Programa JP discute a Exploração de animadores, Custo de um anime e de onde vem o Lucro

Um canal de TV está fazendo uma série de entrevistas com pessoas da industria, relativas a parte mais obscura da animação.

Uma das questões cada vez mais abordadas é a exploração dos animadores e estúdios, que não ganham quase nada em retorno ao que produzem.

Algumas culpam o sistema do comitê de produção, que são um bando de empresas que investem o dinheiro na animação, incluindo marketing e pagar o estúdio que vai produzir. Quando o anime vira um hit, no entanto, o estúdio geralmente não ganha nada, e o mesmo para os animadores. Com as produtoras querendo pagar pouco e os estúdios precisando trabalhar, o salário acaba sendo muito baixo também. Além disso, o número de horas extras deles é absurdo, com alguns passando de 100 horas ao mês.

Eles deixam implícito, portanto, que para uma mudança nisso, é necessário que os produtores dividam parte do lucro com os estúdios. Ou então paguem mais pelas produções.

 

Os chefes de comitês de produção de animes se defenderam. Segundo eles, não existe risco para os estúdios, só para eles que estão investindo o dinheiro, e dai o lucro deles ser maior quando a obra é bem sucedida. Já o estúdio, pela lógica, nunca perde nada se gastar só o que recebeu para produzir o anime. E segundo afirmam, apenas 1 em cada 10 obras que eles investem gera retorno.

Comentam inclusive, que se a obra vender apenas 2,000 a 3,000 unidades de DVD, eles ficam no prejuízo, o que confirma a nossa média de 3,500 pra cima para a obra se pagar. E que merchandising é ainda mais arriscado pra eles, porque eles tem que pagar pelo espaço utilizado dos produtos que não vendem.

Outra respostas interessante é que, quando perguntado se a audiência pode tornar a obra um hit, financeiramente, a resposta foi que não. Se quem paga pela obra não for o canal que está recebendo a audiência, a audiência não gera nada para os produtores, que inclusive sempre tem que pagar para as emissoras passarem os animes. Nas palavras de uma produtora, “Não, um hit, atualmente, é o que vende muito em Blu-ray e DVD”. O que acaba de vez com a discussão de quem queria desacreditar o sistema, baseado nos comentários do produtor nervoso de Durarara (comentei sobre no vídeo acima).

 

Quanto ao mercado de streaming, ele alega que houve um boom em 2015, e que só agora está estabilizando. Mas não comenta sua relevância no lucro dos produtores. Como comentei no vídeo acima, a venda de direitos está ajudando a pagar obras que ficariam no prejuízo, quando tem vendas baixas de BD, mas dai a render muito, não parece ser o caso, por enquanto. Parece que só a China que conseguiu fazer o sistema de streaming render muito, até agora (leia mais sobre aqui).

No fim é uma discussão interessante. Os estúdios e diretores colocam os produtores como os vilões. Já os produtores dizem que estão correndo muitos riscos, sendo que não dividem o prejuízo com o estúdio quando uma obra fracassa, então por que o contrário deveria ser diferente?

De qualquer forma, algo precisa mudar, se não a industria, que tem cada vez menos gente trabalhando nela, só vai continuar diminuindo ao longo dos anos. Uma melhoria de vida para os animadores seria o primeiro passo, mas para isso os animes tem que ficar mais caros, e a quantidade reduzir, o que, fatidicamente, aumentaria o risco dos produtores que estão pagando tudo. É complicado…

PS: Em uma entrevista similar foi confirmado que o custo médio de um anime de 12 episódios ainda é em média 1,5 milhão de dólares, como havia informado em um vídeo 1 ano atrás.

fonte: ANN

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