RE:Creators #06- Desejo e Realidade – Impressões Semanais

Primeiramente, queria pedir desculpa pelo pequeno atraso do post, segundo, que depois de se ausentar por um tempo a ação finalmente voltou para os episódios de RE:Creators. Não que eu seja uma fã de carteirinha de ação desenfreada, mas convenhamos que apenas os diálogos bem escritos não são suficientes para manter a atenção do público.

Tanto é que existem recursos de roteiro como o cliffhanger (situações desafiadoras, tensas), o plot twist (reviravolta), os  flashbacks, o red herring (pistas falsas), os easter egg (coisas escondidas, normalmente referencias) e as gags (piadinhas, momentos cômicos) inseridos durante a narrativa para tornarem as histórias mais atrativas e às vezes até desafiadoras para o público.

As pessoas não estão interessadas em algo 100% previsível ou em que não acontece absolutamente nada. As pessoas querem ser pegas de surpresa, deduzirem coisas durante a narrativa ou que pelo menos ocorram situações tensas para os personagens.

Dito isso, RE:Creators, mesmo com a volta da ação, continua sendo muito presa aos diálogos quando o preferível para um roteiro desse gênero é que você mostre as coisas. Não estou dizendo para o roteirista: “corta explicações e deixa teu público com uma porrada de interrogações na cabeça”.

O que eu preso é a dosagem, o texto do anime ainda é muito extenso e eu ouso dizer que daria para o roteirista condensar um pouco mais as informações sem gerar problema na progressão da história.

Mas como não sou o roteirista, vamos ao que interessa, que é discutir certas coisinhas desse episódio que achei deveras interessante. E a primeira discussão do anime foi: matar por justiça ou diversão não seria a mesma coisa? Uma perversão do que é correto? Nesse caso, matar que é visto como errado.

Essa vilã é muito cínica, mas joga uma verdades cruéis.

Dizem que demônios contam mentiras deturpando verdades e vice versa. E isso se resume à nossa nova personagem, uma assassina sobrenatural muito cínica que usa da lógica sofista, que é uma linha de pensamento materialista.

Nesse caso certo e errado podem ser praticamente a mesma coisa, porque tudo é baseado no ponto de vista. O sofismo basicamente é a arte de convencer tanto para o bem quanto para o mal, porque usa da lógica pura.

As coisas que ela disse resultam em sentenças verdadeiras, mas não se engane, a postura dela é corrupta se julgada por valores morais. O que ela disse sobre matar é verdadeiro, assassinato continua sendo assassinato independente da razão que ti leva a cometer um homicídio.

Matar por justiça não vai se diferenciar de matar por diversão porque o que você acha justo é uma construção de valores individuais, mesmo que seja influenciado por uma linha de pensamento ou pela sociedade. É puro egoísmo do ser humano.

Quantas pessoas mataram por uma causa que acharam justa? Quantas pessoas movidas por uma causa “justa” implantaram verdadeiras ditaduras de sangue? Isso é uma perversão do correto. O correto é simplesmente: matar é errado, mas você desvia isso com o minha causa, é justa, logo eu posso matar.

Aliceteria representa tudo que ocorreu nas revoluções francesa, chinesa, russa, etc. Uma séria deturpação do “os fins justificam os meios” de Maquiavel, porque ele nunca disse que você deveria destruir a ordem pré-imposta gerando anos de conflitos e rios de sangue, fins só justificam meios quando são para manter a ordem, a governabilidade do Estado.

A cavaleira quer fazer justiça, quer salvar o seu mundo, sem pensar nas consequências ou no fato que ela pode estar destruindo o mundo de outras pessoas que são praticamente semelhantes as pessoas do seu mundo. E como ela reage ao pensamento contrário? Ela reflete sobre o que está sendo dito? Não, ela prefere negar e atacar.

No entanto, admito que nem sempre dá para seguir está regra de ouro de Kant, que é fazer o certo apenas por ser o certo. Mas nunca se negue a pensar de maneira racional ou podemos criar coisas como o nazismo. E aqui entramos na discussão de: desejo versus realidade.

 

Meteora é outro ser que não tem papas na língua XD

Todo o ser humano age de acordo com suas concepções e ideias, que muitas vezes são direcionadas por uma linha de pensamento que ele considera ideal. No entanto quando essa pessoa coloca essa ideia com a qual objetiva alguma coisa como sendo algo totalmente absoluto, pode correr o risco de se cegar e confundi a realidade com o seu desejo.

Criando coisas como o famoso radicalismo religioso, as famosas perseguições, as famosas guerras. Basicamente a pessoa fica presa em uma cela que ela mesmo criou para si e passa, em diversos casos, a seguir as ordens e direcionamento de outra pessoa sem a questionar desde que enxergue nessa pessoa o seu ideal.

No caso de Aliceteria, a garota está presa no ideal de salvar o seu mundo confiando totalmente na “tutela” de uma pessoa que não é confiável, Altair. A busca obsessiva dessa personagem me parece um pouco com a busca da “Torre Negra” na obra de King, até que ponto você chegaria para alcançar seus objetivos? Até que ponto você abriria mão da sua dignidade, seria desleal e abandonaria um companheiro para isso?

E como alguns cogitavam, a mahou shoujo que estava meio que hesitante desde o ultimo combate com a Selesia, pelo jeito decidiu ajudar o lado do “bem”,  nem que seja só nesse episódio.

Mas o que eu achei interessante é o Blitz Talker, ele não parece ser aquele cara cego por um ideal como salvar o seu mundo e provavelmente sabe que a Altair é alguém questionável, mas faz o serviço sujo não se importando para que lado ele trabalha. Claramente o típico mercenário.

Acho que esse senhorzinho vai dar um trabalhinho XD

No entanto, se vocês perceberem, ele também não acaba cutucando a garota para que usasse o poder dela se quisesse parar a luta? Praticamente forçando a Mamika a parar de show e fazer alguma coisa ou assistir o povo se matando.

Então é o típico anti-herói, não é realmente mau, mas não se importa em matar ou que pessoas saiam feridas. Contudo também não sei o que ele objetiva para estar ajudando a Altair pelo simples fato que esse tipo de personagem é bem ambíguo, diferente da genocida que claramente só faz o que bem entende.

Mas como nem tudo são flores, não estou gostando da passividade do protagonista. Tudo bem que ele é um dos criadores, mas o personagem está praticamente atuando como um enfeite e é ilógico ao descobrir uma coisa de suma importância como a origem da Altair, ele ficar de boca calada.

Sério, o mundo dele pode ser destruído, mas por causa de um drama pessoal que é ele conhecer a criadora ou ter ajudado na criação da vilã, hesitar em falar sobre o assunto para a Selesia. Nonsense total.

Por fim, RE:Creators sem dúvidas é um anime que tem bons personagens com um roteiro com um conteúdo legal que espero que seja muito bem desenvolvido e direcionado a um final satisfatório, porque seria uma pena trabalharem tantas coisas interessantes e no final caminharem para um abismo cheio de merda.

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E você, que nota daria ao episódio?

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#Extras

Quando chamarem alguém de cara de pau, pense nesse ser kkkkkkkkk

Nãoooo, vão viciar as heroínas no Facebook e no Instragam

 

Sirlene Moraes

Apenas uma amante da cultura japonesa e apreciadora de uma boa xícara de café e livros.