-Responder a essa pergunta é o objetivo desse post.
-Imagine a seguinte situação: você quer apresentar o seu amigo ao mundo de animes, fazendo um desfavor a ele e tornando-o em um viciado irremediável. Porém, você acaba esbarrando no dilema de qual anime escolher. Entre todos os gêneros que passam por sua mente, certamente slice of life não estará entre as recomendações. Não, não senhor. Você irá recomendar um anime de ação, preferencialmente shounen ou seinen, caso seu colega seja mais maduro, porque animes desse tipo tem mais “emoção” do que os outros. Nesses animes, “o plot existe”, “o fanservice não é exagerado” e “o moe não está ali para arruinar a indústria”. Esses jargões podem ser encontrados em qualquer canto da internet, principalmente nos fóruns gringos ou nas esferas elitistas da anisfera. Entre Shingeki no Kyojin e Non Non Biyori, a tendência é que o primeiro seja escolhido, e as razões alegadas serão essas, se o indivíduo tentar justificar. Caso contrário, ele simplesmente responderá que não curte animes do estilo.
-Independente da razão ou desrazão dessas afirmações, o fato é que elas só consideram o problema em um nível superficial e nunca exploram a fundo as implicações das causas estabelecidas. Por que slice of life é chato para a maioria? O que leva o ser humano a considerar o gênero como tedioso? De onde surge essa indiferença? É isso que vou tentar explicar nos seguinte parágrafos.

-Antes de tudo, esse texto é baseado nas teorias de
Émile Durkheim, um sociólogo francês do século XIX, seguidor da linha evolucionista (linha que acredita na evolução cultural do homem conforme o tempo). Em seu livro “As formas elementares da vida religiosa”, Durkheim parte de pesquisas sobre as tribos australianas e seus clãs para responder à seguinte pergunta: “Como surgiu a religião”? Primeiramente, é necessário destacar o que caracteriza uma religião, com que ele responde: “A religião é caracterizada pela antítese entre o sagrado e o profano, classificando o mundo e o homem de acordo com esses elementos”. É justamente essa contraposição entre dois elementos opostos que aqui será trabalhada.
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| Um churinga |
-A proibição fundamental disseminada entre as tribos de religião totêmica é que o sagrado e profano jamais devem entrar em contato. Um membro que não tenha passado pela iniciação não é considerado sagrado, e assim não pode tocar nos instrumentos divinos, os churinga. Caso isso ocorra, esse indivíduo passa a acreditar que sua morte é iminente, ao passo que o restante do clã passa a considerá-lo como um transgressor. Muitas vezes, o estado psicológico do sujeito é tão desastroso que ele acaba realmente falecendo. Essa crença na punição automática resulta da crença de que as coisas possuem mana, uma espécie de “força” que as torna sagradas, e que, se transmitida para os que não estão preparados para recebê-la, torna-se letal por entrar em contato com o caráter profano dos mesmos. Mana é o próprio princípio totêmico, o princípio da fé.
-Em determinados banquetes de cunho religioso, certos rituais de proibição que os precedem devem ser observados. O objetivo destes é preparar os comensais de forma que sejam capazes de ingerir a carne do animal totêmico (cujo símbolo é venerado, e consequentemente sua carne torna-se sagrada) sem enfrentar os efeitos adversos. De certa forma, essas restrições funcionam de modo a sacralizar os membros da tribo, preparando-os para o festim. E qual é a exata reação do ser humano ao participar de um evento social, depois de tanto tempo de privações?

-Exatamente. Alegria incontida, efusividade, efervescência, delírio. As emoções humanas aumentam exponencialmente quando o grupo está presente. As pessoas sentem-se dotadas de uma força coletiva, uma moral, ambas muito mais elevadas do que nos dias rotineiros, em que estão cuidando dos afazeres diários, caçando ou pescando. É o momento em que a monotonia é rompida, as proibições são desfeitas e os exageros permitidos. O que os nativos comemoram não é o animal totêmico, seus ancestrais ou sua fé. Esses são apenas elementos secundários, cuja fonte é o princípio totêmico, o mana, que por sua vez são uma representação simbólica da força moral do clã. Sozinho, o homem não chega a lugar algum, mas com o grupo sua existência é renovada e consagrada.
