Impressões finais: Silver Spoon #11: Reflexões e lições aprendidas….ou não.


Tão comemorando que estão de ferias até a próxima temporada em janeiro.
Por um lado me surpreendi bastante com esse episódio – esperava um filler e o que ganhei foi uma reflexão sobre tudo que foi abordado do inicio ao fim do anime – o que sem duvidas é perfeito para um episódio de conclusão. Por outro lado, o finalzinho me deixou com um gosto meio amargo na boca. 

Seguindo do episódio anterior, o porco de Hachiken – ou o que restou dele – continua espalhando felicidade. Ficou divertido e achei legal o pessoal do terceiro ano querendo fazer trocas, apesar de ainda me incomodar que a autora da obra continue querendo forçar a barra, agindo como se só existissem pessoas “gente boa” no campo. Tivemos também a volta do irmão do Hachiken, que parece já ter virado membro fixo do elenco (gostei do apelido que ele ganhou). E apesar de não saber como ele vai aprender a fazer um bom Yakisoba trabalhando em Enzo pelo menos ele serve para dar um empurrão no desenvolvimento do Hachiken com a  família. 

E você dois, vai ou não vai?
A volta a questão dos sonhos foi bacana nesse episódio, pois ao invés de continuar batendo na mesma tecla de antes, aqui a questão parece ter evoluído um nível. Enquanto é bom ter um sonho, não é algo estritamente necessário para ser feliz. Tem gente que pega um emprego qualquer, se adapta a ele, e consegue ser feliz – isso é muito comum de acontecer e estava sentindo falta do anime abordar esse ponto de vista nos episódios anteriores, aonde eu tive a impressão de que o Hachiken tinha que ter um sonho/proposito e ele estava em Enzo para descobrir qual era. A vida não é tão simples, e portanto, a questão também não deveria ser abordada de modo tão unilateral. 

Como eu imaginei o trauma do Hachiken referente a seu período no ginásio não foi explicado. Ele fez uma referência rápida ao assunto mas não deu pra pescar muita coisa. Creio que será o foco da segunda temporada explicar essa parte.


O jogo de beisebol tinha como proposito mostrar o quanto o Komaba se esforça e que ele não é um super homem – e como todo mundo é suscetível a pressão e comete erros devido a isso. A mensagem é bem realista: você pode treinar horas por dia e se esforçar muito, isso não quer dizer que você vai se sair bem, a vida não é tão simples ou mais precisamente, tão fácil (Sakurasou, é você ?). É legal ver todos inspirados a correr no final, mostrando que tiraram algo de bom daquilo tudo. Infelizmente, essa empolgação por se esforçar costuma ser apenas fogo de palha (estou me referindo a vida real também).

O beisebol também mostrou como a animação de Siver Spoon é precária e se enrola quando tem que lidar com algo mais ágil, como é o caso de uma partida de beisebol. Tirando a parte inicial que foi um pouco mais fluida dá metade pra frente a partida virou um bando de quadros estáticos e cortes para background.

O final pós-créditos me desagradou. Ele vai continuar com o mesmo sistemas de se apegar aos porcos e vai acabar falindo tentando comprar todos eles quando foram para o abate. Do meu ponto de vista isso meio que diz que ele não aprendeu nada com toda a saga do porco de estimação. Ele não precisava ter ficado frio perante a questão, mas eu esperava uma abordagem um pouco diferente da vista anteriormente, mostrando que alguma coisa mudou e ele não vai agir exatamente como fez com o Presunto. Não foi o que aconteceu e eu me pergunto pra que serviu a saga do do porco de estimação, ou ela ainda está em andamento e será abordada novamente na segunda temporada? é esperar pra ver.

Avaliação: ★    ★

Impressões Finais: Review 

Silver Spoon é o perfeito exemplo e um “slice of life puro”, ou seja, aquele anime de vida pacata, sem grandes surpresas ou reviravoltas. Normalmente eu acharia isso chato – gosto de slices of life, mas como um dos elementos pertencentes a trama do anime e não como principal elemento, a exemplo, as comédias românticas, aonde o slice of life está presente mas o romance e a comédia dividem espaço, de modo a não deixar a obra se tornar tão parada. O diferencial de Silver Spoon é que é um slice of life no campo/fazendo, então a vida dos personagens não tem como ficar assim tão parada e mesmo quando fica ainda sobra o tutorial da vida no campo e “de onde vem os alimentos que você come e como são feitos”, abordados sempre de uma forma interessante e realista. Porém, nem tudo na obra é realista, como a comédia, sendo um tanto quanto exagerada em alguns momentos e te deixando com um sentimento de “mas que diabos é isso?” com alguma frequência.

O protagonista é um personagem interessante e carismático, apesar de ser bom demais para o seu próprio bem e de quem está assistindo, que pode ficar um pouco incomodado com seu jeitão de “não sei o que fazer da vida então vou ficar ajudando outras pessoas a realizarem o sonho delas”. Os outros personagens são um bando de pessoas “gente boa” mesmo que não pareçam assim inicialmente. O bom disso é que o anime fica com um clima bem leve – o ruim é que fica irreal e difícil de engolir de vez em quando. O romance – coisa que gosto muito em qualquer obra – em Silver Spoon não sai do lugar, apesar das freqüentes tentativas de aproximação do protagonista. Isso é um pouco frustrante e imagino se a autora pretende enrolar até o último capitulo para resolver a questão (estrategia comum e irritante encontrada principalmente em shounens).

A direção do anime foi mediana e apesar de não estragar a obra também não conseguiu passar o mesmo sentimento presente no manga. As tiradas cômicas também foram um problema, no manga todas funcionam perfeitamente mas no anime faltava timing e a animação não estava ajudando. A impressão é que foi feito um copy/paste do manga com alguns cortes aqui e ali.

De modo geral eu gostei do anime. Foi bem mais parado do que eu gostaria e as coisas mudam/evoluem muito devagar, ainda assim, consegui curtir mais do que Usagi Drop (com o qual tive problemas pelo modo travado e desinteressante que a trama ficou depois da metade do anime), outro anime que considero um “slice of life puro”. Silver Spoon é recomendação máxima para quem curte slice of life, “tente assistir uns 3 episódios” para quem não curte tanto, e “fique longe” para quem definitivamente não curte.

Nota: 7.5/10