As Crônicas de Arian 2 – Capítulo 26 – A Voz

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Capítulo 26 – A voz

“Acorde criança, ele está chegando”.

Assim que escutou a voz Kadia abriu os olhos lentamente, conforme seu corpo saia de um estado de dormência. Estava claro, mas não conseguia ver nada direito com sua visão embaçada. O ar fedia a carne podre e o chão abaixo dela estava muito frio, dando para sentir a terra úmida e pedras em suas costas. Tentou levantar, mas foi em vão, não tinha força alguma e o máximo que conseguia mexer era a ponta dos dedos.

Após algum tempo começou a escutar vozes, mas não conseguia identificar exatamente o que estavam falando. Assim como a maioria dos outros sentidos, a audição estava prejudicada.

Tentou dizer algo, mas embora sua boca abrisse, sua linguá ainda estava dormente. Os sintomas eram de uma maldição ou envenenamento, com o segundo sendo mais provável dado que desmaiou logo depois de comer na noite passada. Mas quem fez aquilo, e por que?

Finalmente seus olhos começaram a definir melhor o céu encoberto por nuvens escuras através da nevoa branca que encobria a área a volta dela. Com o tempo assim não conseguia ver nenhuma das estrelas usadas para medir o tempo ao longo do dia, não sabendo então se era manhã ou tarde.

Tentou olhar ao redor, mas não conseguia mexer a cabeça direito. Se sentindo impotente, respirou fundo na esperança de se acalmar, mas era difícil lutar contra o nervosismo no meio daquela situação. Não fazia ideia de onde estava e qualquer animal poderia chegar ali e come-la viva sem que pude-se fazer nada.

Ao menos não parecia estar em uma área totalmente aberta. Uma antiga estátua em ruínas, que poderia facilmente ser confundida com uma pedra enorme, estava encostada na montanha ao lado dela, criando um abrigo que lembrava uma caverna.

O tempo continuou a passar, até que reconheceu e começou a compreender as vozes perto dela. Eram Arian e Lara. Aliviada de ter conhecidos por perto, ela se esforçou para virar a cabeça na direção deles e arregalou os olhos pasma com o que viu.

Será que estava sonhando? Faria mais sentido do que acreditar na situação que estava vislumbrando com os olhos.

— Mas… o que…?!

Arian estava deitado no chão, enquanto Lara, sentada em cima dele, o estava beijando e o enforcando ao mesmo tempo… O guardião em vez de resistir estava cravando seus dedos ao chão. Kadia não entendia se ele estava gostando ou tentando não reagir.

Ela tentou levantar, mas seus membros não estavam respondendo direito.

— Mas que merda… — disse Lara, soltando o pescoço de Arian e pegando um pouco de ar. Ela parecia exausta.

Arian havia desmaiado.

— O que… você…?

Kadia ainda não conseguia falar direito. Se sentia um bebê se esforçando ao máximo para pronunciar cada palavra.

Lara se virou para ela.

— Finalmente acordou!

Kadia queria saber o que tinha acontecido com Arian, que claramente não parecia bem, e onde eles estavam, mas a primeira pergunta que acabou saindo da sua boca foi outra.

— O que… vocês… estavam…?

Parecendo cansada e de extremo mau humor, Lara ficou de pé com dificuldade, foi até a demônio e se agachou ao lado dela.

— Claramente eu fiquei com desejo depois de ver ele todo arrebentado e o Arian tem fetiche por pessoas o enforcando durante o sexo…

Kadia a olhou com nojo, mas Lara ignorou. Ela tirou um objeto da pequena bolsa em sua cintura e colocou na mão direita de Kadia. Era a relíquia do Lich.

— O que… você…?

— Ah… Me sinto bem melhor… Acho bom usar as memórias que pegou da Joanne para relembrar como usar sua energia celestial, caso contrário seu corpo vai fazer isso sozinho e queimar toda sua energia espiritual muito mais rápido do que deveria.

Ela viu nas memórias de Joanne o que aconteceu na última vez que tocou naquilo, mas era ainda pior do que imaginou. Seu corpo naturalmente começou a tentar drenar energia da dimensão celestial para bloquear a maldição do objeto de mata-la, mas aquilo estava acabando com a energia espiritual do seu corpo muito rápido.

— Eu… Não… Consigo…

Lara olhou para ela com frieza.

— O segredo é ficar calma, quanto mais nervosa ficar mais rápido sua energia espiritual vai ser drenada. Por mais que eu não goste de você não estou fazendo isso para te torturar. Preciso de mais energia para regenerar o Arian, ele tem mais ossos quebrados do que inteiros, não vai conseguir andar tão cedo se eu não der um jeito rápido. Tive que apaga-lo o sufocando para parar de sentir dor.

Kadia parecia surpresa com o que ela disse, o que fez Lara segurar uma risada.

— Acreditou mesmo na história do sexo, né?

Kadia não prestou atenção na última frase, estava muito ocupada com a dor que o objeto em sua mão estava causando em seu corpo.

