Sarazanmai – Eu quero me conectar, mas… | Impressões Finais

“Em um mundo tão conectado, é impressionante como se conectar a outras pessoas tem se tornado cada vez mais complicado. “

Essa frase – que poderia muito bem ter saído facilmente de um página de facebook existencialista –, representa apenas uma, das muitas vertentes que o anime oferece durante essa insana jornada de onze episódios.

Sarazanmai foi para mim (Marcelo) um obra muito instigante de acompanhar, não pela excentricidade do uso de um folclore japonês bem peculiar (Kappas), mas sim por oferecer uma experiência completa, trabalhando seus personagens de maneira adequada e condizente com a sua proposta, entregando assim uma obra digna de ser apreciada.

Eu quero ficar conectado, mas infelizmente acabou.

Se for para falar de Sarazanmai, não tem como deixar de falar das excentricidades que o anime trás. Isso talvez seja um dos grandes fatores para impedir que alguns não sintam interesse pela obra, mas não deixe que essa primeira impressão prejudique a experiência.

Sarazanmai é uma obra visualmente bem expressiva, não só pela qualidade da direção e animação, mas também pela forma como emprega bem as ideias que quer transmitir através das cenas e cenários.

O conceito usado com os kappas pode parecer estranho, mas é todo embasado no folclore real, referenciando as ideias de que os desejos – e o próprio ser humano – existem dentro das shirikodamas.

As cenas em si carregam muito do apelo visual característico do diretor, com coreografias e situações exagerada, mas é legal ver que nem tudo ali é excentricidade, e que é justamente em algumas dessas cenas, digamos, malucas, que existem elementos que expressão pontos e contrapontos dos personagens, elaborando melhor o desenvolvimento deles.

Infelizmente, entrar em detalhes sobre cada ponto aqui deixaria o texto bem grande e, em partes, eu sinto que me faltou um pouco mais de conhecimento sobre certas coisas para entender por completo o que o anime queria mostrar, então acabaria ficando um texto meia boca.

Mas, apenas para fechar o raciocínio inicial: Mesmo que as coisas pareçam insanas e sem sentido, o anime consegue desenvolver os personagens de forma bem clara, com histórias e desfechos que são bem interessantes, mesmo sem todo os significados por trás.

Eu quero me conectar, mas não entendo todos os simbolismos.

Já aproveitando o gancho em cima dos personagens, cada um deles ali consegue ter se propósito bem definidos e criar uma história que vai te fazer ficar interessando.

Em nenhum momento eu me senti incomodado pelo comportamento deles, e olha que personagens como o Enta normalmente não me interessam muito por conta do jeito estabanado e chorão, mas até mesmo ele consegue ganhar espaço e se mostrar interessante com seus dramas românticos e atitudes egoístas.

O Kazuki também acabou sendo outra surpresa, já que inicialmente me parecia ser um típico caso de personagem “revoltado com a vida”, mas que foi as poucos se tornando uma pessoa flexível e com suas próprias visões  de conexão.

Enquanto ao Toi, eu diria que ele foi a cereja do bolo em toda essa história, entregando um final muito bom para tudo o que o personagem passou, além de ser um dos com melhor background dentro do elenco.

E claro, não dá para deixar de fora a dupla de policiais com a melhor dancinha da temporada.

Eu quero me conectar, mas tenho um shipp.

Acabei deixando o Mabu e o Reo porque para mim a relação dos dois pontua bem a concepção de conexão que o anime tenta mostrar.

A saga que os dois passam, em especial o Mabu, para ficarem juntos é algo muito interessante, reforçando vários aspectos da relação humana quando se trata de estar conectado com outra pessoa.

O que faz com que essa conexão exista? É o gosto da comida que ele fazia? O fato de estarem junto? Ele ter um coração humano no lugar de um robótico? Onde é que exatamente está essa dita conexão?

Essa construção em cima da busca em reencontrar a conexão que tinha com o seu parceiro é muito bacana, e trás uma representatividade legal para o anime, melhorando ainda mais a composição da história.

Quero me conectar, mas não esperava que fosse tanto.

Resumindo, por mais que inicialmente possa parecer uma obra no sense, Saranzanmai trás uma profundidade incrível, tanto visual quanto na escrita, com personagens cativantes e história que te fazem ficar conectado com o anime.

Para quem vive se sentindo incomodado com as repetições da temporada, o anime é uma ótima opção, e para aqueles que estão apenas passando por aqui, façam o teste, pode ser uma experiência bem mais rica do que imaginam.

Extra

Vou sentir falta desses dishi.

Claro que não pode faltar a dancinha.

 

 

 

 

Marcelo Almeida

Fascinado nessa coisa peculiar conhecida como cultura japonesa, o que por consequência acabou me fazendo criar um vicio em escrever. Adoro anime, mangás e ler/jogar quase tudo.