Carole & Tuesday #01 e #02 – Impressões Semanais |Apaixonante!

O mundo da sétima arte é marcado por grandes duplas. Batman e Robin no que diz respeito a heróis (e, por favor, descartem aquele filme com o George Clooney de 1997, não é dele que eu falo haha). Quando me refiro a esses dois, o assunto já é mais as animações em si.

Seguindo, temos Pernalonga e Patolino, que, na minha concepção, é uma dupla que marca o mundo dos cartoons, afinal, são anos de história. Sherlock Holmes e Dr. Watson vêm marcando o mundo das séries televisas recentemente. Sim, eu falo de Sherlock da BBC. Com o mito Benedict Cumberbatch (vulgo Doutor Estranho) ao lado de Martin Freeman.

Poderia citar inúmeras outras duplas marcantes aqui, porém, a intenção dessa introdução é ilustrar que uma dupla pode estar chegando para marcar o ano de 2019, e a indústria dos animes. Vos apresento: Carole & Tuesday!

Solta a moda de viola!

O que talvez mais tenha vislumbrado o público nesse início, foi o visual. E é dele que vou começar falando nesse texto. Quem é mais “antenado”, já deve saber. Entretanto, é sempre bom lembrar que essa é a produção que comemora os 20 anos do ótimo estúdio Bones.

E você o conhece sim, com certeza, quer ver? É a casa responsável por obras como Fullmetal Alchemist: Brotherhood, Mob Psycho 100, o mais recente “estouro” de público Boku no Hero Academia, enfim, dentre tantas outras obras de qualidade.

O que quero dizer com tudo isso? Que Carole & Tuesday não é uma produção qualquer. É algo que está sendo tratado com imensa atenção e “carinho”, se assim podemos dizer haha. É mais de um ano de dedicação e trabalho de uma staff de primeiro escalão.

O maestro disso tudo é Shinichiro Watanabe. Citando seus trabalhos mais marcantes, ele foi diretor de Cowboy Bebop, e supervisor de Space Dandy, anime que trouxe uma animação muito boa e, diga-se de passagem, foi dirigido por Shingo Natsume, sim, o diretor da season 1 de One Punch Man.

Enquanto o Watanabe é o diretor-chefe e criador da obra, Motonobu Hori comanda a direção do anime, propriamente dizendo. Como diretor principal, é o primeiro trabalho dele. Mas isso não o faz inexperiente, muito pelo contrário. Ele acumula diversas participações como diretor de animação em animes variados.

E essa dupla chama à atenção no seguinte aspecto: os detalhes! É muita coisa para falar, então, vamos por partes. O primeiro ponto bem notável é a ambientação da história. Poderia ser algo comum, em uma Tóquio do presente mesmo. Porém, o design é bem futurístico, e nem na Terra o anime se passa.

Pois é, Marte, aí vamos nós! A maioria das obras futurísticas que eu assisti até hoje, trabalham com paletas de cores escuras, cinzas, turvas; mostrando que o futuro que nos aguarda é “cruel”. Porém, Ryo Kono, responsável pela direção de arte, usa e abusa de cores quentes e vívidas! O que torna os visuais modernos ainda mais deslumbrantes.

Mas esse ambiente do futuro não é mérito somente das cores. Dois estrangeiros foram chamados para desenvolver as cidades. Os franceses Thomas Romain e Stanislas Brunet. Todas aquelas explosões de modernidade passaram pelas mãos desses dois, arigatou senhores.

Modernidade, a gente se liga em você!

Agora, é hora dela, da opening! A staff já é premium nos episódios. Todavia, eles conseguiram trazer uma equipe de elite somente para trabalhar na abertura. E esses “Vingadores da animação” não deixaram a desejar. Primeiramente, falemos da arte conceitual; desenvolvida pelo Tadahiro Uesugi. Calma lá que esse Uesugi aqui não tem que tolerar quíntuplas não (haha).

Ele traz uma arte estilizada, que, me entregou ótimas sensações. Teve momentos que me senti vendo openings da Disney. O Realismo é bonito sim (Makoto Shinkai, te amo!), mas há horas que o subjetivismo consegue ser ainda mais lindo.

