As Crônicas de Arian – Capítulo 41 – Não morra!

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Capítulo 41 – Não morra!

Arian e Marko estavam arremessando um ao outro pela área em volta da praça, quebrando tudo que tinha no caminho com seus corpos. O licantropo era gravemente ferido a todo momento pela espada do guardião, mas se regenerava no mesmo instante, dava um rugido assustador e voltava a atacá-lo. Dorian não parava de arremessar magias e suas lanças especiais contra Arian de uma torre próxima, mas não estavam surtindo efeito algum.

— Ele bem que podia ter usado mais isso contra os classe SS, e não agora que é inútil… — falou Joanne, observando a tentativa inútil de Dorian de parar Arian.

— É como ver dois semideuses loucos tentando se matar! — Atlas estava estático, observando os dois, enquanto mantinha Lara e Joanne em seu campo de visão. — Marko disse que ia tentar tirá-lo da cidade, mas está completamente descontrolado também… Proponho uma trégua temporária.

— Atlas, o que está fazendo? Só pegue a garota e vamos embora! — disse a bruxa, encarando Lara com uma expressão assustadora.

— Estou nisso para te ajudar Jane, não para deixar milhares de inocentes morrerem porque deixei um ex-companheiro sem controle no meio de uma cidade. Temos que pará-lo!

— Eu acho que… tenho uma ideia! — Lara apontou sua mão para o chão, e um círculo dourado, cheio de inscrições, começou a se formar.

— Não vai conseguir realizar essa magia sem um conector entre o alvo e você, Lara, não importa o quão poderosa seja — Joanne revezava sua atenção com Lara, Atlas, a bruxa e com Marko e Arian brigando ao longe, enquanto pensava no que fazer.

— Já tenho um. Acho que ela previu que isso iria acontecer. — Lara levantou o braço, mostrando o bracelete que Lunar lhe deu. — Só preciso que alguém traga-o para cima desse círculo.

— Eu faço! — disse Atlas.

— Atlas!

— Depois, Jane! Isso é mais importante!

O homem se transformou em um lobisomem cinzento de 3 metros de altura, e correu até Arian e Marko. Assim que chegou lá, no entanto, o guardião quase o partiu ao meio. Para sorte dele, possuía uma agilidade impressionante naquela forma, mas depois de desviar de alguns golpes, Marko o pegou pelas costas e acertou um soco que o jogou longe, até bater em destroços de construções derrubadas, e abrir um rombo no local. Atlas se levantou lentamente, e voltou para a luta, dessa vez, mantendo mais distância, aparentemente, pensando no que fazer.

— Alguém tem outro plano? — questionou Lara, ao notar que Atlas não parecia estar sendo bem sucedido.

— Talvez… Não consigo acessar a mente de Arian sem tocá-lo, mas a do Marko… Acho que é possível — Kadia, que estava ajoelhada até aquele momento, se levantou. Parecia meio tonta, aparentando ter entrado em seu pagamento.

— Vamos lá! — Os olhos de Kadia mudaram de cor para um dourado brilhante, enquanto ela se concentrava. — Consegui!

Marko pareceu se acalmar, como se estivesse pensando pela primeira vez desde que se transformou. Ele então, correu até Arian, desviou do golpe de sua espada, e o arremessou para trás. Repetiu isso várias vezes, até perder o controle, obrigando Kadia a tentar se comunicar mentalmente com ele de novo. Atlas começou a auxiliá-lo, até que finalmente se aproximaram. Marko abraçou Arian e se jogou para dentro do círculo iluminado que Lara fez no chão.

— Agora, Lara! — gritou Joanne.

A sacerdotisa, que estava de olhos fechados se concentrando, abriu os olhos. Mini explosões puderam ser ouvidas de todos os lados, devido ao número de círculos de conversão que ela estava abrindo com a dimensão dos celestiais. Marko voltou a forma humana e se jogou para fora do círculo. Mas Arian não conseguia sair, sempre que tentava era barrado por uma parede invisível. O bracelete que Lunar deu a ele, e a Lara, estava com as inscrições brilhando em dourado. Arian começou a gritar, colocando a mão na cabeça.

