Imouto sae Ireba Ii #01 e #02 – Ele é mais do que parece? – Impressões

Com um começo completamente insano, e uma comédia que não me pegou totalmente, Imouto sae Ireba li vem me chamando mais atenção pelas ideias e dramas leves jogados ali no meio.

Não, não o da garota que sofreu bulling no passado, isso é um clichê do clichê de histórias japonesas. Me refiro mais ao autor que fica pasmo ao notar como uma fã dele, recém iniciada nesse mundo de escritores, consegue fazer coisas bem melhores que as dele, ou a garota que inveja um cara meio maluco até, mas que sabe o que quer da vida, enquanto ela está perdida, seguindo o caminho que a sociedade manda. Ou então o autor que é popular, mas se sente inferior a outros autores menos populares, que possuem algo que ele não tem.

A obra pode ser uma comédia, com uma quantidade grandinha de fanservice, e suas excentricidades, mas claramente tem temas interessantes sendo abordados ali, para quem se atentar. Nesse impressões vou adentrar um pouco neles (que frase linda para escrever em uma análise de obra com bastante service…).

O episódio 1 se resume a um começo completamente insano fazendo paródia a animes de irmãzinha. E levando em conta como as coisas estão escalando hoje em dia, não duvido que surja algo naquela linha mesmo.

Depois fomos apresentados rapidamente ao elenco, do qual o único destaque foi a garota apaixonada pelo protagonista, e fecha com um final inesperadamente sensível, aonde o protagonista consegue ter a coragem de admitir que a obra de outra pessoa, bem menos experiente que ele, é melhor que a que ele escreve (a cena dele chorando ao ler foi bonita também). Isso o inspira a continuar escrevendo sua Novel, na qual ele parece estar travado.

Aquilo parece comum para autores de novel, infelizmente. Como assim? Bom, enquanto existem autores que planejam uma história grande em detalhes do começo ao fim, quantos volumes devem gastar, e etc, a maioria dos envolvidos com light novel simplesmente criam premissas e escrevem um livro em cima delas, sem muita ideia de onde a história vai dar a longo prazo, ou seus eventos mais relevantes.

Os constantes erros estranhos em alguns plots, coisas que parecem ter sido inventadas do nada, e explicações que demoram um século para vir sem nunca ter uma dica sequer (foreshadow), são geralmente características disso. Acontece com mangás também, dificilmente um autor de mangá shounen sabe como vai terminar sua história quando lança o capítulo 1, eles vão inventando com o tempo, e tentando deixar com que faça sentido com os capítulos já publicados.

Isso é devido ao fato de ser mais provável que uma obra seja cancelada do que vire um sucesso. Então o pensamento é simples: Para que gastar meses ou anos de planejamento em cima de uma história que pode ser cancelada pouco depois de eu começar a lançar? Se fizer sucesso, ai eu aumento os planos em cima dela e elaboro mais a premissa”. É devido a isso que muita histórias viram coisas completamente diferentes a longo prazo do que seu piloto propôs.

Mas voltando ao anime. O episódio 2 apresenta melhor uma outra garota do elenco, que ficamos em dúvida se gosta do protagonista ou apenas tem interesse nele como amigo mesmo, o que acho plenamente aceitável. Você nunca gostou da companhia de alguém do sexo oposto sem ter interesse romântico? Eu já.

A garota louca pela protagonista volta a dar as caras também, com direito a um flashback misturado, aonde ela deixa bem claro seu interesse. Para sua surpresa, no entanto, acaba é ganhando um abraço e uma amiga, ao invés de uma rival romântica. Foi uma situação interessante. Mas o que mais chama atenção ali é o que a garota busca no protagonista: uma dica ou inspiração do que fazer da vida.

Eu, particularmente, já passei por isso. Nunca tive um objetivo simples em mente, “vou ser advogado, vou ser médico, etc”. Meu primeiro vestibular foi para direito, e no ano seguinte fiz para ciência da computação em uma federal de MG. Passei, mas 2 anos depois mudei de curso para sistemas de informação (parecido com o anterior, mas com foco maior em administração).