-Daí, conclui-se que a sacralidade está associada com a união do grupo e o profano com casualidade, com a monotonia e rotina diária. Trazendo isso para os dias atuais, rememoramos o nosso expediente de trabalho, a louça a ser lavada, os ônibus lotados (menos pra mim porque vou de bicicleta), e tudo que provoca o stress e o desânimo habituais. O homem contemporâneo faz a mesma coisa que os nativos para escapar dessa rotina: foge para locais, atividades ou eventos que tenham o aspecto do sagrado, daquilo que eleva e acentua as emoções intensas. É por isso que as pessoas que preferem ficar em casa a ir para a festa encher a cara são consideradas “caretas”, “chatas” e “antissociais”. Outro exemplo prático é a pressão paterna, com jargões como: “você precisa arranjar uma namorada logo”, “quando é que você vai casar, joãozinho?” É a moral do grupo atuando inconscientemente nas nossas mentes.
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| meninas de Non Non Biyori atarefadas com a colheita |
-E é por isso que os slice of life são tão ignorados. Visto que eles tratam de situações costumeiras e normais, tudo ali é considerado profano. Não há um herói que será reconhecido pelo reino ao salvar a princesa ou um personagem de origem alienígena que luta contra monstros espaciais para defender o planeta terra e sua população. O que há é uma tentativa de reprodução fiel da realidade e dos eventos que a permeiam, sem fortes emoções ou estados de espírito elevados. Por isso que a novela das 8 tem a audiência que tem. Não é só o slice of life, mas também há a presença de mocinhos (sagrado), romance (também considerado sagrado nos dias atuais) que lutam para ser felizes, ao passo que os vilões (profano) esforçam-se para que o contrário ocorra. É isso que faz com que os romances sobrenaturais – tão abundantes nas prateleiras de livrarias – sejam sucessos comerciais. É a mistura do elemento sobrenatural (sagrado) com o amor (sagrado) que permite tal proeza.
-Deve-se considerar, entretanto, que a individualidade dos nativos é relativamente baixa. Seu ego raramente é um problema para a ordem social vigente. Já nas sociedades burguesas e capitalistas, a coisa muda de figura. Encontra-se muita mais resistência à interação social e obediência absoluta, com os casos particulares extremos ocorrendo na terra do sol nascente, o Japão. O hikikomori não é meramente um transtorno antissocial, mas sim um protesto contra o alicerce da moralidade e da hierarquia instituídos em uma nação cuja economia é ameaçada pelas alarmantes taxas de natalidade. A noção de sagrado só mostra sua eficácia real quando o que é natural para a sociedade atua em prol da felicidade do cidadão. Os eventos sociais de presença física são substituídos pelos eventos do mundo virtual e o 2D passa a ser idolatrado como o novo princípio de razão moral. Visto que nos slice of life orientados para nicho predominam as personagens 2D nos moldes do moe, o gênero ganha um novo brilho na escuridão e alcança valores de 10k nas vendas de BD.
-Não posso afirmar que quem assiste animes do gênero encaixa-se sempre no mesmo perfil, mas sim que uma certa mentalidade é requerida para que o mesmo possa ser aproveitado. Num mundo em que a utilidade e praticidade são a lei, brincadeiras de garotinhas e situações corriqueiras são vistos como perda de tempo. Contudo, ao adquirir conhecimento dos fatos e de suas origens, acredito que seja possível preparar a consciência coletiva no sentido da expansão de pensamento e condicionamento mental, a fim de quebrar as paredes que barram o entretenimento.
Referência:
-Émile Durkheim – As formas elementares da vida religiosa
Um dos fatores que talvez torne o gênero pouco atrativo para a maioria é que as pessoas não estão interessadas na realidade, geralmente porque elas estão insastisfeitas com a própria vida e buscam nisso um mecanismo de fuga. Mas acho que qualquer estória, mesmo a mais cotidiana possivel pode causar interesse se a produção conseguir mostrar as situações por um ponto de vista diferente do estamos acostumados a olhar.
