ReZero Ep 1-12 e o polêmico ep 13 | Impressões (Marco)

Ok, o Carlos já soltou as impressões dele do episódio 13 de Re:Zero. Mas esse episódio foi tão polêmico que acho que merece mais uma análise. Não que meu ponto de vista seja muito diferente do Carlos. Mas algumas coisas que me chamaram atenção são.

Versão em vídeo:


Episódio 1 a 12

ReZero foi um anime “mediano/bom” nos primeiros episódios, e o arco das empregadas foi esticado mais do que deveria ao meu ver. Se terminasse no ep 9 ou 10 ficaria melhor na minha opinião. Mas ele já foi uma evolução do primeiro, entregando algum desenvolvimento para as personagens femininas.

A Emilia, no entanto, foi colocada como enfeite de cenário no segundo arco, não tendo nenhum desenvolvimento ou mesmo participação relevante. E depois do episódio 3, que embora um arco introdutório apenas ok, teve um final de ação impactante, os climaxes ficaram devendo. A maioria deles não consegue passar grande tensão, os cachorros morriam muito fácil e a direção não trabalhava a cena de forma a deixar eles parecendo uma ameaça maior. Junte a isso a trilha sonora ser meio fraca – a ponto de terem que colocar a OP nas cenas de ação para empolgar.

Ainda assim a história teve um prosseguimento e evolução na relação dos personagens, e mesmo que devendo em certos fatores, houveram alguns climaxes. Além do básico estar lá: que é te deixar interessado para saber o que vai acontecer a seguir. Minha expectativa era uma evolução do protagonista, que está quase na mesma desde que o anime começou, sem se aprimorar notoriamente em nenhum aspecto.

O que veio a seguir, no entanto, não foi o que a maioria esperava:

Episódio 13 

Geralmente tento economizar no texto, mas dessa vez não, vai ser o mais completo possível, e por consequência, grande.

Subaru é um protagonista meio diferente, o que eu geralmente iria elogiar. Mas no caso dele estamos vendo um cara feliz quase na mesma em termos de utilidade desde que o anime começou. Ele teve uma crise, que eu achei normal depois do que ele passou, se recuperou, e fim de arco.

Ele é meio difícil de simpatizar porque a personalidade dele é de um otimismo meio exagerado, quase um ator tentando fazer um papel que não se encaixa. Claro que achar alguém carismático ou não varia de pessoa pra pessoa. Existe, no entanto, um senso comum. E nele, enquanto Yato de Noragami é super carismático para maioria, o Subaru é um protagonista passável, que você está aguardando melhorar. Mas em 12 episódios não aconteceu muito, fora ele aprender uma magia de pouco utilidade em combate.

Isso leva a uma discussão sobre o que chamam de protagonista shounen. A crítica ao protagonista shounen é – geralmente – o positivismo exacerbado, discursos moralistas e arcos de treinamento para dobrar de poder. Mas elogiar um protagonista que não muda quase nada por episódio ou fica mais forte seja física ou mentalmente não faz sentido também, já que o ser humano se aprimora, é algo natural que deveria ocorrer.

Subaru poderia estar treinando para ficar melhor no combate físico por exemplo, que é seu fraco. Ou então usar mais magias, ou então ler um bando de livros para entender melhor aquele mundo. As opções são varias, mas a obsessão dele é uma só: Emilia, Emilia, Emilia.

Ele quer ficar grudado nela, não pensa se realmente pode ajudar ou não, e ficou presunçoso por conseguir resolver alguns casos com seu poder roubado, que embora doloroso, é uma imortalidade, que permite ele refazer seja lá o que for até acertar. Como ele se aprimorar para resolver tudo sozinho demoraria anos, ele sempre resolve movendo peças de lugar, até que consiga armar o terreno com aliados de tal forma que o problema seja resolvido. Ele admite isso, o que é bom, mas no fundo ainda está com ego inflado por ter sido bem sucedido mais de uma vez.