Viagem a infância em 3,2,1…

Uesugi, que, por sinal, já trabalhou na Pixar. E, além disso, foi o primeiro japonês a receber o prêmio Annie pela animação Coraline e o mundo secreto. Prosseguindo, a direção e os storyboards da opening ficaram a par de Bahi JD. Esse austríaco de 28 anos de idade vem esbanjando talento há algum tempo na indústria da animação.

A opening de Atom: The Beggining é um de seus trabalhos mais marcantes. Porém, ele esteve presente no episódio 22 de Fate/Apocrypha, no bem feito FLCL, e não deixou de dar as caras também em Kekkai Sensen.

Seguindo a linha de gente boa, ainda dispomos de Hakuyu Go! Presente, praticamente, nas mesmas produções que o Bahi JD esteve. O interessante (e curioso) sobre ele, é que o rapaz teve que dar um tempo em sua carreira de animador, em agosto passado, para servir ao exército de Taiwan. Levando isso em consideração, é bem possível que a opening já estava pronta desde esse mês citado ou, pelo menos, a parte dele finalizada.

Eu me impressiono tanto com os detalhes ao fundo!

Ele também fez o episódio 5 da segunda temporada de Mob, que, junto do episódio 22 de Fate/Apocrypha, são show-offs de animação fluida. Ressaltando também que, no que diz respeito a efeitos 2D, ele é um dos principais nomes do mercado nipônico atualmente.

Chengxi Huang é outro dos nomes de peso que está presente. Tal foi responsável pelo episódio 65 de Boruto, que, disparado, foi um dos mais bem-animados de 2018. Por último, mas não menos importante, temos o Spencer Wan. Um dos prodígios da WebGen; que fez um trabalho muito bom como diretor de animação de Castlevania da Netflix.

Em suma, ainda havia mais gente talentosa envolvida. O que podemos tirar disso? Que se a opening não bateu com seu estilo e você não gostou, okay. Mas dizer que é um trabalho mal-feito, amigo, isso é problemático.

Aproveitando a deixa da opening, vamos falar das vozes de canto das protagonistas. A Nai BR.XX e a Celeina Ann — Carole e Tuesday, respectivamente. Duas cantoras americanas novatas que foram escaladas para emprestar suas vozes durante as performances das meninas.

Está muito agradável. São vozes suaves e, de longe, a de Celeina, a da Tuesday, ganhou ainda mais evidência no segundo episódio. Todavia, isso deve melhorar ainda mais, afinal, as mocinhas estão em pleno início de carreira na história.

Falando em início de carreira, hora de mencionar o roteiro. Devo dizer que não decepcionou, pelo menos, nesse ponto de ignição. Conseguiu apresentar a Carole e a Tuesday ainda no primeiro episódio sem a necessidade de diálogos expositivos, dentre outras coisas.

A história apresenta uma proposta “rica”. E isso começa na inspiração para a criação das personagens. Fui verificar o database das mesmas e a Tuesday, por exemplo, foi inspirada em artistas como Cyndi Lauper, Stevie Nicks, Ed Sheeran, e muitos outros. Inclusive, a forma como ela conduz o violão lembra bastante o tio Ed (KKKK).

Já a Carole foi inspirada em artistas como Beyoncé, Adele, e Aretha Franklin; essa última, um grande nome no que diz respeito a Soul e R&B, que, inclusive, esse último, é um dos gêneros preferidos da Carole. Ademais, o roteiro também parece se preocupar em trazer questionamentos sobre o uso de inteligência artificial, por exemplo.

Seguindo essa linha, podemos vislumbrar também a preocupação em trazer questões como a relação humana através da música. Afinal, foi a melodia de Carole que fez a Tuesday encontra-lá em meio a gigantesca metrópole de Alba.

E, se pararmos para levar essa análise ainda mais a fundo, até a denominação das coisas dispõem de uma significância. Herschel City (não, não é aquela marca da barra de chocolate), é o nome da cidade natal da Tuesday. Em uma tradução literal, é algo como “concha dela”. O que faz uma alusão ao fato dela estar estagnada em sua cidade, sem conseguir dar seguimento ao seu sonho de ser artista.

A propósito, voltando no que diz respeito a inspirações, Alba City, pelo menos para mim, é claramente inspirada em NY. Naquele centro tecnológico, há um ambiente que lembra bastante a Times Square. Enquanto a ambientação no bairro da Carole, por exemplo, lembra bastante cantos da cidade como o Queens e até o Brooklyn.