— Droga, Kadia, fica calma ou não vai me dar tempo nenhum antes de entrar no seu pagamento. Está queimando sua energia espiritual muito rápido. Respira fundo e se concentra, esse lugar está bloqueando minha conexão com a dimensão dos celestiais, se tiver que segurar a relíquia ao mesmo tempo quase não consigo curar o Arian.

Lara voltou para cima de Arian e o beijou de novo, transferindo energia celestial para seu corpo.  Kadia não aguentou muito tempo e entrou em seu pagamento, estava mordendo os lábios para não gritar, até que chegou em seu limite.

— Lara!

A sacerdotisa não respondeu e continuou se concentrando em curar o Arian.

— Lara! Por… Favor.

Ainda sem resposta. Kadia ficou nervosa e gritou.

— Lara!

A sacerdotisa finalmente desgrudou seus lábios de Arian, foi até Kadia e pegou a relíquia.

— Você é uma decepção com energia celestial…

Kadia sentiu um forte alivio assim que Lara pegou o objeto. Não só seu corpo ficou mais level, como podia respirar direito de novo.  Havia entrada em seu pagamento, mas comparado a seu estado anterior, era o menor de seus problemas. Ela então voltou a olhar para Arian, reparando melhor em seu estado deplorável.

— O que aconteceu com ele? — Kadia já estava conseguindo falar normalmente.

Lara torceu a cara pensando na forma mais curta de contar o que aconteceu.

— Muita coisa… Mas em resumo, lutou contra o Raziel e se arrebentou todo. Para piorar encontramos algumas criaturas pouco amistosas quando chegamos aqui e ele acabou coberto no sangue de um lagarto que derreteu boa parte da sua pele. O braço esquerdo ficou tão ruim que caiu. Como se isso não fosse o bastante esse lugar maldito está bloqueando minha conexão com o plano celestial. Estou usando o pouco que consigo puxara para manter a relíquia sobe controle.

— Para que estava em cima dele?

Sem saco para responder mais perguntas, Lara falou com sarcasmo.

— Tenho fetiche por sexo com gente quase morta…

Kadia ficou olhando feio para ela, até que a sacerdotisa elaborou uma resposta decente.

— Estou tentando curar ele com o pouco que resta da minha conexão com o plano celestial desde ontem a noite, mas mesmo injetando diretamente pela boca, que deveria ser muito mais eficiente, só consegui parar o sangramento, nada mais. O braço ainda está desconectado do corpo e o sangue da criatura que enfrentamos ontem continua misturado na pele dele derretendo gradualmente ela. Se tivesse me dado mais tempo talvez eu pudesse ter ao menos reconectado os ligamentos do braço… Se eu não ajeitar ele rápido vai apodrecer e ele vai perde-lo.

Desanimada, Lara deitou no chão e fechou os olhos. Seu rosto estava pálido e com olheiras visíveis.

— Minha última esperança era você acordar, segurar a relíquia por um tempo e eu cura-lo mais rapidamente enquanto isso. Mas não pensei que você fosse tão ruim nisso…

Kadia tentou ignorar a provocação e pensar em uma solução. Passou algum tempo até que algo bem simples lhe veio a mente.

— Eu… tenho uma ideia.

Lara sentou e olhou para a demônio.

— Estou ouvindo…

— Pegue um pouco do meu sangue e coloque na boca dele.

A sacerdotisa torceu a cara para a sugestão.

— Aquilo que fizeram contra os sekai? No que ele ficar mais forte por um minusculo período de tempo vai ajudar agora?

— Aquilo não faz só isso…

Lara parecia desconfiada da proposta.

— Está mesmo com medo que eu force um pacto temporário com ele?

— Para de ler minha mente, Kadia!

— Não vou perder meu tempo tentando te convencer do contrário. Mas mesmo que fosse o caso ainda aceleraria muito o processo de cura se ele fizesse um pacto comigo. Não é isso que você quer?

— Que ele fique a sua merce e tenha que obedecer qualquer ordem sua até o pacto terminar? Se já quase violentou ele só por ter entrado no seu pagamento imagino o que vai fazer se tiverem um pacto…

Kadia tentou ignorar a provocação e olhou fundo nos olhos de Lara.

— Prefere mesmo que ele morra a correr o risco dele fazer um pacto temporário comigo? Pensei que gostava dele…

Lara olhou para ela com desconfiança e depois para Arian. A sacerdotisa serrou os lábios com raiva e depois respondeu.

— Certo. O que eu faço?

— Meu sangue precisa entrar em contato com o dele, então pegue um pouco do meu sangue e coloque em qualquer parte do corpo que esteja ferida. O resto é comigo.

Lara fez um corte na mão de Kadia com sua espada, e depois deixou um pouco de sangue cair na lamina. Em seguida foi até Arian e derramou o sangue em uma ferida do braço dele.

— E agora?