Tudo depende da direção, do roteiro, e de outros fatores com certeza. É o que eu havia dito no meu texto: pessoas querem emoções fortes. A fuga nesse caso é melhor quanto mais fora do normal for a história.
Mesmo se for alguém satisfeito com a propria vida… De cotidiano cada um ja tem o seu, buscar algo transcendental a sua realidade é natural. Preferir um anime que narre uma aventura épica é que nem ter religião, buscar algo a mais, algo fora da sua realidade. Apesar de que num caso o “a mais” é uma história mais recheada de emoções e eventos especiais, no outro, é um deus que te guia.
Tanaka-san você fez uma explanação filosófica e sociológica neste post ashuashuasuas Pode cursar Filosofia e Sociologia agora 😛 – Gostei do Post porque eu curto isto e foi bem interessante.
São duas áreas que me interessam bastante. No futuro quem sabe…
vira filósofo cara fiquei até refletindo aqui
A reflexão é a maior dádiva do homem. Fico feliz que tenha alcançado meu objetivo.
Pra mim isso não funciona, quando eu fui obrigar alguns dos meus amigos a verem animu o que eu indiquei foi Clannad(meu amigo gostou mais desse do que de Steins;Gate ;a;), Ano Hana e Hyouka.
Meu gênero favorito é Slice of Life -q
Aí depende do amigo também. Não foi minha intenção generalizar, mas acabei o fazendo para servir como introdução.
isso nao e necessariamente verdade,tem muitos como kanon(2006),Papa no Iukoto wo Kikinasai,toradora,Hyouka que sao muito bom,eu recomendo os que eu gosto e atualmente eu tenho procurado mais gênero slice of life do que shonen,sobrenatural,mistério,thriller que são meus gêneros favoritos
Não é que eles não sejam bons, eu diria, mas populares. Por exemplo, quando você começa a assistir animes, há poucas chances de começar por eles. Kanon e Hyouka são relativamente populares, mas nada perto de um Shingeki no Kyojin e Naruto, por exemplo.
Eu acredito que seja ao contrário (em relação ao gênero ser impopular). Você vê muitos animes SOLs e quem já está no meio otaku assiste eles normalmente, enquanto o resto, peguemos os de Ação, digo aqueles com explosões, lutas com poderes, quase filmes holywoodianos, é difícil encontrá-los em quantidade que se vê de SOL.
Sim, de fato o gênero slice of life é mais abundante na indústria de animes. Eu me referia à popularidade na visão ocidental, em relação ao que os fãs mais gerais acham interessante e do que eles mais gostam, o que eles mais pagam pau, o que eles mais fazem cosplay, etc.
Isso não seria gosto? Em alguns casos pode até ser circunstancial. Conheço colegas meus que não são de assistir muito por temporada, trabalham, e por esse último que veem os SOLs (de meninas mesmo) pra “relaxar” depois do trampo (segundo eles). Porra, do jeito que eu botei as observações ficou um pouco malicioso, mas enfim…
Seu texto tentou explicar isso pela analogia da tribo, muito boa, não tiro os méritos, mas no meu ponto de vista é uma questão que trata-se mais para o lado da psicologia urbana, do homem imediatista e utilitário. E essa coisa simples de “ser útil” já explica bastante coisa. Claro, também tem outros fatores, como a pessoa não ter nenhuma referência para o gênero (SOL provavelmente é um estilo exclusivo dos animes, eu acho).
