Impressões semanais: Yowamushi Pedal 22 e 23

“Prá dança créu
Tem que ter disposição
Prá dança créu
Tem que ter habilidade
Pois essa dança
Ela não é mole não
Eu venho te lembrar
Que são 5 velocidades…”

Episódio 22

-Com a concentração dos times na etapas preliminares de organização, numeração e entrevistas para os jornais locais e para a tv, Onoda e seu time começam a se aperceber da tensão do local. No que diz respeito aos pontos notáveis, a rivalidade predomina, com Kinjou e Fukushima, Imaizumi e Midousuji e o nem tão impactante Onoda e Manabe. Cada um tem seu estilo de enfrentamento, os dois capitães se satisfazem com rápida e intensa troca de olhares, os dois escaladores cumprimentam-se com entusiasmo e espírito esportivo, já Imaizumi vs Midousuji pode ser descrito como uma relação ebulitiva tingida de puro ódio unilateral por um lado e chacota pelo outro.

-Quando eu vi esse episódio, não tinha como reparar em qualquer outra coisa além do Midousuji. Esse cara simplesmente ROUBOU A CENA! A interpretação dele de si mesmo é algo que merece um óscar animístico de melhor ator personagem de 2014, já que ele é praticamente o Tom Cruise desse anime, que toda vez que aparece ofusca todos os outros. Afinal, é disso que o povo gosta, um cara excêntrico, exagerado, anormalmente flexível que chega provocando ódio mortal em todos os presentes e o faz totalmente sem decoro e de forma inescrupulosa. Ele é o nosso vilão da novela das 8, aquele desgraçado imprevisível que vez por outra chega e fala “eu sou o foda e vocês são uns merdas, não gostou vem pra cima”. E ainda por cima é um cara de pau de primeira! “Sua mãe foi atropelada e morreu” é um nível de canalhice e de ganhar a qualquer custo que só me faz curtir ainda mais esse malucão, e não consegui tirar meu sorriso do rosto por um segundo.

-Esse tipo de cena que vale pelo episódio inteiro é bem raro de acontecer. A última vez foi no episódio 10 de Arpeggio, em que

Takao sacrifica seu corpo físico para salvar Gunzou e aquilo foi realmente esplêndido.

Existem animes dos quais ninguém vai lembrar justamente por não apresentarem esses momentos épicos, sejam satíricos ou de clímax ou epifanias ou simplesmente absurdos de um jeito que só anime consegue executar (GuP tinha isso quase todo episódio). Você pode ter um roteiro espetacular, filosófico e o cacete a quatro, mas o “recheio” do dito cujo pode fica bem mais saboroso quando este apresenta alguma “imprevisibilidade” ou “audácia”.

-Eu não havia percebido isso antes, mas o Onodinha pode ser considerado no que tange ao seu padrão comportamental o extremo oposto do Midousuji. Ele é humilde, apagado e medroso ao passo que o Midousuji é arrogante, extravagante e põe medo nos colegas de equipe, o que explica porque alguns vão gostar mais do um e outros vão gostar mais do outro. Imagina se o autor coloca justamente o Onoda pra ultrapassá-lo? Plot fucking twist.

Nota: 85/100

Episódio 23

-Olha, vou falar pra vocês que se Yowamushi faz algo muito bem, esse algo é conseguir enrolar com explanações gerais sobre ciclismo. Eu não sei quantas vezes a palavra “sprinter” foi proferida nos 15 minutos iniciais. Não é como se eles precisassem explicar para o público que o velocista sai na frente dos outros, isso é meio óbvio. Gostando ou não, eles gostam de esclarecer tudo que ocorre de modo que até um macaco entenda, suba na bicicleta e parta por aí escalando ladeiras e trocando de marcha. Num saldo geral, foi um episódio bem pobre em questão de eventos e extremamente descritivo/apologético. Ainda assim, há duas coisas que acho que valem a pena serem comentadas.