— Segure ele e mantenha o braço que se separou o mais unido possível ao corpo.

Lara correu para cima de Arian enquanto Kadia fechou os olhos e se concentrou. Em seguida os olhos de Arian se abriram e ele gritou muito alto conforme seu corpo começou a se regenerar absurdamente rápido. Infelizmente não durou muito, mas foi o bastante para a pele voltar na maioria do seu rosto, que antes estava em carne viva com alguns pedaços com os ossos aparecendo.

Lara, ainda em cima dele, parecia surpresa com o resultado. Varias partes do corpo ainda estavam com feridas aparentes e nem toda pele havia voltado, mas em geral ele estava muito melhor. Até o braço havia se ligado de volta, mesmo que de forma precária, com apenas alguns ligamentos e músculos tendo se único.

— Parece que estava falando a verdade…

— Eu não sou você Lara, eu não minto para conseguir o que quero.

Lara arregalou os olhos ao notar que Kadia devia estar se referindo a alguma coisa que ela havia pensado na hora.

— Já disse para sair da minha mente!

— Não estou nem tentando… Minha habilidade funciona sozinha, esqueceu? Não é como se eu gostasse de saber tudo que se passa na sua mente, principalmente o pensamento de me matar enquanto estou debilitada.

Lara se assustou novamente do quanto ela estava conseguindo ler do que passava pela sua cabeça.

— São pensamentos soltos, todo mundo pensa em coisas idiotas que obviamente não vai fazer. Se eu quisesse mesmo te matar poderia ter feito a tempos enquanto estava desmaiada.

— Felizmente não desceu tão baixo ainda…

— Eu estou te bloqueando desde que saímos de Arcadia, se está conseguindo ler agora está fazendo algo diferente.

— Eu? Já olhou seu reflexo? Você está acabada. Não creio que esteja conseguindo bloquear muita coisa no momento.

Lara tirou sua espada e começou a caminhar até ela com uma postura ameaçadora.

— Ou você dá um jeito de sair da minha mente ou….

As duas foram interrompidas por Arian tossindo sangue. Parecia engasgado e com dificuldade em puxar ar para seus pulmões. Ele se virou para o lado e conseguiu cuspir o sangue acumulado em sua boca.

Seu coração batia rápido tentando compensar a falta de sangue e cada parte de seu corpo doía de uma forma indescritível. Ele tentou se levantar, mas Lara correu até ele e o empurrou de volta ao chão.

— Não se mexa, vai abrir os ferimentos de novo! Seja lá o que aconteceu só curou a parte mais crítica, você ainda tem ossos fraturados por todo o corpo e a parte interna está longe de ideal. Seu braço nem se fala…

Lara estava com uma das mãos segurando firme o braço esquerdo, que ainda estava tão ruim que os ossos do cotovelo estavam aparecendo.

— Mas o que… Lara você não bloqueou a energia azul?

— Eu avisei que a cada vez que fazia isso ficava menos efetivo…

Em vez da coloração normal, os olhos de Arian estavam azulados. Olhando mais atentamente era possível ver feixes de energia azul se mexendo dentro deles.

— Estou vendo tudo em azul…

— Pode ser bom. O estrago do sangue do lagarto nos seus olhos foi tão grande que duvido que já estaria enxergando sem isso. Está sentindo algo tentando dominar seu corpo?

— Não… Geralmente vou ficando com cada vez mais raiva quando a energia surge, mas agora não estou sentindo nada fora dor.

— Está parcialmente bloqueado então. O pouco que o bracelete não está conseguindo barrar da sua conexão com o espirito que fica tentando te possuir não parece ser problema.

— Ainda assim ver tudo em azul e 360º graus é horrível.

— Não vejo desvantagem em ter olhos nas costas… Na verdade bem que queria isso… — disse Lara.

— Tem o triplo de informação da minha visão normal, é extremamente confuso.

Lara estava checando o corpo dele, principalmente os reflexos.

— Parece tudo normal fora uns ossos quebrados e ferimentos. Está sentindo mais alguma coisa de diferente?

— Não consigo mexer minha mão esquerda direito.

— Claro que não… Seja lá o que você fez agora deve ter ligado os ossos e parte dos ligamentos, mas ainda vão precisar de mais tempo para se curarem completamente.

— Calma, <E>, estou te vendo.

A fantasma estava desesperadamente balançando as mãos na frente dele.

Kadia finalmente conseguiu se mexer o bastante para sentar, e então se virou para os dois.

— Agora que o Arian estabilizou, podem finalmente me dizer onde estamos?

— Fomos pegos por um portal. E quanto a onde estamos…

Arian parecia estar pensando se haveriam outras possibilidades fora a mais obvia.

— Aqui fede, só tem arvores mortas e plantas da dimensão negra, muita névoa a nossa volta e escuto uns gritos estranhos de tempos em tempos. Poderia chutar vários lugares no Sul com base nisso, mas só em um deles dizem que o céu está sempre encoberto…

— A Floresta dos Amaldiçoados… — sussurrou a demônio.

