Guia – Estúdios de Animação Japonesa: funcionamento, padrões, história, sua relevância na qualidade da produção e exceções

Funcionamento padrão
Estúdios costumam começar com uma staff de poucos funcionários, animadores (desenhistas/ilustradores) em sua maioria. No início produzem apenas  pequenas partes de animes que estão sendo feitos por outros estúdios maiores, ou, em outras palavras, são “sub-contratados”. Conforme o estúdio ganha dinheiro com seus pequenos trabalhos e investe em mais funcionários e infraestrutura, o normal é que em algum momento ele vá começar a produzir animes por si só.

Apesar de eu dizer “por si só” não existe estúdio que não sub-contrate outros (terceirize) na produção de animes – tirando a Kyoto Animation, da qual eu falarei mais a frente. A diferença é que alguns sub-contratam menos e outros mais – o que costuma interferir na qualidade, vale dizer. Isso é devido ao modo como a industria de animação funciona. Um estúdio que deixa um funcionário parado está perdendo dinheiro, então mesmo estúdios grandes colocam quem estiver livre para produzir partes de animes de outros estúdios (sub-contratos). Motivo pelo qual mesmo com um grande número de funcionários é quase impossível um estúdio produzir um anime sozinho, já que uma parte dos funcionários dele sempre está trabalhando em outros projetos, ainda mais em estúdios que produzem vários animes ao mesmo tempo.

Outro fator é como os episódios são produzidos: conforme o storyboard (rascunho visual do episódio) vai sendo terminado animadores são alocados para transforma-lo no que veremos na tela (o produto final), mas cada storyboard costuma demorar de 1 a 2 semanas para ficar pronto, então não adianta ter vários animadores livres no estúdio porque só alguns poderão ser alocados para cada episódio conforme o storyboard é finalizado, e não adianta ter vários responsáveis por storyboard e direção de episódio livres também, porque o script (roteiro) para todos os episódios ainda não está pronto quando a faze de storyboard começa. Quando a staff que está trabalhando em um episódio o finaliza ela é normalmente alocada para um episódio mais a frente que ainda está em pre-produção. No mundo ideal as produtoras dariam tempo ao estúdio para terminar todo o anime antes dele ir ao ar, mas como isso sai mais caro é quase impossível de acontecer.

Após os estúdios crescerem começa o problema com a troca de funcionários. Os mais experientes começam a se destacar e acabam sendo chamados por outros estúdios ou mesmo se tornam freelancers. Quase todo diretor considerado acima da média hoje em dia é freelancer, e embora possa trabalhar com mais frequência no estúdio onde começou a maioria costuma aceitar trabalhos de qualquer outro, caso estejam livres. O que eu disse vale para diretores de episódio, diretores de animação, designers de personagem e animadores talentosos também.
Os problemas mais frequentes que isso causa são alguns estúdios tendo que contratar muito animadores novatos ou perdendo alguns mais experientes em determinada parte do ano, com isso impactando nos animes que produz.

Muito desse troca troca de funcionários acontece porque a maioria dos estúdios não oferecem bons salários ou ambientes de trabalho saudáveis (relatos de animadores sendo obrigados a trabalhar mais de 10 horas por dia, 7 dias por semana, são frequentes), incentivando cada vez mais o mercado de freelancers, que trabalham aonde querem e podem até mesmo cobrar mais por isso em alguns casos.

História

Em termos de história a maioria dos estúdios é parecido, e como quase todos trabalham da mesma forma depois de estabelecidos não vale muito a pena ficar entrando em tantos detalhes desse aspecto. Basicamente quase todo estúdio é formado pela staff que saiu de um estúdio maior. A maioria dos estúdios de hoje em dia foi formado por ex-funcionários da Sunrise, Tatsunoko e Mushi Production. Na imagem abaixo segue as relações dos principais estúdios japoneses no aspecto de “membros de que estúdio fundaram o outro”:

Clique em cima para ampliar

Tem alguns casos interessantes como o Madhouse quase indo a falência até ser comprada por uma estação de TV (NTV) em 2011. Ou o Gonzo que quase faliu em 2009, vendeu quase tudo que tinha pra pagar a dívida de 30 milhões de dólares, juntou o que sobrou em uma de suas subsidiarias e continua tentando sobreviver até hoje. Estúdios falindo ou mal das pernas é normal, mas com certeza dá lucro também, porque todo ano nascem novos.

Já me pediram várias vezes para continuar aquela seção explicando sobre cada estúdio, uma ideia que eu achei legal na época mas considerei inviável depois que aprendi mais sobre como os estúdios funcionam. Basicamente, estúdios de animação são instáveis, principalmente os que ganham fama de um ano para o outro porque fizeram 2 a 3 animes populares seguidos ou porque de repetente começam lançar vários projetos com animação acima da média. Os geradores mais comuns dessa instabilidade positiva e negativa costumam ser financeiros (investimento dos donos da empresa) e por parte da entrada e saída de funcionários, com os melhores diretores ou animadores abandonando o estúdio para entrar em outro ou se tornarem freelancers, levando a uma piora das produções, ou então o estúdio contratando uma nova leva de funcionários que acabam se mostrando talentosos, levando a uma melhora das produções. Outra opção é ele ter dado sorte ou escolhido muito bem a staff de freelancers que comandou os últimos animes feitos no estúdio. Freelancers, inclusive, são o motivo pelo qual super valorizar estúdios de animação com politicas de produção normais é algo sem muito sentido, e que nos leva ao próximo tópico.

Staff  X Estúdio

Grande parte dos animes hoje em dia é feita por diretores, diretores de animação e designers freelancers. Eles estão no mercado, tem contato com vários estúdios e ficam pulando de um para o outro conforme a demanda. Imagine o diretor e revisor de animação/designer de personagem como 50% da garantia de qualidade visual da obra, já que são eles que vão revisar tudo antes de ir ao ar (os outros 50% são o tempo para produzir o anime e verba que a produtora dá, somados ao que o estúdio pode oferecer em termos de staff auxiliar e infraestrutura).

Staff do anime “Shirobako” (um anime sobre os bastidores da industria de animação japonesa) reunida.

