Kujira no Kora wa Sajou ni Utau #01 e #02 – Impressões Semanais

Kujira é uma daquelas obras que te prende pela forma em que apresentada o seu mundo, e as relações que os personagens têm com ele, pelo menos foi assim para mim. Esses dois episódio foram incrivelmente gratificantes pela quantidade de ideia e propostas apresentada de forma sutil, sem entrar em grandes debates ou explicações sobre o que estava acontecendo ali.

Como cheguei a comentar no post de primeiras impressões, a proposta do anime me lembra muito a de uma outra obra chamada Shin Sekai Yori. Ambos compartilham da mesma concepção de explorar uma civilização que teve seus sentimentos controlados em nome de uma boa harmonização e convívio, até mesmo a forma com os poderes funcionam, e os resultados do surgimento dele na sociedade, funcionam de forma bem parecida para as duas história.

Agora resta saber se essa questão vai ser bem trabalhada, e se conseguirá transmitir a ideia de um mundo “sem sentimentos” de forma adequada para causar bom um impacto.

Mas diria que o resultado já tem sido bem interessante.

O primeiro episódio se foca na apresentação do mundo, e de um rápida introdução dos personagens. Isso vem de forma bem sutil, usando evento do próprio enredo para adicionar o contexto necessário para as explicações. Logo nos minutos inicial, o que chama atenção, é a observação feita pelo protagonista a respeito dos enterros, e de como as pessoas participantes não podia chorar, ou demonstrar claramente o que sentiam.

Isso vem em conjunto com a explicação de como os poderes do anime funcionam, incluindo um fato curioso, no caso, a menção de que os ditos “Marcados” não vivem por muito tempo. Essa informação me chamou bastante atenção, por ser relacionada ao fato da ilha ser composta por noventa por cento de pessoas que consegue usar o tal thymia.

Em outras palavras, por mais exista a possibilidade de deixar herdeiros e coisas do tipo, imaginar que praticamente todos os habitantes da ilha vão se “trocados” dentro de um espaço relativamente curto de tempo, deixa uma sensação estranha, ainda mais quando os únicos que elegíveis para serem  anciões, são aqueles que conseguem viver uma vida longa, sem terem despertado os poderes.

Aquele famoso “ainda” para te deixar teorizando sobre as coisas.

Ainda dentro do primeiro episódio, temos a introdução de uma misteriosa garota, e de algumas nuances de como aquele mundo não funciona tão bem como parecia funcionar nos minutos iniciais. O ponto que mais me chamaram atenção nessa parte, foi ela ser completamente apática ao que está acontecendo ao seu redor.

Essa questão é um pouco mais explicado para frente, mostrando que aquele comportamento não é apenas um traço da personagem, como muitas vez acontece por aí, mas sim o efeito de algum evento que houve no seu passado.

O medo dos anciões sobre as influências que ela poderia vir a ter sobre as pessoas da ilha também cria um certo clima de tensão em cima do que está acontecendo ali. O protagonista não conhecer o termo “continente” já dá uma boa dica de que muita coisa está sendo escondida das pessoas da ilha, além de instigar o interesse sobre o que está acontecendo com o mundo fora daquele lugar.

A Terra sempre foi composta por um mar de areia? O surgimento das ilhas, e do thymia foram algo natural, que sempre existia naquele mundo, ou foram efeito de algum acontecimento? Esse tipo de pergunta acabou surgindo na minha cabeça, e o gancho do final, induzindo a possibilidade dessas resposta, foi o que me fez sentir vontade de ver o segundo episódio na mesma hora.

Que venham os mistérios.

Por falar no segundo episódio, ele consegue ser um pouco mais didático do que o anterior, por assim dizer. Os três personagens principais voltaram para a ilha que tinha aparecido antes, e são levado pela garota ao local onde ela teria enterrado os seu companheiros.

Essa cena já diferencia um pouco, por mostrar uma certa mudança cultural ali. Por mais que ela tenha se tornado uma Apathia, e não atribua tantos sentimentos ao que está acontecendo ao seu redor, as pessoas daquele lugar foram enterradas, e não jogadas no mar de areia, como deveria acontecer com quem morriam nas Baleias.