— É o mais provável… —  confirmou o guardião.

Lara se levantou e olhou para cima, pensativa. Foi quando um rugido muito alto ecoou por todo o local.

— De novo… Temos que sair daqui e achar um lugar mais seguro assim que você conseguir andar, já matei mais de 10 amaldiçoados desde que nos escondemos. Se vier um de classe alta ou seja lá o que for essa coisa rugindo, vai ser complicado…

Arian olhou para si mesmo e não fez uma cara boa. Sua armadura estava quebrada em diversas partes e cheia de fissuras em outras. Ele tentou mexer as pernas. Uma estava normal, mesmo que dolorida. A outra ele até conseguiu mexer, mas sentiu uma dor alucinante quando o fez. O braço esquerdo estava ainda pior.

Ele respirou fundo e sorriu com sarcasmo para si mesmo.

— Maravilha… Poderia ser pior…

— Sério? Acha mesmo isso? — questionou Kadia, incrédula.

— Não, mas era o que uma velha amiga falava quando a coisa estava muito ruim… Parecia funcionar para ela… Ou então ela fingia muito bem…

— Na verdade estava bem pior ontem. Ficou alucinando sem parar de tanta dor que estava sentindo.

<E> se encontrava sentada ao lado de Arian, o observando com uma cara de preocupação. Ele detestava ver ela desse jeito, mas não tinha muito o que fazer com a vida que levava. Na verdade ele estranhava ela já não ter se acostumado.

— Não lembro de muita coisa depois que meu braço caiu… Quantas vezes você me apagou?

— Umas oito? E foi você que pediu da primeira vez. Eu te enforcava até você desmaiar, mas nunca durava muito.

Kadia estava distraída olhando para o pequeno rasgo em seu espartilho e notando que havia uma ferida no peito.

— Mas o que… Quem tentou me matar?

— Raziel atravessou uma espada em você para provocar o Arian.

A demônio arregalou os olhos com o relato de Lara.

— Relaxa, não acertou nenhum órgão. Honestamente, de todos nós você é quem está em melhor estado…

— Agora entendi a dor no peito que estava sentindo… — disse a demônio, massageando o local da ferida.

Foi quando o chão novamente tremeu com um rugido ensurdecedor. Kadia levou um susto.

— Que droga é essa?

— Não sei, mas está chegando mais perto — respondeu Lara.

Arian olhou para sua fantasma.

— <E>, consegue ver algo lá fora?

A garota se dirigiu a entrada do lugar e olhou um pouco a volta. Depois fez um sinal de mais ou menos com mão.

— A neblina atrapalha… Fique de olho de qualquer forma e se ver algo se aproximando me avise.

A garota sorriu e fez um sinal de positivo com a mão. Como Arian já havia reparado diversas vezes, dado o estado corpóreo ela não tinha muito que pudesse fazer na maioria dos problemas que ele enfrentava, então sua companheira parecia se sentir muito bem quando finalmente podia ser de alguma utilidade. O guardião então começou a se auto avaliar.

— Eu me curo rápido, acho que em uns três dias consigo andar de novo… — ele tentou mexer a perna quebrada de novo e sentiu uma dor alucinante. — Talvez quatro…

— Não temos esse tempo todo. Você sangrou nesse local todo, está atraindo amaldiçoados sem parar.

Arian olhou a volta dele e de fato havia muito sangue seco em cima das pedras a volta dele.

— Maravilha… Podia ser pior…

— Pode parar de dizer isso? Se a coisa piorar mais um pouco vamos todos morrer — reclamou Lara.

— Certo, o que fazemos então? — perguntou Kadia, olhando para os dois companheiros.

— Não olhe para mim… Situações como essa são especialidade dele… — Lara apontou para Arian, que fez uma cara pouco confiante.

— Sabia que em todos os anos que passei na minha guilda nunca me deixaram liderar um grupo antes? Reprovei em todos os testes que fizeram comigo.

— Mas você é um Rank SS… — disse Kadia, incrédula com a revelação.

—  Sou Rank S… SS é devido a eu ter matado um Rank SS de verdade com essa porcaria azul que eu não controlo… Um Rank SS de verdade não quase morreria derretido para um lagarto amaldiçoado… Olha o Raziel, por exemplo, aquele é um rank SS de verdade, em uma tabela eu provavelmente estaria entre os mais fracos existentes…

— Tá, Tá… Já acabou com a auto-depreciação? Precisamos do Arian confiante agora. Se vai ficar resmungando chama sua outra metade sarcástica.

Arian riu do pedido.

— Ele não gosta de sentir dor… Nunca que vai aceitar trocar comigo…

— Que seja, você ainda é um rank S que já trabalhou para o exército e ficou anos em uma guild, não é possível que não consiga pensar em uma saída — disse Kadia.

Arian ainda parecia pouco confiante.

