Dororo #08 – Impressões Semanais

by Marcelo Almeida · fevereiro 26, 2019

É curioso como Dororo consegue usar os clichês e situações previsíveis para funcionarem ao seu favor.

Uma das primeiras coisas que pensei quando o episódio começou foi que iria rolar toda aquela epopeia sobre salvar a garota do seu fatídico destino em ser um sacrifício, mas acabou que poucos minutos ela tinha sido devorada e tudo ficou com aquele ar inesperado.

Isso é interessante porque cria uma condição de dúvida em quem está assistindo. Em vista do que já foi mostrado na história, a garota ter sido devorada não seria estranho, mas no fundo, ainda fica aquela dúvida se tudo iria terminar assim, daquele jeito, ou se daria para ela ser salva.

Acabou sendo a segunda alternativa que, admito, me deixou um pouquinho decepcionado por terem revertido tudo.

Poderiam ter deixado essa visão mais realista sobre o sacrifício inútil da garota, e criado um efeito mais dramático sobre o garoto ter ficado sozinho, mas, mesmo que a quebra de expectativa tenha tido uma quebra de expectativa, o episódio em si foi bom.

Dá para deixar o lado sádico de lado um pouco.

Já aproveitando para falar do episódio como um todo, ele foi bem mais simples que os outros em termos de narrativa. Não teve nada muito complexo por trás, como por exemplo uma discussão sobre o sacrifício que a garota estava fazendo, ou sobre a prática daquele costume.

Sacrifícios do tipo podem não ser comuns, mas também não eram totalmente estranhos a cultura oriental, então talvez daí essa naturalidade em que os personagens trataram o acontecimento.

Mas ainda assim, seria legal ver um pouco de discussão sobre esse comportamento e crendice, principalmente pelo fato do Dororo reagir a maioria das injustiças daquele mundo.

O mesmo vale para a perseguição que o garoto sofria. Ambos são temas e ideias que dariam para ter um pouco mais de debate em cima, mas que acaba sendo meio superficiais aqui, o que não vinha sendo o caso nos outros contos.

Podiam ter entrando mais afundo sobre esse “oportunismo”.

Por conta disso, o episódio acaba sendo bem mais focado no desenrolar da luta, o que em si é bem legal, já que trás uma condição inesperada para o Hyakkimaru.

Eu vinha esperando que os sentidos que ele vinha recebendo fossem prejudicá-lo, mas acabou que um dos mais usados por ele se tornou o grande vilão da vez, prejudicando a sua percepção do inimigo

A forma como ele contornou a situação foi inteligente, por mais que no fundo eu fiquei com a sensação de que, se ele não estava enxergando nada, acertar a flecha também seria complicado, mas dá para relevar sem grandes problemas.

A luta em si também teve uma movimentação bem interessante, me lembrando um pouco do confronto contra um dos Colossos de Shadow of the Colossos (na verdade, Dororo tem muitos aspectos que me lembra esse jogo xD).

E por final temos Hyakkimaru recuperando seu olfato e entregando uma cena bonitinha onde diz pela primeira vez o nome do Dororo.