Impressões Semanais: Re:Zero #1 e #2 e Ansatsu Kyoushitsu #14

Que Mulher!


Re:Zero episódio #1

Ter sua expectativa cumprida por alguma obra qual ansiava é algo ótimo e revigorante, mas a sensação de conferir algo que não esperava e surpreender-se com sua qualidade é arrebatadora, e para este que vos escreve, insubstituível. E foi isso que Re:Zero me proporcionou.
Fui conferir o piloto com receio de ser apenas mais uma adaptação medieval/aventura/romance comum, destas que surgem quase toda temporada sem nenhuma novidade em sua proposta, mas recebi um anime inteligente e que mesmo sem a ambição de revolucionar o gênero, entrega uma execução invejável e que afinal, é o que falta aos companheiros de gênero que fracassam.
A direção inicial é atmosférica e deveras interessante, o que já me deixou intrigado e imerso em seu universo. Os rápidos cortes de lembrança do protagonista, assim como a cena em que o mesmo, absorto em sua entendiante vida, repara, através de um vidro – ou seja, uma barreira – um casal feliz a passear nos arredores, com o olhar triste de alguém que encontra-se deslocado na vida, me deixaram rapidamente identificado consigo, e creio que o mesmo tenha ocorrido com vários de vocês.
Já no mundo medieval, o roteiro mostra também uma faceta humorística bem encaixada e pontual, com as ironias aos clichês do estrangeiro abduzido a um novo mundo. A cena em que Subaru tenta lançar a magia para virar o herói e a parte em que diz “esperar a bela garota que o convocou” são manjadas, o que facilita o divertimento com as referências, já que não carecem de grande bagagem para sua compreensão.
Notem que ao mesmo tempo em que entretém o espectador, essa função cômica também desenvolve o personagem de maneira simples, mas eficiente. Se na cena da lanchonete vimos como Subaru está nitidamente descontente com sua vida, mesmo sem dizer nenhuma palavra, suas atitudes na nova terra comprovam isso, já que seu primeiro pensamento foi salvar alguém e logo, ser notável, poderoso, não apenas mais um.

Há então a introdução de Satella(também conhecida como Emilia ou “Lia”). Que personagem apaixonante. Incrível o poder que um character desing tem de criar empatia instantânea. O sentimento de proximidade me foi absurdo pela maneira como Lia lembrou Stella, de Rakudai, e Asuna, duas de minhas figuras femininas favoritas. Vale destacar a incrível química entre ela e Subaru. Ademais, seu figurino puro e criativo e personalidade calma e generosa cativam-me igualmente, e tudo isso sendo claramente uma maga poderosa, não alguém fraca e em constante perigo. 

Não há mais espaço para personagens fracas, por mais que certas obras sejam voltadas ao público masculino Otaku, muitas vezes – e erroneamente, espero – taxado de carente e necessitado de se sentir no comando ao ver uma garota frágil em tela, assim se projetando no herói que a salva. 
Se tudo isso não fosse suficiente, em seu terço final, Re:Zero entrega mais um amostra de seu potencial: a cena no bar foi construída com esmero pela staff, que tornou o espaço inicialmente boêmio e aconchegante em um ambiente hostil, sinistro e claustrofóbico com a chegada da bruxa.
Cena que afastou ainda mais o anime da mesmice, já que não poupou-se de violência e brutalidade nos golpes, onde mais uma vez deve-se elogiar o trabalho do diretor Masaharu Watanabe, que soube deixar a batalha fluida, verossímil e não repetitiva. Tudo isso com uma boa animação do White Fox, que já havia feito um serviço parecido em Akame Ga Kill.
O final deixa várias perguntas instigantes e que com certeza encherá de curiosidade e desejo pelo próximo capítulo àqueles que compraram a proposta de Re;Zero, e eu fui um deles.
Um começo inusitado para uma história promissora. Que mantenha o nível!

Avaliação: ★ ★   

Episódio #02

Bom, Re terá 25 episódios, então o desenvolvimento lento é esperado, mas a repetição dos fatos me incomodou um pouco aqui. Entendo que cada uma das mortes tenha ocorrido por um motivo, sendo a segunda pra Subaru sacar que Emilia(o nome verdadeiro da garota) ainda não confiava em si para revelar seu nome verdadeiro, por isso o Satella, e a terceira – da facada – para finalmente entender que está preso em um lapso temporal, assim como para esboçar um plano para evitar as catástrofes vindouras e encontrar com Reinhart, que certamente terá um papel importante na sequência.
A principal beneficiada pelo capítulo foi Felt, já que de uma simples ladra com certas habilidades furtivas, ganhou agora o desenvolvimento de sua personalidade, o que sugere que assim como o cavaleiro de cabelo vermelho, a garotinha desempenhará um papel que exigirá uma certa conexão com o espectador. Apenas suposições, porém.
O episódio foi morno em acontecimentos, serviu melhor para preparar o terreno do que há de vir. Pode decepcionar quem já esperava algo frenético devido sua estreia, e talvez por isso seja um anime melhor degustado por maratonas, onde não há o fator de ansiedade engrandecida pela torturante semana de espera, e conferir um após o outro pode fornecer maior sentido no andamento da trama e ritmo irregular. 
Dito isso, aguardem exatamente o contrário para domingo que vem, pois como disse, o terreno foi preparado para uma batalha daquelas ;).

Avaliação: ★ ★   

Ansatsu Kyoushitsu #14

Embarcamos então para o cour final de Ansatsu Kyoushitsu, e como está demorando para decolar de vez, hein. Essa temporada está mais irregular que a primeira, pois mesmo com bons momentos, vários episódios estão cheios de fillers e tramas que poderiam ser comprimidas em menos tempo, como a da creche e a do restaurante dos alunos.
Não sei como andam as coisas no mangá, mas será que não tem nada mais interessante para ser adaptado? Estou em constante preocupação de que o arco final poderá dar uma tenebrosa rushada, o que seria terrível. Enfim, apenas suposições de um pessimista.
O fato é que enquanto o prazo final para a morte de Koro-sensei se aproxima, mais surgem pretendentes diretos para matá-lo. Se no passado foi o próprio diretor quem arriscou, dessa vez foi Kaede – a dos peitos pequenos, e como fez diferença o cabelo solto – quem se revelou uma nova identidade com seus tentáculos verdes personalizados.
Realmente não esperava isso, mas acho difícil o final fugir da previsibilidade que é o polvo amarelo salvar sua pupila que já pede socorro em meio a insanidade causada pelos tentáculos. E esse tem sido um problema constante do enredo até aqui: por mais que novos antagonistas sejam apresentados, o final é, muitas vezes, facilmente premeditado, o que dificulta o senso de urgência e preocupação com os personagens.
Eu logo desdenhei das razões de Kaede, afinal, Koro parece tão dócil e inofensivo, mas aí lembrei da semi-destruição da lua, a promessa de fazer o mesmo com a terra e a incógnita foi plantada. Afinal, quem é Koro-sensei? Espero que essa resolução seja bem explorada.

Avaliação: ★ ★  ★ ★

#Extras:

Que Mulher! 
Curti a Visualidade do Poder Dela.

Inteligente Paleta de Cores. Ele no Claro, Ela no Escuro.


Quem Diria!