Kakegurui #01 a #03 – Impressões Semanais

Kakegurui poderia ser resumido em: “o anime sobre apostas onde os personagens não conhecem o conceito de poker face”. Por mais que eles mantenham uma certa compostura inicial, e algumas cenas sejam exteriorizações dos seus pensamentos, ao menos para mim, é impossível não ter essa sensação.

No menor sinal de vitória, eles deixam quase claro que estavam planejando, pensando, ou tramando alguma coisa.

Porém, antes que surja uma herói em meio a multidão, pronto para defender a escolha de direção, eu o tranquilizo dizendo que isso não é, de fato, um problema para mim, ou um ponto a ser criticado, na verdade, de certa forma, ele seria mais como um diferencial. Por essa razão, precisa ser comentado, tanto para o bem, quando para o mal.

Imagens falam mais do que palavras.

Ficar assistindo duas pessoas pensando em suas estratégias, somando e analisando números e mais números, tentando encontrar padrões e desenvolvendo cálculos probabilísticos não seria nem um pouco divertido, principalmente para algo focado em um publico jovem-adulto.

Se você tirar as caretas, o que sobra são duas pessoas imersas em pensamentos, esperando o próximo movimento da outra, sendo que isso vai ser resolvido em três ou quatro rodadas.

Aqueles exageros ajudam a prender atenção, e deixar o leitor/espectador interessados no que está acontecendo ali.

Por mais que os personagens não tenham saído do lugar, e tenham apenas apostado em um jogo, você sente que as coisas se moveram e tiveram vida, o que por consequência, deixa tudo mais divertido de acompanhar.

O problema é que isso pode ter um efeito oposto em que não está acostumado, ou não simpatiza com a ideia. Em certos momentos no primeiro episódio (tipo a imagem acima), eu acabei rindo daquilo porque gerou mais um apelo cômico, do que dramático, e isso, claro, pode tirar parte da graça para quem está assistindo.

A partir do segundo episódio, as coisas passam a soar mais naturais (ainda mais se você já viu isso em outros animes), e você já não sente esse impacto que tem nas primeiras impressões, e os exageros passam a ser menos “exagerados”. Por outro lado, para quem não curtiu a ideia, ou as bocas e olhos expressivos demais, o anime pode acabar se tornando um problema, já que essa é a característica dele.

Bem, acho que qualquer pessoa ficaria assim depois de perder dinheiro.

Se as caretas são um problema para você, talvez os jogos em si consigam te segurar, ao menos no início. Durante esses três episódios, houveram três jogos, cada um sendo usado de forma a aproveitar o ambiente e as explicações do que acontece na escola.

O primeiro apresenta uma versão coletiva de  pedra, tesoura ou papel, com algumas regras adicionais, e serve para explicar a hierarquia do lugar. No final do jogo, você entende que tudo ali gira em torno de apostas e dinheiro, e que mesmo os alunos mais influentes da sala podem ser rebaixados por perder, ou não conseguirem fazer doações para o conselho estudantil.

Os outros dois jogos também seguem a mesma linha, e são usado para reforçar as questões sociais do lugar, e ir apresentando os membros do conselho, já que ele são a grande influência ali e os responsáveis pela forma como a escola se estruturou, dividindo os alunos que perdem entre dois grupos: Mike para as garotas, e Pochi para os garotos.

Os jogos em si são bem inteligentes e divertidos de ver, e carregam três pontos relevantes na minha concepção. O primeiro, como comentado mais acima, é que são durante os jogos em que as caretas e expressões ficam ainda mais exageradas, o que pode incomodar um pouco, até mesmo para quem se interessar pelos jogos. O segundo é algo mais particular.

As ditas trapaças.

