Tada-kun #01 a #03 – Como fazer um clichê

Primeiramente, quero deixar claro que não vou comentar  os episódios Tada-kun  semanalmente. Segundo, este anime esboça bem que os clichês não tornam uma obra ruim, mas sim a forma como eles são aplicados.

E definitivamente a história de Tada-kun não tem nada de inovador ou especial, sendo exatamente o contrário, ela é cheia de premissas bastante genéricas.

Mas então, porque a obra consegue agradar um número considerável de pessoas sendo praticamente previsível?

A primeira resposta para esta pergunta é elenco carismático. Mesmo que boa parte dos personagens de Tada-kun apresentem construções padrões para comédias românticas, a interação entre eles gera carisma e acaba sendo funcional.

Além disso, o casal principal possui uma boa dinâmica que acaba  perpassando simpatia mesmo que não apresentem nada que lhes confere algum destaque.

E as viagens da Tereza fazem a relação ser engraçada

Sendo portanto um casal que constrói situações agradáveis e possuem um relacionamento que soa a maior parte do tempo bem natural.

E esta naturalidade entre os dois também se mantém mesmo quando alguns momentos são forçados pelo roteiro, como as coincidências arranjadas para inserir o casal.

Contudo, vale notar que o recurso de acasos também não foi utilizado apenas para juntar os protagonistas, mas empregado para gerar um momento cômico no desfecho do episódio .

A segunda resposta para a pergunta feita no post: Narrativa mais suave, sem extrapola muito nas situações mais cômicas, mesmo nos episódios que são mais movimentados, além de um ritmo com as transações bem disposto que cadencia a narrativa.

Isto garante que mesmo com as conveniências do roteirista, o anime perpasse uma sensação de leveza e um clima divertimento que acaba relaxando e agradando o público.

A personalidade dos protagonistas também não é tão exagerada, apesar deles apresentarem alguns comportamentos que fogem da curva de normalidade (sim, estou olhando para você Teresa e seu Rainbow Shogun).

Diria que eles são “esquisitos” nos momentos certos e na medida certa, ou seja, este diretor tem uma boa noção de quando desencadear momentos mais nonsense e quando caminhar a trama de forma mais séria.

Piada clássica engatada na hora certa, funcionou comigo

Além disso, ele realmente não força demais as personalidades dos personagens ao seu extremo (até porque algumas já são escrachadas e se exagerasse mais…), a exemplo, o Tada-kun é muito sério, mas não ao ponto de ser totalmente apático como poderia ser em outras obras.

Ele interage tranquilamente com a protagonista e os demais amigos e também esboça reações de felicidade, ou surpresa, como qualquer ser humano com personalidade mais  introvertida sem problemas psicológicos se comportaria.

Por que sério, ninguém merece um protagonista que é uma pedra de gelo, grosso e complexado, ou que seja igual aqueles seres sem expressão e sentimentos, completamente estáticos.

Enquanto os outros personagens da obra? Como disse anteriormente, eles também não apresentam uma construção fantástica ou fora do comum, mas juntos apresentam uma boa química.

E mesmo os personagens com personalidades mais extravagantes e caricatas como o amigo do protagonista são utilizados na hora certa e na ocasião mais apropriada.

Mesmo que eu não goste muito desse tipo conceitual de personagem para suporte,  estou torcendo para que esta postura do amigo dele seja uma fachada para alguém bem mais maduro.

Basicamente estou apostando que este comportamento é algo relacionado ao passado e uma forma de tentar consolar Tada do que realmente seja a personalidade real do Ijuuin.

Por favor, que tua personalidade excêntrica tenha algo relacionado a isto

A terceira resposta para esta pergunta é inserção de drama, mas ele é bem contido. Esta história poderia ser um verdadeiro dramalhão e provavelmente vai ter umas partes mais densas posteriormente.

Contudo, o diretor esta apostando em sutilezas do que em uma exposição extremamente aberta do passado e drama interno dos personagens. Inclusive parabenizo a produção pelo uso bem empregado de flashbacks.