É, esse título que eu coloquei no post não deu muito certo. Ok, no caso, digamos que o que eu tentei explicar é o porquê daqueles que não gostam não gostarem, algo bastante fundamental e por isso complicado. O que eu tentei mostrar é que esse desprezo ao comum e normal não é de hoje, que vem desde as religiões mais antigas e se estende durante bastante tempo. No resumo que eu fiz tem mais algumas explicações, como a possível origem do princípio da causalidade, por exemplo. O pensamento religioso, na minha visão, abriu caminho para o renascimento, iluminismo, racionalismo, positivismo e tudo que veio no pacote. Por isso eu acredito que esse utilitarismo possa ter alguma relação com a religião mais antiga, que idolatrava a força moral da sociedade, e é por esse motivo que eu o citei brevemente. Eu vejo como uma evolução e adaptação do conceito de sagrado, que em suma é o conceito de moralmente correto.
O utilitarismo não é o sagrado em si, mas corresponde aos ritos e proibições que tornam o indivíduo sagrado perante a sociedade e o inserem na mesma. É a condição para que ele faça parte de um determinado grupo social. A diferença é que dessa vez não é o grupo nem a igreja que ditam as regras, mas o Estado assumiu essa função. Só que essa “obrigação” não é tão centralizada e potente como era nas tribos, logo é mais fácil por meio do pensamento racional discordar da mesma sem enfrentar consequências.
A analogia é aplicada corretamente. Realmente, temos um culto a “fuga do cotidiano” na sociedade moderna. Mas não devíamos? A rotina, segundo hobsbawn, em “a riqueza das nações”, mata a alma do homem e o torna uma máquina, apesar de ser util para organizar o tempo. Creio que seja natural ser atraido pelo que foge da banalidade cotidiana. O banal e efêmero tem sua própria beleza, mas além dela ser mais difícil de perceber, não satisfaz tanto quanto uma aventura épica. Nosso cotidiano se estrutura em anos e anos de conhecimeno e organização, tanto social quanto cientifica, é possivel passar decadas estudando sociologia e geografia e mesmo assim não ser capaz de compreender o porque de nosso hoje e amanhã serem da maneira que são.
Enquanto isso, a história de um garoto que comeu uma fruta que transformou seu corpo em borracha é algo que salta muito mais os olhos. A arte, principalmente uma focada no entretenimento como a índustria do anime, perdeu seu papel de retratar a realidade faz tempo. Enquanto alguns partiram para a critica social ou surrealismo, outros artistas viraram produtores de entretenimento. Mangás existem, majoritariamente, para isso.
E o que entretem pessoas, independente de se ela é um homem cansado depois de horas de trabalho ou um NEET que nao saiu do quarto desde que o sol nasceu, é o que lhes parece distinto. Se não sempre entretem, pelo menos o que chama atenção é o que difere do cotidiano e do padrão. E isso é algo que transcende mentalidade de massa ou contexto social; nem que seja para causar um estranhamento, até uma girafa repararia se um objeto cor de rosa desconhecido aparecese na sua frente.
Resumindo: apesar de sim existir uma tendencia social a valorizar o que foge do normal, isso é algo que não deve ser atribuido somente a uma mentalidade criada, seja por instituicoes religiosas ou pura euforia coletiva.
Cotidiano cada um tem o seu, principalmente depois da globalização; a diferença entre sua vida escolar e a vida escolar de uma personagem de anime, por mais que o uniforme dela seja mais legal, não chegará aos pés da diferença entre sua vida e a vida de um espadachim peregrino que usa o lado sem gume da espada pra lutar.
Há um conflito eterno entre os sociólogos e biólogos acerca do que seria puramente natural ou puramente social. Eu opto pelo meio-termo. Certamente não é algo “artificial”, mas sim biológico (ou seja, genético e ao mesmo tempo uma forma de adaptação ao meio). Infelizmente, há um limite até onde os pesquisadores podem tentar inferir quais foram as causas últimas do comportamento humano. Podem elaborar teorias, mas não reconstruir exatamente os primeiros momentos da organização primordial de uma sociedade, visto que essa organização já está definida e os registros de linguagem escrita são muito posteriores ao surgimento da linguagem falada.
