Karakara – Um mundo pós-apocalíptico com garotas meio-animal

 

Karakara é uma visual novel produzida pela Calme (tem na steam), contando com arte da p19 e roteiro do Kio Nachi, mais conhecido por ter trabalhado em Ao no Kanata e na rota da Yumiko em Grisaia no Kajitsu. O jogo tem apenas 3 horas, então não vou me esticar para não estragar a leitura.

A obra se passa em um mundo pós-apocalíptico, onde após um grande desastre que levou a raça humana a ser quase extinta, as pessoas tiveram que procurar formas de sobreviver, dando origem a uma nova raça, os ‘others’. Com o passar do tempo e a perda de diversos documentos dessa época, as pessoas vivem graças à existência de ferramentas criadas nessa era antiga, sem a capacidade de reproduzir a tecnologia que conhecemos.
Apesar das dificuldades, as pessoas tentam ao máximo sobreviver, incluindo o personagem principal, dono de um restaurante em Sagami Francisco.

Parece que não foi só o conhecimento tecnológico que foi perdido depois do apocalipse…

Eu peguei a visual novel para jogar meio que no impulso, nem estava nos meus planos. Esperava algo bem parecido com nekopara, mas Karakara tem um tom mais sério e se preocupa em fazer um world building, o que felizmente me agradou bastante (não falando mal de Nekopara, o objetivo da obra nunca foi esse, então não faz sentido cobra-lo por algo assim). No entanto, devo dizer que fiquei bem surpreso ao ver os créditos começarem a rolar. Não apenas pelas 3 horas de jogo, mas pelo fato de eu ainda ver muitos aspectos que podiam ser explorados e coisas que foram deixados no ar. A meu ver, o jogo pareceu meio incompleto nesse sentido. Essa insatisfação, no entanto, mostra o meu interesse no jogo até aquele ponto. Felizmente uma continuação foi anunciada recentemente, ainda sem data definida.

Também acho que o restaurante podia ser mais bem aproveitado. Como trabalho em si não é um problema, mas o ambiente nem tanto, talvez pelos produtores optarem por utilizar poucos personagens, mas você não vê clientes nem nada envolvendo essa parte do trabalho.

Um ponto positivo que pode ser tirado disso tudo, talvez tenha sido feito propositalmente ou não, é justamente essa “falta de personagens”. O restaurante e a cidade já estão localizados no meio do nada, dando a forte sensação de “solidão” e “desolação”. Isso cria um contraste interessante com a atitude e dia-a-dia dos personagens, vivendo algo normal, mas ao mesmo em um mundo completamente vazio e a sensação de “pós-apocalipse” é visível no cenário.

A ideia de utilizar a nossa tecnologia como “tecnologia perdida” é algo relativamente comum, mas eu acho bem interessante.

Também gostei bastante dos personagens, especialmente a Lucia. Apesar de o elenco ser pequeno, eles são bons e contam com uma ótima dublagem.

Visualmente falando, achei o jogo bonito. A arte é boa e contribui muito pros personagens. Apesar do jogo não usar E-mote como Nekopara, ele tem um número bem decente de CGs. A arte é bem colorida e é interessante notar que isso é mais presente nos “others”, enquanto o Leon que é humano mantêm uma aparência e coloração de cabelo normal.

No final das contas achei que valeu bem apena ter jogado. É um bom jogo para quem curte garotas fofas, mas com um cenário completamente diferente do esperado, e digo isso de uma forma bem positiva. Apesar de ter deixado a desejar em alguns pontos da história devido ao tamanho do jogo, o anúncio da continuação é o suficiente para não categorizar o jogo como “incompleto” e “desperdício de potencial”. Agora é esperar e torcer para que a continuação explore mais a proposta do mundo.

Ryuuji Kei

Fã de anime, mangá, light novel, visual novel e amante de todos os gêneros. Redator do site Intoxianime e tradutor nas horas vagas. "Você não pode culpar alguém por ser fraco, mas pode culpa-lo por não tentar melhorar". "Mesmo se eu for odiado, mesmo se eu for desprezado, mesmo se eu for inútil! Eu quero provar que eu sou melhor que os personagens principais!"