— Que porcaria é essa?! Isso não é uma possessão — Lara estava agindo como se estivesse com dor na cabeça também. — Droga! Volte, Arian! Anda!

De repente, Arian finalmente parou de gritar, e parecia ter ficado lúcido do que estava acontecendo. A energia azul a sua volta, e em seus olhos, se dissipou, e ele caiu no chão. Os ferimentos pelo seu corpo, que estavam sendo preenchidos pela energia azul até agora, se abriram por completo, e ele começou a gritar de dor. Lara caiu de joelhos também, parecendo esgotada.

Joanne foi correndo até Arian, junto com Irene, para tentar parar o sangramento.

— A situação dele está horrível, múltiplos ossos quebrados, sangramento interno, órgãos rompidos, se você não ajudar… — Joanne olhou para ela, que estava com dificuldade em levantar. — Já chegou no seu pagamento?

— Estou quase lá. Mas acho que ainda consigo curá-lo. — Lara se levantou e foi na direção de Arian.

Enquanto Lara se levantava para ir até Arian, Atlas, em sua forma de lobisomem, do nada, apareceu atrás dela e acertou sua cabeça. A garota desmaiou na hora. Ele então agarrou ela e a bruxa, e saltou, para o telhado de uma construção próxima. Depois começou a correr carregando uma delas em cada braço.

— Desgraçado! — gritou Marko, que parecia exausto, e tentava se levantar. — Kadia, plano B, jogue uma maldição no Arian, rápido!

— Como? Qual? — Kadia não estava entendendo nada.

— Qualquer uma! Rápido!

Logo depois de dizer isso, Marko agarrou Joanne e Irene e saltou para o telhado mais próximo, tentando localizar Atlas. Dava para ver explosões mais à frente. Era Dorian, arremessando bolas de fogo e suas lanças contra Atlas, tentando restringir os movimentos dele pelos telhados. Ele estava indo para saída norte da cidade.

Kadia correu até Arian, que estava agonizando. Só tinha uma coisa em que conseguia pensar em termos de maldição que pudesse o ajudar. “Será que isso serve?”, pensou.

Os olhos dela ficaram completamente dourados. Kadia mordeu a própria língua e beijou Arian, mordendo a língua dele no processo, para que o sangue dela pudesse se misturar com o dele. Logo depois, Arian abriu os olhos, mas a cor deles estavam diferentes, foram de castanhos para vermelhos. Ele começou a gritar, enquanto se contorcia no chão. As feridas pelo corpo se fecharam quase que por completo, tirando uma enorme nas costas, que continuava a sangrar, mas todos os ossos quebrados pareciam ter se regenerado.

— Mas o que… — Kadia não fazia a mínima ideia do que estava vendo.

Arian olhou confuso para a demônio, por um breve momento, e logo depois, foi ao chão gritando.

— Não! Por favor, não! Parem! Parem! Não! — Arian não parava de gritar, enquanto mantinha as duas mãos na cabeça. Ela tocou nele para tentar entender o que estava acontecendo. Era o pagamento dele, o obrigava a rever suas piores lembranças, como se fosse a primeira vez. E tinha outro pagamento. Estava tirando alguma coisa dele, mas Kadia não conseguiu entender o que era. Ela o beijou de novo, até ele se acalmar.

— O que você…? — Arian finalmente tinha voltado a si.

— Eu tentei realizar um pacto temporário, mas seu corpo bloqueou. Deve ser aquilo que o Marko tinha dito. Depois te passei um pouco da minha energia, para te estabilizar e tirar do pagamento.

— Mas você já não está no seu? — perguntou, ao observar que ela estava ofegante e extremamente vermelha.

— Ficar um pouco mais excitada do que já estou não vai me afetar, o seu pagamento é muito pior.

