Impressões semanais: Hataraku Maou-sama 4 – Um passado que não pode ser apagado

Há uma boa razão para eu ter parado de procurar imagens de Maou no Pixiv
-Nessa semana (ou na semana passada, pois eu estou sempre atrasado na postagem) Maou-sama abordou a continuação dos eventos do episódio anterior,  desentendimentos foram deflagrados e o passado de Emilia foi exposto.

-Acontece que Emilia é de origem bucólica, tendo sido criada até determinada idade pelo seu pai em uma vila rural no interior. Certo dia, os altos membros do clero vieram busca-la, pois ela tinha um dever a cumprir e uma responsabilidade a assumir. Como fruto da união entre um humano e um anjo, Emi é a única que pode invocar a espada sagrada e derrotar o Maou. Mas há um porém: ela foi afastada de seu pai e teve de se dissociar do seu estilo de vida pacífico contra a sua vontade, e isso faz diferença na sua caracterização. Se há um grande tema por trás de todo o argumento de Maou, ele pode ser resumido como: “A vida nos impõe acontecimentos e condições contra as quais nada podemos fazer além de abaixar a cabeça e aceitar”. Em toda sua existência, Emilia nunca fez nada por si mesma. Um peso lhe foi jogado sobre os ombros e este só aumentou quando soube da morte de seu pai. Ela foi manipulada pelo próprio destino que a forçou a comutar sua frustração por ter sido levada pela vendeta contra o assassino responsável pela morte de seu pai. Reparem em como ela pareceu se adaptar bem melhor à sua vida pós-Ente Isla do que o Maou, ressaltando principalmente o bom senso e a consciência adquiridos em uma vida de batalhas e restrições. Ela é o cidadão exemplar, o “cidadão de bem”. Alguém disse no twitter que Maou-sama é o sucessor espiritual de [C], e eu não poderia concordar mais.

-Já Maou se encontra em circunstâncias totalmente opostas. Ele é o marginal, o alheio, o libertino (bem, pelo menos no seu mundo de origem, mas eu conheço pessoas que desprezam abertamente o que chamam de “profissões inferiores”, e vendedor do MacRonalds poderia na visão delas se encaixar muito bem nesse quesito), aquele para o qual as crianças apontarão o dedo e serão advertidas pela mãe para com ele não se misturarem. Céus, ele já parou na delegacia 2 vezes! Aposto que já tem uma ou duas donas de casa de burburinho sobre isso. Ele está alheio a sociedade assim como a sociedade também está alheia a ele, o que se pode aferir estudando a sua reação ao término das acusações de Emi. Indiferença ou ausência de um senso de arrependimento é como poderia ser descrito, e isso se projeta sem discrição alguma no seu semblante. 

-A raiva de Emilia é justificável. Ela foi uma peça de um jogo de xadrez a vida inteira e repentinamente o rei do outro time decide que vai parar de jogar? Qual é a função dela em uma situação como essa? Como ela pode provar o seu valor agora que perdeu o seu objetivo? O sujeito responsável por tudo que ela passou não pode simplesmente virar as costas e arredar o pé a essa altura do campeonato. Ele tem de ir até o fim, até um deles cair e o outro levantar a bandeira da vitória sobre o sangue derramado do inimigo. Contudo, Maou é um símbolo de liberdade, não estando atrelado a tais concepções e honrarias. Se a conquista não lhe é mais possível, ele encontrará outro modo de vida, outro caminho. Sempre foi assim e sempre será, pois dogmas e preceitos são para seres humanos, coisa que ele não é.

-Novamente temos a questão de identidades. A amiga de Emi faz uma afirmação interessante: “Não se sabe o que as pessoas podem fazer quando o mundo vira de cabeça para baixo. Existem aqueles que tomam vantagem do caso e aqueles que tentam ajudar os outros antes de se preocuparem com eles mesmos. Se as pessoas quiserem, elas podem se tornar anjos ou demônios”. Emilia é confrontada com essas palavras que a fazem refletir. O que é bom afinal, e o que é ruim? É possível que alguém ruim possa realizar boas ações boas e alguém bom possa realizar más ações? O ser humano possui realmente a capacidade de mudança, e até onde isso se estende? A premissa de Maoyuu se baseia nessa dualidade em específico, ao menos a princípio, pois não sei dizer se o anime melhorou ou piorou.

-Eu não posso deixar de falar que a teoria que eu levantei no post anterior foi invalidada nos 10 primeiros minutos do episódio, visto que no caso não houve terremoto e sim um ataque direto de Lúcifer. O motivo da Chi-chan estar recebendo os sinais do mesmo também foi esclarecido e gira em torno de seu parentesco com o policial que foi afetado pelo feitiço de Maou, logo sem pontas soltas até agora.

-Agora que Lúcifer apareceu, um novo arco irá se inicia. E teremos a ilustre presença dos convidados de Ente Isla. E só nessa primeira interação, o duo me pareceu ser muito carismático, principalmente o bombadão que sente enjoo em buraco de minhoca (“worm hole”). A melhor coisa para não desgastar um enredo é a introdução pautada de novos personagens, mas na hora certa, é claro. Com a chegada de Lúcifer, temos a deixa para a entrada desses dois. Muitas piadas e situações divertidas nos aguardam no futuro, e se continuar aumentando o nível, chegará ao ponto em que ficarei ansioso para o próximo episódio, e hoje em dia isso é cada vez mais raro.

PS: O terremoto de Kobe realmente aconteceu em 1995. Não tenho nada a discorrer sobre isso, pois foi apenas um artifício de roteiro sem grande significado. Para quem se interessar, deixo aqui o link da wikipedia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sismo_de_Kobe