Dies Irae #06 a 11 – Impressões

Primeiramente, peço desculpas a quem estava aguardando as reviews semanais de Dies Irae. Infelizmente tenho prioridades mais importantes (e chatas), mas acredito que a parte ruim já passou, tanto que vocês estão lendo isso agora.

Ter perdido a frequência semanal das reviews acabou também sendo uma perda da chance de manter qualquer um que estivesse confuso atualizado com o que estivesse acontecendo no anime. Considerando as revelações e twists que vieram nessa segunda metade do anime, deve ter sido ainda pior. Então caso tenha alguma dúvida não esclarecida aqui no post, sinta-se livre para perguntar nos comentários.

Resumindo bem resumidamente, essa segunda metade do anime foi basicamente uma grande bagunça. Como fã da Visual Novel, a cada episódio que passava eu sentia mais que o anime estava sendo feito mais como um fanservice para os fãs do que algo para quem não conhece a obra original, o que por si só já seria errado. No entanto, o maior problema foram as mudanças no roteiro para que fosse possível a obra ser, de fato, fanservice para quem já conhece a VN. Muitas cenas mal colocadas e sem sentido pra quem só está assistindo ao anime, o que já estava confuso antes (Não necessariamente por falta de explicação) ficou ainda pior.

A animação durante as lutas continua a acertar muito pouco, sempre tem alguns momentos onde as cenas de ação são até bem feitas e animadoras, mas isso costuma durar apenas alguns segundos em lutas que duram alguns minutos. Ao longo prazo, a animação acaba decaindo e, mesmo com a ótima trilha sonora, as lutas acabam sem passar muita emoção. Eu imagino que mesmo com uma animação fraca, se fosse bem feito, o contexto e outras circunstâncias por trás de muitas lutas as fariam bem mais impactantes, mas infelizmente é só um caso de “e se…”.

Já tivemos garota-aranha antes, agora temos garoto-aranha também. #igualdade

No entanto, algumas vezes realmente parece que eles estão tentando. A limitação no tempo que eles tem disponível por episódio acaba deixando as coisas um pouco mais superficiais do que deveria, mas ainda há a tentativa de te fazer se importar com os personagens, ou refletir sobre temas e filosofias abordados. Como por exemplo, terem gastado boa parte de um episódio para desenvolver a Marie e sua relação com o Ren, o que faria cenas de 2 ou 3 episódios depois serem mais significativa. Sendo uma das armas amaldiçoadas, a Marie era como uma casca vazia, se me permite a metáfora, e ao ser atravessada pela lança do Reinhard, o buraco aberto permitiu a entrada do que havia no “exterior”. Nesse caso foram os sentimentos, e desde que ela voltou para o Ren, ela vem aprendendo a sentir, seja a sentir medo de alguém como o Reinhard, angústia por passar a entender pelo o que o Ren passava em cada luta ou amor pelo próprio.

Tudo que eu disse acima estava compreensível no anime, mesmo que tivesse sido feito de maneira sútil o bastante para passar direto pela cabeça de muita gente. O que não estava tão compreensível assim era a questão da linhagem da Rea e da Kasumi. A maneira que foi explicada (Ou não) com flashbacks corridos jogados aqui e ali, além de algumas conversas feitas de maneira confusa, provavelmente foi um pouco difícil de entender. A relação da Lisa com a Rea e a Kasumi sendo revelada como ela sendo bisavó das duas ficou sem impacto, tal como a história dela tendo filhos gêmeos do Reinhard (Com seu corpo sendo usado através do poder dela), Isaac (Avô da Rea) e Johann (Avô da Kasumi), decidindo sacrificar Isaac por ter medo da aberração que ele era e salvar o Johann por querer que ele vivesse uma vida normal. A contradição e hipocrisia da personagem é o que a faz ser interessante, ela mesma admite. E nessa mesma cena ainda teve a revelação de como o Trifa usa o corpo do Reinhard, quase como um parasita. Seu objetivo sendo usar a Kasumi como o sacrifício necessário para o ritual ao invés da Rea para provar que seu amor por ela não é algo provido do corpo que ele usa entra como total oposto do que a Lisa decidiu seguir, salvando a linhagem do Johann.

Momentos como esse são interessantes por mostrar como os personagens se movem como indivíduos com desejos e objetivos próprios, ao invés de se moverem como uma organização. Ninguém é aliado de ninguém, e na maioria dos casos o benefício próprio é sempre o mais importante.

Todo o conceito por trás dos dois e do Ren/Mercurius é interessantíssimo, mas a execução é lamentável.

Enquanto isso, não pude sequer fazer suspense sobre a “morte” do Shirou e da Ellie. A volta dele para a história valeu mais pela conversa que ele teve com o Mercurius, literalmente falando sobre seu papel na história e a explicação sobre o seu déjà vu. Essa cena também não devia aparecer agora, mas dentre todas as mudanças, essa foi uma das únicas amigáveis para quem só assiste ao anime, já que ninguém vai ficar sem saber como exatamente ele não só sobreviveu ser devorado pela Rusalka, mas também como literalmente saiu de dentro dela.