Um diretor com muitos contatos pode chamar animadores, diretores de episódio ou designers em quem confia para cobrir as fraquezas do estúdio em que está trabalhando – motivo pelo qual mesmo trabalhando em estúdios diferentes é comum que as obras de alguns diretores mantenham um certo padrão de qualidade. Um exemplo recente disso é o diretor Tsutomo Mizushima (Shirobako, Blood C, Girls und Punzers, WitchCraft Works, Genshiken). Ele dirigiu animes para os estúdios PA Works, Actas, J.C Staff, Ajiado, Production I.G e Diomedea de 2010 a 2015, e embora o roteiro desses animes seja discutível a parte da produção técnica de todos eles é bem feita, sendo que a única coisa que todos tinham em comum é o diretor. Girls und Punzers, inclusive, teve problemas com o cronograma de produção, graças ao estúdio pequeno em que estava sendo feito e cronograma apertado. Para não prejudicar a qualidade o diretor adiou em 2 meses a entrega dos 2 episódios finais, algo que poucos fariam. Outro exemplo famoso é Shigishiro Watanabe (Cowboy Bebob, Sakamishi no Apollon, Samurai Champo, Space Dandy, Zankyou no Terror). Não importa se no estúdio Mappa, Bones ou Manglobe, as obras dele sempre tinham animação e parte artística acima da média (de novo, achar o roteiro bom ou não é uma discussão a parte).

Como vou explicar em um outro post, com raras exceções, eu considero o estúdio depois da staff, tanto pela maioria deles não ter uma staff de profissionais muito acima da média, que vá fazer a diferença, quanto o anime ser uma representação dos gostos e vontades do diretor, e não do estúdio em que ele está trabalhando. Mesmo que a produtora impeça ele de fazer grandes mudanças na obra original – no caso de uma adaptação -, ele ainda pode colocar um pouco dele na parte artística e escolhas de storyboard. Alguns estúdios no entanto, se apoiam tanto em apenas um diretor fixo que a visão do diretor acaba virando a cara do estúdio. O exemplo mais comum é a Shaft, que a mais de 5 anos usa o mesmo diretor em todos os animes deles (os que ele não dirige ele supervisiona).

Relevância do estúdio

Quem faz grande parte das conexões para produção de um anime é o estúdio: gerenciamento de produção, cronograma, sub-contratos, e em vários casos é ele que escolhe o diretor que vai trabalhar no anime (caso a produtora não sugira um). É dele também que vai vir a maioria dos animadores e diretores de animação de cada episódio. Mesmo que um diretor freelancer tente chamar algumas pessoas acima da média de fora do estúdio para melhorar alguns aspectos da produção, é praticamente impossível conseguir verba para criar uma staff de anime toda feita de freelancers talentosos. E é ai que vem o valor de produzir um anime em um estúdio cheio de funcionários de ponta. É comum inclusive acontecer de um episódio de um anime sair mais bem produzido que os outros quando dado para um “diretor de episódio” e “diretor de animação” talentosos, as vezes melhores até mesmo que o “diretor geral” do anime.

É fato que alguns estúdios conseguem manter um quadro de funcionários mais experientes ou pelo menos manter uma boa relação para que mesmo que eles se tornem freelancers voltem a trabalhar com o estúdio frequentemente. Um exemplo disso é o Bones, cujas produções “na maioria dos casos” são acima da média (tirando no início de 2014 quando tentou fazer 5 animes ao mesmo tempo), enquanto a maioria dos outros estúdios é instável demais para classificar. Eles podem estar acima da média em um ano e mediano dois anos depois devido a algum problema, ou então o contrário. Também é comum acontecer de sair um anime muito bem feito entre os diversos animes que um estúdio faz durante o ano – possivelmente mérito de um staff diferenciada -, mas isso não torna o estúdio bom. Eu poderia citar uns 3 estúdios que vem se destacando nos últimos 2 anos, mas eu duvido muito que isso se mantenha estável, e caso o estúdio tenha um ano ruim em 2016 esse post ficaria datado.

Verba para o anime obviamente interfere em quanto o estúdio pode gastar por episódio, mas como eles não liberam esses dados é algo que não adianta especular muito. Se sabe que existe uma média padrão de aproximadamente 1,2 milhões de dólares para produção de um anime de 12 episódios, alguns conseguem uma verba um pouco maior que isso e outros um pouco menor, mas dificilmente uma produção ganha o dobro ou a metade.

Os estúdios também podem escolher aceitar ou não trabalhos com prazos muito apertados, verbas abaixo da média ou staffs medíocres, cabe ao gerente ou acionistas do estúdio essa decisão de filtrar (ou não) as obras que produzem, mas na maioria dos casos eles veem “quando mais trabalho, mais dinheiro, melhor”, o que gera produções conturbadas, com estúdios não dando conta de produzir direito os vários animes que pegaram ao mesmo tempo ou indo mal devido a uma staff ruim. Ainda assim, é o modo que eles encontraram para sobreviver: ou aceitam o trabalho que tiver e alocam a staff que encontrarem livre ou ficam escolhendo muito, investindo em animes originais sem apelo para o grande público e vão a falência.

Não culpe o estúdio por um roteiro ruim!

Por último, vale ressaltar que todos os compositores responsáveis pelo soundtrack e roteiristas são freelancers, e chegam até a trabalhar em múltiplos animes de diferentes estúdios por temporada. A ligação deles costuma estar mais atrelada ao diretor ou produtora (quem banca o anime), que costuma chamar roteiristas e compositores com quem já trabalhou e gostou, do que ao estúdio. Portanto, reclamar do estúdio porque achou a história do anime ruim é a coisa mais equivocada que se pode fazer. O gerente do estúdio dificilmente vai meter o dedo no roteiro de um anime, isso cabe a staff do anime, com o principal responsável sendo o roteirista, e, o diretor, que pode ou não aprovar os roteiros feitos (principalmente em animes originais), quando não está de mãos atadas por ordem da produtora, que pode querer algo o mais fiel possível ao original, no caso de um anime adaptado de outra mídia. Já a qualidade técnica da animação (fluidez, consistência e parte de viés artístico), sim, disso você pode reclamar do estúdio e da staff escolhida, freelancers ou não.

Estúdios com metodologias de produção diferenciada

Explicado com a maioria dos estúdios normais funciona, tem 4 deles que são exceções a tudo que falei:

(Sword Art Online, Shigatsu Kimi no Uso, Nanatsu no Tansai, Saekano)

A1 – Pictures:
Estúdio fundado pela produtora Aniplex e um ex-funcionário do Sunrise. Ele não tem staff fixa, ao invés disso contrata um bando de freelancers para cada anime que produz, e o que o time de freelancers não der conta é passado para outros estúdios fazerem por sub-contratação. Devido a esse método de contratar freelancers as obras do estúdio dificilmente tem uma qualidade de produção horrível, já que para um animador ou diretor ser freelancer ele precisa de um mínimo de experiência (um currículo decente). O problema é que todo anime deles sempre tem boa parte dos episódios por sub-contratação, o que torna difícil produzir vários episódios acima da média, ainda mais quando o tempo para a produção é muito curto.