— Obrigado… — Arian então começou a olhar em volta. <E> parecia furiosa com Kadia, mas ao mesmo tempo estava apontando desesperada em uma direção. — Cadê a Lara?

Kadia apontou para um telhado próximo, na mesma direção que <E>.

— Atlas a pegou, Marko foi atrás deles.

— Desgraçado…

Arian se levantou com alguma dificuldade.

— Vamos! — Ele e Kadia saltaram para cima do prédio de 2 andares à frente, um dos poucos ainda inteiros na área.

Assim que caíram no telhado, viram uma grande explosão mais à frente. Atlas estava cercado no terraço de uma construção, com toda a área a frente dele pegando fogo, e Marko atrás. A labareda de fogo estava a uma altura absurda, Dorian devia estar alimentando aquilo com sua energia. Graças a isso, Marko conseguiu cercar Atlas. Arian e Kadia correram até lá o mais rápido que puderam.

— Se aproximem e ela morre — disse a bruxa, segurando uma faca contra o pescoço de Lara, que já estava acordada, mas sem saber o que fazer. Marko e Atlas se encaravam.

Arian e Kadia chegaram correndo, o que deixou Atlas e a bruxa ainda mais na defensiva.

— Vocês não têm saída, só devolvam a Lara, e os deixamos ir — Joanne estava conseguindo falar com calma, mas Arian podia ver que ela estava suando frio.

— Não podemos voltar sem ela. Então estamos em um impasse — Atlas parecia nervoso, revirando a área com os olhos, na busca de uma saída, até que seus olhos pararam em Arian. Ele então apontou para o ex-companheiro de guild — Um contra um, se eu vencer levo ela, se eu perder, vocês levam.

— Ficou maluco?! — gritou a bruxa.

— Não temos outra opção, Jane.

— Quer uma luta? Por mim tudo bem — Marko deu um passo à frente, como se estivesse aceitando o desafio.

— Você não grandão, o Arian.

— Ele está acabado, olha o sangue escorrendo pela perna dele!

— Você não está muito melhor, e a minha situação não está boa também, depois dele me arremessar de um lado para o outro naquela forma. Não me curo tão rápido como você, Marko. Além disso, quero uma luta justa de espadas, e você com certeza não pode me dar isso.

— Isso é ridículo.

Atlas olhou para Jane, que não parecia feliz com a proposta.

— Se eles descumprirem o acordo, ou aquele mago atirar algo em mim, sabe o que fazer — falou Atlas, olhando para Jane.

A bruxa aproximou ainda mais a lâmina da faca da garganta de Lara.

Arian segurou a espada bastarda na sua mão com força, tentando conter a vontade de pular em cima daquela mulher e arrancar sua cabeça. Atlas se aproximou dele e o olhou nos olhos.

— Um contra um, eu não me transformo, e você não enlouquece, e mata todos nós com aquela energia azul.

— Feito — disse Arian, claramente com raiva. Ele então encostou no braço de Kadia, que estava a seu lado, e pensou:

“Kadia, se eu perder, pule em cima da Bruxa.”

“Não tem vergonha? Seu amigo pretende manter o acordo” — disse Kadia, mentalmente, olhando frustrada para Arian.

“Vou ter vergonha se Lara morrer, não em descumprir um acordo”.

Todos se afastaram para a ponta do terraço, cada grupo de um lado. Arian e Atlas no meio, se encarando. O guardião foi retirar sua espada média das costas, mas notou que não estava ali. Ele tinha a quebrado na luta anterior, assim como as espadas de prata. Joanne, entendendo o que ele queria, jogou para Arian sua espada. Agora estava com a espada bastarda na mão direita e com a de Joanne, que era um pouco fina, mas de alta qualidade, na mão esquerda.

— Acredite, Arian, não é nada pessoal! — Atlas tirou sua espada e avançou sobre ele.

