Produtor propõe novo modo de produzir animes (e salvar a indústria)

Um produtor japonês fez uma palestra recentemente sobre uma nova forma de se financiar animes.

Segundo alguns dados recentes, de todo lucro gerado por animes ano passado, que vem aumentando, apenas 10% foi para os estúdios, que são quem realmente faz o anime. É a velha discussão “do que é mais justo”.

Ele reclama que os estúdios não tem direitos sobre praticamente nada que adaptam. Já os produtores grandes (Aniplex, Ponycanion, Toho, etc), alegam que eles não ganham nada porque não arriscam nada, apenas fazem um trabalho que foram contratados para fazer. Se o anime fracassar, eles não perdem nada, diferente dos produtores que bancaram.

 

Para resolver esse empasse, ele primeiro listou os problemas recentes da industria:

  • Baixo salários dos animadores
  • Estrutura em que os estúdios de animes não tem o direito sobre as obras que animam (isso é meio bizarro, ele quer que estúdios que não pagaram nada para produzir o anime tenham direito a ele?)
  • Falta de produtores talentosos (com visão de mercado, que saibam administrar um projeto, etc)
  • Queda na distribuição de animes JP na China, que se tornou a maior fonte de lucro do Japão em termos de anime recentemente. Muito porque a china começou a produzir seus próprios animes.
  • Editoras que não oferecem contratos flexíveis na adaptação de suas obras, mantendo quase todos os direitos para elas.
  • Com o aumento da quantidade de trabalhos e a divisão da mão de obra qualificada, a qualidade vem caindo.

No sistema atual uma grande empresa junta várias outras e cada uma paga as contas de parte do projeto, e ficam com direitos autorais e de revenda conforme sua colaboração e acertos no contrato. Empresas que produzem BD/DVD são muito importantes nesse sistema e ele tem baixo risco, já que mesmo que a obra venda mal, cada empresa perde um pouco, em vez de uma só ter que arcar com o prejuízo sozinha. Existe um reforço sobre as vendas de BD/DVD ainda serem de vital importância, feito por um produtor da famosa empresa Kadokawa em Janeiro, inclusive.

Um dos maiores problemas desse sistema, segundo o produtor, é que quando o produtor exige trabalhos de alta qualidade do estúdio, ele tem que gastar mais, e acaba tendo um lucro muito baixo, somado ao fato que não vai ganhar nada quer o trabalho fique melhor ou pior, tirando melhorar ou piorar sua reputação. Outro problema é que fica difícil tomar decisões rápidas quanto ao projeto, já que elas teriam que passar por todos os integrantes do comitê de produção. Já quando existe apenas um produtor, fica muito mais fácil tomar decisões rápidas, dado que é necessário consultar apenas uma pessoa.

 

Finalmente, o produtor sugere um novo sistema, onde os estúdios liderem os projetos e empresas grandes estrangeiras ou nacionais se tornem as parceiras delas. As empresas parceiras pagariam o custo da produção para o estúdio, ganhando assim o direito a distribuição da animação. O estúdio, por sua vez, manteria direitos autorais sobre a obra para lucrar com royaltes e venda de direitos para outras empresas.

Em análise, esse modelo é meio conveniente demais para os estúdios, já que é uma carta branca para eles produzirem o que quiserem com alguém bancando para eles, e se for um fracasso, eles não perdem nada, só não vão lucrar muito, só quem comprou deles é que vai se dar mal… “Empresas grandes venham aqui e assumam todos os riscos para a gente” é o nome desse método.

E embora seja uma matéria interessante, esse produtor só descreveu o que a Netflix já fez com o Production I.G no caso de “B: The Beggining“, por exemplo. A production I.G bancou o projeto sozinha, e a Netflix comprou dela, deixando a mesma com os direitos. Ela fez parcerias com outros estúdios recentemente, então devem surgir mais obras do tipo. Em suma, o que ele propôs já existe, só não se expandiu muito ainda.

Infelizmente, os animadores continuam alegando que o salário deles não mudou em nada, então o problema é mais em baixo. Não adianta os estúdios terem mais lucro se não quiserem distribuir isso com seus animadores. Ai eles estão apenas fazendo o que reclamavam que as produtoras grandes faziam com eles… Veremos se nos próximos anos isso muda.

O texto completo pode ser lido na ANN, mas eu já resumi o mais relevante com alguns acréscimos aqui.