Normalmente a staff de freelancers foca em alguns episódios mais importantes ou cenas chave, deixando o resto para os estúdios sub-contratados. A parte dos estúdios sub-contratado ficar boa ou não vai depender do nível do estúdio sub-contratado, do nível de exigência do diretor e animador chefe na hora da revisão, além é claro, do tempo que eles tem para entregar o episódio  – se for longo eles podem dar mais coisas para a staff principal de freelancers fazer, diminuindo as sub-contratações necessárias ou mesmo dando mais tempo para refazer o que ficou ruim. Então enquanto um estúdio comum está sempre contratando novatos para renovar a staff experiente que acaba saindo em busca de melhores salários, a A1 quase sempre garante que uma parte da staff vai ser de um pessoal experiente, já que não dá pra entrar no mercado de freelancers sem ter um currículo ao menos mediano pra mostrar. Infelizmente, experiencia na industria não significa qualidade (tem muito diretor ruim com currículo gigantesco), mas ao menos costuma evitar desastres completos.

Vale notar que nem todos os animes produzidos pela A1-Pictures são bancados pela Aniplex (ex: Fairy Tail, Space Brothers, From the New World, Denpa Kyōshi), e nem todos os animes bancados pela Aniplex tem uma staff muito acima da média ou mesmo prazos de produção extensos o bastante para se produzir algo consistente em termos de animação. Ainda assim, tense observado que os animes produzidos na A1 cuja produtora é a Aniplex costumam ter uma qualidade técnica superior aos bancados por outros produtoras (exemplos já citados acima).

(Monogatari, Madoka Mágica, Nisekoi, Arakawa Under the Bridge)

Shaft:
Shaft é um estúdio curioso porque com o passar do tempo ele baseou toda sua politica de trabalho e apelo visual a visão de um diretor apenas (Akiyuki Shinbo), que está por trás de todas as obras do estúdio desde 2009, nem que seja na supervisão. De resto é um estúdio comum. A Shaft tem apenas 2 animadores acima da média para fazer cenas exigentes (Ryo Imamura e Genichirou Abe), com o resto do estúdio sendo composto por um quadro normal de funcionários novatos e ou com experiencia média. O problema do Shaft é que ele costuma pegar mais do que consegue produzir e tem uma administração de cronograma horrível, o que faz com que quase todos os seus animes tenham problemas de produção visuais em algum momento, mesmo que o diretor tente contornar isso com uma animação menos exigente (econômica). Os BDs do estúdios, comparativamente, são os que apresentam mais mudanças graças a isso (algumas mudanças não são correções no entanto, e o Shinbo ficou famoso por ninguém entender algumas coisas que ele coloca diferente no BD, já que algumas cenas parecem mais mal desenhadas no BD do que estavam na versão TV). O real problema da Shaft, no entanto, é o que o estúdio vai fazer se o Shinbo se aposentar ou sofrer um acidente, porque o estúdio se tornou totalmente dependente dele.

(Amagi Brilliant Park, Hyouka, Free!, Haruhi, Clannad)

Kyoto Animation:
O mais consistente estúdio do japão em termos de qualidade de produção de animes para TV. O estúdio conseguiu isso criando uma filosofia distinta de só ter profissionais talentosos trabalhando para ele, além de prazos de produção bem maiores que o normal. Como ele faz isso? Ele criou uma escola de animação aonde os professores são os animadores e diretores do estúdio, que são, basicamente, professores super gabaritados. Dos formados dessa escola só os mais talentosos são chamados para trabalhar no estúdio. Alguns são melhores que outros mas todos são acima da média ou talentosos de alguma forma. A KyoAni também é o único estúdio a não sub-contratar outros para terminar seus animes dentro do prazo, todos os episódios são feitos inteiramente pelos seus funcionários (in-house). O ambiente de trabalho, pelo que os funcionários de dentro informam, parece ser bem melhor que o dos outros estúdios. Fora a staff que vem da escola de animadores, eles também costumam contratar diretores e animadores freelancers ou de outros estúdios que se destacam positivamente na visão deles. 
Lembro, no entanto, que a Kyoto só tem o time que mexe com a parte artística como parte fixa do estúdio. Os roteiristas e compositores musicais de seus animes são sempre freelancers que trabalham com outros estúdios.

Curiosidade: A maioria do estúdio (80%) é composto por mulheres.

(Kara no Kyoukai, Fate/Zero, Fate Unlimited Blade Works 2014)
Ufotable:
O Ufotable não tem uma staff cheia de gente talentosa como a Kyoto Animation, e em quase todos os seus animes ele tem que chamar animadores freelancers especializados para cobrir buracos. Ainda assim, ele tem bons diretores de episódio e procura manter um prazo de produção acima da média, de modo que seus animes pareçam mais bem acabados e consistentes comparado a maioria dos outros estúdios. Outro fator é que a empresa tem uma parte do estúdio dedicado apenas a processamento digital, o que acaba gerando muito 3DCG em seus animes (ele tem que dar trabalho para os funcionários especializados nisso), principalmente de efeitos especiais, e um uso pesado de filtros na pós-produção, que costumam deixar deixar os backgrounds mais bonitos e bem acabados, e os personagens mais destacados no cenário, até lembrando modelos em CG de vez em quando.  Isso obviamente deve custar um pouco mais caro e reduz o lucro do estúdio, mas é uma decisão dos acionistas e gerencia para manter a qualidade visual um pouco mais elevada.

Infelizmente em 2015 a empresa começou a mudar sua metodologia de trabalho e ao tentar produzir 2 animes no mesmo ano o segundo deles acabou com sérios problemas, desde contantes adiamentos de episódios até erros grosseiros na parte visual devido a falta de tempo na produção.

Como um estúdio ganha dinheiro?

Na maioria dos casos, principalmente de adaptações, os estúdios recebem uma quantia X da produtora principal (Aniplex, Pony Canyon, TOHO, etc) para produzir o anime, como um prestador de serviços comum. Se o BD do anime vai vender bem ou mal é normalmente problema da produtora, o estúdio dificilmente perde muito com isso, já que mesmo quando ele investe parte de seu capital na produção de adaptações para anime, o investimento costuma ser baixo, e ele não recebe muito da porcentagem dos lucros ou prejuízo das perdas. Por isso que é normalmente dito que para um estúdio ter um lucro real com as vendas de uma adaptação o BD precisa vender muito, já que ele recebe muito pouco por BD vendido.