Times Square
Brooklyn/Queens

Voltando as introduções, há o aparecimento de Angela. Seria errôneo eu qualificá-la como vilã ou antagonista da história, porém, nessa instância, muito provavelmente, ela será uma rival qualificada da dupla. Espero que ela não faça armações, entretanto, ela apresentou um ímpeto imenso.

Cara de ódio, hein?! Ou será que não? Hahaha

O que, pelo menos para mim, mostra que ela está disposta a qualquer coisa para conseguir o seu sucesso. Então já consigo prever ela (ou os responsáveis por ela) aprontando para atrapalhar o caminho da dupla protagonista.

Mais duas coisas ficam evidentes no episódio um. Primeira delas, é o bom uso da rotoscopia (para quem não sabe o que é, eu explico aqui). Takashi Mitani é quem está à frente de animar as performances musicais com o auxílio dessa técnica, e está algo muito bom.

E a segunda, é a ótima trilha sonora composta pelo Mocky. É um som moderno com tons psicodélicos que fornecem uma imersão muito boa. Pena que eu não tenho fones que prestam, pelo menos, no momento.

Enquanto o primeiro episódio foi bastante introdutório, o segundo nos trouxe um vislumbre do passado da Carole; bem como também a dificuldade de adaptação da Tuesday na cidade grande (parece até título de filme da sessão da tarde).

Tuesday e minha representação de como me comporto de manhã KKKKK

Em Black Clover, é o Nero, pássaro que acompanha o Asta, que chama atenção. Aqui, é a “coruja-despertador” da Carole, responsável por acordar ela todas as manhãs, que rouba a cena. Sério, preciso de um despertador assim haha.

E a Carole também, não deixa de me representar!! Aí, quero essa coruja de presente, nunca te pedi nada, Carole! ❣

A parte mais engraçada foi a Tuesday tentando arrumar o apartamento. A família Simmons é rica, ou seja, ela tinha um monte de serviçais. De uma coisa já sabemos, ela é péssima em serviços domésticos. E quando a Carole descobriu que ela tinha um cartão ilimitado? (KKKKK).

Porém, a parte mais encantadora do episódio, foi quando as moças fizeram uma loucura para tocar no gigantesco piano que estava em local bem resguardado, hein? A propósito, elas cantando o primeiro hit, The Loneliest Girl, foi igualmente fascinante.

Carole deslumbrando no piano, nada a comentar, só admirar!
Digo o mesmo para a Tuesday, apenas admirem! Haha

Em uma cidade tecnológica, não poderia faltar um gênio. E foi ele o responsável por conectar as meninas com seu possível… primeiro agente? Bom, a primeira música delas já é “viral”, então, parece que o caminho de sucesso delas finalmente começará.

Em linhas gerais, uma estreia que me deixou fascinado. Desde já, peço perdão por ter me estendido tanto nesse texto, todavia, muitas informações legais haviam de ser ditas. E, provavelmente, eu devo ter esquecido de algo, pois é muita gente boa envolvida.

E essa referência? O Iluminado hahaha

Em animação, eu digo, não será uma decepção. Talvez o que possa desagradar ao público seja o roteiro em um futuro próximo. Inclusive, nas próximas análises, focarei mais em falar dele. Em suma, para um início, estava perfeitamente balanceado, como tudo deve ser.

Nota do Redator para os episódios: 4.8/5

Agradecimentos ao meu amigo Jacó Neto pela consultoria técnica e também por alguns prints! Haha \o

Extras:

Tuesday me representando, parte 2 de 1500 KKKKK
Carole: “Vem afobado assim não, vem afobado assim não! Eu e tu, vem tranquilo, vem tranquilo!”
VEM TRANQUILO!!!
Não abram a porta para estranhos, crianças KKKKK
Por alguma razão, me recordei bastante de Dimension W durante essa cena!
Sabiam que essa conta existe de verdade no Instagram? É atualizada conforme o anime faz o mesmo, quem quiser seguir! Hahah
Rindo, mas com respeito da Tuesday nesse momento! KKKKK
“Não dá mais, já não posso, não consigo esconder,
impossível controlar minha vontade de você…” ♩♫ ❣

Angela representando todos nós no dentista KKKKK força, Angela!

Breno Santos

Editor, Filmmaker, 22 anos, amante de astronomia, café e cultura otaku no geral; além disso, é fascinado por cinema e pelo trabalho executado por uma staff de animação.