O flashback é um recurso valioso para imergir as pessoas no psique e histórico de um personagem e em Tada-kun eles são utilizados inclusive na opening para salientar algumas subtramas que serão trabalhadas no decorrer da história.

Mas aqui o interessante é que ao invés de trabalharem com um episódio inteiro de flashbacks, eles são dados picados e de forma gradual durante as narrativas.

O que é bem mais dinâmico, orgânico e funcional, além de já começarem a deixar algumas informações bem entregues ao público.

A quarta resposta já salientada no inicio deste post: uso bem empregado dos clichês. Tada-kun é cheio de fórmulas clássicas para obras Roncom.

Como a situação do beijo indireto introduzido no episódio de Nyanko Big (inclusive fiquei surpresa de usarem o mascote pra narrar este episódio, apesar de não ser novidade, não é tão comum em animes).

Gostei como desdobraram isto sem exagerarem em reações absurdas e ridículas

Em outras obras, eles puxariam para uma reação muito mais espalhafatosa da protagonista feminina. Contudo, optaram por uma situação de hesitação e constrangimento mais contida, o que fez o desdobramento soar mais normal.

Além de quebrar pelo menos um pouco com o clichê, já que ela também acabou bebendo tranquilamente da xícara depois, mesmo estando um pouco pensativa.

E este é o ponto chave para estruturar uma boa narrativa, mesmo que ela não tenha nada de inovador. Use bem os recursos narrativos, nada impede o roteirista de inserir clichês, mas deve saber a hora certa e como fazê-lo.

O uso indiscriminado de clichês podem estragar uma obra, mas se usada de forma mais criativa (como a situação do guarda chuva no episódio um) ou de uma forma menos escrachante (como o beijo indireto), pode até criar um ambiente agradável na obra.

Quinta e última resposta (que está sendo realizado lentamente): Desenvolvimento de enredo e personagem. Pelo menos um pouco, vejo uma certa preocupação do roteirista e diretor de Tada-kun em expor um pouco mais do elenco.

O que é bem demonstrado com o uso de flashbacks, pequenos diálogos ou situações que vão lapidando ou jogando pequenas informações do elenco ao público.

Os pontos importantes são tratados com delicadeza e expostos de forma mais suave e natural, sem forçar nada

Não é aquele trabalho psicológico que te deixa boquiaberto, mas percebemos uma história progredindo e não ficando estática (né fairy tail?). Se os personagens permanecem os mesmos do início ao fim, não são vivos, mas objetos superficiais.

Em suma, é necessário que seu elenco mude com o decorrer da progressão do enredo. Não precisa ser mudanças muito bruscas, mas aquela pequena mexida na mentalidade ou na percepção de vida já colaboram para realizar uma transformação.

Curiosamente observei que em Tada-kun o diretor ainda não usou monólogos internos para expor os sentimentos e dúvidas dos personagens. Por enquanto está utilizando apenas das expressões e das situações pra transmitir isto, ou seja, esta empregando mais a linguagem corporal.

Eu acredito que em algum momento ele utilizará o recurso, mas seria interessante se ele mantivesse a perceptiva assim, focada nas ações e nas expressões e só utilizasse quando fosse fazer episódios na visão do Nyanko.

Concluindo, Tada-kun se mostra nestes três episódios uma comédia romântica genérica, mas agradável por aplicar clichês  de forma um pouco mais criativa ou cômica, sem apelar pra uso obsessivos do recurso.

Se mantendo com uma narrativa mais tranquila e bastante suavizada, o que casa bastante com a temática e própria ambientação do anime relacionada a um tipo de amor mais delicado e súbito com aroma de primavera.

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E você, que nota daria aos episódios?

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#Extra

Este gato definitivamente …

….é o melhor mascote do ano hahahaha

E com toda a certeza, os gatos aprovam este episódio XD

 

Sirlene Moraes

Apenas uma amante da cultura japonesa e apreciadora de uma boa xícara de café e livros.