Formas de um estúdio ganhar dinheiro:

1 – Contratos de trabalho, prestação de serviços. Basicamente uma produtora pagando um valor fixo para ele produzir um anime X ou ele sendo sub-contratado para produzir alguma parte de um anime que outro estúdio está fazendo. O lucro é baixo mas é o método mais seguro de um estúdio se manter.

2 – Adaptações de outras mídias (mangá, LN) para anime que ele adaptou vendendo muito bem, e ele recebendo uma parte dos lucros, mesmo que pequena. Imprevisível, lucro médio.

3 – Animes originais. Neles o estúdio costuma investir bem mais na produção, e, portanto, recebe uma parcela maior dos lucros. Sem falar no direito a porcentagem da venda de figures, camisas, ect, tudo relacionado a obra. No caso de uma adaptação isso costuma ir para o autor, editora e produtora, mas no caso de animes originais o estúdio costuma ganhar uma boa fatia (exemplo: Sunrise com a franquia Gundam, Code Geass e Love Live). Mais arriscado, mas é o que mais gera lucro.

Formas de um estúdio perder dinheiro e, ou, falir:

1 – Falta de contratos de trabalho devido a muitos fracassos comerciais produzidos nele ou qualidade de produção duvidosa, o que desincentiva produtoras grandes a passarem obras para ele adaptar.

2 – Investimentos do capital do estúdio em diversas adaptações ou animes originais que falharam comercialmente.

Conclusão
O estúdio é importante? É, ainda mais porque um estúdio com muitos funcionários experientes, talentosos, ou, em uma boa fase, pode oferecer uma base sólida mesmo que o diretor e o revisor de animação do anime sejam inexperientes, e no caso do diretor já ser experiente a obra pode sair ainda melhor se ele tiver uma ótima staff, sem ter que ficar se preocupando em cobrir buracos com freelancers que conhece. Agora, não se deve colocar todo mérito de um anime bem ou mal sucedido em cima do estúdio apenas, ainda mais se ele tiver uma staff totalmente diferente para cada anime, como a A1-Pictures. A Madhouse, por exemplo, teve 1 péssima produção em 2014, 1 mediana e 2 boas (coisa similar já aconteceu na J.C Staff, Production I.G, ect). Se a política de confiar inteiramente no estúdio fosse eficaz um estúdio não deveria variar desse jeito, mas quase todos eles, tirando a Kyoto Animation, variam. Então não olhe apenas o estúdio, olhe primeiro a staff principal (diretor, designer de personagem/chefe de animação), veja o que eles fizeram antes, junte isso ao padrão de produção que o estúdio vem apresentando nos últimos 2 anos e você terá um resultado mais palpável, do que colocar tudo nas costas de um estúdio, que pode estar usando apenas 20% dos seus próprios funcionários naquela produção. Tem também o fator do produtor (quem banca o anime) a ser considerado, mas isso fica para outro post.

Conclusão resumida: Não olhe só para o estúdio quando ver um anuncio de anime! Se preocupe com a staff primeiro! estúdio, embora também seja importante, é secundário. Gritar o nome do estúdio quando não gosta de alguma coisa que observou quanto ao roteiro costuma ser sem sentido também. Você não reclama com o estúdio de um filme ruim, você reclama do diretor e produtores com controle criativo. Pra animes é quase a mesma coisa.

PS: Se querem saber os animes que um estúdio produziu nos últimos anos o jeito mais fácil de pesquisar é colocar, exemplo: “Shaft Wiki” no google e entrar na wiki AMERICANA, lá deve estar listado todos os animes produzidos em ordem.

Relacionado:
Animação boa X Animação ruim, como diferenciar.

93 Resultados

  1. Cyro Munhoz disse:

    Marco, sou bem desligado nesses detalhes (como estúdio ou staff) quando vejo os animes, mas queria saber, parece que a Key studios não faz mais animes? Verdade?

  2. Lucio disse:

    MUITO BOM TEXTO MARCO tem meus parabéns eu creio ter lido mais da metade dele porque foi muito interessante, por este motivo a kyoto animation é meu estúdio favorito, interessante 80% são mulheres? O.o nunca imaginei isso dizem que elas levam trabalho mais a sério e agora acho que estou acreditando, outra coisa, eu já sabia que o shinbo era muito importante na shaft,
    mas não sabia que era dependente dele, por isto ele é elogiado por trabalhar muito o coitado kkkkkk, e bom de fato nesse texto vc tirou o pensamento de muitos que o estúdio é tudo e que ele que define o anime, quando na verdade a staff é de grande importância.

  3. Lezerman disse:

    Da pra dizer que a Production I.G se apequenou nesses ultimos anos(talvez pela criação da Wit?) e também por que a kyoto animation não aposta em animes de apelo(como a Wit costuma fazer), por que ela sempre vai em um publico específico(muito moe, algum romance ou algo do tipo)?

    • Marco disse:

      Não sei quanto da I.G foi pra WIT mas a carga de trabalho dela caiu um pouco sim.
      A KyoAni faz o que os seus diretores estiverem com vontade de fazer (hoje em dia). No caso eles parecem gostar de animes de comédia/drama colegial. Amagi só saiu, por exemplo, porque um dos diretores da KyoAni é amigo do autor. Basicamente o autor falou com ele e ele produziu o anime. É algo bem incomum, mas lá funciona assim. Desde que não seja prejuízo certo eles fazem o que o diretor estiver com vontade de fazer.

      Caso interessante:
      Um dos diretores queria produzir algo com ação e saiu Kyokai no Kanata. Ele queria fazer uma continuação, mas como não vendeu muito só deixaram ele fazer um filme.
      Parece que um deles quer produzir um anime de fantasia agora. Vamos ver o que vai sair.

  4. Edu© disse:

    Ótimo texto, Marco! Deu pra aprender um bocado de coisas.

    A galera sempre acaba endeusando ou martirizando um estúdio, quando ele talvez não tenha culpa, como por exemplo no caso do anime de Akame ga Kill, que geral ficou falando mal da White Fox pq não curtiu o final alternativo que fizeram…

    Fiquei com dúvida em uma coisa: os estúdios não costumam ganhar muito dinheiro com participação em vendas de mídias em geral, mas no caso da A1, que é bancada pela Aniplex, isso se torna diferente, já que a própria produtora que banca o estúdio?

