Re:Creators – Impressões Finais

Em sua reta final, RE:Creators entregou um material razoável e que manteve um bom nível de entretenimento, mas que no meu ponto de vista, sinceramente ainda possui alguns detalhes que podem ser questionados como o desenvolvimento da vilã que acaba apelando para uma desconstrução muito brusca .

Da forma como foi apresentada, Altair era basicamente uma vilã rancorosa e cheio de ódio padrão com vontade imutável de querer executar a destruição do mundo.

Se o roteirista optasse em mantê-la assim até o final seria mais adequado do que apresentar a ideia da Setsuna da antagonista ser ” a força dos mais fracos” e ela desistir de destruir o mundo para simplesmente criar um no qual sua “criadora” tivesse um final mais feliz.

Sinceramente, já cogitava este reencontro das duas, já que em obras de ficção não é impossível ou incomum você inserir um “autor” personagem para interagir com os próprios personagens.

A ideia em si é boa e pode ser utilizada para diversos resultados possíveis e fins interessantes como um mecanismo de metalinguagem, mas para o roteiro apresentado, surge mais como a única chance de derrotar a vilã e fazê-la desistir de seus objetivos, o que empobre-se este caminho, na minha opinião.

Bonitinho, mas ainda não engoli este desenvolvimento

Em si, não é um final tão ruim, mas sem um embasamento mais forte, fica meio que uma mudança forçada. Ele não contradiz os objetivos da vilã, mas é difícil de se aceitar pela imagem já construída da personagem.

E pensem comigo, se Altair que era tão fria e focada em seus fins, sabendo que a Setsuna apresentada não é a real, mas uma copia, não faria mal a ela só porque é a imagem de sua criadora?

Por mais que tenha todo aquele lance de vinculo emocional, desejo interno da Altair de reencontrar Setsuna, etc. O lado racional para este tipo de pessoa em questão costuma ser mais forte.

Então creio que se autor fosse um pouco mais fiel a personagem que criou, esta praticamente acharia o encontro um absurdo tão grande que começaria matar todo mundo. Contudo, este optou pelo tipico destino de redenção, uma pena.

Sendo assim a ideia apresentada de Sirius suplantar a existência de Altair e praticamente matá-la dessa forma seria algo um pouco mais degustável do que a reviravolta arquitetada e um fim mais digno da vilã.

Além de ser algo simples e de fácil aceitação já que apenas um personagem com o mesmo nível de poder da personagem poderia derrotá-la e não iria parecer um deus ex-maquina já que Sirirus foi praticamente criada pra derrotar Altair, basicamente um counter dela.

E ouso um pouco mais, se eles tivessem concebido a personagem, não como um adicional daqueles crossovers, mas posteriormente criado uma historia envolvendo as duas personagens não iria contradizer tudo o que estava sendo narrado até ali.

Se parassem a historia aqui já seria bom

Além de ser uma forma bem mais legal de homenagear a Setsuna, já que o que um autor mais deseja em vida é o sucesso de suas criações.

Contudo, existem muitas coisas que gostei bastante nos episódios finais, como manterem os personagens falecidos mortos, o que já é uma decisão louvável e dá mais peso e valor aos sacrifícios realizados para derrotar a vilã (e sim, isto foi uma indireta para certas obras por ai) .

As coreografias de batalha bem animadas e emocionante que realmente passavam a tensão do momento. Os diálogos mais bem escritos e menos carregados de informações.O que tornou consequentemente a narrativa mais fluída e proveitosa.

Inclusive gostei bastante dos diálogos que Altair interagia com o público e apresentava algum ponto sobre a construção de personagens e historias no geral.

E uma coisa que achei um tanto proveitosa da desconstrução da Altair, aquela jogada dos personagens principais serem na verdade coadjuvantes da historia de Altair, mas só isto mesmo que se aproveita daquilo.

Em relação ao Sota, achei sua redenção apenas razoável. Ele não teve realmente uma grande atuação dentro dos acontecimentos além de ser amigo de Setsuna e recriar a garota.

Para alguém que tinha um serio problema de culpa e autoestima baixa, ele teve um desenvolvimento fraco para um personagem que deveria ser central, principalmente por ele atuar mais como suporte e não focarem tanto os problemas dele.

E por fim, achei  a ideia da Meteora acabar ficando no mundo dos criadores e se tornar uma criadora bem interessante porque fecha o que o anime vem tratando até agora, que é a relação criador e criatura, como um influencia no outro e vice e versa.

Além de não contradizer tanto as leis trabalhadas no anime já que ela praticamente perdeu a sua magia ao ficar presa no mundo do Sota, o que acaba consequentemente inferindo que a Curinga do anime provavelmente também perdeu os seus poderes, apesar de não terem tocado nela neste final, o que achei uma pequena falha.

Impressões Finais

Re:Creators  é definitivamente  um anime que possui boas ideias e teve uma boa estreia que empolgou a maioria das pessoas usando a fórmula é melhor mostrar do que ficar tacando um monte de informação pra o espectador, mas acabou se perdendo em uma narrativa exaustiva do terceiro episódio em diante.

Tomando um rumo bem diferente dos episódios iniciais, com uma escrita bem mais parada e pouco dinâmica, quase se parecendo um slice of life do que um anime de ação ao empregar uma tentativa de desenvolvimento dos personagens, mas inferindo muito diálogos extensos e explicativos com poucos acontecimentos em cada episódio.

E esta está escrita altamente expositiva perdurou praticamente por metade do anime, o que com consequentemente acabou ocasionando uma perda de interesse das pessoas na história, apesar dela debater certos assuntos interessantes sobre as criações e possuir muitos diálogos cheios de conteúdo, mediante principalmente a falta de balanceamento nos textos e uma melhor mesclagem de ação com momentos mais tranquilo e de progressão da trama.

Sendo que o roteirista só foi empregar uma escrita mais fluída e dinâmica nos episódios finais ao retornar com uma ação cheia de reviravoltas que conseguiu empolgar, mas que já não compensava a enrolação na qual a história se estendeu.

Outro problema encontrado foi a falta de aprofundamento nos personagens de maneira gradual e progressiva. Ou seja, uma hora determinado personagem era focado e posteriormente esquecido por trocentos episódios até voltar a se encontrar no foco de luz do roteirista, figurando uma narrativa meio quebrada nesse aspecto.

Aqueles personagens esquecidos em determinada parte do roteiro

Quando é claro, este personagem possuía desenvolvimento quase nenhum e só figurava  como um objeto pra preencher as equipes e era mais um enfeite bonitinho, mesmo que o autor estivesse de parabéns em retratar as personagens com as personas bem ligadas as suas respectivas obras.

Aqui que entra o mesmo problema que podemos encontrar em Apocrypha, quanto mais personagens inseridos na narração, mais complicado trabalhar com todos de forma que possuam uma boa evolução e ninguém acabe ficando em escanteio.

Muitos autores acabam se perdendo ao tentarem desenvolver todos os personagens ou acaba só focando os principais e deixando os secundários como apenas objetos usáveis e descartáveis.

Eu já prefiro algo mais balanceado , com foco nos principais, mas sem esquecer o resto do elenco, mas não focando tanto neles a ponto da narração ficar muito picada.

Mas retornando ao assunto em questão, é preferível trabalhar com um número menor de personagens com uma margem de tempo tão pequena para se apresentar uma história do que acabar desenvolvendo a maioria do elenco de forma superficial.

Concluindo, Creators é uma obra que acabou se tornando bem mediana em pouco tempo e tendo um final apenas decente principalmente por falta de balanceamento no roteiro e ideias não executadas, em suma, uma obra que dá pra você assistir, mas que não vinga.

Nota Final

Animação – 8.0

Trilha Sonora – 9.0

Roteiro – 7.0

Direção – 7.5

Entretenimento – 7.5

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E você, que nota daria ao anime?

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Sirlene Moraes

Apenas uma amante da cultura japonesa e apreciadora de uma boa xícara de café e livros.