Sakurada Reset #01 e #02 – Impressões Semanais

Meu nome é Marcelo, e sou o novo redator de impressões semanais do IntoxiAnime. Essa é a minha primeira vez escrevendo como redator de blog, o que me deixa um pouco nervoso e preocupado, mas espero poder ajudar o site trazendo boas reviews e textos interessantes, e claro, tentando deixá-los o mais divertidos o possível.

O anime que fiquei responsável durante essa temporada de Abril foi Sakurada Reset. A história parece bem promissora, e encaixa bem como o que gosto de assistir, por isso, sem mais delongas, vamos ao que importa.

Animes como Sakurada Reset normalmente sofrem com dois problemas: o primeiro, é a confusão causada nos espectadores, o segundo, é a velocidade em que as informações são apresentadas para o público.

Com o episódio de estreia, a sensação que fica é a de que o primeiro quesito foi bem usado, enquanto que o segundo… Bom, eu não diria que foi mal usado, mas isso pode variar dependendo da sua capacidade em “aceitar coisas”.

Criar mistérios em histórias como a de Sakurada Reset é quase que uma obrigação, tanto o universo do anime, quanto seus personagens pedem por isso. Tudo ali parece ter um significado, ou uma história de fundo que precisa ser descoberta no final. O porquê de apenas os cidadãos daquela cidade terem poderes, e os motivos deles perderem esses mesmo poderes caso deixem a cidade. Esse tipo de mistério funciona bem para te incentivar a continuar acompanhando o anime e, querendo ou não, acaba ajudando a criar expectativas para o que está por vir.

Um dos pontos que merecem destaque aqui, é uma personagem em específica chamada Souma.

Pelo menos para mim, ela foi a responsável por criar essa sensação boa de mistério. Tudo nela é intrigante, seus diálogos provocativos, sua personalidade, e até mesmo o seu poder (que não foi revelado) chamam a atenção. Tudo nela funciona como um grande mistério e isso faz o anime ganhar alguns pontos positivos, pelo menos, nesse primeiro episódio.

Se o primeiro quesito consegue satisfazer bem os desejos de quem procurar um mistério sobrenatural para ver, talvez o segundo ponto fique um pouco a desejar. Tudo bem que estamos falando de um primeiro episódio, e pedir para que as informações sejam detalhadas e precisas seria demais, porém, a questão aqui é o modo como tudo é contato.

Metáforas e contos podem deixar a narrativa bonita, mas isso também significa que as pessoas podem se perder na linha de raciocínio e confundir, de forma negativa, o sentido da história.

Um dos casos que me chamou mais atenção foi o conto sobre um homem amaldiçoado que sofria uma grande dor todas as vezes em que cruzava o caminho de uma pessoa que estivesse tristes. Souma explica que o homem, para evitar sofrer, passou a ajudar todas as pessoas que via na sua frente, e após conseguir realizar isso, por um motivo não explicado, Deus decidiu criar uma cópia desse homem, fazendo assim, uma versão falsa dele, que não tinha consciência, mas que também ajudaria todas as pessoas que visse sofrendo.

Em seguida, Deus nomeou eles como sendo Zen, e Gizen.

Esse conto é uma metáfora usando um jogo de palavras sobre o nome dos personagens. A ideia era falar sobre o comportamento humano em relação a bondade, sobre as pessoas que ajudam os outros porque isso é o que elas deveriam fazer, e sobre as pessoas que ajudam os outros para trazerem o bem para si mesma.

Isso é complicado de acompanhar em português por acabar perdendo o sentido, mas de maneira simples, Zen significa bom, enquanto que Gizen significa hipócrita, porém, o “gi” em Gizen, tem a sentido de falso, ou seja, em japonês, hipocrisia pode ser lido como uma “falsa bondade”.

Sim, eu sei, japonês é genial para jogos de palavras.

Porém, é aqui que mora o perigo.

Se estivéssemos no Japão, esse ponto não deveria ser comentado, mas como o objetivo aqui é mostrar os pros e contras do anime, um observação sobre isso é completamente válida.