    • Shiba disse:

      Também já vi gente falando mal da White Fox por causa do final de Akame , assim como vi gente falando mal da Madhouse por Mahou Sensou ser ruim kkk .

      • Marco disse:

        Mas a parte técnica de Mahou Sensou é horrível mesmo. É basicamente o calcanhar de aquiles da Madhouse no últimos anos quando alguém fala que todos os animes dela são bem feitos (tem outros, mas esse é o mais recente).

        • Shiba disse:

          Realmente . Mas do anime mesmo o que mais me incomodou foi a história . Aquele final foi broxante demais .

          • Sora disse:

            Concordo aquele final para mim foi o pior de 2014.

          • Shiba disse:

            Psé , eu fiquei tipo ” que porra é essa ?” , pois não entendi bulhufas daquele final e aquele protagonista , cara ele é um saco , até a dublagem dele me irritava.

          • Sora disse:

            Fiquei do mesmo jeito kkk o anime adaptou 6 volumes da Light Novel(na época mal tinha lançado o 7),faz sentido ter um final merda nem fala do protagonista muito chorão aquele cara peguei um pouco de raiva dele,só virou alguém decente no final depois de ver sua namorada sendo cortada –*

    • Sora disse:

      Acho que nem foi mais pelo final em si,e sim [SPOILER] pela morte do Tatsumi no episódio 23(no dia vi uma renca de comentários negativos)…

      • Shiba disse:

        kkkk eu até gostei da morte dele , mas achei a morte da Mine muito forçada .

        • Sora disse:

          A morte da Mine foi meio sem sentido,ela deveria ter morrido no campo de batalha seria mais fácil de engolir,como não curto muito o Tatsumi então não fiquei triste/puto mas bati palmas para a staff ter essa ”coragem” de matar o suposto protagonista.

          • Shiba disse:

            Verdade . Se eles me dissessem que a arma sugava a energia vital da Mine eu até poderia engolir a sua morte , mas foi você disse a morte dela foi sem sentido .

          • Edu© disse:

            wtf… Se não me engano é explicado desde o início que a pumpkin utiliza energia espiritual, e por causa disso, sempre que a Mine se encontra em perigo, a pumpkin consegue usar mais dessa energia e ficar mais poderosa… A morte dela fez total sentido. E a do Tatsumi também lol (no mangá aconteceu algo bem parecido com a Mine devido a pumpkin usar da energia espiritual dela)

          • Shiba disse:

            Se explicaram isso eu não lembro , só lembro dela ter dito que quando ela está em perigo sua arma fica mais poderosa , mesmo assim ainda achei a morte dela forçada , se fosse para Mine morrer o momento perfeito seria na luta dela contra Seryu u.u .

          • Edu© disse:

            Não foi forçada e não seria o melhor momento… Morrer pra Seryu? Pelamor, ela já tinha matado a Sheele e nem era tão forte assim. Ela morreu com dignidade ao derrotar o general mais forte do exército, usando todo o poder da sua arma, que durante o anime inteiro foi dito sobre a real capacidade dela, então não vejo o motivo de ser forçado. E sim, a pumpkin utiliza a energia espiritual, acabei de confirmar, então não tem fundamente dizer que a morte dela foi sem sentido. lol

          • Shiba disse:

            Revi o ep que ela luta contra a Senyu e ela diz que a pumpkin se alimenta da energia de suas emoções . Realmente emoções pode lavar uma pessoa a morte kkk , eu ainda continuo achando a morte dela forçada , se ela morresse sendo pega na explosão suicida da Senyu eu acharia mais aceitável . Morreu com dignidade , mas achei sem emoção . As mortes da Sheele e do Bulat foram bem emocionantes u.u

          • Edu© disse:

            É da energia espiritual dela.

          • Shiba disse:

            De qualquer jeito , mantenho a mesma opinião sobre a morte dela u.u .

      • Marco disse:

        Melhor episódio. Só fiquei rindo de quem reclamava. Quem manda acostumar com enredos a lá Naruto e Nanatsus da vida.

    • Marco disse:

      Não sei os detalhes (não liberam). A Aniplex é dona da A1 e a A1 usa inclusive os contatos da Aniplex para conseguir staff para seus animes. Agora, se a gerencia da A1 tem liberdade para investir o capital do estúdio em certos animes eu não sei dizer. De qualquer modo, tudo que a A1 ganha volta para a Aniplex, que por sua vez volta para sua dona, a Sony.

  5. Shiba disse:

    Um post bastante interessante e informativo , explicou muitas coisas que eu não sabia . Quando um anime é anunciado não vou negar que não presto muita atenção na staff e sim no studio , mas quando o anime é ruim , não julgo o studio pelo péssimo enredo que o anime teve , só julgo mesmo quando a questão é animação . Dos studios que você citou no post , são na maioria muito bons , até hoje nenhum anime da KyoAni me decepcionou em qualidade técnica de animação . Bones também , mas como você disse quando eles pegam muitos animes para animar acaba prejudicando algum , no caso Hitsugui no Chaika do ano passado , que não tava no nível de qualidade como os outros . A1 poucas de suas produções conseguem se destacar , o anime de Denpa mesmo tem uma animação bem ruim , e o fato deles pegarem 4 animes por temporada para animar as vezes me incomoda . Shaft sempre usa esse mesmo diretor , agora sei porque a maioria dos seus animes tem aquela famosa virara de cabeça kkk , soube também que Shaft quase foi a falência , antes de Madoka e Monogatari Series aparecer kkk . Ufotable sem comentários kk . Madhouse é um studio no qual gosto bastante , pois seus animes me agradam muito visualmente na maioria das vezes , HXH 2011 mesmo é mérito para eles manterem o anime com uma boa qualidade , mesmo ele tendo mais de 100 eps . HXH 2011 comparado a Naruto e One Piece , tem uma animação bem superior . Pierrot e Toei pra mim não tem salvação , mesmo que pegue uma boa staff eu não confio mesmo nesses studios , os únicos animes que vi com uma produção acima da média deles , foi Tokyo Ghoul ( só a 1 temporada a segunda a qualidade cai bastante ) e Kindaichi Shounen no Jikenbo Returns da Toei . Eu pensava que os studios ganhavam pelo menos metade dos lucros da vendas de BD . Gonzo mesmo é um studio que faz tempo que não vejo um anime sendo animado por eles kk. Zexcs também . Marco tenho uma duvida sobre a KyoAni . É verdade que ela tem um contrato exclusivo com uma produtora ? , pois eu não vejo outras produtoras apostando em seus animes , como exemplo nunca vi um anime da KyoAni com a Aniplex .

