Primeiras impressões: Date A Live

Imagem meramente ilustrativa

-Ocorreu um largo terremoto no campo magnético da Terra na região da Eurásia. 150 milhões de pessoas morreram e o jeito humano de viver foi destruído.




-Sim, é a nova temporada de animes, que já vem estreando com muita sutileza.
-Date A Live é a adaptação de uma light novel de mesmo nome escrita por Koushi Tachibana. Com o estúdio AIC-plus+ sendo responsável pela mesma, o diretor de School Days, Jormungand e Katanagatari (Keitaro Motonaga) coordenando as etapas de produção e Hideki Shirane (Hidan no Aria, Kill me Baby, Hayate no Gotoku e Queen’s Blade) a cargo da adaptação, esse anime tem tudo para dar certo e tudo para dar errado também. Apesar da atribuição de algumas séries de renome ao currículo desse diretor, temos um roteirista que hora escreve algo bom, hora escreve algo ruim, aliados a um estúdio cuja obra mais conhecida é Asobi ni Iku yo!. Se esses não são motivos bons o bastante para fazer brotar preocupação, eu não sei o quais seriam.

-A história gira em torno de Shido Itsuka (Nobunaga Shimazaki), um estudante comum de ensino médio que acaba separado de sua irmã Kotori (Ayana Taketatsu) por conta de um terremoto, após terem firmado uma promessa de se encontrarem em frente ao Burger King. Desesperado, Shido ignora a ordem de evacuação e sai em busca de sua irmã para descobrir que a mesma é a a comandante de uma espaçonave de nome Ratatoskr, cuja tarefa é eliminar os espíritos que causam terremotos assolando o planeta. Kotori põe Shido a par da situação e o ordena a selar os espíritos. Para isso, é necessário faze-los se apaixonarem por ele (convenientemente, todos os espíritos são jovens garotas).
-Sendo sincero, eu não sei o que o autor consumiu antes de vir com esse argumento. Não parece algo provindo de uma mente lúcida. Garotas que causam terremotos? Isso poderia ser uma letra de funk carioca.
-O enredo faz uso de todos os clichês possíveis para uma light novel. A imouto, o melhor amigo pervertido, a estudante estóica e misteriosa e o uso de uma terminologia esquisita são exemplos dos mesmos. O desenrolar da história se dá de forma quase que automática, compreendendo apenas o básico para ambientar a narrativa. Além disso, a execução é corrida, como se pode perceber pelo encerramento. Nada de novo aqui, pessoal, e o velho também está sendo abordado de forma desinteressante. 

Diálogos top de linha. O curioso é a câmera ter focado nos seios dela três vezes
 de distâncias variadas antes dessa fala.
-Nos primeiros minutos do anime, fui induzido a acreditar que Shido pudesse ser portador de alguma personalidade, justamente pela forma que tratava sua irmã. À medida que a trama progride, ele passa de irmão legal para aquele tipo de personagem cuja única atitude é reagir aos acontecimentos e se estabelece firmemente como um estudante de ensino médio genérico. Eu nem me importei com a cena da imouto e com a calcinha, pois tinha esperanças de que por trás daquela superficialidade se escondesse uma narrativa que mesmo não sendo complexa, poderia ser divertida. Se ao início os personagens conseguem interagir com naturalidade, esta se perde à medida que o argumento vai se moldando. As garotas escarnecendo o protagonista parecem ser uma forma de auto-referência ao universo otaku e nada mais. O mesmo vale para o amigo do protagonista. O próprio Shido também tem esses momentos em que suas falas parecem programadas, o maior exemplo sendo a cena em que ele pondera a razão pela qual a garota espírito (que parece ter vindo diretamente de um jogo da Eushully) exibe uma expressão tão triste. Até mesmo o fato de ela ter virado o rosto no meio da batalha me pareceu forçado e pouco natural. Não que eu queira realismo em anime, mas ao menos as atitudes e falas dos personagens merecem o devido cuidado antes de saírem do esboço.

-A única coisa que me agradou foi a Kotori revelando que não é aquela irmã boazinha que Shido pensava que fosse. Mas tendo em conta que o arquétipo de garota violenta e animalesca morreu nos anos 90, ela provavelmente só está sendo tsundere, o que não muda nada para efeito prático. Todavia, ainda é preferível a garotas grudentas e subservientes. 
-Em suma, Date A Live é uma mistura de elementos de fantasia/RPG com Dating Sims. É como assistir Kami Nomi zo Shiru Sekai (The World God Only Knows) sem a personalidade carismática do Keima. No tocante a animação, é bem padrão, não havendo nada de realmente extraordinário que pudesse levar todo o anime nas costas. Se tiver algum tempo livre extra, assista. Se não, tenha em mente que há outros animes que prometem muito mais do que esse nessa temporada de primavera.