-A primeira foi o aparente desenvolvimento do Imaizumi. Ou não. O engraçado do Imaizumi é que às vezes ele parece ser um sujeito bem bipolar, uma hora recusando a ajuda do Naruko e insinuando que todos ali são apenas adversários a serem derrotados, e outra incentivando o Onoda em sua meta de chegarem todos lado a lado na linha de chegada. Talvez o Onoda seja um calmante natural para o garoto, já que ele nunca age de maneira beligerante quando está perto dele.

-A segunda foi a continuação do teatro de rivalidades do episódio 22, dessa vez com dois membros de Sohoku contra um de Hakone. É o carinha dos músculos, que já vem mostrando seu par de peitinhos a efeito de intimidação. A história dele vocês já sabem, mas já vou dizendo de antemão que ter mais massa muscular do que os outros corredores não implica necessariamente maior resistência ou velocidade do que os mesmos. Ciclismo é aeróbico ao passo que musculação é hipertrófica. Nos exercícios aeróbicos as reservas de energia nos músculos aumentam, e também há um desempenho maior do músculo cardíaco e do fluxo sanguíneo conforme o tempo de prática, logo colocar o Anderson Silva pra andar de bicicleta sem nunca ter realizado treinos regulares e rotineiros e querer que ele ganhe é bastante ingênuo da parte de qualquer um. É muito provável que ele seja ultrapassado na metade do percurso, pois os outros dois hipoteticamente dispõem de maiores reservas de energia, mas isso o tempo dirá.

Reparem nas bochechas

Nota: 60/100

8 Resultados

  1. Abraão ~Y~ disse:

    Interessante essas suas avaliações. E o último episódio foi bem legal.

  2. Edurdo Gomes disse:

    Curti as suas impressões, principalmente a aula de biologia no final kkkkk. Sobre esse cara musculoso, eu acredito q ele tenha sim mais força nas pernas devido a musculação e por isso q passou geral, mas como vc disse, ele não vai manter esse jogo por muito tempo, eu acredito q o principal objetivo dele seja usar toda a sua velocidade nesse início pra poder abalar psicologicamente os adversários já q ele sabe q não vai aguentar uma corrida inteira. PS: Ele é um ótimo exemplo de superação da obesidade kkk

    • Tanaka disse:

      Yowamushi até bem que realista na representação de corpos de adolescentes do ensino médio, ao contrário de Kuroko que você vê japoneses com corpo de Michael Jordan e 2 metros de altura. Assim, dá pra ver sim um diferencial de potência no tanquinho, embora isso não acarrete necessariamente em vitória garantida.

  3. Rodrigo Rodrigues disse:

    Sensacional o gif!!!

  4. Pedro Aragão disse:

    Véi… Olha esse primeiro gif, véi… Hahahaha, rachei o bico, principalmente pela legenda musical.

    Sobre os episódios, concordo com a avaliação dos 2 episódios. Não tenho muito pra acrescentar em relação ao 22, só que gostei do vilão Midousuji. Pode render boas batalhas com todos.

    Quanto ao episódio 23, percebi que não foi citado, mas gostei da interação do Onoda com sua mãe. Achei bem divertida e de quebra resgatou um pouco do meu apreço pelo personagem.

    Como já disse em outros lugares, esse personagem do “tanquinho” não me convenceu nenhum pouco. Senti que as motivações dele são bem fraquinhas. Talvez essa sensação que eu tive, seja a intenção dos criadores.

    • Tanaka disse:

      Como deixar de referenciar esse clássico erudito da música brasileira ao deparar-me com tão oportuno ensejo? Sérgio Costa será estudado por várias gerações ainda nos livros de história nacionais!

      A mãe do Onoda é bem representada até no contexto ,já que mãe de nerd otaku está sempre convivendo com os hábitos estranhos do filho. Minha vó, por exemplo, sempre que passa por mim vendo anime diz que eu to vendo o “cabeludinho” (muitos personagens de anime tem aquele cabelo liso escorrido clássico) na tela.

      Sobre a motivação do tanquinho, o negócio é que ele não tem realmente uma motivação. Nós sabemos porque que ele quis emagrecer pra andar de bicicleta, mas ele nunca disse qual o motivo de ele querer andar de bicicleta em primeiro lugar.

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