Comentando Neppu Bushi Road

Aquele especial que ninguém parece ter visto.

Eu lembro que pouco antes da temporada de Outono do ano passado, havia uma certa ansiedade por um anime chamado Neppu Bushi Road. O tempo foi passando e o que se achava ser uma série completa foi revelado como apenas um especial, o que deve ter acabado com os ânimos de quem esperava pela obra. E afinal , qual foi o resultado?

Neppu Bushi Road se passa numa terra pós-apocalíptica, desertificada, cercada por monstros conhecidos por Shinobis, que além de terem um veneno tóxico, comem seres humanos, sendo uma das maiores ameaças desse novo mundo, podendo destruir reinos inteiros. Exemplo disso, temos a princesa Ame, sobrevivente de uns dessas nações abaladas. Ela busca uma arma lendária que poderia à eliminar a ameaça dos Shinobis e em sua jornada acaba cruzando com Suou, um garoto descendente de uma raça que foi criada pelos humanos para destruir os Shinobis.

Bem, se na sinopse não parece muito original, na prática… não foi muito diferente. Em questão de cenário, eu tenho uma certa sensação de um clima dos anos 80 (ou é a imagem que eu tenho dos animes dos anos 80), com alguns elementos tecnológicos (como o clássico mecha, que são usados aqui e ali mas obviamente não são o foco do mesmo) num mundo hostil em que muitos ainda tem hábitos medievais (como o líder da vila crendo que oferecer um sacrifício poderia acalmar os Shinobis esfomeados). É algo que ainda é um pouco incomum em animes de hoje, mas não deixa de dar um certo dejá vu.
A verdade, o que achei me surpreendeu mesmo foi o fato do protagonista… não ser homem! Mesmo com a arte puxando para um padrão mais focado nos otakinhos japoneses, a visão da história é toda dada pela princesa Ame. É um tanto incomum ver protagonistas femininas nesse tipo de ambiente hostil e ela acaba não desapontando, mostrando jogo de cintura como líder da meia dúzia que sobrou de sua nação. Vale ressaltar que ela tem seu lado inseguro, que dessa vez não serviu de deixa para o parceiro “salvar o dia”.

Suou também acaba sendo um par interessante para Ame. A verdade é que na minha opinião, a relação dos dois é de longe a melhor coisa do especial, ou pelo menos a mais carismática. Suou é aquele misto de uma personalidade calma devido ao fato devia a sua raça com um jeito mais selvagem por não ter nascido num ambiente convencional. Seu primeiro motivo para estar com a princesa é uma dívida de vida (sim! Ela salvou ele!) e depois acaba se retribuindo a confiança que ela dá à ele. A relação dos dois é nesse sentido mesmo: uma troca de apoio emocional, o que em minha opinião, é muito fofo. A cena de ambos correndo depois da chuva acaba sendo o ponto alto do anime.

O especial acaba tendo mais um problema que foi a inserção de um vilão que soou manjadíssima. Não que o resto do anime não seja clichê, mas acaba cruzando a linha do “genérico simpático” para o que te faz por a mão na testa. A resolução final acaba fazendo sendo dentro do esperado, algo que não passa muito do satisfatório, novamente, eu senti uma troca de papeis de gênero entre dos personagens, quem viu entendeu.  

A parte técnica acaba ficando dentro da média de uma série de TV, provavelmente o estúdio Kinema Citrus teve um orçamento modesto. Além do investimento da Bandai, houve também um dedo da Nitro+, que cada vez mais se envolve com animações, tanto influenciando animes originais quanto adaptando suas visual novel’s. Vale ressaltar que boa parte dos recursos financeiros provavelmente foram usados para animar a cena final.

Concluindo, é uma anime “sessão da tarde”. Apesar das falhas, posso dizer que acabei gostando (mais por fangirlnismo que por outra coisa). Ouvi alguns comentando que uma série completa seria melhor para a história. Em parte é verdade, devido ao ritmo corrido do anime e algumas pontas soltas, mas acho que apenas uma hora a mais seria o suficiente. Infelizmente, Neppu ficou mediano o suficiente pra cair rápido no esquecimento.