Kakushigoto – Muito mais do que uma comédia sobre mangás | Impressões Finais

Kakushigoto foi um daquelas obras que para mim, mesmo já tendo uma certa expectativa, acabou surpreendendo um pouco.

A história é simples, a comédia ainda mais, porém, a obra tem um certo charme que consegue te conquistar a cada episódio, o que junto de uma boa direção, faz com que tudo funcione ainda melhor.

Para quem não sentiu muito interesse pelo anime, o enredo gira em torno de um pai solteiro que precisa cuidar de sua filha sozinho, ao mesmo tempo em que tenta esconder o fato de ser um mangaka, já que escreve uma história cheia de piadas sujas, e isso poderia fazer a garotinha passar, ou sentir, vergonha. Em cima disso você vai acompanhando a rotina dos dois e descobrindo uma história bem mais cativante do que parece.

Um convivio bem mais divertido do que parece.

Um dos pontos forte do anime é que ele usa bem de todo esse conceito que carrega na sua concepção. Você tem uma relação saudável entre pai e filha, sem aquele fetichismo maluco de incesto, com um romance forçado surgindo apenas porque alguém achou que seria legal surgir.

As interações entre pai e filha são bem reconfortante, transmitindo bem a sensação de afeto que ambos as partes sentem um pelo outro, o que ajuda a construir um bom clima de slice of life e pontuar bem a relação de família ali, o que é bem importante para que o final tenha a carga emocional que precisa.

Além disso, por conta dessa questão de ter que esconder o segredo da filha você tem algumas situações bem malucas, o que somado a certas curiosidades, e até informações importantes sobre a criação de mangás, acaba dando aquele toque cômico que uma comédia pede.

O anime não é do tipo que te vai arrancar risadas a todo o momento – pelo menos não foi para mim – , mas ele certamente te faz passar todo o episódio com um sorriso verdadeiro no rosto por ver as reações do protagonista, e as cutucadas que o autor dá em certas rotinas na vida de mangakas, como a entrega de prazos e a pressão por popularidade.

Um elenco certamente carismático.

Ligado a tudo isso eu diria que está o que mais me chamou atenção no anime como um todo. A cada episódio você fica mais interessado em saber como a história vai acabar, graças a forma como a história é contada.

Todo episódio começa ou termina com algum evento do futuro(ou presente, já que a ideia é meio que mostrar a vida do protagonista no passado), onde você vai sendo introduzido a um drama bem pontual.

Como falei mais acima, o anime tem um clima gostoso de acompanhar, que te relaxa facilmente e faz o tempo passar de forma divertida, então, quando vem essas cenas de drama, você acaba ficando impressionado pelo contraste que aquilo dá.

Na medida em que a história vai se desenrolando nessas cenas do futuro, você vai ficando cada vez mais preso ao anime, já que dúvidas como: “o  que aconteceu com o protagonista?”, “como é que a garota descobriu do trabalho dele?”, “O que vai acontecer agora que ela sabe de tudo?”, vão aparecendo e te fazendo ficar bem curioso sobre o que esperar.

Vale lembra, que o drama em si não é algo pesado ou complexo. Ele também é bem simples, com alguns momentos sendo voltados para a situação de pai solteiro (a perda de uma esposa, a ausência de uma figura materna para a garota, os cuidados com uma criança e por aí vai),  mas acaba sendo muito bem usado para reforçar esse aspecto que a obra tem, que é o segredo entre pai e filha.

Dá para ficar comovido em alguns episódios.

Por fim, o final do anime vem para completar tudo isso de uma forma bem legal. Eu achei um pouco corrido o 12º episódio, e entendo que para alguns pode até ter sido meio anti-climático, já que sugeria uma coisa, e acabou não sendo bem isso, mas eu confesso que já esperava um certo tom de piada em cima daquilo, então não foi algo que me chocou tanto.

De qualquer forma, graças ao fato de terem usado o esquema de ir mostrando eventos futuros sobre a garota descobrindo o segredo do pai, isso não criou aquele distoamento brutal da proposta, já que o espectador estava bem ciente que a parte final seria algo mais voltado para o drama(por mais que ainda tiverem boas piadas dentro dos episódios).

Talvez um desfecho mais dramático pudesse ter deixado o final mais impactante, claoro. Porém, confesso que gostei de como tudo terminou, e deu para dar uma emocionada com a situação toda até os problemas começarem a se resolver.

Em outras palavras, o anime ainda continua sendo muito bom.

Em resumo, para não dar muitos spoilers, o final é um pouco apressado, mas fechou bem tudo o que o anime tinha se proposto a fazer, com um clímax dramático que te deixa tenso (pelo menos eu fiquei) para ver como tudo vai se desenrolar, pontuando a relação entre pai e filha da forma que tem que ser.

Para quem gosta de slice of life mais cômicos, com uma leve pitada de drama, Kakushigoto certamente é uma obra que vale a pena dar uma chance. Para que não é tão fã assim do gênero, o anime ainda é uma boa aposta, já que entrega uma experiência bem legal de acompanhar.

Coletânea de imagens do anime

Uma das melhores openings da temporada, então fica como extra.

Marcelo Almeida

Fascinado nessa coisa peculiar conhecida como cultura japonesa, o que por consequência acabou me fazendo criar um vicio em escrever. Adoro anime, mangás e ler/jogar quase tudo.