    • Marco disse:

      “A1 poucas de suas produções conseguem se destacar” – A maioria das produções é mediana, mas 2 dos 5 animes mais bem animados de 2014 são da A1. No total tem 4 produções dela acima da média em 2014 e em 2015 já tem pelo menos na WInter, com mais 2 sendo prováveis, uma pra Summer e outra pra Fall.

      Não sei como ficou depois mas dos 20 e poucos episódios que vi de HxH 2011 a animação é bem econômica. Não vejo One Piece, Naruto ou animes de audiência em geral pra comparar, mas era inferior a maioria dos animes de ação de 1 ou 2 cour para TV. Dizem que melhorou depois da metade mas não tenho como confirmar. Se eu descontar Mahou Sensou no início de 2014 a Madhouse está estável no momento, com produções variando de mediana a acima da média.

      • Shiba disse:

        Posso garantir , que mesmo a animação de HXH 2011 sendo econômica , é melhor que a de One Piece e Naruto kkk . Marco você sabe se a KyoAni tem contrato exclusivo com alguma produtora ? , pois eu vi gente falando sobre isso ai , que por esse motivo Little Bursters não foi animado por eles .

        • Marco disse:

          Quem banca todos os animes originais da KyoAni é a Pony Canyon. No caso das adaptações de LN as vezes é a Kadokawa. Nunca vi ela trabalhar com outros.

          Sobre Little Busters, a KEY, empresa que criou o jogo, ofereceu o projeto para a Kyoto Animation, com quem já estava acostumada a trabalhar, mas o estúdio recusou porque estava ocupada com outros projetos na época. Como eles não queriam esperar mais uns anos até a KyoAni ter tempo livre eles deram para outro estúdio.

          • Shiba disse:

            Entendi kkk , ele deveria ter esperado , pois com certeza sairia melhor que a adaptação da JC Staff u.u

    • Sora disse:

      Gonzo produziu Blade & Soul ano passado mesmo quase parando tá na ativa ainda.

  6. diego disse:

    Muito bom mesmo , faz um tempo que eu queria ver um post deste , mas será que poderia falar um pouco da Mad House ( meu estúdio favorito ),

    e da Deen pois eu ainda não sei por que continuam a dar animes para ela , nunca vi um anime deles na media pelo menos .

    • Shiba disse:

      Também sou Madhouse fã kk *O*.

    • Marco disse:

      Quer saber o que do Madhouse exatamente? Ele teve seu ápice de 2000 a 2007. Declínio após isso, quando a maioria dos nomes de peso do estúdio começaram a sair. Um deles o famoso Mamoru Hosoda.

      Passou por maus momentos financeiramente de 2007 a 2011, quando foi comprado pela NTV e reestruturado. Parece estar tentando juntar uma boa staff novamente desde então. Se baseia muito em trabalho freelancer, como qualquer estúdio normal.

      Sobre o Estúdio Deen: Dos últimos 5 anos, Kore Wa Zombie Desuka, Sankarea, Sakura Trick e Rozen Maiden tiveram uma produção ok. O próprio filme de UBW deles é bem animado, o pessoal reclama é do roteiro. Eles tem produções capengas mas não é como se tudo que eles fizessem fosse ruim tecnicamente.

  7. Sora disse:

    Excelente post Marco é bem interessante tirou varias dúvidas que eu tinha sobre alguns estúdios,”A maioria do estúdio (80%) é composto por mulheres”agora tá explicado pq de vez enquanto sai animes do mesmo ramo Free! daqui kkk.

    Madhouse descontando Mahou Sensou se mantém bem atualmente,virou meu estúdio preferido depois de animar o Best Shounen da atualidade Hunter X Hunter 2011 xD,apesar que Mahouka e No Game No Life foram bem sucedidos também mais o mérito vai mais pela staff de ambos.

  8. Lezerman disse:

    Então basicamente o que um anime da A1 precisa pra ser acima da média é uma verba grande(uma aniplex por trás) pra contratar bons freelancers e prazo de produção que não seja curto? ou quase qualquer anime da A1 que tenha a aniplex como produtora é uma coisa acima da média?

  9. chefe é chefe né pai disse:

    E um mercado complicado pelo visto,gosto da filosofia da Kyo em manter uma qualidade superior e fazer escola com ela, combina mias com o propio Toyotismo nascido no Japão,há dois estúdios que tenho um carinho especial, AIC e a Brain Base boa parte das adaptações são do meu agrado.

  10. Kanko disse:

    Maguinifico esse Tópico…Divo demais Marco :3

  11. Rodrigo Rodrigues disse:

    Que excelente post Marco! Muito obrigado mesmo!!!

  12. Ltheme Partido disse:

    a kyoto animation ja fez um anime de ação ?

  13. DouglasLK disse:

    Marco mitando mais uma vez em um exelente post.

  14. Erik Celso Kolling disse:

    Cara, ÓTIMO ARTIGO. Muito bom mesmo.

    Mas só por curiosidade, o Liden Films é uma ramificação de qual estúdio? Ou já veio do zero?

    E a Toei anda bem das pernas? Porque as suas produções andam lastimáveis, embora tenha algumas que se salvam, como as Precure

    • Lezerman disse:

      A Toei não está mal agora, pelo que eu saiba a toei sempre foi assim

    • Marco disse:

      Liden não tem uma Wiki para eu me informar, então não sei ao certo. Mas pelo que já vi os gringos comentando parece ter sido fundado por uns animadores de um estúdio pequeno (desconhecido) em 2012.

      O Toei vive em um estado intermitente de ter muito mais animes para produzir do que consegue dar conta. E como ele continua conseguindo trabalhos não deve tentar mudar seu sistema de produção desastroso tão cedo.

  15. Marcelo M disse:

    Marco, parabéns por mais um texto excelente!! Muito bem explicado e interessante. Algumas informações eu já tinha lido por aí, mas tudo “solto”.

    Só complementando aquela informação sobre o atraso na produção de Girls und Panzer, eu li uma vez que eles criaram aqueles 2 episódios de recapitulação justamente para ganhar mais 2 semanas de prazo, e ainda cortaram um episódio (aquele contra a Anzio), que mais tarde foi lançado como um OVA. E foi uma decisão corajosa (e arriscada) o adiamento dos dois últimos episódios. Mas no fim, e porque não dizer por sorte também, foi uma decisão acertada. A qualidade se manteve, as vendas foram muito boas, e o OVA teve até lançamento em cinema (e como eles tiveram tempo, ainda adicionaram uns 15 minutos a mais que o episódio originalmente planejado).

