperar e começaram a subir as escadas, quando ouviram barulhos altos nos andares superiores. Porém, embora preocupado, o garoto não podia deixar de ficar pasmo em notar como cada andar era amplo. Olhando lá de baixo, ele imaginava os andares sendo bem mais estreitos. Cada um dos andares devia ter o tamanho de um salão de festas.

No meio do caminho encontraram Dorian preso em um andar onde só haviam celas. Após Joanne tentar algumas magias para abrir a porta da prisão, sem sucesso, coube a Marko tentar libertá-lo a força.

Após algum tempo, a porta de aço cedeu e foi arrancada pelo lobisomem, que parecia cansado do esforço.

— Demorou, hein? — debochou Dorian, que parecia mais despreocupado do que deveria.

Marko olhou feio para Dorian, mas não respondeu, estava de péssimo humor. Teve que se transformar para conseguir abrir a prisão a força, e mesmo assim fez uma força tremenda para realizar o feito.

— E as outras? — questionou Irene, olhando para as celas a volta deles com 5 mulheres presas, todas parecendo meio entorpecidas, já que só os encaravam sem falar nada de dentro da cela.

— Não temos tempo, depois voltamos para soltá-las.

— Tanta pressa e se deram ao trabalho de me soltar? Me sinto honrado.

— É bom pagar por essa honra sendo útil, Dorian. Até agora é quem menos valeu minhas moedas de ouro — reclamou Joanne.

Dorian coçou a cabeça, meio sem jeito.

— Então tenha uma má notícia. Eles me aplicavam um entorpecente de tanto em tanto tempo desde que cheguei aqui. Meu controle espiritual está uma bagunça, não tenho como usar magia por algum tempo.

— Podia ter falado isso antes da gente te soltar! — Agora era Irene que estava ficando nervosa.

— Ei, eu ainda sei lutar fisicamente e…

Dorian foi interrompido por outro forte barulho vindo dos andares acima.

— Vamos logo, se Lara morrer está tudo perdido!

Joanne avançou pelas escadas e em seguida os outros correram atrás, com Dorian, Marko e Jon por último. Marko estava olhando de forma estranha para Jon, como se quisesse dizer algo. O garoto estava com dificuldades de subir as escadas, mesmo tendo descansado por um tempo enquanto Marko tentava tirar Dorian da prisão.

— Quer que eu te carregue, Jon?

— Eu estou bem, só não sou bom com atividades físicas.

Jon mentiu, sabia que isso não era normal e muito provavelmente estava ligado aos danos causados a sua alma, mas não adiantava muito pensar nisso agora, só iria atrapalhar o grupo.

Joanne foi a primeira a chegar no último andar.

— Kadia, que droga você está fazendo? — gritou a líder do grupo.

A visão que Jon teve era algo difícil de processar. Ele podia gravar qualquer coisa que visse com facilidade, mas interpretar levava mais tempo, e tinha muita informação a ser interpretada naquela sala. O andar era um dos mais vazios. O que mais se destacava eram as gigantescas janelas com desenhos de deuses antigos nos vidros.

À esquerda deles estava Kadia lutando contra Lara. A demônio, usando uma armadura negra cobrindo todo corpo, parecia estar na vantagem, enquanto Lara só conseguia barrar alguns golpes e desviar sucessivamente, não tinha tempo para contra-atacar. Geralmente ela teria vantagem usando energia celestial para barrar a força de Kadia, mas a demônio estava evitando isso de alguma forma, então tudo que Lara podia fazer é desviar dos golpes da espada, e se aproveitar do fato de que Kadia não parecia ter a intenção de matá-la. Vez ou outra ela lançava gelo com a espada, mas Kadia desviava como se já soubesse o que ela iria fazer.

No fundo da sala havia um homem em um trono, era Arx, e a seu lado seu mordomo, Lian, atento aos novos visitantes. Ambos usavam as mesmas roupas da última vez que Jon os viu, e Lian continuava a parecer o lorde em sua vestimenta elegante, enquanto Arx usava uma calça de couro comum e uma camisa branca com uma grande abertura na parte do peito.

Na frente deles tinha uma mesa de concreto cheia de símbolos mágicos, e mais importante, dois caixões de metal com pessoas dentro, ambas as quais Jon reconheceu imediatamente. De um lado o corpo da fantasma que o estava perseguindo recentemente, a filha de Arx, do outro Zek, que estava muito pálida, e respirava com dificuldade.