— Esqueça esse negócio de ranks… Eles não tem nada a ver com capacidade de liderança… Segundo a líder do grupo com que passei mais tempo eu sou muito útil sendo comandado, mas imprevisível e irresponsável demais para me responsabilizar por pessoas. Se a Lara lembrar o que aconteceu com o terceiro membro da nossa aventura contra os Goblins vai ver que ela tem razão… Aquela não foi a única vez que algo que tentei liderar deu errado… Longe disso…

— Dane-se sua líder ou como te avaliaram! Eu passei a maioria dos anos da minha vida presa em um castelo em Moonsong e depois presa em uma escola de sacerdotes no Sul, e essa demônio tem a confiança de um coelho acuado para tomar decisões que envolvam a vida dos outros. Você é o melhor que temos aqui para esse tipo de situação, então para se choramingar e pense em alguma coisa ou vamos todos morrer!

Por mais que Arian não quisesse admitir, Lara tinha razão, ele ficar ali só resmungando não ajudava em nada. Ele olhou um tempo para cima, tentando lembrar de tudo que podia sobre situações semelhantes aquela.

— Primeira precisamos ter um conhecimento melhor dessa área e seja lá o que está rugindo. Por sorte temos uma fantasma que consegue ver bem mais longe que uma pessoa normal. Ela pode achar uma saída daqui se encontrarmos um local alto o bastante para nos aproveitarmos da visão de longo alcance dela.

— Bem útil isso… — disse Kadia.

— Sim… Mas a visão dela é bloqueada como a de qualquer pessoa, seja por arvores ou montanhas que estiverem na frente… Sempre achei que é por isso que ela gosta tanto de lugares altos…

Lara riu da constatação, ao mesmo tempo que Kadia fez uma cara confusa com o que viu na mente dela.

— Já disse para sair da minha cabeça, Kadia…

Arian não entendeu o que estava acontecendo ali, mas deixou para lá e resolveu focar sua atenção no morro ao lado deles por um tempo.

— Qual a altura desse morro?

— Não consegue ver?

— Não, minha visão está limitada a cerca de 20 metros de distancia com essa porcaria azul. O estranho é que geralmente isso me permite ver bem mais longe que o normal… O bloqueio da Lara deve estar afetando o alcance.

Kadia olhou para cima.

— Não é muito alto, cerca de 40 metros no máximo.

— Consegue subir ao topo?

— Acho que sim. Só espera eu conseguir andar direito que testo.

— Sozinha eu sei que consegue. Mas tem que me carregar junto para a <E> ver algo lá de cima.

Kadia olhou para cima estudando a possibilidade. O morro era bem inclinado e quase todo coberto de pedras que pareciam bem escorregarias.

— Lara, você está exausta, se não dormir um pouco vai ser mais inútil que eu caso sejamos atacados — disse Arian.

Lara não retrucou, só pegou a lamina de sua espada e olhou seu reflexo nela. Pela cara de susto que fez ela mesma não esperava que estivesse tão ruim.

Kadia se apoiou no chão e finalmente conseguiu ficar de pé.

— Vou ficar de vigia. Vocês dois descansem… Arian, me passe uma das suas espadas de prata.

— Estão no chão perto de você.

Ambas estavam cravadas no corpo de um amaldiçoado morto.

Ela pegou as espadas e então sentou perto da entrada do local.

Lara finalmente conseguindo relaxar, deitou ao lado de Arian e em seguida apagou.

Quase um dia inteiro se passou até que ela acordasse de novo. Despertou com o barulho de Kadia e Arian descendo do morro. A demônio saltou de uma pedra e caiu na frente de Lara.

— Ai! — reclamou Arian, que estava nas costas da demônio e com o braço em melhor estado a volta do pescoço dela.

Ambos pareciam desconfortáveis com a situação, mas não era isso que deixou Lara nervosa.

— Vocês subiram lá e me deixaram sozinha aqui?!

— Você estava exausta, não queríamos te acordar. E dava para ver se alguém chegasse perto desse local lá de cima.

Ela não pareceu muito satisfeita com a justificativa mas acabou deixando para lá ao notar a pilha de corpos de amaldiçoados do lado de fora do caverna improvisada onde estavam.

— Que aconteceu enquanto eu estava apagada?

— Fomos atacados algumas vezes. Achei até estranho você não acordar com o barulho — disse Arian, mancando até perto de Lara e sentando ao lado dela. — Kadia subiu o morro em dois saltos. A energia da dimensão negra ser mais forte aqui parece estar aumentando bastante as habilidades físicas dela.

— Não só físicas… Isso explicaria ela lendo a minha mente… Descobriram algo lá em cima pelo menos?

— Nada muito animador… As arvores cercando esse local são muito altas e bloqueiam a visão da <E>. De bônus tem a neblina espessa nessa área que impede a visão da arvore gigante da floresta de Ask, o melhor ponto de referência que poderíamos ter.

— O que fazemos então? — questionou Lara.

— Seguimos em qualquer direção e o mais reto que der até sairmos daqui.