    Será que dá para se dizer que por causa das dificuldades e dos custos de se manter uma boa (e talvez também, grande) equipe, a maioria dos estúdios não trabalhe com séries muito longas (acima de 26 episódios e exibição contínua)?

    Muito obrigado e até a próxima.

    • Marco disse:

      É algo bem simples na verdade. Quanto mais longa a série, mais cara, e a produtora que banca o anime quer correr o menor risco possível, principalmente com series não muito populares, cuja projeção de vendas não é boa. Por isso a maioria dos animes só tem 12 episódios. É o risco mínimo em termos de investimento.

      Se a editora colocar fé na série, ou quiser fazer marketing com personagens que só aparecem bem mais pra frente na história, ou o diretor achar que a série vai funcionar melhor com 24 episódios eles podem tentar convencer a produtora a bancar, mas não acontece muito.

  16. Zerefe disse:

    Demorei mais de meia hora pra ler mas valeu a pena, tiro muitas dúvidas que me surgiram depois de ver Shirobako,ainda tenhu algumas mas vou esperar os próximos guias,porém mesmo assim vou perguntar uma coisa: a Kyoto Animation é um exemplo de estúdio com produção acima da média muito pelo fato de utilizar essa filosofia(que é algo muito bem pensado)porque então os outros estúdios não seguem esse exemplo e criam suas próprias escolas de animação?Acho bem mais promissor garimpar os talentos de algo que você tá investindo do que ficar correndo atrás de funcionários de outros estúdios,é como no futebol as vezes apostar na base pode ser tão bom e recompensador do que contratar um jogador velho com salário alto ou apostar só em estrelas.

    • Lezerman disse:

      os outros estudios querem quantidade e não qualidade, por isso essa escola ta fora de cogitação pra eles

    • Marco disse:

      É uma metodologia que exige investimento a longo prazo, algo que a maioria dos estúdios não está disposto a fazer. Kyoto Animation não começou como um estúdio de ponta. A ideia da escola exigiu investimento e demorou uns bons anos para dar frutos.

      O maior problema, no entanto, está no fato de que para manter uma qualidade elevada ela produza muito poucos animes por ano, se sustentando através da venda dos BDs, principalmente dos animes originais dela. É algo que deu certo pra ela, mas é sem duvida bem arriscado.

    • Zerefe disse:

      Seria espetacular ver animes shonens,seinens e outros sendo produzidos na mesma qualidade da Kyoto Animation e prefiro qualidade do que quantidade,tipo não sei dos números mas acho mais vantajoso criar um anime de qualidade boa que venda muito do que criar vários com qualidades dúvidosas,sobre a questão de ser à longo prazo investimentos assim no futuro são os que vão mais dar retorno e acho boa a idéia pelo menos tá teoria,na pratica temos o exemplo da KyoAni

  17. Lezerman disse:

    Porque você não faz mais análise da staff do(s) anime(s) mais hypados(ou não) tipo quando tu fez como SAO e Akame ?,acharia legal se tu fizesse isso com algum anime da próxima temporada

    • Marco disse:

      Pra fazer aqueles posts é preciso que eu: tenha lido o original, esteja realmente interessado na adaptação por qualquer motivo, e seja um anime exigente em termos de produção (que valha a análise), o que basicamente limita a animes com ação.

      Fiz analises de Madan no Ou, Akame e SAO 2 porque batiam com isso. O único anime “de ação” da próxima temporada (Verão 2015) que tenho interesse até o momento é Gate, mas como não conheço o original não sei qual é o nível de exigência em termos de produção dele, o que inviabiliza uma análise de Staff completa da adaptação.

      No Guia da temporada tem as análises bem resumidas. Na maioria dos animes só comento o estúdio e diretor, mas nos de ação ou que me interesso mais que o normal costumo comentar do compositor e designer também.

  18. Gustavo Guidini dos santos disse:

    caraca, que foda… com certeza vou ler mais tarde, a rotina de pião foda… hahahaha

  19. Yuu-kun disse:

    Valeu Marco só você mesmo pra escrever tudo isso. Tamo junto!

  20. Emerson disse:

    Mais um belo texto! Parabéns, cara.

  21. danpmss disse:

    Marcos, voce é o cara!

    Mais um texto que vai pros favoritos para servir como base para explicaçoes nas discussoes com meus amigos xD

    Obrigado por mais uma “aula”, bro haha

  22. Lezerman disse:

    dos estudios menos conhecidos, qual aparenta ter mais consistência em seus trabalhos (menos tipo,Mappa,Feel,Dogakobo..)

    • Marco disse:

      Não lembro de nenhum. O mais desconhecido com trabalhos consistentes era o Doga kobo, mas parece ter ficado popular por causa de Nozaki-kun – que ironicamente nem é o anime mais bem animado do estúdio. Feel e Mappa não são consistentes.

      • Stocke disse:

        Pra mim o Doga Kobo começou a ser reconhecido depois de Engaged to Unidentified, eu pelo menos começei a prestar mais atenção no estudio nos ultimos anos por causa dele

        • Marco disse:

          E eu comecei por Love Lab, o anime mais bem animado por eles até hoje. Mas para a maioria foi Nozaki-kun, é só comparar a quantidade de membros dele no MAL contra os outros da Dokakobo, ele é absurdamente mais popular.

          É algo que dava até pra notar pelos guias de temporada. Embora eu elogiasse a Dogakobo nos guias o pessoal só começou a dizer que ia dar uma olhada no anime por ser da Dogakobo (o que não faz sentido, vale dizer) depois de Nozaki-kun. Love Lab e Mikakunin só alguns viram.

  23. Fergus Oficial disse:

    Madhouse sempre na frente…

  24. Renan Lima disse:

    ESTÚDIO GHIBLI O MELHOR P MIM U.U

  25. Alexandre Teixeira disse:

    Marco estou fazendo uma pesquisa de doutorado sobre animações eróticas com personagens monstruosos. Você conhece, ou tem informações sobre os estúdios especializados nesse tipo de produção? Sabe algo a respeito da Edge Systems?

    • Marco disse:

      Não existe padrão, tem várias produtoras que mexem com esse tipo de hentai e elas dão para estúdios completamente diferentes, que costumam fazer de tudo. É quase impossível conseguir muitas informações sobre estúdios de hentai sem saber japonês e mesmo sabendo ainda é difícil porque existe pouca coisa (um dos motivos que estou gastando um século para terminar um post sobre estúdios e produtoras de hentai).