À direita deles, no fundo da sala, estava Arian, sendo atirado de um lado para o outro do enorme salão. Sempre que tentava se levantar era jogado em uma direção diferente pelos vários demônios que o estavam cercando. Eles tinham a mesma forma dos demônios que os atacaram no hotel, mas não conseguiam cortá-lo com suas garras, apenas empurrá-lo. Jon rapidamente entendeu que deviam ser espíritos, já que ninguém mais do grupo parecia estar entendendo porque Arian estava sendo jogado de um lado para o outro.

Processada a informação, vinha o maior problema. “O que ele podia fazer? O que eles tinham que dar prioridade?”.

Antes que pudesse dizer algo, Lara notou a presença deles.

— Finalmente! Algum de vocês, idiotas, para essa maluca ou pega a caixa amaldiçoada, não tenho como parar ela e bloquear a maldição ao mesmo tempo. A maldita está lutando muito melhor desde que Arian e você resolveram dar aulas a ela.

— O que aconteceu com a Kadia? — perguntou Joanne, olhando para a demônio.

Quem respondeu foi o homem no fundo da sala.

— Não é óbvio? — disse Arx, com um ar de tédio, sentado em seu trono.

— Ou alguém escravizou ela mentalmente, ou essa idiota é a melhor atriz que eu já vi, porque o comportamento é idêntico a alguém manipulado — disse Lara em voz alta, enquanto desviava dos golpes de Kadia com dificuldade. Por sorte o local era grande e quase não haviam móveis, então tinha bastante espaço para ela tentar se esquivar. Kadia estava usando uma espada larga de alta qualidade, provavelmente dada por Arx. Não precisava prestar atenção para comprovar isso, apenas notar que a arma não estava congelando cada vez que encostava na arma de Lara, uma arma normal já teria quebrado. Os olhos de Kadia estava bastante avermelhados também, como os de alguém com muita dor ou que ficou muito tempo chorando. Ainda assim, seu rosto estava inexpressivo.

— Kadia, somos nós! Kadia! — gritou Irene, inutilmente.

— Acha mesmo que já não tentei falar com ela? — gritou Lara, dividindo sua atenção com Kadia e a situação complicada que Arian se encontrava no momento, sendo espancado por vários demônios.

Arx interrompeu de novo.

— Não percam tempo, ela não lembra de vocês, está mais para um fantoche do que um ser pensante. Essa baboseira sentimental para trazer memórias de alguém não funciona no mundo real.

O grupo olhou para o lorde de Amit com ódio.

— Podem me olhar assim o quanto quiserem, fiz o mesmo com aqueles demônios que foram atrás de vocês, a diferença é que ela ficou tanto tempo resistindo que tive que torturá-la até ela parar de bloquear a mente e deixar minha magia dominá-la. Na verdade só não foi pior, porque no momento em que Lian ia fazer um pacto forçado ela acabou cedendo.

— Pacto? Espera… O que você…? — Joanne não completou a frase.

Arx deu uma leve risada com a reação.

— Sempre achei engraçado essa sensibilidade que as mulheres tem com a penetração. Ficar nua na nossa frente sendo chicoteada até a pele ficar em carne viva, ela aguentou. Ficar nua com as feridas expostas por um dia inteiro no vento gélido do lado de fora dessa torre, ela aguentou. Ser espancada até quase desmaiar, também… Na verdade, conseguiu até rastejar na minha direção, se levantar e cuspir em mim. Ainda assim, foi só eu mandar Lian estuprá-la para forçar um pacto que ela fraquejou mentalmente pouco antes dele concretizar o ato. Depois disso foi fácil submetê-la a meu controle, como qualquer outro demônio comum. Lamentável.

Jon não tinha palavras, não sabia se estava mais chocado pelo que Arx disse, ou por como disse. Não se assemelhava em nada com o pai amoroso sobre o qual leu no diário.

Mas isso explicava os olhos vermelhos de Kadia. Seja o que for que aconteceu, ela ainda parecia estar com dor.

Arx examinou o grupo novamente e questionou.

—  E então, estou esperando, o que vão fazer? Duas sacerdotisas meia boca, um lobisomem sem controle, e um mago que não pode usar magia por um tempo… Vai ser tedioso, não quer mesmo vir comigo, Lara?

— Vai a merda, Arx! — por mais que não simpatizasse com Kadia, no momento, Lara parecia estar furiosa por ela. A ponto de perder um pouco da concentração na luta e ter sido arremessada por um chute de Lara quando ela abriu a guarda.

