Araburu Kisetsu Otome-domo yo | Sexo e os medos da vida adulta – Impressões Semanais

Amadurecimento é uma fase da vida da qual você não pode fugir. Não importa o que tente, cedo ou tarde vai ter que encarar o mundo como ele realmente é, e aceitar as coisas do jeito que são.

Araburu Kisetsu Otome-domo yo trás uma proposta centrada nisso, mas usando de forma inteligente um tema bem complexo de lidar.

O bendito sexo.

Ideias ligadas a sexo são complicadas de lidar porque acaba, quase sempre, caindo em um espécie de tabu em muitas obras.

Ou são usadas como uma forma de puxar fanservice/apelar para “maturidade”, ou acabam indo para o lado do alivio cômico e perdendo boa parte da utilidade em uma abordagem interessante do assunto.

Como principal ponto positivo da estreia de Araburu Kisetsu eu destacaria justamente o bom uso desse tema controverso.

Não existem fanservices com ângulos precisos, ou cenas explicitas que gritem: “Olha, isso aqui tem sexo”. Tudo é tratado com maturidade e seriedade, reforçando aspectos que a narrativa busca apresentar.

Ainda existe um tom de piada nas reações da garota de óculos, mas a negação dela em aceitar as relações sexuais das outras garotas é o que realmente importa ali.

Se bem que nem dá para culpar a coitada.

É difícil aceitar, diria até um pouco revoltante, que você está ficando para trás, que ainda é o mesmo de ontem e que ainda lhe falta algo para ser alguém “maior”.

O sexo é um marco na vida de todas as pessoas, algo que separa as crianças dos adultos em um sentido não só biológico, como também social.

Talvez a aparente “dor de cotovelo” da garota de óculos deixe isso muito subjetivo, mas o choque de realidade da protagonista no final do episódio coloca as coisas em panos limpos.

Ela tinha plena consciência de que seu amigo de infância tinha crescido e ficado maior, mas foi só depois do flagrante que se deu conta de que ele não era mais criança.

As suas tentativa  em negar a situação caem naquilo que falei mais acima. A maturidade é algo inevitável, e o sexo faz parte disso, tanto quanto arrumar um emprego ou ficar mais alto.

A enxurrada de duplo sentidos que ela começa a ver durante a fuga é outro parte desse processo que é necessário passar.

Acho que a maioria já deve ter esbarrado em um daqueles memes de facebook mostrando uma cena de uma desenho da infância com uma conotação sexual quase absurda.

Esse pensamento “malicioso” foi algo que você adquiriu com o tempo, por isso passou a enxergar aquilo com outros olhos.

Pensar em sexo não te torna um maníaco tarado (bem, dentro de certos limites, claro), mas sim indica que você está pronto para dar um próximo passo no seu crescimento como pessoa.

Haja naturalmente.

Eu espero muito poder ver esse tipo de ideia sendo construida durante o anime, principalmente por algumas personagens já demonstrarem ter uma certo interesse nesse sentido, como é o caso da garota de cabelos loiros.

A condição que ela cria ao fazer aquela declaração, além, claro, de insinuar uma possível morte, deixam um potencial incrível para ser trabalhado na personagem.

Sua personalidade também é outro ponto interessante, já que ela vai direto ao ponto sobre o assunto, evitando que isso se desdobre muito em piadas, ou perca o foco necessário.

E ainda tem umas ideias curiosas.

Araburu Kisetsu Otome-domo yo se mostrou uma estreia bem promissora, trazendo uma abordagem bem madura sobre o tema que pretende apresentar na história. Agora é torcer para Mari Okoda conseguir tirar o melhor da obra e entregar um bom desenvolvimento e amadurecimento por parte das personagens.

Extra

Tarde demais, moça.

É meio difícil pegar as piadas disso por ter vários contextos,mas eu ri dessa.

A 5º série vai a loucura.

Dá para sentir ele desejando ser reencarnado em um isekai genérico só para fugir dali.

Marcelo Almeida

Fascinado nessa coisa peculiar conhecida como cultura japonesa, o que por consequência acabou me fazendo criar um vicio em escrever. Adoro anime, mangás e ler/jogar quase tudo.