Eu gostava do curso? Era passável, mas não tinha paixão alguma por aquilo que aprendia, fora algumas áreas relacionadas a tecnologia. Programação, enquanto divertido as vezes, era um porre quando eu tinha que trabalhar para outra pessoa. Era algo que só me divertia quando fazia algo para mim mesmo. E o Youtube? É com certeza mais divertido que o resto que já tentei, e lá sou meu próprio chefe também, mas não rende o bastante para eu considerar um ‘trabalho’, no momento. Apesar que o ‘rendimento aceitável’ vai muito da opinião de cada um.

Em suma, nunca tive um objetivo, e ainda não tenho. Tenho um certo sonho, mas nunca coloquei fé que ele seria possível, e embora tenha surgido uma oportunidade que abre caminho para ele, ainda tenho sérias dúvidas se vou conseguir realizá-lo. Sou, afinal, um pessimista. Sempre invejei quem tinha certeza do que queria ser desde pequeno e seguiu naquela linha a vida toda, com satisfação.

É exatamente esse o drama da personagem apresentada no episódio (ou achou que contei toda essa história à toa?). Ela está seguindo a linha padrão: colégio, fazer uma faculdade, caçar um emprego qualquer. Quando você vê pessoas fazendo exatamente o que querem com prazer, e se compara, dá uma certa frustração. É um drama simples, mas muito humano e de fácil entendimento.

E por último, temos o autor que é popular, e vai ganhar até um anime, mas sabe que é medíocre. Como assim? Pelo que deu a entender, ele é um daqueles autores que segue as cartilhas de clichês que fazem sucesso. A carreira dele vai bem, mas as críticas a falta de originalidade, e, ainda mais importante, cara própria/personalidade, a obra dele, o frustram.

As pessoas claramente não se importam tanto com realismo em ficções, mesmo que sejam baseadas no mundo real. Caso se importassem, 95% dos animes não faria sucesso algum, já que estão lotados de diálogos que você nunca veria pessoas dizendo. Por que isso? Em parte porque chama mais atenção do que diálogos mais comuns, que passem realismo, e os próprios autores parecem ter pouco conhecimento quanto a isso as vezes, sendo pessoas muito reclusas, que usam mais de base os animes que assistem do que a vida real para suas histórias.

Extremos divertem as pessoas, e dai a aparição de personagens excêntricos que falam de formas completamente irreais, mas que você acaba achando divertido. Em Imouto Sae mesmo, temos a garota que vive soltando frases de atriz pornô, que você dificilmente veria alguém falando de forma séria. Uma mulher pedindo para outra ficar pelada para apalpar seus peitos para uma cena, quando ela mesma tem peitos idênticos em tamanho, e ainda mais estranho, diz que só consegue escrever pelada, é algo que soa bem irreal. Mas diverte quem assiste, ou lê, que não necessariamente está buscando realismo, mas entretenimento.

Personagens excêntricos, modelos de escrita estranhos, taras ou fetiches específicos, tem várias formas de dar uma cara ao que você faz. O protagonista tem sua tara por irmãzinhas e plots excêntricos, mas o amigo dele não parece ter nada que o destaque de diversos outros autores.

E assim termina o episódio 2, de um anime que eu não dava muito, mas vem mostrando ter mais coração, e dramas interessantes, do que sua fachada excêntrica aparenta. Vou continuar comentando? Talvez, depende dos próximos episódios. Devo ver até o final, já que tem várias cenas que me divertem (comentei algumas abaixo), mas para comentar meu interesse é mais os dramas e questões que ele levanta, no momento. Então ele vai ter que focar um pouco nisso para viabilizar reviews semanais. A comédia mesmo, vai de cada um achar graça ou não.

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E você, que nota daria ao episódio?

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Extras

Ok, dessa eu ri muito. Toda mulher deve querer a bunda do husbando no seu smartphone…

É, não dava para fazer isso em você mesmo…

Gostar de ficar pelada(o) eu entendo, a sensação de liberdade é boa. Mas “só conseguir escrever pelado” é pura excentricidade fanservisistica.

Essa cena vai assombrar meus sonhos para sempre. Tanta coisa para tirar de um portal negro, e ela tira uma “calcinha usada fresquinha”…

Adorei a Opening, principalmente a representação dos mundos criados pelo autor, ele viajando em sua mente até acessar o que queria. A música é muito gostosa também.

Mereceu! Estava me irritando pra caramba o modo que ele destratava ela de graça. É muita vontade de fazer um protagonista antipático. Talvez tenha um passado sofrendo bulling que justifique o comportamento agressivo, mas ainda assim…

Pobres universitárias…