— Como queira…

Arx fez um sinal para seu mordomo, que obedecendo o comando, tirou uma espada fina da cintura e foi andando lentamente na direção deles.

Joanne fez um sinal para eles.

— Marko, vai ajudar a Lara, o resto de vocês vem comigo. Jon você fique ai, e se notar ou lembrar algo de útil, sempre vai ser uma boa hora.

Dorian, Joanne e Irene partiram contra Lian, que começou a desviar dos ataques sem muita dificuldade. Dorian parecia um bêbado lutando, provavelmente efeito do sedativo que o deram, mas salvou Joanne de ter o pescoço perfurado mais de uma vez logo no começo do combate. Irene estava atrás esperando aberturas para poder atirar flechas sem acertar seu grupo, mas Lian desviava dos projéteis facilmente.

Do outro lado do salão, Marko avançou contra Kadia e tentou a segurar. Mas assim que ele agarrou o braço dela e tentou imobilizá-la, os olhos da garota brilharam com mais intensidade. Marko gritou de forma estridente e caiu ajoelhado no chão, para o espanto de todos na sala, incluindo Arx.

— Interessante. Ela não tem habilidade para manipular memórias ainda, então o máximo que deve ter feito quando tocou nela é te jogar uma memória que não gosta ou uma sensação de dor angustiante. Você parece acostumado a dor física, então imagino que foi a primeira opção. Não quer compartilhar conosco o que o atormenta, Lobisomem?

Arx estava claramente tentando se divertir a sua forma com a coisa toda. Não parecia minimamente preocupado.

Marko levantou suando frio e voltou a avançar contra Kadia, dessa vez tirando seu machado. Ele ainda parecia perturbado e estava mais lerdo que o normal, então mesmo contra dois, a impressão é que Kadia estava na vantagem. Ela desviou de uma magia de gelo da espada de Lara, saltou contra Marko, o agarrou pelo pescoço e arremessou contra a parede, que quase foi abaixo com o impacto. Jon havia esquecido o quanto ela era forte quando seus olhos estavam dourados. Marko se recuperou e voltou a avançar, mas Kadia desviava com extrema facilidade. Devia estar lendo a mente dele, pensou Jon.

Lara tentava atacar às vezes, mas parecia estar se contendo, ou por falta de energia ou pela caixa amaldiçoada estar bloqueando parte de seus poderes. Podia dar o objeto para Joanne, mas ela não aguentava segurar sozinha, e incapacitar Irene junto, não parecia uma boa ideia. Diferente de Lara, as duas nunca conseguiriam lutar enquanto seguravam o artefato. Jon se amaldiçoou por não poder fazer nada nesse momento. Só podia observar, nada mais. Qualquer tentativa dele de fazer algo claramente iria mais atrapalhar que ajudar .

<E> estava do lado de Jon, olhando a situação de Arian, que parecia bastante machucado, e cercado por vários demônios. Ele nunca havia visto a garota com uma expressão como aquela até agora. Seus olhos brilhavam em um vermelho muito forte e seus lábios tremiam levemente, tamanha a raiva que parecia estar sentindo. Quando a viu pela primeira vez ele a achou encantadora, mas agora, pela primeira vez, ela estava dando medo.

O dono da torre então se virou para Arian, ainda ocupado com os vários demônios no canto da sala.

— É só isso que tem, Guardião? Tem certeza que é um SS? Está parecendo mais um classe C. Admito que esperava um desafio maior. Tantos preparativos que fiz, para nada…

Arian parecia furioso desde que ouviu o que Arx fez com a Kadia para dominá-la, mas ao mesmo tempo tentando se acalmar e pensar em algo. Ele então forçou um sorriso debochado e respondeu Arx.

— Não se preocupe, estou só fingindo apanhar enquanto espero você falar demais e me dar uma dica de como fazer a Kadia voltar ao normal antes que eu arranque a sua cabeça.

— Sério? Você é impressionantemente bom nisso de fingir apanhar… Mas está perdendo tempo, as memórias dela não vão voltar, não importa o que faça. Se eu ainda fosse completamente humano acho que teria até pena de você, ou pelo menos alguma simpatia. É uma das coisas que lamento ter perdido desde que Marin fundiu minha alma. Não consigo me importar mais, sentir pena, ódio, é tudo… vazio… Só o desejo de ter minha filha de volta permanece.

Arian arregalou os olhos com o que ouviu.

— Você não é humano?

