Sakamichi no Apollon – Amizades, paixões e muito jazz

Sinopse: No início do verão de 1966, Kaoru se transfere para a escola secundária de uma cidade provincial de Nagasaki. Graças a sua família viver em um ciclo quase constante de mudança de cidades, o garoto não consegue fazer amigos e só conhece a escola como um lugar de difícil adaptação. No entanto, em seu primeiro dia na nova escola, ele encontra Sentarou, um valentão da turma e toma um novo rumo na vida.

Um velho poeta uma vez disse que a amizade é um meio de nos isolarmos da humanidade cultivando algumas pessoas e Sakamishi no Apollon é uma obra que transmite a beleza e imprevisibilidade de se construir uma amizade e como a vida nos conduz a caminhos inesperados, assim como a melodia do Jazz.

Algumas pessoas podem achar o design do anime um tanto datado e feio, mas nada que incomode a degustação do verdadeiro potencial dessa produção que é  imergir o público nos sentimentos e paixões dos personagens através de um enredo bem cadenciado mesclado a uma trilha sonora musical rica em diversas referencias como Beatles, John Coltrane e Bill Evans.

Aliás, a música neste anime é algo extremamente essencial para os próprios personagens por ser praticamente uma extensão deles, uma maneira de se expressarem, se libertarem de seus conflitos internos, tensão cotidiana e terem momentos de genuíno prazer e companheirismo.

Sendo indiscutível que os personagens realmente constroem esta história e não são apenas conduzidos pelo autor de maneira forçada. Inclusive, um dos pontos fortes da obra é a imperfeição do trio principal, que não possui apenas uma dimensão ou um plano de ação estático.

Eles são vivos e passam a autenticidade de um ser humano,  não ficam apenas no preto ou branco. Suas ações são moldadas por suas personalidades, mas acima de tudo pelo o que vivenciam e por experiências pessoais anteriores.

Por isto não encontraremos pessoas 100% bem intencionadas em Sakamichi, eles têm seus momentos de egoísmo e de serem meio filhos da puta um com os outros.  Todos possuem seus traumas ou dificuldades pessoais e instantes de timidez, covardia,  ousadia e coragem para darem o passo seguinte.

O que com certeza traz mais cadência e naturalidade para o próprio enredo, já que nenhum personagem secundário é irrelevante ou está presente no meio do cenário apenas para ser um apoio descartável, mas realmente contracenam com o protagonista.

A Ritsuko talvez seja o membro mais fraquinho do trio, apesar dela ser extremamente importante no amadurecimento de Kaoru e um dos fatores chaves para suas ações em determinados momentos da trama, mas isto é reflexo de uma maior abordagem em cima da dupla masculina durante as narrativas.

E aqui entra um dos pontos principais da obra, apesar dela ter uma boa carga de romance embutida, ela não foca no romance em si, mas no crescimento da amizade entre Sentarou e Kaoru ao ponto de um realmente cultivar o outro e se tornarem ambos importantes um para o outro.

Consequentemente Kaouru tornou-se o anjo guia de Sentarou, assim como Sentarou se torna aquilo o que Kaouru sempre quis: um companheiro com o qual ele pudesse compartilhar algum tipo de ligação, uma pessoa que definitivamente o marca e muda o rumo de sua vida.

Ademais, para quem parou a obra porque achava que iriam desenvolver algo voltado para o público fujoshi, nem que a relação dos garotos fosse algo realmente amoroso, o anime já valeria a pena pelo bom trabalho realizado no desenvolvimento dos dois.

Todas as situações dramáticas e problemas arranjados no enredo foram essenciais para que os personagens expusessem todas as suas fraquezas e pontos fortes, além de aprenderem e amadurecerem com os próprios erros.

Contudo, em algumas cenas a carga do drama romântico é um pouco estendida, não ao ponto de se criar um dramalhão por vários episódios seguidos, mas tenham ciência que o anime possui uma boa quantidade de situações do tipo.

Positivamente, todos os problemas levantados são resolvidos em um ou dois episódios, o que não dá um aspecto muito carregado a obra e deixa todas as subtramas fechadinhas.

Atrelado a estes aspectos, a animação não decepciona sendo bastante fluida e consistente, contendo alguns quadros estáticos aqui e ali, mas são um arranjo da direção e não uma falha técnica. As expressões e olhares dos personagens também são bem focados, o que ressalta bastante as sensações e sentimentos do elenco .

Mas o maior destaque fica para as cenas de performance musical que são bem dirigidas e animadas ao ponto do público se sentir realmente em um ensaio de jazz, sendo como Shigatsu wa Kimi no Uso, um dos animes musicais mais bonitos e envolventes que temos disponível no repertório atual.

Todavia, por ser um anime de apenas doze episódios, contamos com um arco final um pouco corrido, mas isto não prejudicou tanto o anime, apenas entregou um desfecho satisfatório e que completava a proposta inicial, então recomendo para maiores fan services o final do mangá e o capítulo bônus que encerra o timeskip efetuado.

Portanto, para aquele grupo de pessoas que não se importam com um design um pouco mais antigo e gostam de um drama bem produzido e trabalhado, Sakamichi no Apollon é com certeza uma experiência única, principalmente para amantes de jazz.

Nota

Direção – 8/10

Roteiro – 8/10

Trilha Sonora – 9/10

Animação – 9/10

Entretenimento – 8/10

[yasr_overall_rating]

Extra

Isto que é um senhor Duo, tenha um amigo que te incentive a tocar assim XD

https://www.youtube.com/watch?v=xOf3MVMPGOc