Diretor da Sunrise se revolta e desabafa sobre situação de funcionária obrigada a trabalhar 60 horas em 4 dias

O diretor Mitsuo Fukuda, que trabalha na Sunrise, parece ter chego ao limite ao ver uma funcionária trabalhando 60 horas em 4 dias, sem poder voltar para casa durante o período, e dormindo apenas de 1 a 2 horas no escritório em intervalos curtos.

Ele publicou sobre o ocorrido em seu twitter, reclamando da situação revoltante a que o estúdio Sunrise (Code Geass, Cross Ange, Love Live, Gundam) estava submetendo a funcionária, e que isso acabaria por resultar em graves problemas para ela, seja se envolver em um acidente por falta de sono ou problemas de saudê.

Casos assim são comuns, mas quase ninguém reporta por medo de retaliação (ficar sem emprego), já que existe uma cultura muito forte de baixar a cabeça e fazer o serviço no japão, não importa a humilhação ou exigência feita. Greve ou reclamação com RH? Isso não existe no japão, e foi um dos motivos que levou ao estado precário da industria da animação. Reclamar é considerado fraqueza.

Mas até dentro do próprio Japão a fama de trabalhar em anime é basicamente se submeter a “trabalho escravo”, devido a carga horária absurda para um salário tão ridículo que você ganha mais sendo funcionário do Mc Donalds em meio período. Não a toa a cada ano menos pessoas entram para esse ramo, e com isso cada vez mais se vê animes em CG, devido a falta de profissionais da área 2D aumentando.

Existem alguns casos felizes de novatos que são tão talentosos que rapidamente são promovidos e começam a ter condições melhores, assim como podendo escolher onde e com quem vão trabalhar, devido a serem altamente requisitados e cada vez mais raros (os storyboarders de ação e animadores de sakugas/cenas fluidas elaboradas).

Mas em geral a situação continua triste no japão devido a mentalidade retrograda que se tem por lá, e como são pessoas mais velhas com essa mentalidade que comandam as empresas, fica difícil mudar.

Nunca se teve tanto investimento externo em animes, com altos lucros sendo relatados e estúdios são lotados de trabalho que alguns não tem vaga para mais nada até 2022, mas ainda assim os animadores continuam em uma situação lamentável, já que ao invés de tentar mudar isso, os animadores mais velhos fazem seus estúdios quando juntam contatos o bastante e repetem com os outros exatamente o que fizeram com eles, achando que é o único modo das coisas funcionarem.

Algumas figuras finalmente tomando coragem para reclamar nas redes sociais é um começo, mas a mudanças de mentalidade ainda parece algo distante, e com isso cada vez mais a animação 2D caminha para sua morte daqui a algumas décadas. Para começo de conversa, as produtoras deviam repassar parte do lucro extra que tem na venda dos animes para Netflix e afins para os estúdios, e esses para os animadores.

Infelizmente mesmo quando o estúdio consegue ganhar mais (caso da Production I.G cortando as produtoras fora e negociando series direto com a Netflix), o salário dos animadores continua o mesmo… Ai a coisa fica difícil…

Via ANN