Sua infantilidade leva aos erros cometidos no episódio, frutos de orgulho puro. Quando ele diz para Emilia que não estava fazendo aquelas burradas por si mesmo, mas por ela, está se enganando.

Isso tudo é bom, por mais raiva que dê. Ao exaltar as falhas do protagonista você abre caminho para uma melhora. Embora o exagero em exalta-las todas de uma vez faça parecer que o protagonista está possuído, algo que achei um excesso na narrativa. Mas ok, não vi problema real na história até ai.

O problema real foi a fala dele no final, aonde seu rosto se contorce em uma expressão vilanesca e ele joga na cara da Emilia o que fez de bom até ali, além de fazer uma chantagem psicológica dizendo que ela devia a ele mais do que jamais iria poder pagar.

Esqueçam o fato dela não dever nada a ele, já que nunca pediu sua ajuda. O problema é ele usar de chantagem psicológica contra a mulher que diz amar. Aqui não é mais infantilidade ou orgulho inflado, é um problema de caráter, ou mais precisamente “mau caráter”. Por mais nervosa que a pessoa esteja, e por mais bobagens que ela fale, você não fala algo como aquilo no calor do momento se no fundo não tiver algo de ruim em você. Aquilo foi a atitude que um vilão teria para com uma mulher que quer, não que uma boa pessoa teria para com a mulher que ama.

Mas como assim, plot twist, o protagonista na verdade tem um lado negro?

Ai vem o problema da escrita do autor (suponho, não li a novel e só tenho até o ep 13). Ele provavelmente deve tratar isso só como mais uma bobagem falada no calor do momento. E não algo 100x mais grave do que tudo que veio antes. Pode-se concertar o caráter de alguém? Sim e não. Você pode mudar, mas alguém mau dificilmente fica bom, ele apenas descobre novas facetas e começa a ter novas atitudes dependendo das experiencias pelas quais vai passando, que podem ou não afeta-lo positiva ou negativamente.

“Mas, Marco, o coitado morreu várias vezes”. E dai? Ele sentiu bastante dor, é fato, mas isso é desculpa para virar um mau caráter e chantagear as pessoas? O cérebro dele não é afetado (fisicamente) cada vez que ele volta, então não podem culpar a biologia. Ele sente um bocado de dor, mas dor a gente se acostuma. “Algumas pessoas” ficavam traumatizadas na segunda guerra pelo que viam os outros sofrendo, e não pelo que elas sofriam (ao menos é o que li em livros).

“Mas errar é humano Marco”. Claro que é, mas isso é obvio, não uma desculpa. O argumento de humanizar o personagem serve para ressaltar que ele não é perfeito, porque quase todo ser humano normal tem suas falhas aqui e ali, alguns mais graves, alguns menos. Nunca tornem um mérito criar o protagonista mais fracassado possível. Isso é um extremo, o protagonista mais fracassado de todos é tão ruim em termos de narrativa quando o protagonista perfeito.

Dito tudo isso. Se o protagonista notar sua falha de caráter ou alguém jogar na cara dele, aquilo vai ter sido importante para notarmos que ele não é um bom samaritano que parecia. Caso contrário, se aquilo for tratado só como mais uma das falas equivocadas frutos da falta de maturidade, ai foi um erro do autor colocar.

Seria até interessante que o protagonista fosse meio antagonista, eu admito. Mas não houve preparação de terreno, não houve indícios, veio do nada. Indicando assim uma construção ruim por parte do autor. A não ser que, como eu disse, isso seja tratado em especifico, e não como só mais um dos muitos erros dele no episódio.

Subaru não é pobre coitado. Ele ganhou o dom da imortalidade, enquanto os outros só tem uma chance ele tem infinitas. De uma visão fria, ele tem um super poder muito do roubado. O preço? Dor antes de morrer em vários momentos. Mas como eu disse, o ser humano se adapta, depois de tantas mortes o cérebro dele deveria começar a tratar como algo não tão horrendo assim (depende do nível obviamente).