Interessante a citação de um filósofo marxista. Eu gosto deles porque não se limitam apenas a criticar o sistema como certos ativistas, mas tentam explicar porque ele funciona dessa forma. Acredito que o primeiro passo para expandir a consciência é compreendermos o funcionamento de um determinado mecanismo. Se soubermos as causas por detrás de certas aversões, podemos criar uma disposição para combatê-las. Eu não gostava dos slice of life mais cotidianos há cerca de 2 anos atrás. O momento em que comecei a dar uma chance para os mesmos foi exatamente o momento em que comecei a encontrar satisfação fora da ficção. No caso, foi depois que imergi nos estudos pessoais de ciências sociais e comecei a fazer resumos de livros do gênero. Logo, a minha hipótese é a seguinte: se você se sentir vivo fora do mundo ficcional, não precisará necessariamente depender do mesmo para tanto, o que abrirá um maior leque de opções no entretenimento. E essa seria a mentalidade a que me referia no último parágrafo.
isso com certeza, concordo plenamente a respeito de que geralmente não é necessario buscar uma vida no 2d se vc esta satisfeito/realizado com sua vida real.
mas estamos comparando a popularidade. Eu gosto de animes cotidianos, ate os mais cotidianos, porém, comparativamente, gosto mais dos não cotidianos, ou melhor, quanto mais aditivos, melhor.
Ps.: até marx fez isso.”O capital” feelings. O cara simplesmente decifrou o capitalismo por completo, para.
bem eu mesmo sempre recomendo para meus amigos Spice and Wolf uns dos meus anime preferido é sempre ele e outros 6 que eu recomendo primeiro, sem falar que eu gosto muito do genero slice of life, na verdade eu não tenho genero eu vejo oq eu gosto quando sai uma temporada eu vejo tudo, sempre vendo 3 ep de cada, ate agora so não gostei do genero yaoi e yuri não que eu tenha algum preconceito so não gosto mesmo.
Spice and Wolf…bem, pode-se dizer que sim, apesar de que eu ter assistido mais pelo romance na época.
Citando Durkheim, bati palmas de pé. Comentário a parte, é meio irônico isso tudo, pq os SOLs que mais chamam atenção são aqueles que tem um “tempero” a mais em relação a realidade. Por exemplo, Iris zero. Ele só mostra a vida cotidiana dos personagens, tem alguns conflitos, é, a grosso modo, um “cotidiano diferenciado”, visto que não é todo dia que se superam traumas de infância ou sei lá o que. Mas no que esses eventos, geralmente atribuidos ao passado e a personalidade das personagens, gira? Em suas íris que lhes garantem poderes especiais. Nagi no asukara, se não fosse uma ajudinha do umigami-sama, seria somente a vida cotidiana e o poligono amoroso de alguns jovens que moram no mar e estudam na terra.
Focando: mesmo no gênero que retrata o cotidiano mais banal, o que atrai são as diferentes maneiras com que este é colocado. Sinceramente, não sei de alguém que veja SOLs pelo fato de eles apresentarem uma rotina impecavelmente normal, sem nenhum romance, passatempo diferenciado, amigo com personalidade única ou fadas fazendo contratos com garotinhas.
Mesmo que retrate o cotidiano, o anime vai focar numa época especial da vida do protagonista, não em um mês inteiro de conversa trivial, escola e refeições.
Exatamente! Eu não entrei em muitos detalhes no post, mas também defendo que os slice of life mais populares por aqui não são slice of life “puros”, pois possuem elementos de drama, romance, tragédia e de vez em quando sobrenatural. Assim, evocam fortes emoções no telespectador. O mais próximo de um slice of life “puro”, na minha visão, são as adaptações de 4-koma em que 4 garotas se juntam para realizar atividades cotidianas, e nesses não há uma linha de enredo progressiva e tampouco uma estrutura de arcos, apenas o formato episódico com uma pitada de comédia no meio. Pegando ele como gênero isolado, muitas vezes ele não é o fator mais atrativo das obras que o contém.
Na minha humilde opinião a quatro motivos pra um determinado público ocidente não ser muito fã desse tipo de
anime.
1° são animes de pessoas normais fazendo coisas normais, não difere muito da novela das 8.