Ao avançar da história, vemos as peças se movendo das suas próprias maneiras. Até certo ponto a única parte irregular teria sido o episódio 6, onde o Reinhard faz uma pequena aparição e demonstração de poder (Embora toda a luta seja filler), naquela altura foi algo completamente fora do alcance do que estávamos vendo até então, tanto dos heróis quanto dos vilões. Mas a entrada dos Einherjars do Reinhard mudou completamente a figura da coisa.

Samiel e Schreiber vieram para mostrar o que realmente é ser forte para quem achava a Rusalka ou o Wilhelm fortes, simplesmente levando três dos membros da organização para o túmulo em pouco tempo. Naturalmente, eles ainda são imortais para variar, o que é esperado considerando que na mitologia nórdica os Einherjars são, de fato, os melhores guerreiros que lutavam diariamente esperando a chegada do Ragnarok e sempre tinham todos os seus ferimentos curados.

Enquanto a Lisa teve uma morte mais bonita, conseguindo salvar o Ren, a Kasumi e a Kei usando o Tubal Cain, não posso dizer o mesmo para o Wilhelm e principalmente para a Rusalka. E isso é simplesmente um reflexo da personalidade da Samiel e do Schreiber, enquanto uma anda mais pela honra como soldado, o outro é simplesmente insano.

Confesso que achei a cena da morte dela bem feita. Em alguns momentos o anime consegue mostrar o bom potencial que teria em outras circunstâncias.

Não sendo o suficiente, ainda tivemos todo o passado da família da Kasumi revelado, mas essa parte acredito que é bem direta e não precisa de explicações. Me avisem se eu estiver errado.

Dito isso, o anime ainda falha em criar emoções em quem está assistindo (Emoções positivas, ao menos…), e muito frequentemente cria cenas originais sem sentido que não vão a lugar algum. Exemplos seriam o Wilhelm e a Rusalka, um pouco antes de terem seus fins, o anime querer mostrar que “há mais por trás desse personagem do que parece”, seja com a cena no interior da Rusalka ou o Wilhelm lembrando de uma garota misteriosa. O papel deles já acabou, criar um mistério sobre um personagem logo antes da sua morte só para deixar todo mundo sem saber o que aquilo significava é um erro que normalmente sempre é evitado. Mas obviamente são coisas que foram colocadas ali só pra agradar os fãs (Sendo que a garota que aparece na memória do Wilhelm nem da visual novel principal é, mas sim de uma side-story), o que não muda o problema de qualquer forma.

As coisas pioram bastante quando eles inventam de alterar o roteiro, uma coisa é adaptar uma obra de uma mídia para outra, outra coisa é mudar a história sem razão. E eu nem entro no mérito de “obra original vs adaptação”, mas sim na incoerência e furos que essas mudanças criam. Como por exemplo, a Kasumi ficar inconsciente durante mais de um dia inteiro por causa de um Taser, arma que nem costuma deixar os alvos inconscientes pra início de conversa. Ou então destruir a guilhotina do Ren ser relevante na luta contra o Reinhard, sendo que ela foi cortada na luta contra o Spinne e nada aconteceu.

Também confesso que eu morri de rir a primeira vez que vi essa cena. Por alguma razão esses golens são bem engraçados.

No fim, a obra fecha com seis suásticas abertas das oito e as coisas parecendo tudo se encaminhar para dar errado. Por outro lado, o Ren avançou mais um nível de poder e chegou ao nível 3, Beri’ah, conseguindo parar o tempo e escapar do ataque da Samiel. Seu poder provém, como a Kei explicou, dos seus mais profundos desejos, é uma manifestação deles, e para quem tem uma memória boa deve se lembrar que a primeira frase do primeiro episódio do anime (Sem contar o episódio 0) é um monólogo do Ren dizendo “eu gostaria que o tempo parasse”. Bom, o tempo parou e agora ele se vê diante de uma proposta de aliança com o Trifa. Com a volta do Shirou com novos poderes, as coisas podem não estar tão ruins quanto parece.

Caso tenha alguém que ainda não saiba, esses 12 episódios (Incluindo o 0) foram só a exibição da série na TV, ainda há mais seis episódios que serão lançados todos ao mesmo tempo online em Julho de 2018 para fechar de vez a história. Por isso essa não é uma review completa do anime ainda. Já foi confirmado que semana que vem será um episódio de recapitulação que não contará nesses 6 episódios finais, talvez ajude algumas pessoas assisti-lo, e não tem nenhuma data confirmada para os episódios online. Talvez comece a ser lançado logo após o recap, ou seja, dia 5.

Obviamente farei o possível para voltar a trazer as reviews semanais aqui, incluindo as de light novels e visual novels para quem sentiu falta e espero que continuem marcando presença nos meus posts também!

Testarossa

Escritor amador, fã de animes, mangás, light novels, visual novels e outras coisas da cultura japonesa. "Nunca tenha certeza de nada, por que a sabedoria começa com a dúvida."