      • Alexandre Teixeira disse:

        Obrigado pelo retorno! O seu trabalho é interessantíssimo pela forma como você escreve e pela riqueza das informações. Quando avançar mais no meu trabalho de pesquisa e na escrita vou citar algumas informações que você publicou, ok? (com os devidos créditos, claro!). Gostaria de manter o diálogo contigo. Abraços

  26. Gustavo Henrique disse:

    Marco, ouvi falar que o estudio Madhouse não costuma fazer segunda temporada , isso tem alguma coisa haver ? ou é só coincidência ?

    2) existe animes que só foram feitos para divulgar a obra original ? tipo mesmo que venda muito só foi feita para divulgação não terá continuação em anime, ou se vender muito mesmo que seja só pra divulgação acaba tendo s2 ? se existe como saber se vai ser só pra divulgação ? tipo existe alguma produtora q só trabalha com animes pra divulgar ou estudio , algo assim ?

    • Marco disse:

      1 -Coincidência, antes de 2014 existia o mito que nenhum anime da Madhouse vendia porque os japoneses não gostavam dela também. Um mito está diretamente ligado ao outro na verdade, já que como quase nada vendia ter continuação era impossível. E só porque um anime vendeu não significa que vai ter continuação, o estúdio/staff do anime pode estar ocupado com outros projetos ou a editora ganhou um bom boost no material original e não acha que uma S2 vá fazer muita diferença, não dando sinal verde pra mais.

      Quando um mega sucesso de vendas não tem continuação costuma haver um motivo por trás. Como citei a respeito de vários animes nesse post -> http://intoxianime.blogspot.com.br/2015/02/anitopics-01-animes-bem-sucedidos.html

      2 – Toda “adaptação” é feita para divulgação. Até mesmo o anime de Parasyte foi financiado como marketing para divulgar os filmes da obra que iam sair no mesmo ano, e, claro, o mangá, que foi relançado. Já animes originais são feitos para vender mesmo, é sua única forma de dar lucro.

      Quando um anime vende menos de 3k ele dificilmente tem continuação, porque se perdeu mais dinheiro do que ganhou na produção. Apartir de 4k no entanto ao menos a obra pagou seus custos, e se quem bancou o anime teve lucro com as vendas do material original (como animes da produtora Kadokawa, que é dona de metade das editoras de mangá e light novel), ela talvez possa achar que por alguma motivo uma S2 vai melhorar ainda mais essas vendas.

      No caso Noragami 2 (da Kadokawa) estão apostando no arco Bishamon, que é uma personagem muito popular no mangá que acabou não recebendo muita atenção na S1. Alguém provavelmente convenceu o comitê de produção que uma S2 focando nela pode aumentar as vendas do mangá e ainda ajudar a vender mais figures, etc, da personagem.

      Em Shinmai Maou (também da Kadokawa) a ação e ecchi vão escalar, assim como vão aparecer um bando de mistérios. Alguém provavelmente convenceu a produtora que era viável adaptar uma S2, pois com o bando de personagens femininas novas, ecchi e ação escalando, o interesse do público pelo original ou pelo próprio anime poderia aumentar. Além de que quanto mais personagens femininas no anime mais figures eles tem pra vender e lucrar paralelamente.

      Nos casos aonde uma produtora sem ligação com a editora é a produtora principal (Aniplex, Pony Canyon, TOHO) já é mais difícil ela aprovar uma S2 mesmo que o material original venda bem, porque ela dificilmente ganha algo com isso. Em outros casos o estúdio não quer mais fazer, porque a participação nos lucros com a S2 foi baixa ou está atolado de trabalho pelos próximos anos, ect.

      Por último, a única editora que nunca autoriza S2 é a Gangan Joker. Ela inclusive manda colorarem um final original na maioria dos animes que autoriza adaptação, porque não vai ter mais. Exemplo: Otome x Amensia, Akame ga Kill, Pandora Hearts, Inu x Boku SS, Gugure! Kokkuri-san, Seto no Hanayome e One Week Friends. As produtoras que financiaram querem que venda, obviamente, porque se não elas não recuperam o que gastaram. Mas independente se vai vender ou não nunca tem continuação porque a editora não tem interesse, é a politica dela.

  27. Just someone disse:

    Uma das matérias que mais acesso no blog! excelente post.
    Marco, você poderia fazer um guia sobre as staffs dos animes. Aí você dividia em setores os melhores diretores, roteiristas e compositores, citando quais foram os trabalhos deles (e em quais estúdios eles costumam trabalhar) e por que você os considera os melhores. Além dos melhores, seria bom também se você citasse os piores kkk. Sempre fico curiosa quando leio os comentários dos guias de temporada e as primeiras impressões, onde você cita a sua opinião quanto a staff dos animes. Acho que seria bem legal!

  28. leidianellady disse:

    Tenho algumas duvidas em relação a animações. Em media a animação de um episodio no japão equivale a 100 mil euros, é possivel uma empresa brasileira contratar um estudio de animação japones para fazer um ova por exemplo?
    100 mil é a média, mais quanto será o minimo possivel para fazer um episodio?

    • Marco disse:

      Vai ter um post só sobre isso nas próximas semanas, aguarde que ele deve responder todas as suas dúvidas sobre o assunto.

      • mikasawasakura disse:

        Obrigada, estou no aguardo então. Sempre tive essa curiosidade, pois já vi alguns diretores (tipo, makoto shinkai), fazendo comerciais em animações, por isso a duvida. Imagina empresas estrangeiras contratando os animadores então? melhor ainda.

        🙂

  29. K-ON disse:

    Favorita pra ler depois

  30. Jhozi disse:

    Matéria sensacional… Comecei a ter interesse por isso depois que vi shirobako, pq apesar de mostrar muitas coisas, você ainda fica com duvida na parte financeira da produção.
    O blog está de parabens.

  31. Andrey Silva disse:

    Marco,eu gostaria de fugir do assunto do post e pedir que vc me esclarecesse uma duvida minha um pouco idiotakkk.A respeito do intoxi no geral,qual foi o artigo ou post ,com o maior numero de palavras e com uma certa dificuldade que vc ja elaborou?Ou nao dé tanto trabalho para fazer um post.

  32. Cyro disse:

    Só o UBW e Heavens Feel pra salvar o Shirou mesmo, que protagonista bundão viu… Não suporto ele, bem babaca msm

Deixe um comentário