A luta seguiu com ambos desviando e defletindo os golpes um do outro. O som das espadas se chocando com força podia ser ouvido de longe. Ambos tinham força e agilidade superior a humana.

Arian estava sendo pressionado. Atlas parecia saber cada movimento que ele iria fazer.

“Acabe com ele logo! Você não tem muito tempo antes de desmaiar…”

“Aceito ideias, ele sabe cada movimento que vou fazer”

“Eu tenho uma, mas vai ser arriscado…”

Os olhos de Arian mudaram e sua expressão ficou mais fria. Era sua segunda personalidade.

Atlas defletiu os três primeiros golpes com confiança, mas então algo inesperado aconteceu. Arian acertou seu rosto, deixando um enorme corte.

— Como você?.. — Atlas perdeu um pouco da confiança e recuou para trás, tentando entender o que tinha ocorrido. — Ela vale mesmo isso? Posso te dar tudo que eles ofereceram, e até mais. Duvido que eles saibam mais sobre seu passado do que o homem que te treinou. Apenas se renda e peça para Marko não intervir, ele vai te escutar.

Arian o encarou pensativo, enquanto tentava recuperar o fôlego.

— Sei que sou egoísta, e tomo decisões horríveis às vezes, Atlas. Mas entre saber quem eu era, e a mulher que salvou uma pessoa importante para mim, eu escolho ela! — Arian então olhou levemente para o lado. — Além disso, alguém com quem me importo mais do que qualquer um aqui já fez sua escolha… — <E> estava a alguns metros deles, olhando preocupada para Lara, que já estava com um leve corte no pescoço, devido ao atrito com a faca da bruxa. Lara respirava fundo, claramente nervosa.

Arian avançou para cima de Atlas. Os dois voltaram a desviar e bloquear os golpes um do outro, até que Arian conseguiu ferir Atlas de novo, dessa vez um corte de leve no pescoço. Atlas continuava incrédulo, sem saber o que estava acontecendo.

“Está funcionando…”

O guardião estava alternando suas personalidades, cada uma delas tinha tempos e forma de lutar levemente distintas. A primeira lutava mais por instinto, e era emocional, lenta, a segunda, mais agressiva, observadora e rápida. Arian estava emulando a velocidade de uma espada normal com sua espada espiritual, mesmo que ela fosse muito mais leve que uma. Quando Atlas se adaptava ao tempo dos ataques, Arian trocava para a outra personalidade, que além de lutar de forma levemente diferente, usava da total velocidade acima do normal da espada bastarda. Atlas não conseguia se adaptar a troca rápida de estilo e velocidade.

A luta continuou. A calça de Arian estava ficando vermelha do sangue saindo do corte nas costas, quanto mais ele se mexia, mais a ferida abria. A visão de Arian estava embaçando, e Atlas começou a entrar na defensiva.

“Agora! É nossa última chance!”

Arian trocou de volta para a segunda personalidade, que girou o corpo, e usando sua espada espiritual, arrancou fora o braço direito de Atlas, no qual ele segurava sua arma. Arian voltou com a lâmina da outra espada, parando a milímetros da garganta do adversário, agora desarmado.

“Você é muito mole, devia ter matado ele!”

O cavaleiro se ajoelhou.

— Eu perdi. Desculpe, Jane — disse, virando a cabeça para a bruxa, envergonhado.

— Como sempre um inútil! — A mulher parecia furiosa, e a lâmina da faca dela começou a entrar no pescoço de Lara.

— Ela não vai cumprir o acordo! — gritou Kadia, pulando na direção da bruxa, enquanto a faca penetrava fundo na garganta da sacerdotisa.

Tudo aconteceu muito rápido. Kadia empurrou a mão da mulher antes que conseguisse penetrar com a faca totalmente no pescoço de Lara. Arian, ao mesmo tempo, arremessou a espada menor, que Joanne lhe deu, na Bruxa. Atlas pulou na direção dela e a agarrou, conseguindo desviar da espada.