Dentro desses três episódios, as coisas foram até que balanceadas. Os três jogos foram baseados em sorte, mas cada uma carregava um segredo que facilitava ela (trapaça). Porém, ao menos para mim, Kakugurui não te recompensa por pensar naquilo. É muito divertido assistir, e você fica absorvido por toda a tensão do jogo, e em como a protagonista vai superar aquilo, mas quando a trapaça é revelada, acaba sendo só isso.

Elas são muito boas, e aproveitam bem as características de cada jogo, porém, partem muitas vezes do ponto de vista da garota. O motivo de dizer que foram balanceados dentro dos três episódios, é por conta disso.

A solução do primeiro é bem interessante, e envolve uma boa noção espacial, mas o detalhe dela perceber isso usando o espelho, não é mostrando em nenhum momento, o que me fez soltar um “então tá” mental enquanto assistia.

O segundo, por outro lado, não depende tanto de uma dedução, até porque, chega a ser meio óbvio que as cartas estariam marcadas, e no final, acaba caindo nas mãos da memória overpower da protagonista para resolver, o que não me obriga a pensar, mas também não esconde informações para surpreender, ou deixar mais complexo o jogo.

O terceiro, que na minha opinião foi melhor, funciona seguindo uma linha mais lógica, os detalhes estavam ali (por mais que alguns tenham sido “escondidos”, assim como no primeiro) , mas não chega a ser gritante. E quando vem os detalhes de como a Yumeko perdeu, acaba sendo uma solução relevante, e não apenas algo feito para confundir propositalmente.

No final, esses pontos não incomodam, e você vai se divertir da mesma forma. Mas pelos jogos serem a base do anime, eu acabo querendo acompanhar o raciocínio, já que aumenta um pouco da tensão perceber onde o protagonista pode ou não errar.

Porém, de qualquer forma, essas questões não são algo negativo, ou prejudicial, ainda mais quando você combina elas com o último ponto relevante.

“Me amem”

A protagonista é, sem sombra de dúvida, o que mais chama a atenção, até mesmo mais que as caretas. Ela é uma SadoMaso, lunática viciada em apostas e overpower, porém, sem exagerar muito. Tudo bem que ter uma memória capaz de lembrar da posição das cartas, sendo que eram dois baralhos, além de prestar atenção nas marcas, acaba sendo quase impossível.

Mas em todo o resto, ela não chega a ser “roubada”. Ela consegue explicar algo minimamente lógico (mesmo que isso não tenha sido passado para o espectador) e muitas vezes, se baseia na sorte para vencer. Mas além disso, o que realmente define ela é a sua expressividade, não somente pelas caretas.

Ela consegue chamar atenção para si como um protagonistas de show deve fazer. E roubando das palavras dela: “em uma mesa de apostas, os jogadores são o foco”, e é exatamente isso que ela consegue. O jeito lunático e cheio de fetiches acaba empurrando um certo carisma para ela, o que te faz sentir interesse em saber onde isso vai levar.

Com o terceiro episódio, deu para ver que nem tudo vai de acordo como ela imaginava, o que é muito bom para diminuir a sensação de invencibilidade que ela parecia ter, e deixar as coisas mais incertas.

Além de realmente mostrar que o conselho estudantil manda em tudo, incluindo nas estruturas.

Resumindo, Kakegurui é um daqueles casos “diferentões”, onde a direção artística acaba pesando bastante, tanto positivamente, quando de forma negativa. O design dos personagens ficou bem feito, e a animação está bem bonita, principalmente nos primeiros episódios, onde houve um festival de olhares, cheios de detalhes e características marcantes. Para quem gosta de jogos e apostas, certamente é algo que vale a pena dar uma conferida.

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E você, que nota daria ao episódio?

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Extra

Quando os pais estão por perto…

… Quando eles não estão por perto.

Uma ending preguiçosamente interessante…

 

Marcelo Almeida

Fascinado nessa coisa peculiar conhecida como cultura japonesa, o que por consequência acabou me fazendo criar um vicio em escrever. Adoro anime, mangás e ler/jogar quase tudo.