Review – Tokyo Ghoul

Sinopse
A história se passa em um mundo aonde existem seres sobrenaturais chamados Ghouls. Eles parecem com humanos mas tem superforça, tentáculos feitos de sangue que saem de suas costas e sua única fonte de alimentação é carne humana.
O protagonista é transformado em um meio-ghoul ao ter orgãos de um ghoul chamado Rize transplantados para seu corpo. Apartir dai a obra começa a expandir e explicar o mundo dos ghouls do ponto de vista do protagonista.
Análise 
A primeira coisa que me chamou a atenção na série é que existem vários tipos de ghouls. Aqueles que caçam humanos por prazer ou esporte, ghouls que só caçam para se alimentar, e por último, aqueles que tentam manter uma rotina pacífica e se alimentam de carne de humanos mortos em acidentes. Esses são os mais interessantes, principalmente por tentarem se adequar e se passar por humanos normais, mesmo tendo que sofrer um bocado pra isso (a protagonista feminina, Touka, é a mais explorada nesse aspecto).
Mado(o sádico) e Amon
Outro ponto é o conflito entre os ghouls com uma organização policial (Doves) especializada em caçá-los. Infelizmente, isso é pouco ou mal explorado. As motivações são validas e o anime foca nos dois pontos de vista para que você entenda porque um odeia o outro. O problema é que o lado dos humanos tem um velho sádico que não se justifica. Sua ações são tão cruéis ou mais que a dos ghouls, e tornam impossível qualquer simpatia que você queira ter pelo lado dos humanos. O protagonista do lado humano (Amon) não recrimina seu companheiro em nenhum momento, mas se sente no direito de ficar revoltado quando os ghouls se vingam matando seus colegas de trabalho. É um tanto quanto irônico e bem egoísta por parte do roteiro não permitir que os personagens tentem pensar em como o outro lado se sente. Lógico que o egoismo faz parte do ser humano, e portanto, isso não é uma falha em si, mas apenas um ponto que eu gostaria que fosse melhor explorado.
Existem um outro conflito no meio da série mas é contra um vilão despirocado e espalhafatoso que não merece grandes comentários. Ele mais atrapalha e faz a série parecer um “shounen” do que um “seinen” sério. E pensando nisso, personagens com profundidade não é lá muito o forte dessa série. Não que isso seja uma exigência para uma série ser boa, mas é um fato notório. Tirando um dos humanos do lado da organização que mata ghouls todo os outros antagonistas são super maus e espalhafatosos em suas ações. No arco desse vilão (Gourmet) também tem o desenvolvimento de um personagem secundário que é difícil de engolir (além do quanto ele apanha e não morre). 
Vale notar que um problema recorrente em Tokyo Ghoul é a falta de explicações. Boa parte das coisas você tem que tentar entender sozinho ou especular, porque o anime te explica só o essencial (e as vezes nem isso). Em diversos momentos vão surgir duvidas na sua cabeça e o anime não irá responde-las na maioria das vezes.

O protagonista dos ghouls, Kaneki, é complicado de se gostar devido a sua personalidade. Ele é absurdamente ingênuo, meio chorão, tem um aparência pouco chamativa e muito mais apanha do que bate durante a série toda. Sua recusa por comer carne humana no início, por não querer perder sua humanidade, é um ponto positivo, mas é colocado de modo meio espalhafatoso por parte dele e logo é esquecido. Depois vem a recusa dele de matar alguém, preferindo se deixar espancar ao invés disso. Por mais que a compreensão da ação dele seja possível através de um flashback mostrado no final do anime, é uma ação incomoda e fica cada dia mais difícil gostar do personagem. Ele parece mais aquele personagem “perdedor” que fica junto ao protagonista do que o protagonista da série de fato.
O que mais salva nesse aspecto de personagens é a Touka, a protagonista feminina. O anime foca bastante nela, e ao contrário do Kaneki ela é tudo que você deseja de uma protagonista. Ela tem um bakcground, suas ações geram conflitos, ela luta muito bem e protagoniza cenas bacanas. Além de tentar interagir com o mundo humano e ser castigada por isso com frequência. Existe também uma personagem mirim que desenvolve uma situação legal em termos de reflexão entre o lado dos ghouls e o lado dos caçadores de ghouls(Doves).
O final é o uma mistura coisas boas e ruins. Tem um evento grande com vários personagens principais lutando no penúltimo episódio, aonde acontece muita coisa sem sentido (com direito a uma cena grande de comédia no meio de um conflito sério, algo que a série nunca tinha feito até então). No episódio seguinte vem o que a abertura do anime ficou anunciando o anime todo, a mudança do protagonista.
Antes
Para quem espera um último episódio só de ação, vai ter a surpresa de encarar 20 minutos de pura exploração psicológica e apenas 4 minutos de ação. A parte psicológica é muito boa e bem dirigida (só a trilha sonora podia ser melhor). A quebra das ideologias do protagonista é muito bem feita e desenvolvida. O real problema é o efeito exagerado que isso gera para personalidade dele.