Se você não estiver acostumado com esse tipo de coisa, pode ser uma dor de cabeça acompanhar a ideia, eu falo isso por experiência própria. Se não tivesse gastado um tempinho no Google tradutor tentando encontrar o significado das palavras, eu teria perdido boa parte do entendimento desse conto.

Ele basicamente serve como base, tanto para personalidade do Kei, quanto para a da Haruki, e ainda abre um leque de oportunidade para serem usados como base de discussão dentro de histórias futuras.

Eu sei que parece estranho pensar que para assistir um anime é necessário saber trocadilhos em japonês, mas nesse caso em especifico, seria uma boa ideia levar em consideração esses aspectos antes de pensar que o anime “não explicou nada”.

Entendendo isso, vamos para um outro ponto, não tão bom assim., no caso, a revelação sobre o passado da Haruki.

 

De forma simples, as coisas são explicadas de modo satisfatório e não existe uma grande lacuna sobre os motivos dela ter se tornado tão robótica, ou a falta de motivos para isso. Porém, é aqui que entra a parte em que comentei no início do texto.

Qual é o seu nível em “aceitar coisas”?

Se você é daqueles que se satisfaz apenas por ouvir um resumo/conclusão sobre os motivos da personalidade da Haruki através de algumas falas do Kei, então, provavelmente a entrega de informações desse primeiro episódio foram boas para você. Entretanto, se não for esse o seu caso, é bem provável que fique uma sensação ruim na boca.

Não diria que chega a ser um incômodo, mas ver um dos principais segredos ser resumido em tão poucas palavras, me deixou um pouco frustrado. Minha vontade era saber mais a fundo o que levou a Haruki a criar aquela sensação de mundo.

Ouvir um “ela não tinha senso de si”, me deu mais dúvidas do que respostas.

 

Por fim, temos a última cena, que seria o exemplo perfeito da harmonia que “causar confusão no público” e “entregar informações” deveriam ter.

Eu não vou dar spoiler, já que essa cena é o ponto alto do episódio, mas vale a pena comentar por ser, de certa forma, surpreendente. A cena consegue criar um forte mistério para o segundo episódio, além de entregar as informações sem se atrapalhar, ou criar confusões desnecessárias, na verdade, é bem pelo contrário. O desenrolar dos eventos é tão bem feito, que vem com uma bomba para mexer com a curiosidade das pessoas, você não consegue evitar ter de se perguntar o que aquilo significa, ou o que diabos aquela garota é?

Por mais que tivesse uma leve ideia do que se tratava, afinal de contas, se prestar atenção aos diálogos da garotinha, isso meio que fica subentendido, eu tenho que admitir que não esperava que fosse daquela forma.

Por isso, caso você esteja em dúvida sobre assistir ou não Sakurada Reset, quem sabe fosse uma boa ideia dar uma chance para esse primeiro episódio. O desenvolvimento da história corre muito bem, criando mistérios e teorias sobre os personagens de forma natural, e por mais que algumas informações sejam explicadas de forma rápida demais, ainda assim, não atrapalham o entendimento geral do anime.

Bem, após um primeiro episódio relativamente tranquilo, criando apenas alguns mistérios. O segundo vem como uma proposta bem mais objetivas sobre tudo o que está acontecendo ali, naquela pequena cidade de Sakurada.

O episódio marca o fim do que poderíamos chamar de primeiro arco.

De forma geral, também podemos dizer que serve para termos uma ideia do que o anime pode nos oferecer no futuro.

O desenvolvimento do mistério, o modo como os poderes são usados, e o apelo dramático na história, tudo isso é usado em 20 mim de forma satisfatória.

O primeiro grande ponto aqui, é a revelação sobre o que a garotinha perdida é. Se ter uma memória impecável, ou a capacidade de resetar o dia (por mais que limitado), possa ser considerado como uma poderosa habilidade, criar vida é algo ainda mais assustador. Enquanto que no episódio anterior o foco filosófico da história estava direcionado no comportamento humano, neste podemos dizer que o foco está voltado para as morais humanas.