2° o choque cultural Oriente/Ocidente,quantas vezes você fico irritado com aquele personagem levo um tapa simplesmente porque o vento levantou a calcinha da moça ? ou aquela menina que fica vermelha
que nem um pimentão porque bebeu no mesmo copo que o cara que ela gosta ?
“o tal do beijo indireto, esse me dá nos nervos’’
3° uma velha guarda que se formo no bum heroico da animação japonesa, e que viu seus anos 90 perdendo cada vez mais espaços nas produções, sim para essas pessoas em cada dez animes que saem 5 são slice of life e mais 4 são de character design MOE sobrando um pra elas ”tem temporada que nem um”, isso gera um bloqueio a esse tipo de anime.
4° o próprio gosto,eu por exemplo não gosto de animes que focam em um sexo só, aquele grupinho de amigas que saem pra tomar chá, ou o grupo de amigos que fazem natação ou andam de bicicleta, isso me faz passar longe de non non biyori,Free,Love Live e qualquer outro anime de idols,slice of life pra min e bom quando a romance,Hyouka,Oreimo,ano natsu de matteru fazem mais meu estilo.
Mas e lógico que a muito mais coisa por traz de tanto haterismo em cima do gênero,mas nos fóruns tupiniquins de animes o que da pra perceber e isso,porem também se nota uma crescente no publico, tanto é que o mercado brasileiro já se publica mangas como K-on !,Sankarea dentre outros,e nos sites de streaming os mesmo conseguem ficar a frente de muito shonen de nome.
Bom, sou tacanho demais para me considerar um membro dessa maioria ocidental que não aprecia este tipo de anime… mas se você me permitir…
1º Slice of Life seria uma tentativa de replicar o cotidiano de pessoas vivendo um estilo de vida normal… se uma novela das 8 replica isso no que diz respeito a um brasileiro… com uma vida sexual saudável e super preocupado com dramas de cidadãos do primeiro mundo, hey de ser contrário a esta afirmação.
2º O problema aqui é com Fanservice/Ecchi não Slice of Life…
3º Talvez aqui eu seja obrigado a concordar, afinal é cada vez mais difícil escrever um thriller de qualidade, visto que o seu ponto de partida é sempre o de um cidadão comum/genérico cuja meta é salvar o mundo. Me lembra uma entrevista de quando Will Smith estava preocupado de que ele já havia salvo o mundo 4 vezes e o filho dele ainda não havia completado dez anos de idade… levando em conta que ele recusou o papel de Neo em Matrix.
4º O fenômeno aqui provavelmente é heterosexual life partners… é bastante comum do Slice of Life, mas não seria a mesma coisa. Existe como uma afirmação de que você poderia levar uma vida normal sem a exigência tradicionalista de formar uma família. Uma exceção a regra que foi sugerida no texto principal.
O romance é ‘idealizado’ e não mandatório. Neste nicho particular a interação reduzida com o sexo oposto e toda especulação que ela provoca costuma gerar momentos particularmente interessantes, senão bizarros. Assim, a grande maioria simplesmente rotula o título como ‘gay’ e passa longe…
No final das contas haterismo(?)/esquiva (edit: aversão é a palavra qie eu queria!) é apenas falta de conhecimento… mas eu estou apenas divagando. Afinal, saber é apenas metade da batalha.
Até mais ver
mr. Poneis
Só pra salientar mr poneis que isso é minha opinião do PORQUE de serem tão odiado,minha opinião pessoal das obras SF reflete apenas no tópico quatro,acaso houver uma anime SF com interação de personagem de ambos os sexos fico satisfeito em assisti-lo, como nessa temporada em que acompanho,Glasslip,Jinsei e Rail Wars,mas sua tese de defesa e totalmente concreta,acredito que o preconceito apenas gera um bloqueio para novas ideias,limita o ser humano em qualquer área que seja e o torna defensor de causas inúteis ou seja os haters.
