Impressões Semanais: Ansatsu Kyoushitsu 2 e Musaigen no Phantom World #6




Ansatsu Kyoushitsu 2 #06

Um dos principais elementos presentes em Ansatsu sempre foi a maneira excêntrica com a qual se discutiam questões morais e sociais no decorrer de suas histórias, por mais absurdas que essa fossem. Esse lado estava demasiadamente ausente até aqui, nesta 2ª temporada, mas agora voltou contundentemente. E isso é bom. E ruim.
Eu tenho 20 anos, curso faculdade e estou razoavelmente satisfeito com minha capacidade intelectual, e isso não me restringe ao assistir de animações infantis como Pokémon(os filmes) a outras mais complexas, vide Evangelion. Consigo absorver qualidades em ambas. Dito isso, é evidente que Ansatsu, apesar do frequente emprego do termo assassinato em sua trama, utiliza deste mote para passar lições de vida. Bullying, autoestima, confiança, amizade e união. São ensinamentos valiosos e de grande utilidade, ainda mais na formação de crianças que assistem a série. E a forma divertida com que AssClass é conduzido ainda permitia tudo isso sem aborrecer o público. Resumindo: toda a autoajuda presente era sutil, o que vai pro espaço no episódio desta semana, irregular e expositivo em grande parte de sua duração
O início possui as qualidades que mencionei primariamente. O abuso do poder e a displicência dos alunos servindo de pilar para crescerem mentalmente, ao mesmo tempo em que ajudavam crianças necessitadas. Uma crítica que sim, é universal, mas muito bem encaixada no contexto social nipônico, famoso pelo excesso de pressão que atribuem aos pequenos, assim como os alarmantes índices de abandono infantil. A mensagem é discernível, mas singela. Porém, na segunda metade, o roteiro desanda e mais me pareceu tirado de uma fábula didática infantil.
Posso estar parecendo ranzinza, mas é questionável quando os alunos começam a soltar frases no estilo “com isso, aprendi que…”. O grande segredo de uma boa história é oferecer aprendizagem inconscientemente, não os expondo como se fossem professores ou pais autoritários, e é isso que o episódio faz. Assim, além de afastar as crianças, pode acabar por irritar os espectadores mais experientes. Os personagens evoluíram? Sim, mas de maneira metódica e burocrática, inatural.
De alento, gostei do intrigante final. O relance de pensamento de Koro-sensei, no que parece ser sua aparência pré-polvo, pode significar que em breve – ou logo – teremos mais sobre o passado do mesmo, e como ele se tornou o que é. Resta aguardar, mas dessa vez, espero que sem tanta preguiça e pragmatismo.

Avaliação: ★ ★  ★ 

Musaigen no Phantom World #06















Digamos que se Ursinhos Carinhosos fosse escrito por Akira Toriyama, ele seria mais ou menos como foi este episódio de Musaigen. Deixando a bizarrice de lado, o capítulo em si me plantou várias incertezas – umas boas, outras nem tanto.
Eu já esperava que teríamos outro episódio destinado a desenvolvimento de personagem, só não sabia se seria para Kurumi ou Ichijou, o ainda vago herói principal. Como o destaque ficou com a recém apresentada garotinha, é sensato pensar que teremos ao menos mais 23 minutos para o protagonista de cabelos verdes. Não tenho reclamações com obras que disponibilizam tanto tempo de sua duração para aprofundar os personagens, já que são eles que nos conduzem na história, mas ao contrário do que aconteceu quando Reina e Minase Koito tiveram seu passado explorado, aqui, alguns pequenos fatores me desagradaram.
Acho admirável esta forma dos japoneses dialogarem sobre como enfermos pessoais afetam nossa vida. Noragami e a série Monogatari discutem muito isso, e Musaigen parece seguir o mesmo caminho. Primeiro com Reina e Koito, e agora com Kurumi, mas infelizmente, a mesma complexidade apresentada nos animes e nas personagens supracitadas, não se repetiu aqui. É compreensível que o fato de Kurumi ser uma criança afeta a sua realidade ideal, a recheando de cores e ursinhos, mas o modo como foi abordado me soou superficial. Fica difícil se empolgar em batalhas envolvendo ursos de pelúcia. Inclusive, o episódio pode ser classificado como um Kodomo(obra destinada ao público infantil). A mensagem de autoconfiança, perseverança e determinação é válida, mas o que importa em uma obra não é sobre o que ela fala, e sim como ela é sobre o que ela fala. E nesse quesito, me decepcionei com Musaigen.
Isso planta algumas dúvidas, como a questão episódica, que mantém-se relevante. O foco total nos personagens visa aumentar nossa identificação para com eles, já pensando num possível arco futuro que os colocará em risco e assim, com a empatia proporcionada pelo seu desenvolvimento prévio, aumentar a intensidade e nossa preocupação para com os mesmos, ou no bom português, está enchendo linguiça, camuflando uma falta de ambição e foco? A novel possui um arco narrativo maior e realmente interessante, mas como a duração de Musaigen é incerta, torna-se uma incógnita até qual parte será adaptado. Pode soar repetitivo, mas enquanto o anime não definir um arco definitivo, a falta deste continuará sendo minha principal reclamação.

Avaliação: ★ ★ ★ ★ ★ (+)

#Extras

Pra quem não percebeu no começo do episódio: Mai, Minase e Reina como bebês.