O que é considerado como ser vivo, e o que um ser vivo pode ser considerado?

As respostas do anime vão desde coisas simples, como os sentimentos humanos, até algo mais lógico como as três regras fundamentais da robótica, essa que por sinal, é um ponto de destaque para o episódio.

O modo como Kei usa essas regras para fundamentar parte do comportamento da Haruki ajuda criar uma sensação de proximidade com a personagem. Ela age como um robô, e isso é perceptível desde o início, mas a forma como é explicado faz parecer que entendemos melhor o que a Haruki é, no caso, um dos possíveis androides (no sentido figurado da palavra, só para deixar claro) do qual a Souma sugeria no primeiro episódio.

A história segue naturalmente, e eles decidem ajudar a garotinha recuperar sua mãe. Kei e Haruki fazem alguns resets para poder organizar o plano de encontrar a mulher responsável pela garota, e isso acaba ajudando a dar um bom desenvolvimento para as habilidade dos personagens.

Não existe aquela sensação de “ultrapower”, eles usam seus poderes o tempo todo, mas de forma tão simples para você que soa natural. O plano de Kei não é algo rico em estratégia, e se quiser filosofar um pouco, dá para dizer que é uma bela maneira de exemplificar a personalidade dele de forma prática… Alguém com um senso de justiça e dever tão forte que acaba passando dos limites para chegar a isso.

Nesse episódio também temos a introdução de um novo poder, a habilidade de telepatia de um dos amigos de Kei, que assim como os outros poderes, vem como uma limitação de uso. Isso é bom, porque ajuda a reforçar o ideal de que as habilidades são falhas, ninguém ali é um super herói, nenhum deles tem a capacidade de mudar algo sozinho, e o plano só funciona pelo trabalho em equipe.

Depois de alguns diálogos e dramas (que poderiam ter sido melhor trabalhados), temos a tão aguardada resolução do problema, que, sinceramente, acabou sendo um pouco meia-boca.

Ok, era o esperado, e tinha que acontecer daquela forma, mas dava para terem elaborado um pouco mais o relacionamento entre mãe e filha, ou apostado mais nos sentimentos morais em relação a garota, sobre os efeitos que a existência dela causa, e todo o conteúdo que vem acompanhado quando o assunto é criação de vida.

Estamos falando de um protagonista “hipócrita”, que segue a justiça como se fosse uma espécie de TOC, então perceber que não teve nenhuma abordagem sobre o que a garota é, cria uma sensação de que a história não foi bem aproveitada.

Mas de qualquer forma, como nem tudo é 100% ruim, vamos falar da parte boa do final, ou seja, o fim em si. O episódio encerra o arco, mas assim como o primeiro, termina te fazendo querer assistir o próximo.

As resoluções dos problemas da garotinha são agradáveis, e quando tudo parece se encaminhar para um happy end (com direito a um beijo entre os protagonistas), temos um grande problema, e esse problema não é justificado, ou explicado. Ele simplesmente acontece e temos um salto de dois anos no tempo.

Kei e Haruki estão mais velhos, preste a entrar em uma espécie de clube de investigações, e não dá para saber quais foram os efeitos daqueles eventos sobre os dois.

Os pontos finais se transformam em muitas interrogações, tanto para o bem, quanto para o mau. Admito que isso é o procedimento padrão para qualquer história focada em resolução de mistérios, mas alguns detalhes fazem você ficar pensativo a respeito do que aconteceu.

Por exemplo, pelo modo como as coisas se desenvolveram, fica parecendo que Souma também não era afetada pelos resets, sem contar que, graças ao salto no tempo, não tem como saber os motivos que levaram as ações dela.

Você fica perdido, mas isso não necessariamente significa que é algo ruim. Eu gosto de mistérios, e por esse final, acabei ficando um pouco mais motivado a assistir o próximo episódio. Agora só resta saber se vai corresponder as minhas expectativas.

Marcelo Almeida

Fascinado nessa coisa peculiar conhecida como cultura japonesa, o que por consequência acabou me fazendo criar um vicio em escrever. Adoro anime, mangás e ler/jogar quase tudo.