Mushoku Tensei #06 – Impressões Semanais

Eis aqui um exemplo de como timing cômico, ou a falta dele, pode fazer com que situações simples se transformem em coisas que quebram parte da imersão da obra.

Se na semana passada a gente teve um belo episódio, com tensão, problemas e algumas doses de violência, dessa vez o anime começa de um jeito que não me agradou muito.

Tudo bem querer dar uma aliviada no clima pesado, mas a forma como fizeram não funcionou para mim. O vô da Eris deveria servir para mostrar de onde veio o comportamento da garota, porém, o resultado é um personagem bem forçado.

A forma como ele grita o tempo todo não me passou arrogância, muito menos prepotência ou qualquer coisa do tipo, na verdade, ficou parecendo uma tentativa de humor deslocada.

Se a Eris conseguiu ser introduzida com sua agressividade, daria para fazer o mesmo aqui sem parecer que estavam tentando fazer um comédia com a brutalidade do avô da personagem.

Em outras circunstância até acharia fofo, mas aqui é só bobo mesmo.

Além disso, por justamente tratar toda a coisa com esse lado debochado, parte da minha expectativa foi perdida, porque, como falei na última review, eu queria ver os resultados daquele sequestro na Eris.

Ela criou uma aceitação absurda pelo Rudeus com tão pouco, que chega a ser uma pena.

Os fogos a impressionaram? Ok, não acho que seja a melhor forma de criar afinidade com alguém depois de tudo aquilo, mas a Eris é uma pessoa simples, então eu consigo relevar.

Porém, tem um limite para isso, e o episódio todo é passado como se ela nunca tivesse tomado uma senhora surra, ao ponto de ter que engolir o seu orgulho para ser salva.

Ela ser ignorante e impulsiva não deveria a impedir de pensar um pouco no que aconteceu, e até refletir sobre os seus comportamentos.

Pode ser que mais para frente volte com isso, mas terem mudado tanto de um episódio para o outro não me deixou muito satisfeito.

Ser salva de um sequestro não importa, o negócio é soltar fogos de artifício.

Mas, claro, ainda tem uma última coisa para fechar com chave de ouro o lado negativo do episódio.

No calor da hipocrisia, confesso que se fosse um personagem padrão eu não teria me importado tanto com a cena. Protagonistas estão caindo em peitos desde sempre, e não seria o primeiro pervertido que tenta pegar neles sem a permissão da garota, ou roubar calcinhas.

O problema está no fato de, primeiro, a mentalidade do Rudeus ser nítida e constantemente madura.

Não tem como defender…

Da mesma forma que a maioria deve ter pesado que ele olharia para os peitos da mãe da Eris por ser um “homem pervertido”, também deveriam considerá-lo assim na cena do celeiro.

A imagem do protagonista é vendida em cima dessa maturidade, dessa experiência de uma vida anterior no corpo de uma criança, então eu não consigo olhar da mesma forma que olharia para dois personagens da mesma faixa etária fazendo isso.

Fora que, se a situação com a  Sylphie já era reprovável, aqui é ainda pior, porque a Eris estavam inconsciente, e o Rudeus fez o que queria (ou parte disso).

Não rolou aquela “humor Japão” com o cara sendo pego antes de fazer algo. Ele foi, e se aproveitou da menina enquanto ela estava dormindo, até chegar ao ponto dela acordar e assim fazer a “piadinha”.

Se já estava tendo treta na China antes, depois disso…

Por fim, mesmo que eu quisesse achar mais pontos positivos, o que me agradou nesse episódio foi unicamente a Ghislaine.

Ela foi a que mais se destacou com a história do porquê querer aprender matemática, e as cenas estudando me conquistaram bastante porque acho legal quando o personagem não fica preso no “sou forte, não preciso de mais nada”.

Ela estava lá, humildemente se esforçando, e aberta para aprender sem qualquer frescura do tipo, servindo até de exemplo para Eris de como era importante não se apegar só na parte física/ofensiva.

No demais, até tem uma coisinha ou outra, como o treino do Rudeus e o castelo voador do final, mas não se destacaram muito para mim ao ponto de ter algo para falar.

Talvez o castelo, por ser interessante para o futuro da obra, mas no geral, foi só um episódio que quebra os desenvolvimentos que deveria ter e cria mais polêmica .

Extra

Só podem comer depois que o líder da família estiver satisfeito…

Interessante, não tinha isso na família do Rudeus, e a empregada até passou a comer junto na mesa depois da traição ¯ \ _ (ツ) _ / ¯.

Coisa rara de se ver em personagens “cabeça de músculo”.

Vamos tentar ser justo e explicar outro ponto.

Por mais que eu não ache que tenha sido bem feito, esse episódio tenta construir um pouco mais da Eris.

Basta olhar para mãe dela que você entende que é uma daquelas que cobra tudo da filha pelo imagem da família, e os próprios costumes que mostraram nesse episódio deixam claro a cobrança hierárquica que existe ali.

Quando a Eris dorme no celeiro ela não está fazendo isso porque ficou no Facebook até de madrugada, ela faz isso porque está cansada. Mais tarde o Rudeus confirma isso quando diz que ela não tem tempo livre, e que seu desempenho melhorou depois de ter folgas, porque ela, nitidamente, estava bem estressada.

Mesmo de forma indireta, dá para entender que a Eris é submetida a aquela criação forçada, bem comum em nobreza, onde vive e existe pelo bem da família, tendo que se moldar a isso. Não é a toa que fazem tanta questão de um professor para ela.

A convivência com o Rudeus tem sido uma válvula de escape, e por isso é interessante ter esses momentos entre os três estudando. Por mais que seja uma bobeira o afrodisíaco, ainda é algo que marca a gratidão da Eris e como ela tem vivido dias mais descontraídos.

O problema é que tudo isso é jogado muito rápido, e dando foco para coisas que poderiam ser melhor adaptadas.

Independente se é assim na novel/mangá, a fragilidade da Eris no celeiro deveria ser algo para se pensar, e não uma piada ecchi “pesada”.

Por isso, mesmo que ache interessante o trabalho indireto com a Eris, não acho justo destacar como positivo, já que para mim falha em um ponto crítico, desviando a atenção de algo mais importante.

Marcelo Almeida

Fascinado nessa coisa peculiar conhecida como cultura japonesa, o que por consequência acabou me fazendo criar um vicio em escrever. Adoro anime, mangás e ler/jogar quase tudo.