Inuyashiki #01 e #02 – Impressões Semanais

Adaptando o mangá de mesma autoria do criador de Gantz, Inuyashiki é uma estreia que possuí uma premissa interessante e indiscutivelmente inovadora, afinal, não é sempre que um senhor de meia idade é o protagonista de uma história de ação, tanto nos animes, quanto no cinema.

Claramente sendo uma crítica velada à idolatração do jovem como o belo pela mídia atual e a desvalorização em certo aspecto dos idosos. O que podemos notar em revistas em quadrinhos e no cinema como a idade dos heróis em sua maioria varia de 16 até 30 anos no máximo.

E já no primeiro episódio nos debruçamos com a triste realidade de Ichiro Inuyashiki, que chega a  questionar o afeto de seus familiares, que aparentemente o desprezam ou possuem pouca consideração pelo trabalho dele.

Com isto é quase impossível não provocar pena ou até revolta no expectador. Afinal, as pessoas normais costumam ter empatia pelos mais velhos e crianças, talvez pela fragilidade que eles perpassam.

Pô, sentir pena do velhinho… que família do cão (sem querer ofender a Hanako)

Sendo que no meu ponto de vista, o que realmente esta obra irá tratar é de uma desconstrução do estereótipo de herói, afinal, o antagonista da história é bem mais jovem, em contraposição ao protagonista. Assim como questionar que tipos de jovens nossa sociedade atual produz.

No entanto, um ponto negativo das obras desse autor é o exagero, tanto na violência como na forma que ele acaba retratando as ideias dele.

Quer um exemplo? Por que a maioria dos jovens que apareceram nessa obra possuem uma atitude tão idiota? Como dos filhos desprezando o pai por ter um emprego humilde, não ligando para os mais velhos dentro do trem, etc.

Não que este tipo de atitude não seja comum, afinal gente com baixo nível de decência e humanidade existe em qualquer parte do mundo, mas ter pelo menos um personagem nessa faixa etária com uma atitude não tão negativa seria bom.

Em concordância com isto a maioria dos indivíduos de uma sociedade costumam apenas ignorar este tipo de pessoa e não querer brincar com elas ou exterminá-las de maneira covarde e isto inclui os jovens.

Espero que o autor de Gantz não ache que todo jovem tem prazer com isto.

Sendo assim, o problema existe e o criador esta de parabéns em dá um enfoque nele, mas precisa ter cuidado para não acabar produzindo outro estereótipo, o de uma juventude totalmente deturpada, o que não abraça a realidade em sua totalidade.

Mas positivamente em relação aos casos particulares, a narração consegue reproduzir o pior aspecto e cruel da nossa sociedade moderna que presa seres humanos funcionais e bem sucedidos, mas que as vezes acaba se objetivando e vendo as pessoas apenas como coisas, e não pelo o que elas são.

E se o primeiro episódio serviu para nos apresentar ao herói, o episódio 2 já foca no antagonista, um jovem aparentemente normal, mas que claramente é um sociopata.

Assim sendo, o que ele disse de não sentir a morte de um estranho e que pouco se importava com isto, é normal, um ser humano comum não vai sentir tanto pesar pela desgraça de um desconhecido, mas observem que com certeza ele vai sentir pelo menos pena.

Então, só nessa frase do Hiro, você sabe que esta lidando com um tipo de pessoa com personalidade distorcida e psicologicamente perturbada. Sendo assim, é um personagem criado para ser odiado e não admirado.

Quem gostar de um personagem assim, recomendo um psicologo

E mesmo que seja desenvolvido, um personagem que mata indiscriminadamente para satisfazer o seu vazio, não consegue me transmitir nada além de repulsa.

O que leva ao segundo plano do anime, que na minha opinião é tentar criar um questionamento nos jovens sobre os ícones no qual eles se inspiram. Se eles vão se identificar mais com Hiro e seus crimes, ou no Ichiro e no seu heroísmo.

E acrescento aqui que mesmo que a psicopatia seja um quadro clínicos genético (mas tem estudos recentes mostrando que qualquer pessoa pode se tornar um potencial psicopata), existem pesquisas que esboçam que nosso tipo de sociedade está aumentando a porcentagem de pessoas diagnosticadas como psicopatas de alto ou baixo grau.

A animação emprega uma mesclagem de 2D com 3D que é razoavelmente bem feitinha, tirando alguns quadros que elas acabavam se contrapondo, contudo, não incomoda tanto ao espectador e é fluida. O CGI não chega ao nível técnico de Kado ou Sidonia, mas é uma das melhores mesclagens que vi este ano.

Junto com isso temos uma opening bem animada e empolgante, com um dos storyboard mais inspirados da temporada. A Ending, entretando, acaba puxando para algo bem mais simples, mas artisticamente e esteticamente bem produzido.

Com isto Inuyashiki foi uma das melhores estreias dessa temporada de outubro e promete ser uma obra marcante se bem desenvolvida.

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E você, que nota daria ao anime?

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Sirlene Moraes

Apenas uma amante da cultura japonesa e apreciadora de uma boa xícara de café e livros.