— Desculpe por isso. Ela não está nos melhores dias — disse o inimigo em sua forma de lobisomem, parecendo exausto, e segurando Jane no braço que lhe restava.

Logo depois, saltou sobre o fogo atrás dele, que já estava bem mais baixo que antes, e saiu pulando rapidamente de telhado em telhado com a bruxa nos braços.

Dorian extinguiu o fogo assim que Atlas fugiu. Manter aquilo gastava uma quantidade enorme de energia, não foi à toa que a altura e o calor do fogo diminuíram com o tempo.

Lara estava desesperada, segurando seu pescoço no lugar do corte, enquanto o sangue escorria. Ela não estava conseguindo respirar.

— Calma, Lara, se concentre e me ajude a estancar isso — disse Joanne, tirando a caixa preta do cinto dela e a jogando na direção de Irene, que caiu no chão na mesma hora que tocou o objeto.

Joanne começou a pronunciar alguma coisa em língua élfica, enquanto suas mãos estavam em cima das de Lara, que tentava conter seu ferimento.

Lara estava ficando pálida e seus olhos perdendo vida. Foi quando viu Arian, tão pálido e deplorável quanto ela, caído no chão, com Kadia e Marko a seu lado, tentando mantê-lo acordado.

— Ele perdeu muito sangue… Vai morrer se continuar assim! Eu vou tentar o pacto de novo — Kadia mordeu a língua novamente e se aproximou da boca de Arian. Foi quando várias explosões começaram a ocorrer.

— Mas o que… — Kadia se assustou com a quantidade de círculos de conversão que foram abertos à sua volta.

Era Lara, agora com os olhos fechados, se concentrando, enquanto todo seu corpo emanava um forte brilho dourado, tamanha a quantidade de energia da dimensão celestial concentrada nela.

— Ah… — Lara conseguiu respirar novamente, e começou a tossir o sangue que tinha descido pela sua garganta. Ela então se forçou a levantar, cambaleando, e foi até Arian. Empurrou Kadia de perto dele e colocou a mão sobre o ferimento das costas, o estancando quase que instantaneamente.

— Seja grato… — disse ela, ainda com dificuldade em respirar — Não é todo mundo que tem uma sacerdotisa do meu nível para salvar sua vida.

Arian sorriu, mesmo parecendo mais morto do que vivo, mas logo depois começou a tossir sangue, e parecia não estar conseguindo respirar. Seus olhos então se fecharam e o coração parou de bater.

— Rápido, se afastem dele! — Marko puxou Kadia e Lara de perto do guardião. Mas então notou que nada estava acontecendo, e se desesperou pelo amigo. — Espera… O coração já parou… Por que ele não está se transformando de novo? Cadê a porcaria da energia azul?

— O ritual que a Lara fez para fazê-lo voltar ao normal deve estar barrando aquilo de ativar de novo — disse Joanne.

Lara se desvencilhou de Marko e voltou correndo para o lado de Arian. Ela colocou suas mãos em cima do peito dele, onde ficava o coração, e sua mão começou a emanar um forte brilho, mas não estava fazendo efeito.

— Não consigo parar o sangramento interno… — Lara então fechou os olhos, e novamente vários círculos de conversão voltaram a abrir à sua volta. — Você não vai morrer aqui, não depois de tudo que eu sacrifiquei para ficar com você! Não depois de esperar 8 anos! — dizendo isso, Lara encostou seus lábios nos de Arian, o que rapidamente deixou todo corpo dele levemente mais claro, assim como o dela.

Um pouco depois, Arian abriu os olhos, voltando a respirar. Seu lábio e o de Lara se afastaram.

— Não faça isso comigo de novo, seu idiota! Se você morrer nada do que estou fazendo vai ter sentido… — Ela sorriu para ele, cheia de lágrimas escorrendo pelo rosto, e em seguida, desmaiou.

<E> estava em cima de Arian, o abraçando, enquanto chorava baixinho e soluçava, depois do susto de quase vê-lo morrer.

