Twins HinaHima – O tal anime feito por IA | Review
O uso de inteligências artificiais tem dado cada vez mais o que falar e, em meio a todo esse caos de “fim do mundo”, Twins HinaHima foi anunciado como o primeiro passo em direção a um futuro que promete mudar para sempre a indústria de animações como um todo, não só a de animes.
Porém antes de ir para o texto em si, acho importante ressaltar que o meu intuito não é discutir questões políticas, sociais ou se devem ou não usar inteligência artificial. A ideia é comentar sobre a experiência em si de assistir o anime, já que, querendo ou não, estamos passando por um momento único na história da tecnologia e é interessante ver para onde isso vai dar.
Dito isso, vamos comentar um pouco sobre como foi assistir a esse tal primeiro anime feito com IA.

Surpreendente a sua maneira.
Acho que a forma mais prática de resumir a minha experiência com Twins HinaHima seria com a frase “melhor do que eu imaginava, mas não tão bom quanto eu gostaria”.
É inegável que o anime não é uma obra-prima e deixa a desejar em alguns aspectos da animação, mas, ao mesmo tempo, ele também ficou longe de ter sido uma experiência desagradável de assistir.
A primeira coisa que me vem a cabeça quando você pensa em um anime gerado por IA são aqueles vídeos vazios de cenas aleatórias e inconsistentes, mas isso não acontece aqui (pelo menos não a parte do “aleatórias”).
Twins HinaHima realmente funciona a sua maneira e entrega uma experiência que, ao menos para mim, foi assistível.

O anime de dancinha até que foi legal.
Eu não sei muito bem ao certo quem merece os créditos aqui, se é o diretor ou o cara responsável pelo prompt da IA, mas a questão é que essa consciência de que a tecnologia ainda não é suficiente para entregar um bom resultado é o que ajuda o anime a funcionar.
A direção sempre busca alguns ângulos mais distantes ou que não exigiam muita movimentação, dando mais destaque para os cenários ou objetos inanimados, diminui a sensação de necessidade de movimento da cena o que, sim, causa uma sentimento melhor do que usar quadros estáticos.
Além disso, as partes mais complexas do anime foram feito com modelos 3D combinados com aqueles “filtros de anime”, o que, curiosamente, me deixou bem surpreso de forma positiva.
Você ainda nota que é um objeto 3D se movendo em um cenário 2D, principalmente por conta do cabelo e das roupas sem muita física, mas o resultado acaba sendo mais agradável do que ter aqueles bonecões de PS2 aparecendo em cena.
Entretanto, nem tudo são flores e aí que entra algumas coisas que me incomodaram no anime.

Melhor do que uns animes random por aí…
Por mais que o anime tente disfarçar as inconsistências da geração de imagem das IAs, isso não impede que elas estejam lá, principalmente quando tentam usar 100% de IA em cena.
Você consegue perceber bem aquelas “tremidinhas” e notar algumas falhas no design das personagens durante o anime, como leves mudanças de proporção e pequenas partes se apagando.
Além disso, o que mais me incomodou foram as cenas de diálogos. Fica uma sensação bem clara de que você está vendo um concept animation colorido ou uma pré-animação que precisa ser finalizada depois.
Você consegue notar facilmente que o movimento das bocas não acompanha as falas e que precisaria de mais alguns frames no meio de tudo para ficar mais fluido.
Se você assistir ao anime, vai notar que o diretor usa muito daquele recurso de esconder o rosto dos personagens enquanto conversam, ou então decide focar em objetos e cenários enquanto o diálogo acontece no fundo para disfarçar esse problema.
Por mais que em alguns casos essas escolhas de ângulos tenham um certo valor como estilo, não deixa de ser uma técnica usada para compensar problemas de animação.

Ainda existe um bom espaço para melhorias.
Por fim, mas não menos importante, temos a parte da história.
Ela não é nada muito grandiosa, mas cumpre seu propósito e diverte até que bem. Pelo menos para mim, foi divertido ver as meninas experimentado várias coisas para tentar viralizar na internet, e quando entrou na parte mais séria, eu fiquei curioso para saber as respostas daquele mundo.
É aquele tipo de história que serve como uma apresentação de uma ideia, mostrando um pouco das personagens e entregando uma premissa que daria para ser melhor explorada se fosse expandida para um filme ou mais alguns episódios, por exemplo.

Tem alguns detalhes que poderiam se mais explorados.
Resumindo, Twins HinaHima não é um marco na história, mas é um primeiro passo minimamente relevante para o que o futuro da animação pode se tornar com a adição do uso de inteligência artificiais.
É bem nítido que existem muitos pontos a serem melhorados, porém, em vista do potencial desastroso que o projeto poderia ter, ele consegue ser aceitável como um tentativa.
O que mais me surpreendeu é que o anime conseguiu responder uma dúvida que eu tinha sobre a experiência de ver algo feito com auxilio de IA.
Eu consegui sentir que estava assistindo um anime… um anime bugado, mas que ainda era um anime e não só um conjunto de imagens animadas.
Acho que assim como o 3D, a recepção do uso de AI vai depender muito da tolerância de cada um e de como essas técnicas foram usada. A fato de uma animação não se resumir unicamente na qualidade do desenho e depender de outros aspectos como direção, efeitos sonoros e dublagem, ajuda exatamente nisso.
Agora é esperar para ver até onde essa tecnologia pode chegar, e se vai ganhar seus espaço como o CG ou se tornar um rotoscopia da vida que depende muito das capacidades da produção para funcionar sem causar um desconforto absurdo no espectador.
Obs: Só para reforçar, o texto foi escrito por mim, Marcelo. A versão com a opinião do Marco está no vídeo que ele fez: