As Crônicas de Arian – Capítulo 24 – O homem sem passado – Parte 3 – A primeira vez

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Capítulo 24 – O homem sem passado – Parte 3 – A primeira vez

Arian notou que seus pés e braços estavam amarrados. Devem ter feito isso enquanto ele estava desacordado por causa do ferimento. Dois homens o pegaram e o arrastaram até a sala da casa, onde Ariane e seu marido estavam lado a lado, cada um imobilizado por um capanga de Zack. Arian não reconhecia alguns que estavam ali. Deviam ser mercenários contratados.

As cadeiras e mesa que ficavam na sala foram retiradas, deixando o local como um enorme quarto vazio de madeira. Haviam duas portas: uma era a única entrada e saída da casa, e a outra, dava para um corredor que dividia cômodos. Ambas estavam fechadas.

Stuart, como sempre, devia estar do lado de fora. Como Arian, o guarda costas gigante de Zack sempre odiava ver o que acontecia com quem não tinha dinheiro para pagar os impostos. Durante o tempo que Arian ficou no grupo, os dois sempre ficavam conversando fora das casas, tentando ignorar o que Zack fazia com as pessoas que não pagavam o que deviam.

Knok estava ali também, amordaçado e chorando, enquanto era pressionado contra o chão por um mercenário. No total, eram três guardas pessoais de Zack, três mercenários, e o próprio Zack.

— Por favor, eu lhe dou todo nosso dinheiro, e pode ficar com a casa. Vamos sair da cidade o mais rápido possível. Só nos deixe ir — disse o pai de Emily, Larkar, implorando.

— É… Você de fato não tem culpa sobre nada disso…

Zack ficou encarando Larkar por algum tempo.

— Tudo bem, um pouco de misericórdia apenas para você…

Zack avançou até o pai de Emily e cravou uma faca longa no meio do peito do homem, que não conseguiu reagir, ou sequer falar algo. Ele acertou exatamente no coração. Quando a arma foi retirada, Larkar caiu morto.

— Pai!! Não! — Emily gritou desesperada, enquanto era mantida ajoelhada no chão por um mercenário.

Ariane, sua mulher, não falou nada, as lágrimas em seu rosto eram mais que o bastante para expressar o que estava sentindo.

— Muito bem, com o pobre homem poupado do que iria ver a seguir, é hora de começarmos. — Ele então se virou para Arian. — Me diga, Arian, você reza para algum Deus? Certo, foi uma pergunta idiota. Como o encontraram sem memória, pelo que me falaram, mesmo que o fizesse, teria esquecido — disse Zack, agora se virando para Emily — E você, Emily, reza para quem? 

A garota o olhou com raiva, enquanto lágrimas não paravam de correr de seus olhos.

— Não vai responder?

Zack começou a balançar sua faca na frente do rosto de Ariane.

— A-Alizen… — disse a garota, soluçando.

— A deusa dos celestiais… Ela cuida e protege todos que fazem o bem. Essa é a mais comum no Sul. Para ser honesto, eu acreditava nela, muito graças a minha mãe. Mas um dia, meu pai me provou o contrário… — Zack parecia perdido em pensamentos, andando de um lado para o outro da sala enquanto falava. — Eu acho esse serviço de cobrar imposto entediante, e não ligava muito quando alguém dizia que não podia pagar no momento. Ao menos, eu terminava mais cedo, e tinha menos dinheiro para contar. Até que meu pai me deu uma surra, me levou em uma das casas que estavam devendo há meses, e fez coisas com aquela família que parecem absurdas, até para mim hoje em dia. Eu vomitei e me senti mal por dias. Mas o que mais me impressionou, foi notar que ninguém impediu nada que meu pai fez. A mãe daquela família rezou o tempo inteiro, pedindo ajuda, enquanto as duas filhas pequenas eram mutiladas por cachorros na frente dela.

Arian e Emily estavam olhando horrorizados para Zack.

— Horrível, não? Depois eu fui obrigado a imitá-lo, e admito, com o tempo, comecei a me divertir com isso. O propósito é bem simples e lógico: as pessoas que escutam os rumores fazem tudo que podem para pagar em dia. O mais importante, contudo, é que nenhum Deus jamais apareceu, não importa o quanto as pessoas implorassem, não importa o quanto rezassem, o quanto chamem seu nome, nenhuma recebeu ajuda. Um dia eu só pude pensar que, esses deuses, se existem mesmo, não devem ligar nem um pouco para nós. Então, Emily, evite perder seu tempo chamando por Alizen hoje, porque eu não acho que será uma exceção.

Zack se agachou na frente de Emily, que estava suando frio, mas tentava manter uma fachada firme.

— Emily, não se preocupe, não é sua vez ainda. Na verdade, eu te pouparia também, mas como o Arian gosta de você, e eu tenho que dar uma lição no meu primo, Knok, não tenho outra opção. Falando nisso, sempre achei incrível como você é comum em comparação a sua mãe… É mesmo filha dela? Seu pai também era bonito… Talvez seja filha de outro homem, não acha? Explicaria muita…

Emily cuspiu no rosto dele antes que terminasse a frase. Zack não se importou, e limpou o rosto usando um pedaço do vestido de Emily.

— Bom, vamos continuar. Homens, façam o que quiserem com a mãe. Mas vão com calma, e cuidado para não a matarem rápido. Não queremos poupar esse garoto de aprender uma lição.

O homem que estava segurando o pai de Emily foi na direção de Ariane. O outro, que estava a segurando, forçou o corpo da mulher contra o chão, enquanto rasgava seu vestido com uma pequena faca.

— Zack, sou eu que você quer, deixe ela em paz… Só me mate! — disse Arian, desesperado, e sem saber o que fazer. <E> estava a seu lado balançando a cabeça ferozmente, contra sua proposta.

— Está louco, garoto? Te matar seria um ato benevolente. Acho que nunca viu como eu trabalho. Quem mandou ficar do lado de fora batendo papo com o Stuart, em vez de aprender algo. — Zack chegou perto dele e falou com calma. — O que vai acontecer a partir de agora é o seguinte: vou deixar você ficar aí vendo o que vão fazer com essa mulher, que você, provavelmente, já preza bastante. E depois vou fazer algo ainda pior com Emily, o que vai ser um bom aprendizado para o meu primo também. Depois que você tiver visto o bastante, eu vou te levar na forja, arrancar seus braços, suas pernas, língua, e cauterizar, afinal, não quero que você morra. Se você morrer a dor acaba, e não vai poder lembrar pelo resto da vida o que aconteceu aqui, por sua culpa! Parece bom o bastante para você?

Arian ficou pálido, mas desviou os olhos de Zack ao escutar os gritos de Ariane. Os dois homens de Zack já tinham arrancado toda a roupa dela. Emily estava gritando e chorando, e Knok desesperado, se debatendo, enquanto a mulher tentava resistir usando os braços e as pernas, e apanhava dos homens em cima dela. Arian tentou se soltar, mas a corda não cedia. 

Ariane mordeu o braço de um dos homens em cima dela, que deu um urro de dor. Furioso, ele começou a levar socos ao rosto de Ariane repetidamente. Pedaços de sua pele e dentes sujaram a madeira em volta de seu corpo, até que, com o rosto todo desfigurado, ela parou de resistir.

Arian gritava e tentava se mexer desesperadamente, mas era em vão. Sua mente estava um caos de pensamentos, enquanto via a mulher que o ajudou, e tratou como um filho, com o rosto cheio de sangue, e aqueles dois homens fazendo o que queriam com ela. Lágrimas corriam dos seus olhos vendo o sofrimento da mulher. Ele estava gritando algo, mas não sabia mais nem o que era. Foi quando desistiu e fechou os olhos.

— O que pensa que está fazendo Arian? Abra esses olhos! 

— Zack, não! — gritou Knok.

Logo depois Arian escutou gritos agonizantes de Emily, e abriu os olhos. Zack estava usando sua faca para escrever seu nome na barriga da garota, enquanto cortava sua pele lentamente.

— Cada vez que você fechar os olhos eu vou escrever em uma parte do corpo diferente. Então acho melhor ficar de olhos abertos, amigo. Não fiz esse show para você ficar de olhos fechados perdendo tudo.

Os dentes de Arian estavam trincando, e ele podia sentir a pulsação de seu coração pelo corpo todo. Ele queria ajudar Emily, ele queria matar aqueles dois em cima de Ariane, ele… foi quando sua mente virou uma confusão de pensamentos, que acabaram se dividindo em 2 vertentes…

“Faça alguma coisa, você é mais forte que esses dois que estão te segurando, se levante! ”

“Mas como? Eu já tentei, eu não consigo…”

“Ou talvez consiga, e só está hesitando, com medo de matar alguém de novo devido ao que Cesar te falou…”

“Não, eu…”

A imagem do homem que ele matou no beco voltou rapidamente a sua mente, assim como os dois que decepou a cabeça. Ele então imaginou os filhos deles, chorando. Estava suando frio e suas mãos começaram a tremer. Quanto mais pensava, mais confuso ficava. 

Os gemidos de Ariane, e gritos de Emily, o estavam enlouquecendo. E o rosto de sofrimento das duas… Arian não conseguia mais ver aquilo, e por reflexo fechou os olhos, sem pensar.

“Abra os olhos seu covarde, olhe o que estão fazendo com essa mulher na sua frente, ela vai morrer, e a culpa vai ser sua! ”

— Você não aprende mesmo… — Era a voz de Zack.

Arian abriu os olhos rapidamente, mas Zack não parou. Ele agarrou Emily pelo cabelo e cortou a coxa dela, novamente escrevendo seu nome. Knok espumava, Emily gritava, e Arian só observava, com olhos sem vida e pálido, sabendo que em parte, aquilo era culpa sua.

“Eu não queria, eu…”

“Essas duas vão morrer porque você não quer ter mortes nas suas mãos! Quantas mortes de inocentes quer carregar na sua consciência, por não ter coragem de matar um grupo de estupradores? ”

“As cordas, não consigo arrebentá-las… Talvez se eu pular para trás… Mas… E se eu acabar matando Emily e Ariane no meio da confusão? E se esses homens tiverem família? ”

A lembrança do dia que cortou de leve o pescoço de Emily veio rapidamente à sua mente, mas na visão que teve, ele não conseguiu parar a tempo, e a cabeça da garota foi separada do corpo.

“Todos vão morrer se não fizer nada! Pare de se lamentar! Se não tem coragem de fazer nada, eu faço! Me deixe sair! ”

“Eu… Não… É muito arriscado…”

Os gritos de dor de Ariane pararam. Um dos homens em cima dela estava a estrangulando. Ela não conseguia mais falar.

— Parem com isso, ela vai morrer! — disse Arian, desesperado.

O rosto dela foi ficando roxo, e depois branco, até que as lágrimas pararam e seus braços ficaram moles. Estava morta.

— Esse seu fetiche por estrangulamento durante o sexo é doentio Duene. Que desperdício… — disse Zack, observando.

Arian parou de forçar a corda prendendo seus braços, estava sem forças, sem vontade, só queria morrer logo. Foi quando chegou a vez de Emily, e seu desespero voltou, enquanto lágrimas continuavam a correr de seus olhos.

— Agora, o prato principal — Zack agarrou Emily pelo cabelo e a arrastou até o meio da sala, enquanto a garota gritava. Cada vez que ela tentava reagir ele dava um soco no rosto dela, que acabou parando de resistir com o tempo. Knok se debatia, mas era em vão.

Arian, por outro lado, mal se mexia, mas parecia estar agonizando por dentro, para o prazer de Zack, que estava fazendo tudo enquanto olhava para ele.

Zack rasgou a roupa de Emily com sua faca, e depois cravou a arma no piso de madeira. Enquanto isso, a garota olhava chorando na direção de Arian. Não saiu som, mas o modo que os lábios se moveram deixava bem claro o que ela disse.

