Sangatsu no Lion #06 – Impressões Semanais

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A falta de linearidade em Sangatsu soa, inicialmente, abrupta. Em uma impressão rápida pode parecer despropositada e até desatinada. Porém, no privilégio exercido pelos dois cours, é na lenta construção que as peças se encaixam para exibir o intuito dos realizadores.

São as ínfimas revelações e momentos aleatórios da narrativa, desprendidos em avaliação isolada, que formam o conjunto de uma maneira descomedida e alienatória. Esse encaixe transitório entre linhas temporais e espaciais serve como reflexo da conturbada mente de Rei, em seus babélicos pensamentos e lamentações, desorganizados na insana hiperatividade de questões que o atormentam.

E a organização precária de pensamentos não apenas nos confunde, como ao próprio protagonista, que se pega surpreso ao travar a língua na simples resposta sobre onde gostaria de viajar. Não é o destino que importa, e sim a mudança. O garoto está à espera de algo irreconhecível e inesperado, uma fuga do insuportável status quo que lhe suga a vida.

O retrato de sua angustiante situação interior é esboçado nos flashbacks da mudança, em descrição precisa da depressão que o envelopa como uma carta que nunca encontra o destino, sem prazo de entrega; a noção do que é certo é suplantada pela incapacidade de deixar a apatia da estagnação, o vazio existencial, a ilha isolada e circuncidada de insustentável tristeza. É a fuga do oceano de desespero que não mais deseja suportar, enfrentar.

E o que pode mudar isso? Nem o mais calejado dos mórbidos é inerte ao movimento exterior. Rei, em sua busca por independência e auto-sustento, se vê incomodamente perseguido pela expectativa de jovem prodígio. Estar vivo é não estar morto, afinal.

O símbolo da modificação pode estar no semi-albino rapaz que por hora mestra o Shogi, e, é claro, na potencial parceira amorosa vista em Hinata, que assim como Rei, foi forçada ao amadurecimento precoce por via das circunstâncias, mas ainda nutre características da idade que a aparência preserva.

Se esses estímulos farão alguma diferença não é uma incógnita, caso contrário o anime não existiria, pois a despeito do quão mazelentos sejam os tempos em que vivamos, otimismo e redenção são ainda irresistíveis como norte da produção mundial de entretenimento. A pergunta é: quando?

Até lá, sigamos.

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E qual sua nota, leitor(a)?

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#Extras

Na inteligente composição visual do anime, tanto pelo design de produção quanto pela direção, temos quadros aparentemente estáticos que contribuem no diálogo anime-expectador para entender Rei:

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Aqui, por mais amistosa que seja a relação, vemos uma barreira entre os personagens.

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Rei, insignificante, encolhido em um canto, como que ávido para desaparecer.

Carlos Dalla Corte

Curto 6 coisas: animes, cinema, escrever, k-pop, ler e reclamar. Juntei todas e criei um blog.

71 Resultados

  1. Roberto Medeiros disse:

    Sangatsu no Lion está sendo uma ótima adaptação do mangá com cenas muito inteligentes e inspiradas (como a da barreira entre os personagens). Um dos melhores da temporada na minha opnião

  2. Ser ou ser eis a questão, foi o Marco que linkou o sinônimo das palavras ou o Carlos ?
    P.S: Se foi o Marco não é mais oneroso do que substituir não?

  3. Mônica Azevedo disse:

    Eu odiei a estreia desse anime, mas agora eu tô adorando ele 🙂
    Até as análises do carlos ficaram mais divertidas.

  4. Miqueias Silva disse:

    Não tendo romance do Rei e Hinata pra mim já está bom

  5. Angel-chan disse:

    Eu também acho a narrativa de sangatsu confusa ás vezes,mas levando em conta o diretor e o estúdio faz até sentido.Acho a hinata um amorzinho!me identifiquei com a reação dela ao ficar cara cara como o crush!kkkk.O rei é aquele personagem que me faz ter vontade de entrar no anime só pra ser amiga dele e dar um bom abraço nele.Eu acho super legal a atitude do professor de se aproximar dele,deveriam existir mais professores assim!

  6. Alexandre Skywalker disse:

    Foi uns dos episódios mais bonitos já feitos . Acredito que desde de Sakamichi no Apollon de 2012 que um Slice of life não me deixava tão maravilhado , Ambos foram experiencias diferentes para mim . Rei é um exemplo de um personagem que buscou atraves do Shogi sua maneira de vida . Um ser que foi abandonado e adotado por Akari que também é orfã de pai-mãe . Rei precisa mais do que nunca do apoio d as 3 irmãs , precisa de um apoio e incentivo para continuar seguindo em frente , alguém precisa dizer a este garoto que nem tudo está perdido , que ele é forte e que vai mais uma vez superar o mar que o procura afoga-lo .
    Enfim uns dos meus personagens dos mangás apareceu hoje Souya Touji que chegou chegando .https://uploads.disquscdn.com/images/9da7389faa32e1843ea4ca32e6ebf65d54eac69b3ccef82619d3c5effea8c6d8.png https://uploads.disquscdn.com/images/ec1e3e397916518efa123d040f08cdd6ac5b84f1a4bcd8a8f90c27e438a9d787.gif

  7. Gabriel Nascimento disse:

    Alguém pode me dizer o do porque o Shimbou ser diretor do anime? Dizem que ele não mexeu em nenhum episodio.

  8. Gabriel Villet disse:

    kkkkkkkkkkk Olha as impressões semanal do cara…cheio de palavras pra enfeitar.

  9. Alexandre Skywalker disse:

    O episódio de Occultic dessa semana foi o melhor episódio dos ultimos 6 episódios , acredito que merecia uma review

  10. Doug disse:

    Engraçado. Geralmente eu reclamaria do vocabulário rebuscado demais em uma simples review. Mas, por algum motivo, a linguagem combina com o anime.

  11. Pedro Miguel disse:

    Só esperando mostrarem o desenvolvimento romântico que o Rei teve com a “irmã” dele…

  12. Hikari Hitagi disse:

    Apesar de gostar muito de TODAS resenhas do blog, eu adoro ler as de Sangatsu, essa escrita mais complexa é MUITO boa. Não acho que um texto mais simples fizesse um bom trabalho de resenhar 3-gatsu.

  13. Hikari Hitagi disse:

    Mesmo com o anime mostrando o lado depressivo dos pensamentos de Rei e uma justificativa para seu modo de lidar com as situações, ele mostra (como nos é dito pelo próprio protagonista) que o mesmo contorna as dificuldades e percebe que ele apensa foge e usa desculpas para não enfrentar a vida, diferente das garotas que ,mesmo com a perda, estão lutando do jeito que podem para continuar em um estado de espírito vivo, diferente de Rei.

  14. Mfojmep disse:

    Origem das palavras rebuscadas:
    * babélico: provém de Babel, aquela torre bíblica.
    * status quo: abreviatura da frase em latim “in statu quo res erant ante bellum” (no estado que as coisas eram antes da guerra).
    * mazelento: provém de mazela (estigma, ferida, mancha moral).

  15. Essas bocas são muito feias, curuzes!

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