Sangatsu no Lion #09 – Impressões Semanais

O dia e a noite, yin e yang, opostos inestimáveis, extremos inigualáveis, tão diferentes, mas ainda assim interligados inerentemente. Em representação audiovisual, uma semiótica maniqueista (dualidade bem definida entre forças opostas), mas típica – e que representam o bem e o mal.

Em sua nona parte, Sangatsu brincou muito com isso, como os mais atentos notarão. Em um episódio incomum e que por muitos será taxado de desnecessário – apesar de eu mesmo confessar a prolongação e inutilidade de certas cenas -, o anime se aprofundou mais na psique de nosso protagonista, utilizando para isso o artifício de seu previamente citado rival na partida de Shogi.

Em início imediato após o final do que vimos semana passada, Rei matuta angustiantemente sobre o que lhe fora dita por sua irmã cruel irmã de criação. O mais interessante da cena é notar como o flashback é filtrado em preto e branco; sem cor, sem vida, apenas uma escala melancólica e de recordações dolorosas, como devem ser várias as do rapaz para com a loira.

Porém, inesperadamente, a abordagem narrativa da vez foi muito mais cômica do que a natureza da série em si – destoados momentos de seu amigo gordinho e, é claro, dos felinos esfomeados. Desde a pequena aventura como stalker até a fatídica partida que deveria, em tese, levar à aposentadoria do ancião, o humor permeou cada quadro, seja nas caretas do velho, nos pensamentos de Rei e, meu favorito, uma referência à saga criada por George Lucas:

Particularmente, me agrada a “impiedosidade” de Rei ao suplantar seu nêmesis momentâneo. Não há glória na desistência e muito menos em uma vitória mequetrefe por misericórdia. Ambos levariam o ato para o restante de suas vidas. Por mais que a aparência escondesse, o interior não os deixaria esquecer a falsidade do ocorrido.

Entretanto, quando Nix (noite) assume os céus, temos de volta o espírito que domina o ambiente de Sangatsu: reflexão e melancolia. Após um diálogo verborrágico (muita fala sem significado) e que beirou irritante, o trôpego senhor, acompanhado por um complacente Rei, faz o típico de beberrões: abre o bico e quebra os limites do íntimo.

E aí, o garoto encontra um lado até então desconhecido de seu parceiro, um lado que o lembra a si mesmo; o pavor da derrota, os braços finos de alguém que deu sua vida para uma só atividade e que deve ser seu destino.

É no espelho de si mesmo, também, que acompanha o revigorar de alguém que ainda não encontrou seu fim – mesmo que seja por motivos questionáveis de ego familiar.

Esperamos para ver se essa visão do que pode vir a ser em algumas décadas terá alguma influência em seu comportamento. Apostaria que sim.

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E qual sua nota, leitor(a)?

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#Extras:

Quadro à lá Van Gogh.

E a sempre interessante arte que encerra a transmissão.

 

Carlos Dalla Corte

Curto 6 coisas: animes, cinema, escrever, k-pop, ler e reclamar. Juntei todas e criei um blog.