— Que pergunta idiota… Não leu o diário? Aquela bruxa louca me fundiu com um Diabo das profundezas para eu sobreviver a praga.

Os lábios se Arian se moveram em um leve sorriso antes de ser novamente arremessado no outro canto da sala.

Ele se levantou lentamente, atordoado pelo golpe. Sua cabeça sangrava e ele parecia estar com bastante dor, mas ainda assim, estava sorrindo. Arian finalmente tinha conseguido o que estava esperando e Arx parecia interessado na confiança renovada dele também.

— Admito que estou curioso para ver seja lá o que tenha em mente, guardião. Mas acho que vai morrer antes de ter tempo de fazer qualquer coisa. Chega de brincar com ele pessoal. Não o matem, mas espanquem até desmaiar, podem quebrá-lo à vontade.

Seguindo a ordem de seu mestre, os demônios de Arx avançaram contra Arian de forma mais agressiva.

Arian levantou, desviou de um dos fantasmas que avançou sobre ele,  e depois de outro. Em seguida 4 vieram ao mesmo tempo, cada um de um lado, não tinha como desviar de todos.

— <E>, agora!

Em uma velocidade insana, a fantasma saltou para frente dele e parou a mão do demônio que ia acertar Arian. Depois saltou e deu um chute no demônio, que perdeu a cabeça com o golpe e evaporou em seguida. Outro veio pela lateral. <E> desviou, agarrou o braço do inimigo e o jogou por cima do ombro contra a parede.

Mais duas criaturas avançaram contra ela, que bloqueou as garras de ambos com os braços. Jon pensou que ela seria cortada, mas não, a garra deles não podia feri-la. Eles então voltaram a tentar acertá-la com golpes de impacto, enquanto ela desviava com uma agilidade fora do comum.

Em seguida saltou contra o demônio que estava mais perto de Arian, agarrou sua cabeça e prensou contra a parede até ela estourar. Outro fantasma veio em sua direção. Ela saltou para trás a fim de desviar do golpe do primeiro, agarrou o segundo pelo braço e o arremessou contra a janela, que quebrou em mil pedaços. Os movimentos eram muito parecidos, se não idênticos, com os que Arian usou lutando no torneio. Ela barrou outro que avançou sobre Arian, acertando um soco que abriu um buraco no peito da criatura e a desfez instantaneamente. Os demônios eram fortes, mas ela estava em outro nível.

A garota então se posicionou na frente de Arian, encarando os demônios restantes. Seus pequenos olhos vermelhos brilhavam intensamente, enquanto o cabelo branco balançava com violência sobre o rosto devido ao forte vento vindo da janela quebrada. Só quatro fantasmas restavam, e pareciam assustados demais para atacá-la.

Jon só conseguiu observar a cena boquiaberto:

— Você não disse que ela não podia interagir com ninguém fora você?

Arian se levantou ofegante e respondeu:

— Ela não pode interagir com vivos, Jon, nunca falei nada sobre espíritos. Por que acha que mandei você ficar calmo e dormir quando estávamos no hotel? Ela estava nos protegendo.

Jon se sentiu enganado, mas ao mesmo tempo havia entendido porque Siren parou, quando viu <E> na frente de Lara na mansão. As duas já deviam ter se estranhado antes e ela não deve ter sido a vitoriosa. O barulho de alguma coisa se chocando contra as paredes do quarto do hotel devia ser ela se livrando de espíritos mal intencionados também.

Mais do que Jon, Arxs parecia completamente pasmo.

— É ela mesmo… Como isso é possível?

— De que droga está falando? — perguntou Arian.

— Você tem ela do seu lado e não sabe de nada? Eu sabia das histórias sobre você, mas não que a fantasma era ela. Isso não faz sentido nenhum…

Arian parecia mais confuso do que o próprio Arx.

— Sabe quem era ela quando viva?

Arx olhou para ele como se não estivesse entendendo a pergunta. Ele então sentou de novo em seu trono, respirou fundo, olhou para Arian e <E> e falou.

— Acho que estou começando a entender o que está acontecendo… — O lorde de Amit observou rapidamente a situação dos outros combates ocorrendo na sala e então completou — Certo, façamos um novo trato. Me entregue a Lara e a caixa. Eu te conto o que quer saber e depois o deixo ir, o Lich que vá atrás de você depois.

Arian não entendeu porque Arx desistiu de levá-lo também, mas devia ter algo a ver com a <E>. Arx pareceu incomodado pela demora na resposta.

— Sério? Está pensando? Pelo que me falaram pensei que desse prioridade ao que é mais importante para você.

