Mahou Tsukai no Yome: The Ancient Magus Bride – Uma fantasia moderna com um casal bem diferente

Essa obra tem vários aspectos legais, mas eu estaria mentindo se não dissesse que o que mais chama atenção a primeira vista é o desenvolvimento do casal um tanto quanto bizarro no qual o mangá se foca.

Sinopse

A história começa quando um feiticeiro – com uma aparência pouco comum – compra uma garota que estava sendo vendida em um leilão de uma espécie de mercado negro sobrenatural. O feiticeiro diz que vai torna-la sua aprendiz e a partir dai você começa a acompanhar as coisas do ponto de vista da garota, enquanto a trama se desenvolve e elementos do mundo fantástico da obra vão sendo explicados e expandidos.

Impressões

Esse mangá é algo bem diferente comparado ao que eu costumo ler, e olha que pego uma boa variedade de gêneros. Ele é uma fantasia romântica com slice of life, sobrenatural, tragédia, aventura e suspense. Mas o mais esquisito e único mesmo é o casal central. Nunca achei que iria ficar “shippando” uma cabeça de cabra com uma humana. E olha que eu já li mangá focado em garotas monstro!

Chise e Ellias

Chise, a protagonista, foi comprada por uma quantia exorbitante porque ela é um “Slay Vega”, um ser raríssimo que nasce com uma aptidão enorme para magia. No entanto, ela nunca apreciou seu dom. Sua mãe morreu quando ela era nova e ela acabou passando pelas mãos de diversas famílias. Ela era isolada e maltratada pelo seu dom, tanto pela sua família adotiva, quanto seus colegas de escola.

Ela via coisas e seres relacionados ao mundo da magia que humanos normais não podiam ver, além de atrair seres sobrenaturais para sua volta. A obra inclusive dá a entender que ela tentou se matar em algum momento da infância. É curioso, no entanto, que não exista um enfoque pesado em nada nisso. Podia virar um dramalhão em mãos erradas, mas esse autor trata a questão de forma bem madura, usando de elementos do mundo sobrenatural para buscar as memórias da garota em momentos oportunos, de modo a explicar algumas de suas ações.

Com o tempo Chice (a protagonista) começa a aprender magia, conhecer mais sobre o mundo sobrenatural e as criaturas que o habitam (o momento dela com os dragões anciões a beira da morte é particularmente bonito). Devagar a obra também vai apresentando os diversos personagens em constante contato com o feiticeiro, que vão desde bruxas, padres e pessoas normais, até animais exóticos.

Ellias Ainsworth, o feiticeiro, é bem enigmático. Embora assuste um pouco a princípio – principalmente pela aparência – ele é cara super gente boa e tem até senso de humor. Ele e Chise tem cenas bem engraçadas as vezes. Só que quase nunca dá pra ver as reações do rosto dele, já que é um esqueleto (o autor tenta dar uma alterada pra colocar alguma expressão, mas não é sempre).

Na obra ainda não explicou como ele ficou assim, só falam que ele não é mais considerado um humano, nem um espírito, nem uma demônio, ele se transformou em algo diferente de tudo que se conhece. A maioria das pessoas tem medo dele e ele tem que se disfarçar com magia quando está no meio de pessoas normais. Ele parece ter um passado obscuro e bem violento, mas a obra ainda não focou nisso até o momento.

O mundo é bem misturado. A história se passa na era moderna apesar de focar mais nas áreas rurais, e mistura elementos de fantasia como magia, fadas, dragões, ect.

A maioria deles já são conhecidos da literatura (exemplo na imagem acima) e o autor só os aplica com algumas modificações aqui e ali. É tudo muito bem explicado, desde a criação de itens mágicos até a criação e utilização de magia. E não, não tem textos gigantes pra explicar isso. O autor consegue fazer de maneira bem didática e fácil de entender sem ter que gastar várias páginas e toneladas de diálogos com isso.

Uma das relações mais estranhas que já vi.

A relação de Chise e Ellias tem vários daqueles momentos que você sorri por achar bonitinho ou coisa do tipo, e admito, que por mais que tenha achado estranho quando vi o primeiro capítulo, eu gostei muito do desenvolvimento deles a longo prazo. Em geral os dois se completam. Ellias busca uma companhia e os sentimentos que nunca conseguiu ter durante sua longa vida. E Chise, que sofreu e foi maltratada a vida toda, busca desesperadamente por alguém que a valorize e um lugar aonde seja querida.

Por mais que a obra pareça simplesmente um romance, ela tem bem mais que isso, e mesmo o romance não chega a ser “meloso”. Tudo nesse mangá até o momento é bem dosado pelo autor. A trama vai se desenvolvendo a cada capítulo, e apesar de não ter muitos momentos de ação a obra tem conflitos e ameaças bem reais, principalmente devido ao fato do feiticeiro ter inimigos e da Chise ter chamado a atenção de muita gente do mundo sobrenatural.

O mangá também trabalha muito com suspense, mistérios e alguns aspectos de terror. O que é um alivio pra mim, porque por mais que tenha gostado da obra, não ia conseguir me manter interessado só com o slice of life sobrenatural dos primeiros dois capítulos. Por último, uma certa revelação sobre os “Slay Vega”(pessoas com dom acima do normal para magia) foi uma boa jogada do autor para deixar o público curioso pensando “o que vai acontecer com a protagonista no futuro?” por boa parte da obra.

Conclusão

Achei a obra excelente. A escrita e diálogos são maduros, mas o autor consegue esse amadurecimento sem deixar a leitura arrastada e tediosa (o problema de muitos mangás nesse modelo). Os personagens principais são muito interessantes, o mundo bem construído e a trama consegue se manter sempre em movimento com um bom clima de suspense. Recomendo.

Extras

Como eu mencionei tem uma dose agradável de comédia.

Momentos “bonitinhos”.

Tragédia.

Suspense/Terror/Sobrenatural.

Acho que não preciso mencionar que a arte é muito boa né?

Esse mangá parece estar ganhando popularidade muito rápido, o volume 1 nem conseguiu ranquear na tabela de vendas da Oricon. Já o segundo volume, lançado em setembro de 2014, vendeu mais de 100 mil unidades, e o terceiro 200 mil (é muito para um mangá). Com isso podem esperar um anúncio de anime dentro de uns 1 a 2 anos, quando a obra já tiver mais material.

PS: É curioso que esse mangá seja de uma revista shounen, porque não tem nenhum estereótipo da demografia nele, lembra muito mais um seinen, em todos os aspectos.

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