Em suma. Subaru é um protagonista diferente, mas isso não se provou bom até agora, já que o desenvolvimento dele foi quase zero nos primeiros 12 episódios, e agora o autor chega e nos mostra o quão quebrado ele é. O que remete a uma curiosidade jamais sanada. Como era a vida dele antes? Ele tinha problemas com os pais? Já mostrou aqueles problemas de personalidade antes?

Em Mushoku Tensei vemos um pouco da vida do protagonista antes dele reencarnar, o que nos faz entender suas decisões e traumas. Mas aqui não temos nada, e o autor não parece disposto a dar nada também. Subaru nasceu quando entrou naquele mundo, o que veio antes, que deveria ter relevância pra o entendimento do mesmo, foi ignorado até agora.

Querem outro exemplo legal? A protagonista de CrossAnge (por mais que tenha um roteiro cheio de problemas) começa como uma filha da mãe. Mas a mudanças dela de tanto levar na cabeça vão acontecendo episódio a episódio, e a cada 4 episódios já dá para fazer comparativos com fortes mudanças positivas. O interior dela é o mesmo, mas mentalmente está 100x mais madura quando chega ao final. Aqui já foram 12 episódios, e só agora as falhas do Subaru foram mostradas com mais força. Será que dá tempo de amadurecer consideravelmente com os episódios que restam?

Pode ser que o que vem a seguir seja bom e tudo que estou reclamando seja tratado, ou pode ser que não. Afundaram tanto o protagonista nesse episódio que não sei se os próximos 12 episódios vão ser o bastante para concerta-lo. Principalmente no aspecto grave que falei que tange ao caráter dele. Que parece mais ter sido mais um erro do autor ao escrever discussão do que algo que realmente dê um twist na história, mostrando que o protagonista tem um lado negro.

Se eu estiver errado esse lado negro virá a tona outras vezes e será trabalhado, o que é ótimo. Caso contrário vai ficar como algo sem sentido parecendo um twist que na realidade não existe. Podiam dar a desculpa que ele foi possuído pela influencia da bruxa, já valeria de algo também.

Acha que eu acabei? Comecei esse texto a apenas 20 min. Estou só me aquecendo.

Brincadeira, última parte.

Antes que alguém culpe a Emilia por algo. Ela conhece o cara a o que? 1 semana na linha do tempo dela? Por que confiaria cegamente nele? Ela não sabe que ele morreu várias vezes por ela. É um cara estranho que se viu grudado nela, e que sim, a ajudou. Mas dai a dar um voto de 100% de confiança em tão pouco tempo? Não faria sentido.

O Subaru ter admitido que ama ela já ajudaria no entanto. Isso ele não está proibido de dizer e explicaria a ela a obsessão dele pela mesma. Por que ele não o fez? Já estava na merda da merda e super abalado, soltando até frases de vilão. Mas dizer o que realmente sente por ela e resolveria (em parte) o conflito não dava? Fica a dúvida.

Extras:

O velho “roubando” a Felt do trono ficou sem sentido se repararem. Quem diabos é burro o bastante pra tentar pegar alguém no meio de uma reunião com uma porrada de cavaleiros no local? Com certeza se ele aguarda-se teria um momento mais oportuno. Pareceu forçação de barra do roteiro aquilo acontecer ali só para Felt aceitar entrar na eleição.

Dos candidatos acho que o governante ideal seria a mulher com roupas de homem (esqueci o nome). Mas fico tentado a votar na Felt pelo #TeamReinheart

É…………………………………

Esse é meio que o protagonista quase perfeito que muita gente gosta. O problema é que ele é tão certinho e sem características de personalidade marcantes que provavelmente se tornaria um protagonista chato se focasse nele tempo demais