Noragami: The Stray God (Review)

A história de um deus pobre mas muito carismático.

Sinopse


Yato é um deus menor, cujo sonho é ter um monte de seguidores para adorá-lo e um templo dedicado a ele. Infelizmente, sendo um deus pobre e sem teto esse sonho está longe de se tornar realidade, e o seu antigo parceiro de trabalho o abandonando não ajuda. As coisas se complicam quando uma garota chamada Hiyori o salva de ser atropelado por um ônibus e acaba se desconectando do plano humano ao tocar em Yato (uma divindade). Agora Yato tem que achar um jeito de faze-la voltar ao normal enquanto continua sua jornada por fama e reconhecimento, para que, quem sabe um dia, possa ter seu próprio templo.

Análise

Se eu fosse resumir em um parágrafo diria que Noragami é um anime sólido (sem altos e baixos) e simpático que você assiste mais por gostar dos personagens do que pelo plot em si – que embora exista acaba não evoluindo muito. Quase nenhum dos finais tem ganchos relevantes que te puxam para o próximo episódio mas você acaba querendo ir para o próximo mesmo assim, e quando tudo termina fica aquela sensação de “quero mais”. O que considero mérito puro e simples dos carismáticos personagens . Mas vamos do inicio.

O personagem principal, Yato, é sem duvidas quem leva a obra nas costas com seu carisma e jeitão desleixado, mas a protagonista feminina, Hiyori, também não faz feio, ela não chega a ter nenhum forte desenvolvimento mas cumpre seu papel de suporte muito bem. Yukine é o único personagem a apresentar um forte desenvolvido no anime, tendo uma saga dedicada só a ele. E por mais que eu tenha duvidado seriamente que isso seria possível ele consegue se tornar menos irritante até o final da obra.

O anime tem diversos outros bons personagens, alguns super simpáticos como a deusa da pobreza e alguns nem tanto como a deusa da guerra. Plots sobre esses personagens tem menções rápidas mas não ganham foco, como a relação do Shinki principal da Bichamon (Deusa da Guerra) com o Yato e o passado do mesmo, sendo muito provavelmente coisas que foram deixadas para serem desenvolvidas em uma saga futura da obra original.

Os primeiros episódios da obra são meio repetitivos e te deixam na duvida se você vai ficar vendo o Yato realizando um desejo randômico por episódio até o final do anime – que consiste normalmente em matar um espirito maligno. Esses episódios não chegam a ser inúteis, já que quase sempre ou apresentam um novo personagem ou explicam novos elementos sobre o mundo da obra, mas sem duvidas começam a ficar cansativos com o tempo.

A obra só começa a tomar um rumo da metade pra frente com a introdução de novos personagens e desenvolvimentos. Essa segunda parte do anime possui dois arcos, sendo o primeiro o mais relevante, já que força o desenvolvimento de um personagem. O segundo funciona mais como um desfecho movimentado que é exigido de obras como essa do que como algo de real importância, afinal, nada nem ninguém foi realmente afetado por aquilo tudo (o que caracteriza um “arco filler”).

O final entrega a grosso modo o que a maioria gostaria de ver, apresentando uma “luta legal” ao mesmo tempo que demonstra o apego que o Yato criou pela Hiyori (e ela por ele), satisfazendo assim tanto quem buscava um resquício de romance na obra como quem queria um momento de ação um pouco mais prolongado (a maioria das lutas da série é bem rápida). Infelizmente isso não veio sem alguns contras: a solução do problema da Hiyori ficou forçada e sem uma explicação plausível; e as motivações do vilão eram por demais vazias, reduzindo parte do impacto que o desfecho poderia ter. Moral da história, arcos filler quer sejam bem ou mal feitos acabam quase sempre sendo mais fracos que os arcos originais da obra (não que isso seja novidade).

Por último o aspecto que mais me chamou atenção nesse anime, o clima. O modo como o anime consegue tratar de assuntos relativamente pesados como morte, suicídio e bulling de forma leve é impressionante. Quase todos os temas da obra são apresentados de forma a não forçar um drama desnecessário, o que considero um grande mérito, já que a maioria dos animes de hoje em dia não perde a oportunidade de exaltar um drama mais do que deveria.

Também não sei se é proposital ou não, mas existem poucas lutas que ficam com um clima pesado por muito tempo sem que o Yato ou outro personagem falem alguma coisa para quebrar a tensão, quando esse parece que vai atingir o seu ápice. Não que o anime apele pro nonsense (se bem que tem uma cena de comédia em um prédio que…..), a obra é bem séria e coerente com sua proposta de modo geral, mas parece que existe a intenção por parte da staff (e talvez do autor original) de não deixar a situação ficar “pesada” demais, tanto nos assuntos abordados como nos conflitos/lutas – a luta do último episódio exalta bem esse aspecto da obra. Em outras mãos e abordado de perspectivas diferentes Noragami poderia ser uma obra bem pesada e dark (isso fica ainda mais claro quando se lê o mangá). Pessoalmente gosto mais de climas sérios e pesados mas respeito a intenção da staff de manter a obra em um “meio termo”, já que de fato isso combina mais com a proposta e os personagens principais do anime.

Aspectos Técnicos 
A animação é bem satisfatória. Ela não se sobresai muito mas também não falta quando necessária – em uma luta mais longa por exemplo. A staff leva muito bem a obra, fazendo algumas mudanças aqui e ali em comparação ao manga, mas nada que afete o enredo de forma relevante, soando mais como ajustes necessários (descontando o final filler). A trilha sonora é boa, não diria que chega a ser um destaque mas cumpre seu papel satisfatoriamente.
Conclusão
Noragami é com certeza um anime que indicaria para quase qualquer pessoa. Ele é simples, apresenta um mundo interessante e bem construído, tem ótimos personagens, um pouco de ação balanceada com comédia (e drama) em quase todo episódio, e o mais importante, entretêm, fazendo aqueles 25 minutos de animação passarem em 10. Perfeito? não, bastante satisfatório ? sim.

Direção: Koutarou Tamura
Composição: Deko Akao
Música: Taku Iwasaki
Estúdio: Bones

Notas
Animação: 8/10
Direção/Roteiro: 8/10
Soundtrack: 7.5/10
Entretenimento: 9/10
Nota final: 8/10
Manga
Assim como o anime o mangá vai crescendo em você com o tempo, então mesmo não sendo nenhuma maravilha logo no início ele vai te conquistando até que você não quer mais parar de ler. Para quem gostou do anime o mangá é extremamente recomendado.
O anime parou de seguir o mangá no episódio 10, no qual ele criou uma saga filler para poder ter um desfecho climático. Quem for ler o mangá recomendo começar do capítulo 12 (o anime usou só metade desse capítulo e depois entrou em um arco original).

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