Summer Time Render #24 – Impressões Semanais

Antes de começar a falar do episódio do anime em si, vamos a uma leve filosofia no melhor estilo “no mundo existem dois tipos de pessoas”.

Existem aqueles que se projetam dentro das histórias e, consequentemente, são em partes influenciados pelas execuções dos seus ideais ali, como protagonistas que se dão bem em romances, heróis com personalidades “admiráveis” e mundos que valorizam o eu (leitor/espectador) tanto em relações pessoais, quanto em poder.

Na outra mão dessa estrada, existem pessoas que se colocam em uma posição literal de espectador, atribuindo mais peso a forma como as coisas acontecem e são contadas, se aquela cena de derramar lágrimas faz ou não sentido, e se o final feliz do protagonista é merecido.

Para mim, o equilibro entre esses dois lados seria o ideal, já que não é justo fingir que não existem problemas em uma história apenas pelo protagonista “fazer o que eu faria”, da mesma forma que não é nenhum pecado ignorar coisas pequenas e mergulhar de cabeça na vida dos personagens.

O ponto nessa introdução desnecessariamente grande, é que esse episódio de Summer Time Render conseguiu me deixar em cima do muro em relação a esses dois aspectos e até onde eu consideraria justo ignorar um e nome do outro.

Não esperava ficar dividido.

Resumidamente, a luta final entre o Shinpei e o Shide foi bem boa.

Eu gostei bastante de como souberam usar o clima de tensão em quem cometeria o primeiro erro e da forma com que o Shinpei precisava superar aquele grande obstáculo.

Por sinal, uma coisa que eu vinha até esquecendo de comentar é justamente sobre isso.

Lá no episódio do primeiro festival eu falei sobre a minha dúvida em relação a como iriam manter o nível de poder do Shinpei, já que o quatro-braços parecia um oponente forte demais e é sempre complicado enfrentar vilões assim sem apelar.

Felizmente, o autor respondeu a minha pergunta de uma forma bem satisfatória até o final do anime.

Desequilibrado na medida certa.

Em momento algum durante o anime pareceu que o Shinpei estava sendo buffado de forma exagerada, da mesma forma que também não soou como se a dificuldade estivesse diminuindo para ajudar os protagonistas.

As situações com a Haine foram escalando em proporções ideias, mantendo os dois lados em pé de igualdade e garantido aquele sentimento de impressibilidade, onde as soluções para os problemas eram condizentes e plausíveis.

Essa luta final manteve essa mesma linha, conseguindo adicionar aquele bate e volta de ambos os lados para não parece que o Shide tinha vantagem absoluta e a vitória do Shinpei fosse algo além das suas capacidades.

Mesmo a forma com ele usou o “poder do amor/amizade” para superar a dor e ficar de pé ainda mantém uma boa dinâmica com isso sendo o seu último fôlego para decidir o duelo e não uma desculpa para sair dando pirueta para tudo quanto é lado.

Foi uma briga boa.

A única coisa que ficou aquém do que eu gostaria foram as motivações do Shide.

Ainda é algo melhor do que o clássico: “porque sou mal. Muwahaha!”, mas eu esperava um pouco mais de complexidade.

O sentimento de egoísmo e medo que ele sentia são bem humanos, mas eu senti que faltou um algo a mais ali para me ganhar.

Quem sabe se tivessem mostrado em mais detalhes essa vida que ele tinha eu tivesse comprado melhor a ideia.

Não foi ruim, mas acho que poderia ter sido melhor.

Por fim, colocar o encerramento acústico para fechar essa parte da história foi covardia pura.

Eu já vinha sentindo pena da situação da Hiruko desde o episódio passado, então vê-la descansando depois de ter sofrido tanto foi uma carga emocional maior do que eu imaginava.

Quando chegou a parte da despedida da Ushio, os ninjas cortadores de cebola já tinham invadido o lugar  e eu estava lutando para me controlar.

Porém… É aí quem vem o que falei lá no começo do texto.

Não seria uma má ideia…

Quando eu penso em uma perspectiva exterior de como Summer Time Render se desenvolveu até aqui, eu não consigo deixar de pensar em como o patamar da obra seria ainda mais elevado se o Shinpei tivesse morrido como era para acontecer.

Em vista de tudo o que foi mostrado durante o anime, das várias formas em que a obra foi para caminhos que a gente não esperava, é difícil não querer ver algo nessa linha, com uma morte real do protagonista.

Até em termos de romance eu acharia bem mais poético os dois indo embora junto do que enviar o Shinpei para uma realidade “perfeita”.

Entretanto, já contrariando o que acabei de falar, eu não acho que a ausência desse final ideal tenha sido um problema.

Avisei que ia ficar em cima do muro.

Reverter acontecimentos, ou prevenir eles, como é o caso aqui, são decisões complicadas porque causam um sentimento de inutilidade na história.

É como se o autor estivesse olhando para cara do leitor/espectador e dizendo: “Sabe tudo aquilo que você se importou e gostou? Então, foi só zuera para eu render a história até aqui ;P”.

Abrir mão das consequências que aconteceram tira o peso do roteiro e dá aquela sensação de que o tempo gasto com a obra foi em vão.

Felizmente, não foi isso que senti com Summer Time Render.

O timing da ED com as cenas estava muito bom, diga-se de passagem.

Eu não tiro a razão de quem não gostou do novo reset, na verdade, eu jurava que ia ser um desses também, mas acabou que na execução de tudo esse sentimento não surgiu na minha mente.

Existe a questão do final ideal, como falei, mas eu não fiquei com aquele sentimento de inutilidade da história.

Quando eu pensava no full reset acreditava que seria algo muito mais banal e desnecessário, mas o anime conseguiu me convencer de que aquela alternativa também é uma recompensa adequada para o tempo que passei assistindo.

Claro, ainda tem o epílogo da semana que vem que pode adicionar coisas que me façam repensar isso, mas por esse episódio, eu gostei de como o anime conseguiu satisfazer meu lado emocional (Hizuru feliz, Marcelo feliz) sem criar um sentimentos discrepante de inutilidade da história.

Extra

Isso não é contraditório?

Tenho quase certeza que as Sombras não podiam alterar o formato dos dados, tanto que a Ushio só pode mudar de roupa ou trocar de forma depois de scanner o objeto.

A coisa mais condizem ali era ela ter ficado com parte do corpo apagado e não virado uma loli, já que não tem os dados da Ushio criança para isso(a menos que o cabelo que a Mio deu fosse dessa época).

Eu acabei viajando para outros lados no texto principal então…

Quero muito ver como vão explicar as coisas no próximo episódio. Mesmo que realidades paralelas corrigiam muitos paradoxos, tem muita coisa que não funcionaria com a Hiruko sendo apagada da história.

A Haine nunca viveu para encontrar a Hizuru, que por sua vez nunca perdeu o Ryuunosuke e nem precisou sair da ilha, além da própria Ushio não ter sido morta pela Shiori e, por tabela, o Shinpei não precisando ir para o enterro dela.

Se não entendi errado…

Essas cenas foram as originais, certo? Explicando como a Ushio mandou a mensagem e passou o olho para o Shinpei.

Fiquei na dúvida porque do jeito que mostram faz parecer que a solução da Ushio foi refazer tudo isso e mandar o Shinpei tentar de novo.

Esse estilo que usaram para morte dele ficou bem legal.

Bora ouvir essa ED só pelos feels

 

Marcelo Almeida

Fascinado nessa coisa peculiar conhecida como cultura japonesa, o que por consequência acabou me fazendo criar um vicio em escrever. Adoro anime, mangás e ler/jogar quase tudo.