— Tem certeza? Não existe o mito de que quem entra na Floresta dos Amaldiçoados nunca mais consegue sair? — disse Kadia.

— É só uma história para assustar crianças…

— Então como nunca vimos ninguém que entrou aqui falar o que encontrou? Nunca vi livros sobre isso… — disse Lara.

Arian não teve como contra argumentar isso, mas insistiu.

— Olha, não temos outra opção, temos?

“Não vão para as arvores…”

Lara e Kadia olharam ao mesmo tempo na direção da voz.

— De onde veio isso? — perguntou Lara.

— Veio o que? — falou Arian.

— Não escutou nada?

— Não

— Eu escutei — falou Kadia.

— Estranho…

— Talvez seja um ser que só possa ser escutado por mulheres — cogitou Kadia.

“Vocês tem que sair dai, agora! Ele está a caminho!”.

— De novo — Lara parecia estar procurando a origem da voz a volta deles.

— O que está dizendo?

— Que temos que sair daqui, e rápido — disse Kadia.

— Nisso eu concordo.

“Para cá. Venham para cá”

— Está dizendo para irmos para lá.

Kadia apontou na direção da voz.

— Pode ser uma armadilha —  argumentou Lara.

— Lá não é o local que a <E> sinalizou ter algo? — perguntou Kadia.

— Sim, uma construção…

— E então? — questionou Lara.

— Vamos na direção da voz. Se tiver algo errado a frente <E> vai conseguir ver e nos avisar.

— Já consegue andar?

— Muito mal… Vou precisar me apoiar em uma de vocês.

Lara foi até ele rapidamente e colocou o braço bom dele a volta do pescoço dela.

— Vamos lá.

— Não é nada pessoal, Lara, mas acho que é melhor a Kadia fazer isso.

Ela olhou para ele sem entender.

— Por que?

— Ela é mais forte, pode me carregar com facilidade, e em termos ofensivos essa sua espada é bem mais útil que as duas de prata que ela está carregando. Não sou o melhor líder do mundo, mas qualquer idiota sabe que te cansar tentando apoiar alguém bem mais pesado enquanto uma demônio com super força pode fazer isso fácil, é burrice.

Lara fez uma cara feia, mas não tinha como contra argumentar.

— Tudo bem, Kadia?

Pela cara dela não parecia muito a vontade com a proposta, mas acabou concordando.

— Ah.. Certo…

Ela colocou o braço ruim de Arian a volta do pescoço dela e eles começaram a andar. Ela estava bem corada.

— Desculpe…

Kadia olhou para ele sem entender.

— Está no seu pagamento ainda? Deve ser desconfortável.

— Na verdade é bastante prazeroso, o problema é eu me controlar para não te atacar, de novo…

Kadia fez uma cara triste ao dizer aquilo, para a profunda confusão de Arian.

Eles seguiram viagem com <E> apontava os caminhos com o menor número de amaldiçoados e Lara matava os poucos que não tinha como evitar. Kadia seguia um pouco atrás com Arian.

Todo o local mantinha o padrão de terra úmida e muitas pedras. O terreno era relativamente plano, com algumas pequenas montanhas e plantas estranhas da dimensão negra a volta. Em certo ponto encontravam resquícios de um pequeno vilarejo a muito abandonado.  Perto de um quarto do dia se passou enquanto eles seguiam vagarosamente por causa do estado de Arian.

— Quanto tempo até chegarmos lá?

Arian olhou para <E>, que pensou um pouco e levantou três dedos.

— Perto de três dias nessa velocidade.

— É tempo demais… E não comemos nada a 2 dias, só estamos usando a água da dimensão azul para nos manter.

— Não temos muita escolha, nada aqui parece comestível… — disse Arian, olhando o terreno a volta deles.

— Na verdade tem algumas plantas da dimensão negra que são comestíveis sim, só não sei se é o caso para humanos também…

— Bem, se a situação ficar crítica usamos isso — disse o guardião.

— Teoricamente eu posso compensar nutrição com energia celestial, mas minha conexão está fraca demais para eu fazer isso por todos nós.

— Se conseguir manter a si mesma já está de bom tamanho. Eu aguento mais dias que um humano normal sem comer.

— Eu não…

— Come uma daquelas plantas que falou se ver outras pelo caminho então… Tem uma outra opção mas só vamos usar quando não sobrar mais nada.

— Qual seria? — questionou Lara.

Arian parecia estar tentando encontrar a forma menos nojenta de dizer aquilo.

— Eu e Kadia… Bem… Nos regeneramos rápido se tivermos uma parte pequena do músculo do braço ou perna cortado…

Lara e Kadia arregalaram os olhos encarando o guardião, enquanto o grupo continuava a caminhar.

— Ficou maluco?

— Preferem morrer?

— Já teve que fazer isso antes?

— Eu prefiro não falar sobre isso…

Kadia estava fazendo uma cara de nojo olhando para Arian. Ele sabia bem o motivo.