A linha que separa amor/amizade costuma ser bem fina… eu não tenho muita certeza de como funciona na prática, mas se me perguntarem os elementos do Iyashi-kei (amizade) começam onde os da beligerant sexual tension (eros) terminam. Quase como aquela estória de que “se você realmente quer conhecer uma pessoa, case-se com ela”
Uma vez que até animes que são pura ação costumam ter breather episodes (aquelas ‘pausas para respirar’ entre um arco e outro). O meio termo ficou bem diluído. Corrija-me se eu estiver errado, mas a idéia geral é de que todo anime em que falta ação é automáticamente um Slice of Life.
De novo estou apenas divagando…
até mais ver
mr. Poneis
Gostei do post hahaha meio que filosofou ae xD Sobre os SoL, realmente nao sao mt populares aqui, e nem os cartao de entrada no mundo dos animes pra mts, a grande maioria começou com algum shounen, e geralmente indicamos esses tbm 😛 Sobre ser chato depende do anime, pode ter uns tediosos e outros bem legais de ver. Praticamente gosto de tudo, so n curto mechas, idols, esportes mas msm esses tem exceções. Ha e yaio/yuri nunca vi nenhum anime tbm.
Devo admiti que o Slice of Slife não seja o gênero mais popular no ocidente, como Tanaka bem colocou os animes mais populares giram entorno do gênero de ação, Shounen. Os primeiros animes que vi foram Shounen, Inuyasha e Dragon Ball Z ( Duvido que aja anões com a minha idade que não tenham começado a ver animes por DB e CZ). Depois foi variando o gênero passando pelo Mahou Shoujo ( Card Captor Sakura – Primeiro Shoujo que vi, na idade de 7 anos, mais anã do que sou agora) até o Slice of Slife, eu não detesto o gênero nem nada ( depende da historia) afinal é sobre vida cotidiana. Agora os gêneros de mangás que tomei mais gosto atualmente é Seinen ou Shounen com pegada mais dark.
Este texto me lembrou como as decisões que a Nintendo tomou ao transformar o Wii em um console mais popular, voltado para a família e ao jogador casual, causaram polêmica e serviram para isola-la em uma categoria particular quando a discussão são jogos…
Eu sigo uma corrente de pensamento que afirma que o príncipio de uma ‘fuga da realidade’ é a busca em uma mídia externa (animes, mangas, livros, filmes, jogos, etc, etc) de algo que você não possui no assim digamos ‘mundo real’. um recurso para manter a sua própria sanidade em xeque. Seguindo esta trilha de raciocínio os elementos de ação e romance são mais atraentes por sua capacidade de inspirar a coragem de um indivíduo. Coragem para enfrentar tudo aquilo que lhe deixa descontente, coragem para poder expressar aquilo que você esta sentindo para as pessoas ao seu redor… Um talento necessário para se afirmar como indivíduo que merece espaço/destaque no meio coletivo. Ou algo muito parecido com isso…
Um sentimento comum inerente aos elementos de ação e romance é a
pressão, a necessidade de se chegar em algum lugar. Ainda é exigido dos
protagonistas a resolução de determinados problemas mas em vias de
ficção digamos que as ferramentas sejam mais adequadas a tarefa. Acredito que muitos sejam familiares com a analogia que diz que o mundo real é um jogo mal projetado e quase impossível de terminar… em resumo um jogo de m*rd*…
Nestes termos uma qualidade especial do Slice of Life é a de oferecer os benefícios da interação com outros indivíduos, amizade/companheirismo através de um reagente mais pacato/casual… tudo é mais fácil, tudo é melhor explicado, você não precisa colocar a sua vida e risco para alcançar um objetivo, embora esforço e dedicação sejam fato cruciais. O que justifica o outro nome pelo qual animes deste gênero são conhecidos é Iyashi-kei (Healing/Curativos).
O pulo do gato é que todas estas coisas estão ai, de graça no mundo real, você só precisa se acostumar a ser mais tátil com as pessoas a sua volta e a apreciar as doses homeopáticas de simpatia que elas estão dispostas a oferecer… os momentos mais realizadores de um slice of life acabam sendo quando você se pega com o pensamento, “Isso já aconteceu comigo!”, o que é mais raro uma vez que o público alvo de um Slice of Life é tradicionalmente japonês.
