Steins;Gate 0 #01 e #02 – Impressões Semanais

Primeiramente, gostaria de deixar claro que eu não joguei a visual novel de Steins;Gate 0 e todas as minhas impressões serão baseadas inteiramente na trama do anime. Em segundo lugar, precisaremos relembrar algumas coisinhas essenciais para entender o anime antes de partirmos para uma análise mais profunda do mesmo.

A primeira coisa a ser relembrada é sobre as linhas de tempo alpha e beta citadas pelo protagonista. O essencial a se saber sobre estas linhas de tempo é que uma comina em uma Terceira Guerra Mundial e Kurisu morta, enquanto a outra em uma Mayuri morta e uma distopia dominada pelo SERN.

Os eventos do Zero se passam obviamente em uma linha beta após Okabe finalmente desistir de tentar salvar Kurisu, por quem ele é apaixonado. O anime está fazendo uma mescla sobre Inteligência artificial e viagens no tempo, o que pode gerar algo muito bom ou uma bagunça total.

A primeira mudança a ser notada neste novo Steins; Gate é a personalidade do Okabe. Para quem gostava do Kyouma (sua persona mais louca criada pra divertir Mayuu), esqueçam de ver esta face dele por enquanto.

O enredo aparentemente  seguirá com um Okabe mais sério (e que era mais observado na segunda parte da primeira série). O que para mim é muito melhor, já que não gostava do jeito muito extravagante dele por ser muito forçado e artificial .

O que é lógico, porque ele realmente forçava aquela personalidade, era uma máscara e não o eu próprio dele.  O ponto negativo, ou não tão negativo, disso é que iremos acompanhar um cara um tanto depressivo e traumatizado ( o que também é perceptível por sua mudança de visual).

Mais elegante, mas desnecessário. Só a expressão e postura já mostram o impacto psicológico.

E esta mudança no personagem é bastante coerente, depois de passar por tanto sofrimento ao ver pessoas que ele amava morrendo. O psicológico da pessoa claramente não aguenta e para escapar da angústia e da dor, ele realmente decidiu esquecer o seu eu passado, sendo neste ponto que entramos com a Amadeus.

Ele é o mecanismo no roteiro para tentar desenvolver este problema do protagonista, ou acabar mais ainda com o psicológico dele, já que o sistema praticamente revive a mente de uma pessoa e reproduz fielmente um eu artificial dela.

O que também é uma coisa bem interessante a se discutir e Amadeus mesmo lança a pergunta de “O que eu sou? “. Afinal aquela IA possui  as lembranças e reproduz as linhas de raciocínio que a pessoa real seguiria, então poderíamos considerar aquele ser artificial a pessoa que conhecemos em vida?

Se tomarmos a alma como todas as sinapses mentais de um ser humano, sim, poderíamos afirmar que aquele sistema armazena a alma da pessoa ou a própria pessoa por trabalhar com dados mentais desse individuo, mas com pequenas perdas de informações.

O que torna realmente a experiencia do Okabe com o sistema mais doloroso, já que ele esta interagindo com outra Kurisu, mas que não deixa de ser a Kurisu. Sendo óbvio que  a interação do Okabe com a IA  é um ponto extremamente chave no desenvolvimento do enredo.

E por enquanto já observamos que ele está em conflito em como lidar com ela pela própria hesitação do mesmo em atender as ligações de Amadeus e de chamá-la de Christine. Sendo claro para o protagonista que aquela é a pessoa que ele ama, mas definitivamente não é a pessoa com quem ele conviveu.

Só quero ver onde que isto vai dar, prevejo muita merda

Então por enquanto o enredo esta sendo coeso com as atitudes dos personagens e mostrando bem as dificuldades psicológicas do Okabe decorridas de suas falhas com as viagens no tempo e com o fato de “reencontrar” com alguém que ele achava perdido.

A interação de Okabe com Maho também é bastante agradável e a camaradagem que se desenvolveu rapidamente entre os dois é transmitida de forma natural. Já que ambos tinham fortes ligações com uma certa pessoa e não forçaram tanto o momento que os dois compartilham sua dor, sendo algo bem mais sutil e delicado.

Contudo, a pegada cômica de steins; gate continua sendo meio deslocada e sem graça em determinados momentos. Compreendo que eles inserem gag’s para diminuir um pouco a tensão, pois o enredo é bem mais denso.

Só que algumas piadas são inseridas em momentos que a tensão ou o clima é muito pesado, o que quebra muito com a situação e te deixa com uma sensação que aquilo foi realmente forçado ou sem nexo.

Sério que inserem este tipo de piada em um momento desses? falta de noção 10/10

E tem como o roteirista escapar de uma situação em que o clima pesou sem apelar pra algo cômico, o que é mais recomendado em determinadas situações como a da Mahou com o protagonista. Em uma situação social realística, obviamente você não faria o que aquele cientista fez.

Então compreenda que eu não desaprovo alívios cômicos, eles têm que ser aplicados, só que tem situações que eu acho mais agradável você ser mais realístico do que tentar aplicar algum mecanismo que não vai casar com aquela situação específica.

Para exemplificar melhor, a parte que o Okabe chama Kurisu de Christina é engraçado e alivia a tensão, mas não quebra com toda a situação. Um bom uso de alívio cômico e que se mescla ao contexto.

Algumas situações também poderiam ser melhor pensadas, como o desenvolvimento do seminário. O público só questionou a pesquisa apresentada após problemas técnicos, quando a própria exposição daquela informação já deveria resultar nos murmurinhos (que até teve) e pessoas questionando a Maho e o cientista (só acontece após problemas técnicos).

Mas positivamente, tirando as mancadas com algumas piadas e situações,  a direção de Steins;Gate está conseguindo dar fluidez  para a narrativa com uma boa escolha em close e jogadas com a câmera que ajudam a captar as expressões e sentimentos dos personagens.

Além de estarem utilizando cortes nos momentos corretos para inserir expectativa ou tensão no espectador. O uso do flashback também esta sendo feito de maneira bem eficiente para evidenciar as dúvidas e cogitações de Okabe.

A trilha sonora também é bem composta e variada, sendo empregada e inserida nos tons certos. A animação é consistente na maior parte do tempo, o que me agrada consideravelmente bem.

Para um anime que carrega o peso de seu antecessor, se a direção continuar neste caminho e desenvolver bem o enredo e personagens, com toda certeza teremos uma das melhores estreias dessa temporada.

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E você, que nota daria aos episódios?

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Sirlene Moraes

Apenas uma amante da cultura japonesa e apreciadora de uma boa xícara de café e livros.