— Eu não ligo que esteja lendo minha mente, mas eu não ficaria vendo essas memórias se fosse você.

— Eu acho que prefiro morrer…

— Acredite… Quando a gente fica com fome de verdade, faz e come coisas que não acredita… E acha gostoso ainda.

— Dá para pararmos de falar sobre isso? — disse Lara, olhando para trás.

— É um bom preparo psicológico de qualquer…

Arian foi interrompido pelo chão tremendo unido ao rugido de uma criatura que devia ser enorme pelo barulho que fazia.

“Rápido! Ele está se aproximando!”

— A voz disse que precisamos ir mais rápido.

— Bem que eu gostaria… — disse Arian.

Kadia olhou para ele pensativa.

— Posso sugerir algo?

— Estou ouvindo…

— Que tal eu te carregar?

— Por mim tudo bem, mas você já parece incomodada só comigo me apoiando? Pensei que era o pagamento, mas você já parece ter saído dele e continua me olhando de forma estranha.

— Não tem nada a ver com você se apoiando, é que… — Kadia ia dizer algo mas desistiu.

— Ah não, estou de saco cheio desse climão. Já vi isso acontecer um bando de vezes e sempre acaba mal. Se eu te fiz algo fala que a gente resolve.

— Você fez…? Eu que te ataquei!

Arian estava incrédulo ao finalmente entender qual era o problema.

— Espera… Está me olhando assim desde que acordou por causa do que aconteceu no acampamento?

— Eu te violentei…

— Com um beijo?

— Sem consentimento…

— Olha, eu não me importo… Mas se está te incomodando tanto, ou você pede desculpas e acabamos com isso ou posso forçar um beijo em você e ficamos quites…

Kadia olhou feio para Arin. Não só ela, <E> e Lara estavam querendo matar ele com os olhos também. O clima aliviou quando a demônio deu uma risada e pareceu finalmente relaxar.

— Bem… Desculpe por aquilo então, de verdade.

— Desculpas aceitas. Podemos voltar ao normal agora?

Kadia fez um sim envergonhado com a cabeça e os dois apertaram as mãos.

— Espera… Você gostou daquilo?

— Para de ler minha mente…

— Desculpe… — disse a garota, sorrindo com uma mistura de vergonha e contentamento.

Lara estava olhando para os dois com cara de quem queria vomitar.

— Certo, como quer me carregar então? Nas costas de novo não, por favor, você fica segurando bem onde minha perna está fraturada e eu quase desmaiei de dor quando subimos a morro.

— Certo… Que tal isso?

Kadia pegou Arian e colocou ele deitado em um dos ombros, enquanto um dos braços dela segurava em volta das pernas dele.

Eles andaram por mais algum tempo, agora bem mais rápido, enquanto Arian soltava resmungos constantes.

— Qual o problema? — questionou Lara, cansada de escutar ele reclamando.

— Ele está bem, só esperava que fosse mais confortável mesmo.

Kadia tentou ajustar a posição dele.

— Ao menos sua leitura de mente serve para poupar minhas cordas vocais… Ai!

— É tão ruim assim?

— Muito! Aperta meu abdomen e meu braço quebrado fica batendo nas suas costas. Carreguei pessoas assim por anos, mas não sabia que era tão desconfortável.

— Bem, aguenta ai, porque a outra opção é ser carregado no colo…

— Não te incomoda ter uma bunda ao lado da sua cara?

— É uma bela bunda.

Lara se virou pasma e Arian também parecia surpreso com a resposta.

—  Está no seu pagamento ainda, não é?

— Talvez… — disse a demônio, com um sorriso malandro no rosto.

Arian podia jurar que não estava.

— Ai… Acho que quero arriscar o colo…

— Sério…? Então tá.

Kadia o segurou com os dois braços, como se fosse um bebe gigante. Os dois se encararam por um tempo, até que ela não aguentou e teve que debochar da situação.

— Quem diria que a princesa que carregaria o príncipe…

— Que coisa estranha… — disse Arian, olhando para si mesmo e depois para Kadia, com o rosto logo acima dele.

Lara parecia cada vez mais infeliz com aquilo.

— Acho melhor vocês voltarem para a posição anterior.

— Que nada, ele gostou dessa…

— Ei, se acalma com a leitura de mente ai… — reclamou Arian.

— Você é muito estranho. A maioria dos homens estaria muito envergonhado de ser carregado por uma mulher.

— Por que? Eu estaria mais desconfortável sendo carregado por um homem.

Eles andaram por mais algum tempo, já estava começando a anoitecer.

— Quanto tempo nesse passo?

— Segundo a <E>, mais um dia.

Eles dormiram nas ruínas de uma pequena casa feita de pedra que acharam e voltaram a caminhar no dia seguinte, enquanto os rugidos ficavam cada vez mais altos.

Kadia continuava a carregar Arian no colo, e ele parecia cada vez mais a vontade com a situação. Em certo ponto ela deu uma risada e olhou para ele.

