Impressões semanais: Girls und Panzer 12 – Individualidade e trabalho em equipe, rumo a um novo amanhã!

-Um final satisfatório e ao mesmo tempo lamuriante para quem é fã da série, visto que teremos de esperar pelo anúncio da segunda temporada.

-No último post, eu fiz um comentário em que expunha minha descrença na fuga imediata das garotas de Oarai, o que se provou ser uma preocupação equivocada, visto que logo no início do episódio, elas já haviam dispersado e tomado cobertura. Minhas sinceras desculpas, Oarai, posto que subestimei a velocidade de seus tanques. E o que falar da estratégia que a Miho empreendeu contra o Maus? Inesperada, inusitada, catastrófica e acima de tudo brilhante. Essa menina é portadora de uma genialidade que a equipara ao personagem de Tom Cruise em Top Gun. É um exemplo cabal de como não seguir o protocolo, e uma forma de demonstrar que tanques não se resumem em corpo, torre, canhão e lagartas. Também há pontos fracos que podem ser alvejados a uma certa distância, como as saídas de ventilação nesse caso específico. Sobre o Hetzer aguentar o peso do Maus, a única explicação que consegui encontrar foi em forma de piada (fibra de carbono). Nem pensar que aquelas 16 toneladas pudessem aguentar as 188 do Maus (claro, elas não teriam que aguentar todo o peso, mas só aquela parte da frente já equivale a um bocado). Mas Girls und Panzer foi assim desde o início. Quando menos espero, uma jogada inesperada ou uma peripécia em combate, e mesmo quando imerso em descrença, meu entretenimento não se deixa abalar. Alguém aí alimentava esperanças de que elas fossem simplesmente fugir e se concentrar no flag tank? Racionalmente falando, seria a lógica mais eficiente, mas quem disse que Girls und Panzer segue pelo caminho mais fácil? Nessas horas que o roteirista audacioso levanta as calças e desafia o senso comum.

-O Maus foi pro espaço, mas ainda há 16 peões em jogo. O que a Miho pensou? Ao invés de encarar todos frente a frente, seria bem mais apropriado desarticular sua formação e isola-los do flag tank. E quem achava que as sequências deslumbrantes e criativas haveriam de cessar após a queda do gigante viu suas expectativas desmoronarem, típico de Girls und Panzer, que está sempre a desafiar nossas previsões. O que tivemos foi literalmente um espetáculo em que cada time teve sua chance de mostrar a que veio. O Type 89 ganhou tempo para o time tamboril levando metade do batalhão atrás dele (o que ficou um pouco estranho, pois o Type 89 apesar de leve é relativamente lento para ser o pioneiro em uma fuga, maximizando apenas 26km/h) e ainda atirando nos tanques mais sofisticados cheio de marra. O M3 Lee conseguiu a proeza de derrubar um Elefant e um Jagdtiger, com direito a muitos surtos hilários por parte da tripulação (particularmente enquanto tentavam fugir do Jagdtiger).

-Muita bem colocada a referência a Kelly’s Heroes, um filme do gênero “War comedy” de 1970 no qual Clint Eastwood protagonizava Kelly, um soldado que estava enfatuado com a guerra e viu uma chance de roubar um banco repleto de barras de ouro além das fronteiras inimigas e desaparecer daquele cenário de guerra. Todavia, Kelly era apenas o estopim da aventura. Quem roubava a cena eram os coadjuvantes, principalmente Oddball (Donald Sutherland), um hippie nos anos 40. A cena em questão retratava um M4 Sherman emboscando um Tiger pela traseira e assim conseguindo um tiro letal. O Tiger tentou rotar a torre, mas havia um muro no caminho (ou uma árvore, não lembro direito). O mesmo aconteceu nessa cena, com a única exceção sendo a armadura do Elefant, muito mais resistente por conta da blindagem de 80mm angulada em 20º na parte traseira de sua superestrutura  (um nome mais técnico para o que chamamos de torre).