O melhor de dois mundos assim passam a ser séries de ação/aventura que oferecem os chamados “breather episodes” uma pausa para respirar… No meio de toda aquela ação frenética, a luta desesperada pela vida, um momento para viver um pouco… para se compreender porque se está lutando e reafirmar as suas convicções…
Algo como ‘você luta para viver’ e não ‘você vive para lutar’ no kanji. Naante…
Até mais ver
mr. Poneis
É o que eu venho tentando dizer. Esse ciclo de rotina pode ser insuportável, mas não será sempre assim necessariamente. Há um ramo da filosofia, conhecido como “filosofia perenialista”, que exalta o papel da vocação na autorrealização do homem. Quando o homem trabalha no sentido de autorrealização, e não no sentido de meramente servir como um meio de produção para o estado, ele consegue sentir-se mais dono de si mesmo, e por consequência mais feliz. Quando o contrário acontece, tem-se a fuga para o hedonismo como forma de compensar o resto de sua vida. Você luta para viver, o que implica que a luta (o trabalho) é algo que deve contribuir para a sua essência, e não algo que deve sobrepor os outros aspectos da sua vida. Essa visão que predomina na sociedade atual é a de que você descansa para poder trabalhar, e o tempo de ócio e reflexão é considerado “perda de tempo”, pois você não está produzindo e “tempo é dinheiro”, afinal. As pessoas vivem na base do stress e da pressa, o que não é saudável de forma alguma, e por isso é essencial que esse ciclo de autodestruição seja quebrado de uma vez por todas. Há uma valorização excessiva do “difícil” e do complicado, que destrói toda a celebração associada ao ato de refletir e pensar, parte do motivo pelos quais a educação falha em tornar o aluno um fim em si próprio, ao invés disso tornando-o em meio para o mecanismo estatal. Quando vemos o protagonista lutar por um objetivo que beneficie a ele próprio, a sua evolução como ser humano, é claro que nos sentimos atraídos.
Ao invés de simplesmente culpar os outros pelos nossos problemas, por que não tentar compreender seu pensamento e estabelecer vínculos sociais efetivos? Você pode se divertir com seus amigos dentro da sua rotina também. Haverão dramas e decepções, claro, mas os momentos mais especiais, na minha opinião, são aqueles em que você simplesmente curte a presença do outro de maneira descompromissada.
Acho que eu já vi isso em FullMetal Alchemist… Quando um sonho se realiza, ele deixa de ser um sonho… acredito que é uma frase do primeiro anime. Talvez esse seja o maior pecado de todas as formas de narrativa…
Mas eu estou apenas divagando.
Até mais ver
mr. Poneis
Show de postagem, só queria deixar o elogio mesmo.
Obrigado. Sempre feliz por conseguir prestar serviço.
Eu geralmente recomendo animes de slice-of-life com um pouco de romace se tiver, porque no meio onde vivo as pessoas não gostam muito de ação (somente policial), gostam mais daquilo que é ligado a realidade ou que tenha bastante comédia.
Enfim, belo texto o/
Bem com o sucesso dos Cavaleiros do Zodiaco começaram a vir do Brasil tudo anime q tinha luta no meio so agora anos depois q ando vendo animes mais nesse estilo, não posso dizer q curto esse estilo de forma pura pois dos que curto e pq tem uma mistura de humor ou ecchi,
Mas os animes de humor tem me atraído bastante e uns anos atras um anime q era somente isso não tínhamos passando na tv.
Love Hina era pra ser coisas do cotidiano mas no anime enfiaram um monte de lutinhas nada haver.
Alguns puxa para o drama e ai não curto muito, exemplo o Golden Time eu ate curtia os episódios mais humorados mas os voltados por drama era dificil, akele episodio q a mina bate o carro e dose.
Num pensei que alguém conseguiria misturar animes e filosofia e ficasse até que bom, mas pensei que falaria mais dos animes de slice of life sem moe que realmente não são populares.