O protagonista muda de um “perdedor” chorão para um “badass”, sádico, canibal, bom de briga, super confiante e que faz caras vilanescas, de um minuto para o outro. É quase impossível de aceitar se você estiver pensando no que está vendo. O personagem não sofreu um desenvolvimento através de muita dor e lavagem cerebral, ele simplesmente mudou de personalidade. O Kaneki anterior desapareceu e um outro completamente diferente surgiu no lugar dele.  Ao invés de soar como um desenvolvimento parece que o autor jogou outro personagem ali. Ficou estranho e anti-climático ao meu ver. É o protagonista que a maioria queria ver? é. A troca é bem feita? não. Mesmo considerando que o personagem estivesse muito perturbado ele se mostra composto, analítico e com traços de personalidade expostos demais para aquilo tudo ser considerado como um surto temporário.
Essa mudança seria aceitável se a obra desse a entender que o lado Ghoul do Kaneki foi sobreposto pela personalidade da Rize. Mas não, o que a cena dá a entender é que o Kaneki aceitou seu lado ghoul e está no controle dele (a cena dele comendo o corpo da Rize dá a entender isso, “é ele que manda”).

Depois (não é spoiler! a Opening já revela isso desde o episódio 2)
Para a cena funcionar o Kaneki tinha que se levantar mais sério, na ofensiva pela primeira vez, demonstrando sua nova convicção e a aceitação do seu lado Ghoul, e ai, com o tempo, e mais experiências, ele iria ganhando mais confiança, e quem sabe, até viraria um canibal, sádico, confiante e bom de briga. Mas ao invés de ocorrer uma mudança gradual é tudo jogado na sua cara de um minuto para o outro! Isso é mudar de personagem, não sobrou nada do anterior ali para provar que ele ainda é o Kaneki. Ele virá praticamente uma versão masculina da Rize (ghoul fundida com ele no episódio 1). Ele não “aceitou seu lado ghoul”, está mais para “teve sua personalidade sobreposta por ele”. Eu vi 11 episódios com um protagonista, ele morreu e foi substituído por outro no episódio 12, foi isso que pareceu pra mim, ao menos nos 4 minutos finais do anime. O que eu admito, não é o bastante para fazer um julgamento completo da nova personalidade. Mas foi o tempo que me deram.
Outra possibilidade, que seria mais plausível, é uma dupla personalidade, com a personalidade da Rize revezando com a do Kaneki normal. Mas o anime não mostra o Kaneki anterior revesando o controle do corpo com o novo (nem tem tempo pra isso), então fica impossível de confirmar essa hipótese. 
A luta do final é legal, mas o modo totalmente inconclusivo que o anime termina (lembra EVA) pode incomodar alguns. Apesar de eu não ver muito problema nisso, já que anunciaram a produção de uma segunda parte do anime logo depois da primeira terminar.
Aspectos técnicos
A direção de Tokyo Ghoul é boa, o primeiro e último episódio, aonde a mão do diretor principal mais pesa sobre o anime, é excelente. Depois disso vária um pouco e ele não consegue salvar vilões ruins de parecerem bons, mas ainda assim a coisa se mantem razoavelmente consistente.

Outro mérito da direção é a animação. A do primeiro episódio é muito acima da média, principalmente a parte de efeitos. Apartir dai começa a oscilar muito, variando entre bons e péssimos momentos. Levando em conta o estúdio em que o anime foi feito esse é um feito e tanto, já que a maioria das produções do estúdio tem uma qualidade deplorável. Se me dissessem que Tokyo Ghoul é da Pierrot eu não iria acreditar (ao menos não até chegar em um dos episódios aonde a animação cai drasticamente).

O roteiro é uma bagunça. Eles não explicam muita coisa, algumas cenas não fazem sentido e a troca de personalidade do protagonista é extremamente forçada de engolir. Mesmo sendo aspectos do original era uma coisa que o roteirista poderia tentar melhorar se quisesse.

A OST/BGM/Soundtrack é um destaque. Ela não é exatamente variada e o main theme repete até demais, mas nas cenas chave ela sempre se encaixa bem. É algo em que vale a pena prestar atenção. Só no último episódio que eu achei ela meio apagada. Tem um solo de piano que dá pra ouvir de vez em quando mas não é nada demais.
Conclusão
Não tem muito o que eu possa “concluir” até ver a parte 2. O que posso dizer no momento é que mesmo com muitos problemas e um twist de personalidade exagerado do protagonista o anime entretêm e a história tem elementos interessantes, mesmo que não sejam muito explorados na maioria das vezes. Nas cenas de ação o anime também costuma entregar o que você busca. Então diria que dentro do gênero “animes dark/gore de ação” é uma boa opção. A maioria dos animes desse gênero é extremamente trash, e Tokyo Ghoul, mesmo com deslizes, ao menos “tenta” se levar a sério boa parte do tempo.
Animação: 7.5/10
Roteiro: 5/10
Direção: 8/10
Soundtrack: 7.5/10.
Entretenimento: 8/10
Nota final: 7/10

Manga
Dizem que o mangá é muito melhor que o anime e nele tudo é muito mais bem explicado. Além disso, muitas coisas que não fazem sentido no anime, no mangá fazem. Não posso confirmar nada pois ainda não li. Quando, e se, o fizer, eu edito essa parte do post.
Quando sair a parte 2 eu vou fazer um review sobre ela ou refazer esse post tendo em mente todos os episódios, ao invés de só os da primeira parte. Até lá eu decido qual a melhor opção.