— Vai f-icar t-tudo bem…

Arian arregalou os olhos. Um choque passou pelo seu corpo e a imagem de uma mulher veio à sua mente. Não conseguia ver seu rosto, estava embaçado, mas ela disse a mesma coisa que Emily, enquanto ele só podia chorar de terror.  

“Me deixe sair! ”

Tudo se apagou para ele. Não havia mais dor, angústia, culpa, só o silêncio, e sua mente analisando a sala com calma pela primeira vez. Mais importante, não havia mais dúvida nele.

Os dois homens que estavam segurando Arian voaram para trás quando ele levantou com toda força que tinha. Depois pulou na direção de Zack, o acertando com a cabeça. Ele foi lançado contra a parede.

— Matem ele! — disse Zack, furioso, enquanto tentava parar o sangramento do seu nariz.

Emily correu até a porta, mas foi parada por um dos homens de Zack. Os outros dois, que estavam com Ariane, vieram em direção a Arian, com espadas em punho.

Arian usou a faca que Zack havia cravada no chão, para soltar suas mãos, cortando a corda, ao mesmo tempo que os dois homens que estavam com Ariane, chegavam com suas espadas pela sua frente. Os dois que ele jogou para trás, quando se levantou, também estavam vindo em sua direção. Arian rolou para o lado e desviou dos golpes, usando a faca de Zack para cortar a corda prendendo suas pernas logo depois.

Quando se levantou, os homens pararam. Arian não sabia a expressão que estava fazendo, mas devia ser algo estranho o bastante para os fazer hesitar.

— Venham! — chamou Arian.

Um dos homens foi na direção dele, Arian desviou de sua espada e cravou a faca que tinha em mãos na garganta do homem. Depois correu na direção do outro, mais separado do grupo, agarrou sua cabeça e a explodiu contra a parede de madeira da casa. O outro veio em sua direção usando uma espada e escudo. Arian desviou do golpe, tomou a espada do homem, agarrou sua cabeça e prensou contra o chão, até o crânio explodir. O quarto homem se virou e correu. Arian arremessou a espada em sua mão nas costas dele, que caiu no chão. Arian foi até ele e esmagou sua cabeça com o pé. Depois pegou a espada cravada nas costas dele de volta.

— Stuart! — gritou Zack, acuado em um canto da sala, chamando desesperado pelo seu capanga mais competente, que estava do lado de fora da casa.

Só restavam Zack, o homem segurando Emily, e o homem segurando Knok. Quando Arian o encarou, o que estava com Emily a soltou e correu para a porta.

Arian arremessou a espada em sua mão, acertando o meio das costas do homem, que ficou preso a parede de madeira, agonizando. Em seguida, o que estava com Knok correu até a porta, mas foi parado pelo próprio Knok, que se jogou em cima dele. Arian trancou a porta e foi na direção de Zack, que estava com o rosto sangrando gritando por Stuart, em um canto da sala.

Zack entrou em posição ofensiva, e usando a espada que tinha na cintura, atacou Arian, que desviou do golpe, agarrou seu braço e torceu, até ele soltar a espada e cair de joelhos gritando. Não tinha mais tempo, Stuart iria entrar ali a qualquer momento. Torceu até escutar o estalo dos ossos do braço de Zack, que deu um berro. Arian então pegou a espada de Zack e cravou no ombro dele, o atravessando e o prendendo a parede da casa. Ia falar alguma coisa, mas antes que pudesse a porta foi arrombada, e um homem de mais de 2 metros com armadura completa, espada e escudo, veio na direção dele.

Arian tentou desviar, mas escorregou no sangue em baixo dos seus pés, e foi arremessado contra a parede pelo escudo de Stuart.

Sentiu uma pontada de dor muito forte na barriga, o ferimento tinha reaberto. Estava ficando zonzo. Como iria lidar com aquele gigante? Não era humano, e tinha tanta, ou mais força que ele, pelo que observou durante o tempo que ficou no grupo de Zack.