A introdução de um novo elemento/criatura que ficava em uma espécie de tumba, e que é capaz de se alimentar dos sentimentos, transformando o coração das pessoas deixa o mistério sobre o passado das civilizações ainda mais intrigante.

A ideia de uma guerra baseada nos poderes, surge para apontar ainda mais que o mundo fora das ilhas não é tão divertido quando eles imaginam, e a forma como  a Lykos fala de como os sentimentos são algo desnecessário para a humanidade, mostra o real ponto em que o anime pretende explorar.

A volta para ilha trás a punição dos três, e o isolamento da garota por parte do conselho, já que ela representa perigo. Um evento, mostrando parte da cultura do lugar, entra para trabalhar um pouco mais a relação dos personagens, em especial a da Lykos e a forma como ela está, ao poucos, retomando os sentimentos que tinha perdido por passar eles para o tal Nous.

Além de mostrar um pouco do seu passado.

A amiga do protagonista tão recebe um pouco de foco, principalmente explorando o lado romântico entre os dois, para tentar um dramatização no final que acaba impactando mais pelas cenas e gancho que criam, do que realmente pelo sentimento de pena em relação a Loli sendo baleada.

Ela não é chata, e conseguiu alguns pontinhos de empatia, mas ainda é meio cedo para sentir uma grande perda, caso ela venha a morrer. O mais interessante ali, é perceber que a guerra chegou a ilha, e o acumulando as informações que foram apresentadas até agora, me faz ficar bem curioso para saber como os habitantes vão reagir, e o que exatamente significava viver naquela ilha sendo “perseguindo” sem saberem que estavam sendo.

Agora resta saber como a história vai prosseguir. Pelo PV, e os spoiler da opening, as coisas devem ficarem mais agitadas e focadas em algumas lutas, veremos como será o próximo episódio.

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E você, que nota daria aos episódios?

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Extra

Vamos filosofar?

Não, não vamos. Mas a ideia desse diálogo é bem interessante. Mesmo na posição de Chefe, ela ainda não tem controle sobre nada, ficando dependente do Conselho, assim como os demais. Ela é um fantoche para intermediar o povo, sendo objetificado pelos demais, além de funcionar como uma forma de isolar ainda mais o conceito de superioridade do Conselho, já que eles estariam um nível acima de uma posição de Chefe.

Isso me deixou curioso…

Pode ser que tenha a ver com o nivelamento da ilha com o mar de areia (algo físico demais, na minha opinião), mas minha suposição é em cima do fato de isolar a pessoa da sociedade… O ser humano é extremamente sociável, então pode ser que, por serem “deixados de lado”, os poderes acabam perdendo a força.

O conceito geral é bem interessante.

Não é muito complicado perceber que emoções são uma grande desgraça na vida das pessoas (elas são legais, mas convenhamos, o amor é maior prova de que isso só dá merda). O conceito chave do anime trabalha em cima disso, e de como a sociedade poderia ser mais harmoniosa se as pessoas não se deixassem levar por emoções.

Sendo assim, já parou para pensar em quão difícil seria se expressar sem usar sentimentos? Tentem escrever uma opinião sobre o anime (nem precisa ser muito grande), sem colocar qualquer emoção. Não vale adjetivos de gosto, já que implica no sentimento de auto-satisfação.

Isso é interessante, porque basicamente te força a avaliar algo pelo que ele é, e não pelo que acredita que ele seja.

Exemplo: não vale dizer que os diálogos são cansativos, já que parte da sua noção. A melhor forma seria algo como: “os diálogos são construidos de forma didática, apresentando diversas informações sem movimentar a trama”

O que dizer…

… Dessa animação linda <3

…Ou desse tiozão suspeito?

 

Marcelo Almeida

Fascinado nessa coisa peculiar conhecida como cultura japonesa, o que por consequência acabou me fazendo criar um vicio em escrever. Adoro anime, mangás e ler/jogar quase tudo.