— Eu vou ficar bem, <E>, e ela também, só estamos cansados… — disse, fechando os olhos, e apagando logo depois.

Kadia se aproximou para confirmar que ambos estavam respirando, e depois questionou, confusa:

— O que ela fez? Uma humana não poderia realizar um pacto.

— O único jeito de acelerar a cura é transferindo uma alta quantidade de energia da dimensão dos celestiais para dentro do usuário. O jeito mais rápido de fazer isso é com contato labial — disse Joanne, suando frio, enquanto tentava conter a fumaça negra saindo do objeto em sua mão. Irene estava a seu lado, bastante pálida. Tinha quase desmaiado no curto espaço de tempo que teve de segurar o objeto sozinha.

Kadia observava os dois, perplexa, enquanto olhava para a própria mão.

— O que foi? — perguntou Marko, agora mais calmo.

— Acho que… Talvez… Eu devesse aprender a fazer isso…

— Beijar esse idiota? É fácil, pegue ele dormindo. De bônus aquela fantasma vai ficar furiosa por dias.

— Não… Isso eu já fiz… — disse Kadia, rindo. — Por mais que eu odeie isso, e toda dor que me causou… Se eu soubesse usar como elas, poderia ter ajudado a curá-lo…

— Bem, você tem excelentes professoras aqui, e ainda temos um bom tempo de viagem. Mas uma demônio com ligação celestial é com certeza a coisa mais bizarra que eu já vi — Marko deu uma longa risada. — A propósito, o que ia fazer antes de Lara te impedir?

— Um pacto superficial. Eu misturo meu sangue com o dele, e se ele aceitar, vira meu servo, e pode usar um pouco da minha energia para se curar de forma acelerada.

— Já tinha ouvido falar disso, mas pensei que envolvia sexo…

— Isso é para um pacto permanente. Se fizerem isso os dois estão ligados para o resto da vida, e se um morrer o outro também morre. Quase nenhum demônio se arrisca a utilizar. — Kadia estava olhando para o grupo. Arian e Lara desacordados, um ao lado do outro, e Joanne e Irene discutindo o que fazer. — Não era um pacto temporário que me mandou usar em Arian naquela hora?

— Qualquer maldição servia, não pensei em uma específica. Mas o pacto foi, de fato, a melhor ideia. Ele tem contras?

— O superficial dura no máximo um mês, aumenta a força, agilidade, permite usar algumas magias da dimensão negra e ganha uma alta capacidade regenerativa. Mas em contrapartida a pessoa tem que obedecer todas as ordens do demônio. O outro, não tem volta, estão ligados para toda vida, as almas se fundem. As vantagens e desvantagens mudam de acordo com a pessoa e o demônio em questão. No mundo de vocês, só vi duas pessoas usarem isso, até agora. Uma há muitos anos, e a outra na Arena. O guerreiro que lutou comigo tinha um pacto permanente, mas não o usou a maior parte do tempo, e mesmo quando o ativou, não usou nem perto do que podia de poder.

— Interessante…

Marko se dirigiu até Joanne e Irene, que agora estavam verificando o estado de Arian e Lara.

— Certo, Joanne. Acho que já nos arriscamos o bastante por vocês. É hora de nos explicar o que exatamente estamos protegendo e por que.

Joanne se virou, olhou para o rosto de Marko e ficou pensativa por alguns instantes.

— Assim que esses dois acordarem, eu conto tudo…

Joanne foi interrompida por algo que deixou todos pasmos. Havia muito barulho pela cidade, desde gritos ao som de construções quebrando, mas nada se comparou com o de agora. Uma parte do muro do lado Sul de Amira tinha acabado de vir abaixo, e eles só podiam imaginar quem, ou o que, teria conseguido fazer aquilo. Pouco depois, o chão da cidade inteira começou a tremer.

Próximo: Capítulo 42 – A Batalha dos Anjos

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