Ele veio novamente em direção a Arian, que pulou para o lado, pegando as armas mais próximas que viu, dois escudos, um em cada mão. “Por que pegou aqueles escudos sem nem pensar? Sabia lutar usando aquilo?”, pensou rapidamente.

Arian desviou de outro golpe, e depois avançou na ofensiva, dando um salto e acertando os escudos contra o peitoral da armadura de Stuart. O gigante foi jogado para trás, mas logo recuperou a postura, e olhou com uma expressão triste para Arian.

— Lamento por tudo isso Arian, mas como sabe, não tenho opção, ele faria a mesma coisa com a minha família…

— Matá-lo resolve o seu problema… — disse Arian, lentamente. Estava cansado, falar era difícil.

— Não, o pai dele é muito pior, e foi ele que me contratou para tomar conta do filho.

Stuart correu contra Arian, que desviou do primeiro golpe de espada, mas foi acertado pelo escudo do gigante, que abriu um corte na lateral do seu abdômen. Não esperava que Stuart soubesse usar o escudo de forma ofensiva. De novo, um ataque com a espada seguido pelo escudo. Arian usou os dois escudos que estava segurando para se defender, enquanto esquivava com dificuldade. Estava mais lerdo que o normal, e sua visão ficando embaçada.

Sua respiração se tornava cada vez mais ofegante, e sangue estava saindo de sua barriga, enquanto um mal-estar tomava, lentamente, conta do seu corpo. Felizmente, não estava sentindo dor alguma, só raiva de si mesmo por ter demorado tanto para decidir fazer algo. Foi quando notou que sua atenção estava o tempo todo voltada para as juntas da armadura de Stuart, sua mente estava lhe dando a resposta para o problema desde o princípio. Não sabia como, mas não importava.

Arian saltou na direção de Stuart, mas ao invés de atacá-lo de frente, desviou do golpe de espada, e foi para as costas dele, acertando a parte de trás do seu joelho, onde não havia armadura.

O homem berrou de dor e caiu, ajoelhado. Assim que o fez, Arian usou o outro escudo para tentar acertar seu pescoço, onde também não havia proteção. Mas Stuart se levantou com um urro de dor e conseguiu impedir o golpe.

Ele e Arian se afastaram alguns metros, no máximo de distância que a sala permitia. Estava quase caindo de joelhos, e respirando com dificuldade. Não tinha muito tempo, ou acabava com aquela luta ou iria perder sem Stuart ter que fazer nada.

— Seja qual for o resultado disso, foi bom conhecer você, Arian. Eu realmente lamento por tudo que teve que passar — disse Stuart, tirando seu elmo. Os olhos dele estavam avermelhados, e lágrimas corriam de seu rosto.

O gigante avançou. Arian novamente desviou dos golpes e acertou a junta atrás do joelho. Stuart tentou evitar, mas estava mais lerdo, devido ao joelho ferido anteriormente. Ele caiu de novo. Arian então mirou em seu pescoço, mas era só um blefe, quando ele tentou se proteger, Arian usou o escudo para acertar a junta do braço. Stuart soltou a espada com um grito estridente, e veio com o escudo mirando a cabeça de Arian. Ele desviou e acertou a junta do outro braço, que soltou o escudo. Depois voltou com os dois escudos na direção da cabeça de Stuart. Ele bloqueou com seus braceletes, mas o impacto o fez cair para trás.

Arian pulou em cima dele e começou a acertar sua cabeça com o escudo, enquanto ele tentava se proteger, até que o braço cedeu, e Arian cravou a ponta do escudo em seu pescoço. O homem começou a agonizar, mexendo os braços de forma desesperada, enquanto sua boca pronunciava palavras incompletas.

— D-desp.. Arg… cul..

Arian não parou. Acertou o pescoço com o escudo de novo, e de novo, e de novo. Sangue voava para todo o lado pela veia aberta no pescoço do homem, até que seus braços caíram para o lado. Estava morto.