— Fala logo, está pensando nisso desde ontem.

— Por que você está cheirando tão bem? Está quase anulando o odor de carne podre ao nosso redor.

Lara olhou para trás incrédula com a conversa, mas não tinha muito tempo para reclamar enquanto tentava manter sua atenção nos contantes ataques de amaldiçoados de baixo nível.

— É da minha raça, exalamos um cheiro que parece muito atrativo para os homens… A parte estranha é você não ter reparado até hoje… Aqui está mais forte que o normal devido a quantidade de energia da dimensão negra que estou recebendo.

— Então era isso… Quando nos conhecemos achei que você vivia se enchendo de perfume… Mas quanto aos efeitos, devo ter resistência…

— Não está tentando me beijar ou me apalpando, então com certeza tem. Isso faz muito mais do que só parecer um cheiro bom.

— Você pode controlar?

— Posso aumentar ou reduzir o efeito, mas parar totalmente é impossível.

— Curioso… Mas o cheiro é bom… Só falta um travesseiro e conseguiria até dormir…

Arian olhou de um lado para o outro. Parecia estar pensando em algo.

— Pode. — disse a demônio.

Ele olhou para ela sem entender.

— Posso ler sua mente enquanto estou encostando em você, lembra?

— Ah…

Arian estava pensando se ficaria mais confortável apoiando a cabeça para o lado no peito de Kadia. Com a permissão dela, ele mandou ver e acabou quase dormindo, o que não podia fazer porque elas dependiam dos avisos da <E> sobre qualquer coisa a frente e que direção seguir.

Já estava começando a anoitecer quando viram um enorme castelo em ruínas ficando mais nítido a frente deles. A volta dele estavam ruínas de uma cidade a tempos abandonada.

— Então era essa a tal construção… As ruínas de Celestia do Sul… Estamos mesmo na floresta dos amaldiçoados. No centro dela para ser mais exata. — disse Lara.

— Ainda não consigo ver nada distante… Os celestiais viviam aqui? — perguntou Arian.

— Não exatamente… Alguns humanos descendentes de celestiais, ou meio-celestiais, se juntaram e formaram um pequeno reino aqui antes da guerra entre Sul e Norte começar. Os celestiais gostaram da ideia e começaram a usar o local como base intermediaria, inclusive com um deles acabando por ficar por aqui e se tornando o Rei — disse Lara, lembrando de suas aulas de história — No ápice da guerra toda essa área acabou destruída e amaldiçoada pelo Lich.

Eles andaram pela cidade abandonada em direção ao castelo, até que Kadia viu algo que não gostou.

— Aquilo é um fosso?

— Está mais para um desfiladeiro… O castelo de Celestia do Sul é todo cercado por um vão de mais de 200 metros de profundidade e 50 metros de uma ponta a outra. Você só entra lá se baixarem a ponte do castelo ou tiver asas.

Eles andaram um pouco mais, até que o desfiladeiro começou a ganhar forma. A ponte que permitia a passagem de um lado a outro do penhasco estava abaixada, mas só puderam ver os pedaços que restaram dela de ambos os lados, a parte sobre o abismo já havia despedaçado e caído no fundo faz tempo.

— E agora?

— Vamos dar a volta nele. Deve ter uma parte menos distante que dê para a Kadia saltar levando um de nós de cada…

Arian foi interrompido por <E>.

— O que foi?

<E> estava puxando Arian e apontando para trás. Ela fez um bando de gestos até ele entender.

— Não estou vendo nada lá. Alguém está vindo?

Um rugido ecoou por toda a área. Era tão alto dessa vez que eles tiveram que colocar a mão nos ouvidos. Em seguida começaram a escutar muitas pessoas correndo.

— Quantos são?

— Pelo barulho, muito mais do que dê para contar…

— Arian, está vendo aquilo?

— Não, mas pela sua voz e a cara da <E> não parece nada bom.

Kadia e Lara estavam boquiabertas, mas não era com o exercito enorme de amaldiçoados correndo em direção as ruínas da cidade, e sim com uma sombra colossal que podia ser vista atrás deles, encoberta pela neblina. A cada vez que ela dava um passo o chão tremia.

— O que é aquilo…?

A criatura atrás do exército de amaldiçoados rugiu e abriu suas gigantescas asas, dissipando parte da névoa que a estava encobrindo. O corpo era quase todo negro com algumas partes esverdeadas. Os olhos verdes brilhantes chamavam bastante a atenção, assim como as asas e altura descomunal que passava facilmente da montanha que Kadia escalou. Embora até hoje fosse apenas uma lenda para ela, Lara não teve dúvidas do que era. Com uma voz cheia de pavor ela disse o nome da criatura.

— ArcFall, o dragão amaldiçoado…. Estamos mortos…

Próximo: Capítulo 27 – A Espada de Celestia

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PS: O capítulo ainda não passou pelo revisor, então pode conter alguns errinhos.