-Com o Jagdtiger, foi diferente, pois elas usaram a principal desvantagem deste (seu peso significativo) para leva-lo a um declive, e o cano longo de seu canhão não resistiu à tensão e se partiu ao meio. Isso não haveria de acontecer com um Type 89, por exemplo. Eu não sei ainda se essa segunda investida é referência de algum filme, mas assimilarei muito mais informações para a eventual resenha completa da série. Mais do que justo que elas tenham se sacrificado no processo, já que seria abusar demais da sorte querer encarar um Tiger II ou um Panther em seguida.

-A terceira e última parte da batalha foi o cerco ao colégio municipal. Nada mais certeiro do que bloquear a única entrada com o Porsche Tiger possibilitando que o Tiger I e o Panzer IV decidam a partida no mano a mano. A primeira coisa que eu pensei ao ver os tanques pesados da Kuromorimine em frente à escola foi que eles poderiam abrir caminho à força pelas paredes (se vê muito isso em filmes), mas na vida real isso poderia danificar o motor, o canhão ou a torre, logo não seria uma boa ideia. O Porsche Tiger conseguiu resistir por aquele período em razão de seu posicionamento em frente à passagem. Projéteis são mais efetivos em uma trajetória perpendicular (sen90=1, Fr=F x  sen(alfa)) , logo pode-se dizer que o ângulo gerado na manobra forneceu uma proteção adicional ao tanque. Claro que uma hora iria ceder, mas elas fizeram um bom trabalho


-E aquele drift então? Muito bem bolado, com as mais variadas mudanças de perspectiva e de ângulo da câmera para dar mais dinamismo ao embate. Como diria Oddball, o ponto fraco de um Tiger é a sua bunda, e Miho compreende muito bem esse conceito, fazendo bom uso da velocidade superior do Panzer IV (uma diferença pequena de 4km/h) para posicionar o canhão de modo a alvejar a parte traseira inferior e ao mesmo tempo dificultar o ajuste de mira do Tiger I.


-A reconciliação entre Miho e sua irmã me pareceu muito formal e sucinta, mas eu acho que devo atribuir isso a todos esses meses vendo o fandom shippar Miho e Maho sugerindo que a última pudesse alimentar uma afeição secreta por sua imouto (Japão, né minna-san?). Eu ainda tenho esperanças de ver elas se comportando mais como família (Clannad AF me mostrou que relações familiares na ficção conseguem ter um efeito muito forte sobre mim), e quem sabe um amistoso 2×2 com Oarai e Kuromorimine juntando forças. Em Girls und Panzer tem muito dessa mensagem de que “O inimigo de hoje é o aliado de amanhã” e um espírito esportivo plenamente idealizado com o qual só a ficção poderia nos presentear, afinal vivemos em um país em que a febre do futebol é tão intensa que faz torcidas organizadas opostas se agredirem e se imporem de uma forma quase que autocrática.

Vovó encarnando Michael Jackson
-A vitória antecede a comemoração, que por sua vez é regada a muitos aplausos e congratulações em uníssono, dos espectadores, das adversárias anteriores e de nós fãs, que estivemos esperando por esse momento. Pombas, nem a possível vitória da Kuromorimine abalaria os ânimos, pois toda a direção tornou o decorrer da batalha contagiante. Alguém pode não concordar comigo, mas eu acredito que em um esporte o mais importante para o espectador é o espetáculo e não a vitória. Se não fosse assim, bastaria organizar as competições em um lugar fechado e anunciar o placar final após o término das mesmas. Mas aí vai de cada um, tem gente que apenas pergunta o placar do jogo e molda toda sua satisfação em cima disso. Não cabe a mim julgar os outros, e sim falar de anime.

-Após esse desfecho, posso afirmar que Girls und Panzer definitivamente ocupa uma posição no meu top 5 de 2012, possivelmente vindo a ocupar uma posição mais elevado do que outros animes mais aclamados pela crítica apenas pelo fator entretenimento.

Vocês não tem chance nenhuma contra o Maus!
Eu adoro esse senso de humor do anime
Rumo a um novo amanhã!

-Nos vemos novamente na próxima temporada, e Panzer Vor!