Com sangue cobrindo todo seu corpo, Arian soltou os escudos e olhou a sua volta. Emily estava o olhando assustada, enquanto se agarrava ao corpo de sua mãe. Knok ainda estava brigando com o homem que o estava imobilizando anteriormente. Arian foi até ele, agarrou o homem e quebrou seu pescoço, como se fosse um brinquedo. Knok o estava encarando de forma estranha. Ele falou alguma coisa para Arian, mas ele não conseguia escutar, estava tonto, e só tinha uma coisa em mente. Foi na direção de Zack, que gritava para ele, desesperadamente.

— Se me matar, meu pai vai acabar com todos vocês, e com essa vila, ele vai matar todo mundo!

Arian respirou fundo, tentando parecer o mais calmo que pôde.

— Está louco? Quem falou em… matar…?

Os olhos de Arian não mostravam raiva alguma, ele parecia um corpo sem vida encarando Zack, que continuava gritando. Ele então deu vários socos na cabeça de Zack, mas não fortes o bastante para matá-lo, ou fazê-lo desmaiar, só queria o deixar tonto, como ele fez com Emily. Quando ele estava começando a querer desmaiar, arrancou a espada de seu ombro. Zack gritou de dor.

— Agora… O que você disse que ia fazer comigo mesmo?

Os olhos de Zack gelaram perante a figura coberta de sangue na sua frente. Knok estava puxando Arian e falando alguma coisa, mas ele não escutava, e apenas empurrou Knok, que foi jogado contra o chão.

Arian arrastou Zack pelos cabelos e desceu para a forja, onde Zack gritou de dor até desmaiar. Arian fez questão de executar tudo que Zack disse que ia fazer com ele. Quando saiu de lá sozinho, Emily e Knok vislumbraram Zack, desmaiado no chão de pedra da forja, sem os braços e as pernas, cauterizados por brasa, e sangue escorrendo no meio das pernas.

— Acho que… Ele não vai mais conseguir coletar impostos.. Nunca mais…

Depois de dizer isso, sorrindo, Arian caiu de joelhos, não havia mais força alguma em seu corpo. Ele então começou a rir, mas não sabia exatamente o porquê. Depois começou a socar o chão com força, até ficar com o punho em carne viva. Mas sentir dor não o ajudou…

— Por quê? Eu vinguei eles… Por que ainda estou me sentindo assim…? Maldição! 

Arian abaixou a cabeça em direção ao chão ao notar que estava chorando. As lágrimas não paravam, por quê? Ele vingou Ariane e Larkar, então por que se sentia tão patético, tão impotente? Por que não sentiu satisfação no que fez com Zack? Foi então que as imagens de tudo que fez e presenciou começaram a vir para sua mente em cascata. Arian então vomitou.

Emily e Knok foram até ele e tentaram levantá-lo. Diziam algo, mas ele continuava sem conseguir escutar, até que tudo se apagou. Um tempo depois, acordou com uma voz conhecida.

— Saiam daqui, rápido, peguem o cavalo e vão! Quando o pai dele descobrir não vai descansar até matar todos vocês. Andem logo! Eu vou fazer algo quanto ao Zack.

Um homem o estava puxando, era Cesar, o chefe da guarda. Ele o levou até a carroça do pai de Emily, junto de um saco com várias de suas roupas e sua espada. Ele parecia estar com muita dificuldade em carregar a espada.

— Sigam para Eleonor, mas evitem a estrada principal, assim que descobrir o que aconteceu ele vai mandar um exército atrás de vocês. Cuide deles, Knok, Arian perdeu muito sangue, não está em condições de fazer nada no momento. Vão, andem!

Arian olhou para si mesmo, confuso, estava todo sujo de sangue, e sua barriga doía muito. <E> estava em cima dele. Parecia preocupada. Foi quando as imagens de Ariane voltaram a sua cabeça, mas não lembrava de quase nada depois daquilo, sua memória estava toda picada. O que aconteceu? O que ele fez? Antes que pudesse pensar em mais alguma coisa, desmaiou.

Próximo: Capítulo 25 – Armas Espirituais

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