Arian observou a situação a sua volta com calma. Lara e Marko ainda estavam tentando lidar com Kadia, enquanto Joanne, Irene e Dorian tentavam matar o mordomo de Arx, sem sucesso. Não importa como visse, eles estavam perdendo. Ainda assim, Arx estava querendo um acordo. Ou seja, eles tinham uma chance.

— Acho que entendeu errado. Sou um idiota egoísta, não nego isso, mas não traio pessoas com quem me importo.

— Entendo… Então é hora de acabar com isso. Lian, pare de brincar e mate-os, só preciso da Lara e do Arian vivos…

Ao ouvir isso, Arian começou a correr na direção de Arx e gritou:

— Lara, me dá cobertura!

Lara olhou para ele e pareceu entender o objetivo. Ela se afastou de Kadia e começou a recitar uma magia. Arian corria desviando dos golpes dos demônios ainda vivos, enquanto <E> saltava contra eles de 1 em 1 e os matava com um golpe.

— Agora! — gritou Arian.

Arx e Lian se viraram para Lara, de forma a se preparar para receber seja lá o que ela fosse lançar. Mas não notaram que era exatamente a atenção deles que ela queria.

Lara levantou sua mão e uma forte luz emanou dela. Kadia, Arx e o mordomo gritaram e colocaram a mão nos olhos na mesma hora. Estavam cegos, ao menos temporariamente. Se aproveitando disso, e já a poucos metros do trono de Arx, Arian arremessou as duas espadas que estavam em suas costas. Ambas acertaram em cheio o peito do homem, e cravaram no trono de madeira atrás dele. Arian então saltou para o golpe final, mirando a cabeça com sua espada bastarda, mas antes que chegasse no alvo, Kadia saltou em sua frente e acertou um soco em seu ombro que o fez voar vários metros para trás.

Arx se levantou, aparentando estar com muita dor e furioso. Tirou as espadas cravadas em seu peito, e em seguida os ferimentos se regeneraram.

— Eu só queria minha filha de volta! Ninguém aqui precisava morrer… Mas se é o que desejam, que assim seja. Vou levar Moonsong comigo até Victor, nem que seja arrastada sobre os corpos de todos vocês!

O corpo de Arx aumentou de tamanho conforme sua pele ficava negra e com traços animalescos. Finalizada a transformação, ele lembrava um morcego humanoide bastante musculoso e com olhos verdes. Arian o reconheceu na mesma hora. Era o demônio de três metros por trás do ataque ao hotel.

Jon ficou aterrorizado ao notar que tipo de demônio era. Pensou que era um blefe, mas o homem realmente foi fundido com um demônio das profundezas. Eles podem escravizar quase qualquer tipo de demônio, causar alucinações coletivas, eram absurdamente fortes e se regeneram quase que instantaneamente. Não é à toa Arian que tentou cortar a cabeça dele antes, é a única forma de matá-lo.

— Vamos acabar com isso!

Arx se preparou para saltar contra Arian, mas antes que o fizesse, um forte estrondo impactou a torre, que começou a tremer.

— Mas o quê?

Pelo espanto do lorde, aquilo não fazia parte de seus planos. Outra explosão, agora mais forte.

Arx saltou sobre o corpo de sua filha para protegê-lo das pedras que caíram do teto.

— Adeus, Arx! — a voz veio do nada, ecoando por dentro da torre. Era a voz de Marin. — E Jon, não é nada pessoal, você que tem bastante azar. Sempre está no lugar errado.

— Por quê? Depois de tudo que fiz por você! — Arx estava completamente pasmo. No fim das contas, não foi nenhum deles que acabou o surpreendendo, mas a pessoa que ele conhecia há mais de 50 anos.

— Fez por mim? Como me humilhar obrigando a assinar um pacto de escravidão?

— Eu tinha que ter alguma segurança!

— Claro que tinha… E agora vai pagar o preço!

Veio a terceira explosão, e a quarta. Cada pessoa lá dentro foi jogada para um lado diferente, enquanto com um forte rangido, a torre começava a se inclinar na direção da cidade de Amit.

— Lara! — gritou Marko, vendo parte do teto caindo sobre ela enquanto corria na direção da mesma.

A gigantesca torre de 500 metros não estava mais tremendo, estava caindo, com todos eles dentro.

Próximo: Capítulo 14 – A bruxa do gelo

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PS: O capítulo ainda não passou pelo revisor, então pode conter alguns errinhos.